queridos,
este poema segue porque expõe a razão de eu enviar-lhes, sempre, os textos que me encantam os olhos.
chegam a vocês os escritos por causa, primeiramente, da afinidade que sinto possuir com eles. esta afinidade faz-me crer que, de alguma forma — por eu ser afim ao que é dito —, o dito é como se: meu. como se todos os textos enviados falassem por mim, assim como, quando escrevo, falo e assino por todos. como se todos os autores que ad miro, todos os autores em que me espelho, de fato, fossem qual espelhos (espelhos diáfanos). como se, enviando a vocês as linhas encantadas, assinasse os meus heterônimos famosos: antonio arnaldo paulo pablo sophia eucanaã gilberto mário manuel carlito armando vinícius carlos clarice fernando cecília eduardo duda alice alex josé joão ou caetano. somos irmanados enquanto nos desejamos.
acredito neste poder, o da: “compilação poética”. esta é a nossa desdita, o nosso fa(r)do, pedindo-nos demais a nós, poetas, que seja dita(o).
portanto: tenho dito (rs).
beijo em todos vocês.
paulo sabino / paulinho.
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DITA (autor: antonio cicero. livro: guardar. editora: record.)
[a Dedé Veloso]
Qualquer poema bom provém do amor
narcíseo. Sei bem do que estou falando
e os faço eu mesmo pondo à orelha a flor
da pele das palavras, mesmo quando
assino os heterônimos famosos:
Catulo, Caetano, Safo ou Fernando.
Falo por todos. Somos fabulosos
por sermos enquanto nos desejando.
Beijando o espelho d’água da linguagem,
jamais tivemos mesmo outra mensagem,
jamais adivinhando se a arte imita
a vida ou se a incita ou se é bobagem:
desejarmo-nos é a nossa desdita,
pedindo-nos demais que seja dita.
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