O PAISAGISTA DOS VERSOS

pessoas,
 
abaixo, um poema-presente que me foi endereçado pelo próprio autor, que está lançando livro inédito de poesias.
 
mais uma vez, o bardo confirma uma característica sua, que serve justa à sua poética: a de paisagista dos versos. 
 
suas linhas vão esboçando uma tela de acontecimentos, pintados com tinta lírica & pinceladas precisas, que articulam, além das paisagens que vão se desnudando aos olhos, os sentimentos despertados em quem aprecia as tais paisagens.
 
uma menina, incrivelmente linda, escrevendo poemas pitorescos com os sempre mesmos fatos, que não diziam muito aos rapazes com mais de trinta anos, com desejos divergentes e confusos, com vontades de deslocamento e invisibilidade, rapazes que equilibravam nos dedos umas poucas moedas e o fim do amor. 
 
toda a gravura tão lindamente delineada, tão belamente bosquejada, que não apenas a menina, não somente os versos que a menina escrevia: também agora, carlito azevedo, poeta-pintor de paisagens poéticas, além da menina incrivelmente linda e seus poemas pitorescos que comunicavam os sempre mesmos fatos, este poema, seu, que nunca conseguirei esquecer.
 
beijo em todos!
um outro enorme em você, poeta!
paulo sabino / paulinho.
_________________________________
 
(autor: Carlito Azevedo / livro: Monodramas)
 
GAROTA COM XILOFONE E FLORES NA TELEGRAPH AV.

Quando ela
tão incrivelmente linda
como você dizia
escrevia os poemas que escrevia
e eu entendo que não levássemos tão a sério os poemas que ela
tão incrivelmente linda
escrevia
sacando de dentro de uma bolsa ácida com pins coloridos e motivos op
os menores lápis de cor que vimos em toda a vida
para improvisar
a qualquer hora e sobre qualquer superfície
os poemas que ela escrevia
nós dizíamos que não havia mesmo nada ali
além do pitoresco
nada mesmo
ao menos para dois rapazes passados dos trinta
bebericando café entre desespero e risos explosivos
indo e vindo de países diversamente destruídos
e equilibrando entre os dedos
as moedas contadas
e o fim do amor
e com vontade contrárias e confusas
de deslocamento
e invisibilidade
mas refletidos no espelho de um mesmo café em Berkeley
e tendo sim provavelmente toda a razão
ao dizer que não havia mesmo nada ali
quando ela escrevia os poemas
sempre os mesmos
que ela escrevia com aqueles dedos que nos impressionavam
cheios de anéis de pedra bruta
e aqueles olhos
verde-rã
não havia nada ali
a não ser talvez um homem
sempre o mesmo
que reencontrava enfim uma garota
sempre a mesma
e dizia sou eu
e sempre uma revoada fantástica de flores repetia sim veja é ele
e no fim das contas uma
sempre a mesma
garota concordava sim sim é você mesmo e todos os seus colares
só para depois tornarem a se perder um do outro
como uma espécie de outra mágica revoada
subindo do chão da vida
e isso sim havia
em todos
em absolutamente todos os poemas dela
tão incrivelmente linda sim
e lá se vão doze
ou treze anos
e eu simplesmente nunca
os/a
consegui esquecer

 

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2 Respostas

  1. Faltou um verso do poema: vc copiou “aqueles olhos verde-rã” e na verdade é: “aqueles olhos / chapados / olhos verde-rã”. (;

    • Priscila Lira querida,

      Obrigadíssimo pela perspicácia! Arrasou!

      Esta publicação é antiga, foi postada há um bom tempo, então, se você, ou algum outro leitor atento, não notasse, muito provavelmente o poema permaneceria com o erro de digitação. Mais uma vez, obrigadíssimo! O que mais evito, na verdade eu não admito (rs), são os erros de digitação nos poemas. Isso, realmente, não dá.

      Vou consertar o quanto antes! Digo isso porque consertar o poema não é das tarefas mais fáceis (rs). Como troquei o meu computador, a configuração de inserção das postagens deu uma mudada. Hoje em dia, para consertar um erro de digitação num post publicado à época do meu computador antigo, eu tenho que rebater toda a postagem… Imagine você (rs)… Por isso preciso de disponibilidade de tempo. Assim que eu puder, estiver com tempo, eu conserto (quem sabe hoje mesmo, no dia em que lhe escrevo esta resposta).

      Valeu! Beijo grande!

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