navegantes,
a seguir,
linhas que podem ser chamadas de uma genuína, de uma literal prosa em poema.
uma espécie de crônica poética sobre o grave problema dos alagamentos recorrentes — por conta das chuvas que despencam — na cidade do rio de janeiro.
este poema-canção foi lançado em 1959 por moreira da silva e impressiona pela atualidade. poderia ser criado nos dias de hoje, perfeitamente.
a cidade lagoa existe e insiste (rs).
o mais curioso nos versos, ao meu ver, é o jeito, a maneira de tratar o transtorno instaurado pelo excesso de água nas ruas. há um bom humor permeando toda a narrativa, característica (ainda) um tanto “carioca” (ciente de que ônibus são queimados com passageiros dentro).
por causa do bom humor dos versos, lembrei-me de um vídeo que tem feito o maior sucesso no “youtube”. um surfista — morador do bairro onde é realizada a filmagem — “passeando” com sua prancha pelas águas — pestilentas — das ruas inundadas da minha linda guanabara, numa enchente recente. o rapaz causa sensação (rs).
cidade lagoa: um problema vitalício e renitente…
(espero, qualquer dia, encontrar nas lojas um “kit alagamento” – rs. tá foda agüentar o aguaceiro…)
um beijo nocês!
o preto.
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(extraído do cd: Iaiá. artista: Mônica Salmaso. autores: Cícero Nunes e Sebastião Fonseca. gravadora: Biscoito Fino.)
CIDADE LAGOA
Esta cidade que ainda é maravilhosa
Tão cantada em verso e prosa
Desde o tempo da vovó
Tem um problema vitalício e renitente
Qualquer chuva causa enchente
Não precisa ser toró
Basta que chova mais ou menos meia hora
É batata, não demora
Enche tudo por aí
Toda cidade é uma enorme cachoeira
Que da Praça da Bandeira
Vou de lancha a Catumbi
Que maravilha nossa linda Guanabara
Tudo enguiça, tudo pára
Todo trânsito engarrafa
Quem tiver pressa, seja velho ou seja moço
Entre n’água até o pescoço
E peça a Deus pra ser girafa
Por isso, agora já comprei minha canoa
Pra remar nesta lagoa
Cada vez que a chuva cai
E se uma boa me pedir uma carona
Com prazer eu levo a dona
Na canoa do papai
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