bacanas,
“o rei na barriga”, sabemos, é uma expressão que não existe à toa.
às vezes me impressiona o quanto conseguimos ser arrogantes & presunçosos & soberbos & autoritários & prepotentes, sem darmos conta da nossa pequenez, da nossa insignificância, ante a grandeza do mundo.
frente a ele, frente ao mundo, podemos quase nada. não damos pé.
o poema “pergunta e resposta”, do magistral ferreira gullar, já publicado neste espaço (https://prosaempoema.wordpress.com/2009/11/05/pergunta-e-resposta/), consegue dimensionar essa verdade incontestável. o artigo do historiador josé augusto pádua, “civilização do risco”, também consegue.
não somos o que queríamos ser.
somos, dentro de um antigo silêncio, dentro de um silêncio com a mesma idade do céu, um breve pulsar. somos um capricho do sol. somos a piada de deus. formigas facilmente esmagadas pelos dedos. (a natureza os dedos são.) um grão de sal no imenso mar celeste.
é preciso um tanto mais de paciência.
é preciso um tanto mais de: calma. deixe que o beijo dure. deixe que o tempo cure. deixe que a alma tenha a mesma idade que a idade do céu.
abaixo, versos bosquejados por um grande compositor latino-americano, que merece ser mais conhecido por nós, brasileiros, seus vizinhos. linhas vindas de montevidéu, chegadas das mãos do uruguaio jorge drexler. a versão ficou por conta de um outro jovem grande compositor, o (paulinho) moska.
conheçam a canção e cantem-na contra quaisquer sentimentos — sempre mesquinhos — de desmesura que nos assaltem a alma.
fiquem bem, e, se possível, em paz.
o preto,
paulo sabino / paulinho.
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(extraído do cd: Tudo novo de novo. artista: Moska. gravadora: EMI.)
A IDADE DO CÉU (letra: Jorge Drexler — versão: Moska)
Não somos mais
Que uma gota de luz
Uma estrela que cai
Uma fagulha tão só
Na idade do céu
Não somos o que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Com a idade do céu
Calma
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
Não somos mais
Que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Ou um capricho do sol
No jardim do céu
Não damos pé
Entre tanto tic tac
Entre tanto Big Bang
Somos um gão de sal
No mar do céu
Calma
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu
Isso é bonito demais, preto.
Drexler e Moska são de uma delicadeza impressionante.
Beijo.
concordo em gênero, número e grau!
beijo, meu anjo!
São ambos poetas cantores!
Moska… Como não reconhecê-lo? Como não amá-lo?. Parabéns pela sensibilidade, querido!!
Obrigadíssimo pelas palavras amigas, Aiana! Espero mais visitas suas! A poesia é a casa de quem quiser nela abrigar-se.
Grande abraço!