PODERIA SIMPLESMENTE NÃO SE CHAMAR

otto,
 
anjinho da guarda deste que você elegeu para seu mumu,
 
sei bem que você, ainda com seus três aninhos, não entenderia estas linhas. porém, um dia, quando mais velho, sim. o mais importante, meu anjo, nós temos: a compreensão do sentimento através da vivência desse sentimento.
 
mais do que tudo, vivenciamos verdadeiramente a experiência de amar.
 
desde sempre, desde sua mais tenra existência, quando na barriga da sua mamãe, que tanto amo, quando ela ainda não morava com o seu papai, outro grande amor da vida do seu mumu, quando sua mamãe ainda dividia um apartamento comigo, nós nos conhecemos. talvez — repito: talvez — esse conhecimento, que parece ser de eras, conhecimento remoto, tenha trazido esta nossa afinidade sem precedentes. porém, de fato, no fundo, eu não sei. não consigo explicar, escrever claramente sobre o nosso amor, sobre este sentimento que nos abarca e me torna das pessoas mais felizes do mundo, simplesmente porque o tenho, porque tenho o seu carinho, tenho a sua atenção, tenho a sua aceitação.
 
o amor que eu te tenho é um afeto tão novo, que não deveria se chamar “amor”. de tão irreconhecível, tão desconhecido, não deveria se chamar “amor”.
 
poderia se chamar: nuvem — porque muda de formato a cada instante.
 
poderia se chamar: tempo — porque parece um filme a que nunca, antes, assisti.
 
poderia se chamar: labirinto — porque sei que não conseguirei escapulir.
 
poderia se chamar: abismo — pois é certo que ele, o meu afeto, não tem fim.
 
poderia se chamar: universo — porque sei que não o conhecerei por inteiro.
 
e poderia simplesmente: não se chamar — para não significar nada e dar sentido a tudo.
 
meu gordinho safado, minha lindeza maior, luz pura que tanto dá sentido ao que sou, o seu mumu, se pudesse, livraria a sua trilha de quaisquer aproximações do mundo mau. eu não posso, seu mumu sabe que nunca poderia prometer-lhe tal desvario, mas estarei por perto sempre sempre sempre, tenha certeza disso. nem que seja, um dia, apenas na sua memória, mas seu mumu estará.
 
este texto é para você. só para você.
 
como tantas & tantas & tantas outras, este texto é mais uma coisa nossa, mais uma coisa entre mim e você, um mimo do seu mumu, realizado pelo nosso afeto.
 
os versos que seguem, meu gordinho, foram escritos por um compositor que o seu mumu muito admira, chamado moska, e foram feitos para o seu filhinho antonio. feitos para um rapazinho como você.
 
um beijo, um cheiro, um dengo, um aperto bem gostoso, minha delícia!!
o seu, eternamente,
mumu.
 
um outro beijo nos senhores.
o preto,
paulo sabino / paulinho.
_____________________________________________________________________________
 
(extraído do cd: Eu falso da minha vida o que eu quiser. artista: Moska. gravadora: EMI.)
 
 
NÃO DEVERIA SE CHAMAR
 
O amor que eu te tenho
É um afeto tão novo
Que não deveria se chamar “amor”
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar “amor”
 
Poderia se chamar nuvem
Porque muda de formato a cada instante
Poderia se chamar tempo
Porque parece um filme a que nunca assisti antes
Poderia se chamar labirinto
Porque sei que não conseguirei escapulir
Poderia se chamar aurora
Pois vejo o novo dia que está por vir
Poderia se chamar abismo
Pois é certo que ele não tem fim
Poderia se chamar horizonte
Que parece linha reta mas sei que não é assim
 
O amor que eu te tenho
É um afeto tão novo
Que não deveria se chamar “amor”
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar “amor”
 
Poderia se chamar primeiro beijo
Porque não lembro mais do meu passado
Poderia se chamar último adeus
Que meu antigo futuro foi abandonado
Poderia se chamar universo
Porque sei que não o conhecerei por inteiro
E poderia se chamar palavra louca
Que na verdade quer dizer: aventureiro
E poderia se chamar silêncio
Porque minha dor é calada e meu desejo é mudo
E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo
 
O amor que eu te tenho
É um afeto tão novo
Que não deveria se chamar “amor”
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar “amor”

 

4 Respostas

  1. Posso mandar alguns poemas tímidos?
    Adorei tudo o que li aqui.
    Um abraço

    • não só pode como deve, adriana.

      fico feliz por saber que você gostou do blog.

      abraço grande!

  2. Que lindo, Paulinho. Isso não se faz… não posso chorar no trabalho.

    • que bonitinha, você!!

      um beijo, querida!!

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