senhores,
gosto destes poemas assim, desta maneira, juntos. dois poemas, um deles, um poema-canção, de autores diferentes.
encanta-me a similitude do assunto tratado. apontam para questões existenciais, auferidas a partir da avaliação das coisas.
estas, as coisas, possuem uma série de características, de particularidades. todavia, uma elas não têm: paz (em quaisquer sentidos que essa particularidade possa ter).
as coisas não têm paz. nós temos.
pensem nisso.
beijo!
paulo sabino / paulinho.
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(do livro: Poesia. autor: Jorge Luis Borges. tradução: Josely Vianna Baptista. editora: Companhia das Letras.)
AS COISAS
A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, o baralho e o tabuleiro,
Um livro e entre suas folhas a esvaecida
Violeta, monumento de uma tarde
Memorável, decerto, e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais e atlas, taças, cravos,
Servem-nos como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Nós já esquecidos, e durarão mais;
Sem nem saber que partimos, jamais.
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(do livro: Gilberto Gil — todas as letras. organização: Carlos Rennó. editora: Companhia das Letras.)
AS COISAS (letra de Arnaldo Antunes — música de Gilberto Gil)
As coisas têm
Peso, massa, volume
Tamanho, tempo
Forma, cor
Posição
Textura, duração
Densidade
Cheiro
Valor
Consistência
Profundidade, contorno
Temperatura, função
Aparência
Preço, destino, idade
Sentido
As coisas não têm paz
As coisas
“Quantas coisas,
Limas, umbrais e atlas, taças, cravos,
Servem-nos como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Nós já esquecidos, e durarão mais;
Sem nem saber que partimos, jamais.”
Isso não me angustia. Sério.
a mim também não (rs).
levo como uma constatação. apenas isso.
afinal, eles passarão, e eu, passarinho (rs).
beijo, meu querido e sempre benvindo!
Exatamente, exatamente. Mário Quintana resolve o problema facilmente.
Paulinho,
Excelentes poemas de dois amados poetas! Grato por compartilhá-los!
Grande abraço,
Adriano Nunes.
lindos demais, né?
eu os adoro! e juntos eles ficam bacanas.
que bom que gostou, meu poeta das alagoas!
beijo grande!