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Se ao mar se foi meu barco –
Se enfrentou as procelas –
Se em busca de ilhas encantadas
Abriu dóceis velas –
Em que místico porto
Está seguro agora –
Esta a missão que têm os olhos
Pela Baía afora.
(Emily Dickinson, tradução de José Lira)
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(do livro: Poesia completa e prosa. autor: Joaquim Cardozo. editora: Nova Aguilar / Massangana.)
VENTOS, PUÍDOS VENTOS (Para Arnaldo Miranda)
Ventos, puídos ventos!
Gastos no seu tecido,
Trapos que se penduram
Moles da verde palha.
Ventos, puídos ventos
Que a tarde em cinza espalha.
Vento sobre os coqueiros,
De agônicas lembranças,
Como passa banzeiro
Sobre as copas mais altas,
Em desleixados vôos
De pássaros pernaltas.
Ventos, que pára-ventos
Poderiam deter-vos?
Folhagem de longínquos
Adeuses adejantes;
De marginais outonos
Noturnos caminhantes!
Vento sobre os coqueiros,
Tristezas do alto-mar,
Murmúrio gotejante
Entre as folhas molhadas;
Vento sobre os coqueiros
Em ondas desmanchadas.
Essas que ao vento vêm
Belas chuvas de junho!
Que saias lhes vestiram
O corpo em pele fria
Deixando ver somente
Saudade e maresia?
Ventos, naves de vento,
Cargueiros de amarugens;
Colhendo os sons aflitos
Desse afrontado mar
Fazeis a voz dolente
Que além ouço cantar.
Ventos, puídos ventos!
ESPUMAS DO MAR
Cavalos ligeiros
De eriçadas crinas
Por que sobre as ondas
Passais sem parar?
Vencendo procelas,
Ressacas em flor,
Num fulgor de estrelas
A poeira das águas
Fazeis levantar.
Espumas do mar.
Nas serenas curvas
Da carne marinha
Há sopros, há fugas
De véus a ondular;
Vestidos de rendas…
Vestidos, mortalhas
De noivas morenas
Que em noites de lua
Virão se afogar.
Virão se afogar.
Se há fomes noturnas
Mordendo e chorando,
Lívidas, remotas
Fúrias soltas no ar,
Que os lábios do vento
Se abrindo devorem
A flor de farinha
Que as vagas maiores
Irão derramar.
Espumas do mar.
Nesse fogo verde
De cinza tão branca
Que se apure um mel
De brilho sem par;
Turbinas, moendas
No giro girando
E o açúcar nascendo
Na folha das ondas
Constante a rolar.
Constante a rolar.
Sobre os seios mansos
Das baías claras
Em puro abandono
Não hei de ficar;
Saudades das ilhas,
Amor dos navios,
Segredo das águas
Nas barras dos rios
Irei desvendar.
Espumas do mar.
Em mares incertos
Irei navegar;
E direi louvores
Às velas latinas
Por bem velejar;
Louvores direi
Aos lírios de sal
E às vozes dos búzios
Que sabem cantar.
Que sabem cantar.
Teu rosto esqueci,
Teus olhos? Não sei…
Da face marcada
O espelho quebrei
De muito sonhar;
Nos laços retidos
Das águas profundas
Tesouros perdidos
Quem há de encontrar?
Espumas do mar.
Paulinho,
Saudades de Parnaióca e que maravilha esse blog que alimenta a alma dos que gostam de brincar com as palavras. Mando pra voce um poema feito lá no fundo .. abraços .. Antonio
A brisa dessa noite
No mato ao redor da casa
Que dança de leve
Eu invento um passo
No silêncio sem fim
Faço um poema um som assim
Meus olhos são loucos por ti
Se fosse antes eu desistia
Dos planos dos desgostos
Dos versos tortos que eu fazia
E o resto daquele amor eu rego
Pra virar você
E a minha loucura eu deixo
antoooonio, meu queridíííssimo!
que GRATA surpresa encontrá-lo aqui! por esta eu realmente não esperava (rs)…
pois é, meu rei,
“parnaioca, my love”,
sempre sempre sempre (gosto de dizer “my love” em referência a joão gilberto, que, num disco seu, faz uma declaração de amor a são paulo dizendo “são paulo, my love”… acho tão bonito um baiano dizendo em inglês um negócio desse para sampa, que não resisto em usar a expressão sempre que penso nesse paraíso).
parnaioca, my love…
adorei o presente poético! valeu!
uma coisa: sei que você vai embora na quinta-feira. então, TEMOS que nos ver na quarta! vamos marcar algo!
beijo GRANDE!
(ADOREI a visita inesperada!)