ENTREVISTA: ADRIANO NUNES / POR: MARCELO NOVAES

queridos,
 
abaixo, linhas que mostram a inteligência, a simpatia, a perspicácia, o amor pela literatura e a dedicação do poeta que, desde sempre, percebi MAIS & MAIOR.
 
fico muito feliz vendo que a constatação do seu talento está ganhando mundo, correndo aos ventos.
 
lembro-me de quando recebi o seu poema concreto “valsa para paulinho”, dedicado a mim (https://prosaempoema.wordpress.com/2009/08/20/a-valsa-concreta/). li, reli, parei e pensei: “meu deus! isso é para mim?” olhava o poema na tela, lia alguns versos soltos, depois todo ele mais uma vez, e pensava: “que coisa linda! que trabalho cuidadoso, um primor!”
 
uma vez, pensando nas suas capacidades poéticas, pensando na sua obstinação em fazer o melhor, sempre, me ocorreu uma constatação a seu respeito: adriano nunes, meu poeta das alagoas, não pensa um “pensamento corrido”, isto é, um “pensamento em prosa”, um “pensamento-narrativa”. adriano nunes, e disto eu tenho certeza, pensa já em versos, já em estrofes. o seu pensamento é já estruturado de modo que, dele, surja um (belíssimo, como de costume) poema.
 
adriano pensa “pensamento-poesia”. 
 
a seguir, uma entrevista, feita pelo escritor marcelo novaes, e, primeiramente, publicada no seu blog “bloco de notas” (http://notaderodape-marcelo-novaes.blogspot.com/2010/08/marcelo-conversa-com-adriano-nunes.html), onde adriano nunes destila toda sua simpatia, sua amorosidade, sua competência e seus alicerces para com a poesia.
 
a entrevista é deliciosa, cheia de requintes — assim como o bardo —.
 
(eu fiquei todo prosa por ser citado nela! ADOREI!)
 
deliciem-se com as palavras deste poeta que vem chegando, e vem chegando para ficar!
 
(em mim, com sua amizade & seu trabalho cuidadoso, trabalho de pai e de médico — para quem não sabe, o bardo também é graduado em medicina — que desempenha ao burilar os seus “filhos/pacientes poéticos”.)
 
àqueles que desejam conhecer mais o trabalho do adriano nunes, por favor, conheçam o seu belíssimo blog, que super recomendo, o “quefaçocomoquenãofaço”: http://astripasdoverso.blogspot.com/
 
beijo bom em todos!
um outro, mais que especial, em você, meu poeta das alagoas!
o preto,
paulo sabino / paulinho.
_____________________________________________________________________
 
(do blogue: Bloco de notas. de: Marcelo Novaes. entrevistado: Adriano Nunes.)   
 
MN: Adriano, como é tratar as próprias letras como quem trata um filho, ou um paciente? As letras precisam ora de zelo, ora de cura?
 
AN: Marcelo, antes da conversa seguir qualquer vertente, devo dizer-lhe que estou muito feliz de poder fazer parte desse empreendimento intelectual. Agradeço-lhe pela oportunidade de aqui expor quem me sinto e penso e um pouco do meu ofício.
 
Pois bem: A Literatura é anterior à Medicina, em minha vida. Escrevo desde os cinco anos de idade. Quando eu era criança e pré-adolescente, as letras das canções eram poemas para mim e os meus poetas eram os compositores/cantores. A relação afetiva/efetiva que eu tenho com as palavras, com as letras, é de contemplação, de espanto, de susto, de milagre mesmo!
 
O primeiro poeta a entrar em meu mundo foi Fernando Pessoa, meu mestre maior. Com a vinda da Medicina, outros poetas invadiram o meu eu para sempre.
 
Aprendi, com todos os poetas que amo, a tratar os meus versos como um filho e como um paciente. Feito um filho, o meu verso precisa ser educado. Às vezes, rigidamente. Mas sempre amado, muito amado. Quando digo que trato um verso meu como um paciente, quero expressar o cuidado que tenho por ele, o carinho em expô-lo ao universo sem as amarras do tempo, sem o hermetismo da contemporaneidade, sem que a ferrugem, os estigmas, os dogmas caiam sobre ele, sem que o impregnem de classificação, rótulos. Não pertenço a nenhuma Escola e não me ponho em nenhum estilo. Cito Walt Whitman: “Sou amplo, contenho multidões”. Os meus poemas querem muito, eu sei. Mas querem a sua própria natureza: querem ser apenas poemas!
 
Quando inicio um verso, percebo/sinto/constato que a partir dali posso produzir um poema. A primeira palavra já vem carregada de uma grande responsabilidade estética, pois ela vai moldar as minhas idéias, vai ter que orientar-me feito bússola, terá que guiar-me, sem receios, até o fim do túnel, terá que acender todas as luzes ou mesmo criá-las, terá que me prender a atenção, terá que me oferecer, de imediato, uma direção: ou por seu número de sílabas poéticas, ou pelo seu significado, ou pelo impacto que pode causar visualmente, ou pela possibilidade de ofertar-me figuras de linguagem… Metáforas, aliterações, anáforas, oximoros, deslocamentos silábicos, quebras silábicas… Ou imprimir um ritmo em minha mente. Daí, essa rigorosidade retorna para mim como veneno/vício: Não aceito o poema pronto, não o vejo concebido para o público ainda, sem que o mesmo passe pelo crivo da minha razão crítica. Tento fazer o melhor para o poema. Nunca o melhor poema! Waly Salomão me conforta: “O poema-miragem se desfaz desconstruído como nunca houvera sido”. Zelo é loucura do meu ego. Cura não persigo – FUGA(Z)ELO.
 
MN: Eu, como você, também trabalho os textos no papel [folhas soltas de sulfite, geralmente; vez por outra, um caderninho, ou agenda…], antes de colocá-los na tela. Explique o seu processo e o seu prazer específico neste trânsito.
 
AN: Sou compulsivo. Escrevo todo dia. A todo momento. Sou muito ansioso. Quero mostrar o poema rapidamente aos meus amigos mais íntimos. Geralmente, o meu amor é o primeiro a ver… E, em um assalto de risos e ironia, diz: “Arre, aquele que você fez quando tinha 18 anos era melhor! Que David Copperfield convenceu o seu espírito de que você é poeta?” Volto ao papel, ciclicamente. O papel. Sim, o papel. O grafite. Sempre por perto. Sempre à mão. Agora, o celular ajuda-me a guardar as idéias. Não deixo nenhum fio de Musa virar meada sem fio. O papel me salva de tudo.
 
Os meus poemas concretos, por exemplo, têm vida ali no infinito da folha em branco. Quando vou torná-los midiáticos, todo o percurso, todo o esquema já foi traçado no papel. Posto muito pouco os meus poemas concretos-visuais em meu blog. Só os mais simples. Os mais complicados que exigem formatação de vídeo, movimento de palavras, esses não.
 
Escrevo tanto que meu amigo Dr. Mariano, médico, blogueiro (vide Poeira de Sebo) e produtor musical (fez a produção do show mais recente do Jorge Mautner em Belo Horizonte/MG) chama-me de “poeta-dínamo”. Por que escrevo? Porque a Poesia é a coisa mais importante da minha vida!
 
MN: Você é um cara bastante sociável, e percebe-se que os letristas de MPB são referências importantes pra você. Fale-me o que aprendeu com estes poetas que casam seus versos com a música [Adriana Calcanhoto, Péricles Cavalcanti, Antonio Cícero, Arnaldo Antunes, entre outros]. Estes poetas estão mais próximos ao acesso [inclusive por serem contemporâneos]? Você já vivenciou boas trocas com tais escritores/ letristas? E quanto aos poetas contemporâneos que têm os seus trabalhos independentes da música: sente alguma diferença e/ ou dificuldade no acesso a eles? Acha, em geral, os poetas acessíveis às trocas e contatos?
 
AN: Que alegria você considerar que eu sou um cara sociável! Os grandes compositores/letristas me impressionam, são referências para mim. Quando eu era mais jovem, a influência era altamente perceptível e eu amava tudo que me encantava os olhos, os ouvidos, o coração. Hoje, é diferente: letra de música é letra de música. Poema é poema. Algumas letras de música são tão bem escritas que funcionam como belos poemas. Alguns poemas se adaptam à música e podem ser musicados. Mas há um abismo entre tudo isso: Uma letra de música tem uma necessidade complementar, tem uma finalidade explícita. O poema não. O poema não busca nada, só quer ser o que se é – poema e só.
 
Sim, eu vivencio boas trocas com alguns letristas, principalmente duas pessoas que amo muito e tenho grande admiração: Antonio Cícero e Péricles Cavalcanti. Considero-os irmãos. Através de Cícero, um novo mundo se abriu para mim. O Cícero é um cara muito rigoroso com o que escreve, com o que publica dos outros em seu blog Acontecimentos, tem disciplina em seus estudos e em tudo que faz. Quando tive dois poemas meus publicados em seu blog, fiquei tão emocionado que precisei tomar ansiolítico para dormir, pois queria estar ali vendo que aquilo ali era verdade. Cícero só publica algo que ama em seu blog. Foi uma honra! Cícero é referência obrigatória para quem quer entender Arte e Filosofia.
 
Péricles Cavalcanti é um ser muito inteligente e amável. Conheci-o através do seu blog. Ficamos amigos, vez ou outra trocamos emails. Admiro-o muito. Certo dia, volto de uma viagem e deparo-me com um envelope dos Correios vindo de São Paulo. Abro e surpresa: o CD “O Rei da Cultura” autografado, com dedicatória – “Para o amigo poeta Adriano Nunes”. Ganhei o dia! Sou muito emotivo, gosto de falar também do que eu sinto.
 
Eu não conheço a Adriana Calcanhoto pessoalmente e nem mantenho contato com ela, mas sei que ela sabe da minha existência, sei que sabe da minha obra.
 
O Antonio Cícero é um dos melhores amigos da Adriana. O Péricles também.

Quando do lançamento do CD “Maré”, eu fui um dos primeiros no Brasil a explicitar o valor daquele disco, o quanto era belo e importante. Falei em uma conversa informal para o Antonio Cícero que eu tinha escrito uma crítica antes dos críticos anunciarem que “Maré” era o melhor lançamento do ano. Enviei a crítica para o Antonio Cícero que repassou para a própria Adriana. No outro dia, no site da Calcanhoto, a minha crítica estava na seção de notícias. Felicidade máxima!
 

Eu só comecei a mostrar os meus poemas para o público a partir de 2008. Ora, sou intimista. Tenho muitos e infinitos medos. Não tenho acesso a nenhum outro poeta contemporâneo. Só interajo com Cícero. Com Glauco Mattoso, vez ou outra, troco emails. Nélson Ascher foi uma vez ao blog da Cecile Petrovisk (heterônimo meu) e disse que tinha gostado de um dos meus poemas (“Outra Canção”). Fora isso, tudo é breu… Mas todo poeta gosta de poeta. Todo grande poeta é acima de tudo humilde. Sendo assim, creio ser acessíveis trocas e contatos.
 
MN: Defina-me poesia concreta [poesia concreta para Adriano Nunes], e diga da importância dela na formatação do teu modo expressivo. Fale-me do legado dos irmãos Campos [Haroldo e Augusto] na formação do leitor e poeta Adriano Nunes.
 
AN: Poesia Concreta, para mim, resulta em/de impacto. O signo/significado visto múltiplo, amplificado, mais que disperso. Vejamos:
 

“sim
o poeta
infin
itesi
(tmese)
mal
(em tese)
existe
e se mani
(ainda)
festa
ani
(triste)
mal
espécie
que lhe é
funesta”

In Campos, Augusto de; “Viva Vaia”, página 83.

É como se o poema pudesse deixar de ser fixo, estático, como se adquirisse pernas, braços, esqueleto, músculos, tronco encefálico, que voasse, que se movimentasse, pensasse por si, fosse além… “Verbivocovisual”. Como Décio Pignatari expõe: “POETC.”.
 
Amo o Concretismo. Identifico-me com seus matizes. A sua importância, para mim, reside em que posso unir a minha Expressão Clássica com o que a Vanguarda me proporcionou. Digo “proporcionou” porque não há mais Vanguarda. Todas as portas e janelas poéticas já foram abertas. Misturo tudo. Gosto de tudo que for Poesia. Toda forma de pensar o poema ficou mais plausível, leve, colorida, mágica. Isso é o que representa a Poesia Concreta para o meu ser poeta.
 
Tenho um respeito e uma admiração gigantescos pelos irmãos Campos. Amo Haroldo. Amo Augusto. Depois deles, a Poesia passou a ter um outro nível, para mim. O meu coração concreto tem quatro cavidades: Os Campos, Décio, Gullar e Arnaldo Antunes.
 
MN: O que é ser Avis Rara nas letras? Seu olhar já captou algum desses espécimes? E mais importante [muito mais] o que é ser Avis Rara na vida?
 
AN: Quando se é autêntico (não precisa ser inventor, gênio…) no fazer, isto é, quando se imprime a sua marca d’água, o seu âmago, tudo brilha. Quem pode ser eu a não ser eu mesmo? Não existe raridade maior que a expressão da própria alma… “Por isso melhor se guarda/O voo de um pássaro/Do que um pássaro sem voos.”
 
Além de mergulhar fundo na Literatura dos livros impressos, sinto-me um verdadeiro escafandrista –internauta. Conheço muita gente que escreve coisas fantásticas, poemas de alto valor estético, artístico e que só publicam em seus blogues, para os amigos. Há muitos Drummonds, Pessoas e Bandeiras por aí, anonimamente. Como capturá-los? Não sei, ao certo. Citar um seria cometer injustiça com tantos outros. Amo todos. Visito todos os blogues que me indicam e que conheço. Leio tudo. Às vezes, comento. Mas isso é raro. Os meus amigos sabem. Entretanto, estou atento a tudo. Quando um poema me toca fundo, elogio. Na vida, o que é precioso, o que vale mesmo é ter amigos. A amizade é a Rara Avis da Vida.

 

MN: No seu blog se vê, logo de cara, um poema em forma de ampulheta homenageando “mainha e vovó”. Talvez vovó tenha sido sua mainha, mas isso você explica se achar conveniente. Minha pergunta fica por conta do correr da areia na ampulheta do tempo, e do girar das horas no catavento da vida. Como é para Adriano registrar a passagem das coisas no tempo?
 
AN: O meu poema “Tic-tac” foi feito há mais de dez anos. Ora, quando eu o fiz, eu ainda tinha a minha avó. Ela não era a minha mãe. Morava distante de mim, no interior de Alagoas. Depois que adoeceu, veio morar conosco. Cuidei dela, mas talvez não tenha cuidado como devia. O poema é sobre o tempo, sobre o que o tempo quer de mim. Previsão? Não se vive para sempre. O tempo corrói até as esperanças! Observe que a métrica é mantida em cada verso após cair na parte inferior da ampulheta. Sou um apreciador de métrica e ritmos. Gosto do poema trabalhado, pensado, levado a sério. Todo poema precisa de tempo. “Meu tempo é quando.” – Salve Vinícius! O meu tempo é… Quando mesmo? Registro-me em mim. O tempo é metafísico em minha alma. Há o tempo de ser subjetivo em minhas objetividades externo, o tempo exterior a tudo e a mim, e há o tempo intrínseco, preso ao que me penso e ao que sinto. Este se perpetua em mim e realmente me eterniza, faz com que eu faça versos, que eu ame, tenha medos, angústias, alegrias, tristezas profundas, fraquezas, fracassos, perdas… Meu amigo e inimigo juntos, num só corpo invisível. Sempre estou “grávido” do tempo.
 
MN: Falando de crítica musical, suas observações sobre CDs de Adriana Calcanhoto parecem se dar por “um prazer irrefreável” que você sentiu e queria compartilhar com alguém. Ou seja: acaba sendo uma crítica-exclamação, uma homenagem-em-voz-alta. Como você já se aproximou de Antonio Cícero a ponto de entrevistá-lo, e dialogar com ele no “Acontecimentos” [o blog do filósofo/ letrista], pergunto: já conseguiu expressar estas observações para a própria compositora/ intérprete? Adriana Calcanhoto já tomou ciência de suas análises-homenagens? Isso, naturalmente, complementa minha terceira pergunta. Em caso negativo [por exemplo, no caso de sites administrados pelo “staff” do artista, e não pelo próprio], não poder fazer sua homenagem ser lida pela destinatária te trouxe alguma frustração? Como Waly Salomão já trabalhou com Adriana Calcanhoto, e alguns de seus “totens culturais” [num sentido light e positivo, não pejorativo nem idólatra] estiveram próximos um dos outros, você sente esses artistas contemporâneos [não importa que Waly já tenha falecido…] como que representando uma “segunda família”?
 
AN: Sim, a Adriana Calcanhotto tem noção e sabe o que escrevi sobre ela em sites, jornais, blogues, mas não mantenho contato com ela. A minha ligação com ela é via Antonio Cícero, como já expliquei. Obviamente, fiquei muito feliz em ver uma crítica minha no site dela.
Tenho planos com a Marina Lima de compormos uma canção. Talvez, algo para a Adriana cantar, mas são só planos. Planos tecidos via email. A Marina está ocupada demais com o novo disco e com o projeto de um livro. Amo-a muito também.
 
Considero Cícero, Péricles, Glauco Mattoso, Adriana, Marina, Mariano, Paulinho Sabino e muitos amigos da blogosfera como uma família cujo liame mais forte é o nosso amor pela Arte.
 
MN: O que significa “ser um escritor”, na sua perspectiva? E o “tentar ser”? São coisas muito próximas? A escrita dos clássicos [Pound, Mallarmé, Rilke] que você tanto preza, encoraja ou assusta? Se você tivesse que sugerir leituras para um amante da poesia bastante jovem [15, 16 anos] optaria por sugerir-lhe qual contato com a palavra escrita?
 
AN: Ser escritor é ter consciência da responsabilidade do poder da palavra, do peso e da importância que um escrito tem na vida das pessoas, na dinâmica do mundo. Ser escritor é ter o poder de lançar cosmos no mundo. Tentar ser escritor é lançar-se à perspectiva de que tudo é possível. O limiar é: “Entre a taça e o lábio muitas coisas acontecem.”.

Ler os clássicos para mim é uma obrigação. Desconheço um grande poeta que não tenha estudado muito, que não tenha lido os clássicos, que não tenha se embriagado de poética. Cito os poetas que são os meus pilares: Antonio Cicero, Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Baudelaire, Drummond, Eucanaã Ferraz, Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Haroldo de Campos, Horácio, Kant, Manuel Bandeira, Nietzsche,Nelson Ascher, Pound, Paulo Leminski, Rilke, Shakespeare, T.S. Eliot, Walt Whitman, Waly Salomão, Wilde, Yeats… E outros que a pressa em lembrá-los faz-me esquecê-los.
 

Para quem quer começar a trilhar pelo mundo fascinante da Poesia, recomendo a obra completa, de Manuel Bandeira, “Estrela da Vida Inteira”. Com certeza, será um excelente começo!
 
MN: Carlos Rennó fez um trabalho de compilação de letras do Gilberto Gil, apresentando até os rascunhos de muitas das canções [as modificações até a formatação final]. Quando se pega o trabalho de “obra crítico-retrospectiva” de um grande letrista como Gil, não se tem um estilo literário importante e pouco explorado em nossas letras? Não acha que textos assim poderiam constar das aulas de português de ensino médio? Só vejo o Professor Pasquale Neto explorar este tipo de análise [e de forma pontual] na televisão, para efeito de análise sintático-gramatical. Penso neste uso para fins de aprimoramento na compreensão semântica dos textos, além de análise sintática. Expus este ponto de vista aqui, porque você é o tipo de interlocutor para quem eu pensaria esta ideia em voz alta, se tivéssemos batendo papo num bar. Gostaria de ouvir sua opinião a respeito.
 
AN: Sim. Concordo. Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e muitos outros compositores deveriam ser ensinados em sala de aula, nas aulas de Literatura. Creio existir um certo preconceito quanto a isso ainda.
 
Quanto ao livro do Carlos Rennó, possuo a primeira edição autografada pelo Gilberto Gil. Coisa de fã… Era um show dele aqui em Maceió (Maceió Jazz Festival)… Às vezes, sou muito menino!
 
MN: Se a literatura de hoje quase não tem “movimentos”, mas tem “nichos” [portais como o Cronópios e sites coletivos nos moldes do “Escritoras Suicidas”, para ficar só nesses dois exemplos], o que isso significa? As dicções hoje são mais pessoais, ou estão mais diluídas, a ponto de nem haver a possibilidade de se encontrar “a espinha dorsal de qualquer direção coletiva”? Existe algo, minimamente “esboçado”, que se possa chamar de “poesia brasileira contemporânea”, ou quase que só podemos falar de “poetas brasileiros contemporâneos”?
 
AN: Marcelo, a Vanguarda abriu infinitas portas. Não há como voltar atrás. Tudo agora é possível. Não há como classificar coisa alguma, rotulá-la, pois há um hibridismo vigente, os genes estão todos ativos e misturados. Não há mais Vanguarda. Meus contemporâneos são todos vocês que estão aí escrevendo os seus poemas, que estão lançando à luz da vida o que a alma quer, o que o cérebro fabrica. Tudo é válido. Somos milhões de loucos, de vândalos, de gênios, de medíocres, de românticos, de simbolistas, de concretistas, de ansiosos, de tristes e alegres, de revoltados, de revirados, dissecados. Somos milhões de eus dispersos por aí… De sonhos… Somos um grão de areia nesse deserto poético contemporâneo.
 

MN: Obrigado, Adriano.

AN: Muito obrigado!

5 Respostas

  1. Amado Paulinho,

    Muito emocionado com as suas palavras e feliz!
    Gratíssimo!

    Abraço fraterno,
    Adriano Nunes.

    P.s.: um segredo poético: …. amo-te, viu!

  2. meu poeta das alagoas,

    sou eu quem agradeço!

    que maravilha!

    (um outro segredinho: eu também rs… uma pergunta: o seu “p.s.”, ele quer dizer “paulo sabino”, correto rs? é brincadeirinha…)

  3. […] muitos malefícios, para a Poesia tem trazido um verdadeiro Sentido. Leiam a entrevita aqui ou no Prosaempoema, blog de Paulo Sabino, outro poeta que escreve, ama, lê e devora poesia. (do blogue: Bloco de […]

  4. Prestei atenção em Adriano, há alguns anos, a dar os primeiros passos, publicamente, no ótimo blog Acontecimentos. Chamou a minha atenção, além da já inegável competência poética, o entusiasmo, a dedicação e a intensa admiração pelo poeta e filósofo Antônio Cícero, que também aprecio imensamente.
    Achei ótima a entrevista, elucidativa do seu já rico percurso, muito bem conduzida pelo escritor Marcelo Novaes, de quem acompanho a página e o trabalho, também.
    Paulo Sabino, este outro poeta e entusiasta contagiante da escrita, cumpre rigorosamente o papel a que se propôs, de levar os melhores versos a toda a parte. Parabéns aos três, que trabalham tanto, para que a palavra voe, da ponta dos seus dedos dançarinos para a luz. Um abraço.

    • Que lindas as suas palavras, querida Lidia!

      Beijo IMENSO, minha flor!

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