Sei de outro mar mais belo do que este
que contemplo na praia admirada,
e renuncio a tudo o que é antigo
abrindo o coração ao que há de vir
e pode, sendo novo, machucar,
como um sapato aperta no começo,
como as mães ao parir choram de dor,
e nos ferimos ao colhermos rosas.
(trecho do poema “sei de outro mar mais belo do que este”, de inês cavalcanti)
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o amor que dediquei a outros, e dedico, e dedicarei, ecoa no meu peito e sei chorá-lo em mil poesias.
dedicar-me incessantemente ao amor e aos seus ineditismos, e às suas novidades, ainda que machuquem: como o sapato novo, que aperta no começo; como a dor do parto, trazendo vida nova, ciclo que inicia; como quando colhemos rosas e nos ferimos nos seus espinhos.
aceso pelo amor, inflamado pela chama: o sentimento, de tão poderoso, de tão forte, manifesta-se, inclusive, no que não é prometido e que finda concedido, tornando a ação de amar a mais absoluta.
e o que sucede desde então, desde o amor & suas oblatas, não cabe, nem caberia, dizer na poesia. afinal, por mais bem escrita a definição, definição nenhuma consegue abarcar todo o matiz, todo o colorido, que comporta o amor & sua formosura.
(um belo início de semana e um ótimo feriado a todos!)
beijo afetuoso,
paulo sabino / paulinho.
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(do livro: Anawin. autora: Inês Cavalcanti. editora: Ibis Libris.)
O AMOR QUE EU DEDIQUEI A OUTRA PESSOA
O amor que eu dediquei a outra pessoa
E dei a quem nada devera dar
E às vezes no meu peito ainda ecoa
E nas mil poesias sei chorar,
Esse é o amor que eu vou depositar
Aos pés de quem amar a formosura,
Os teus, real senhor desse lugar,
Como se fosse alguma escrava tua.
Toda coberta e já aos poucos nua,
Deitando-me depressa ao pé de ti,
Estarei lá trêmula de ternura
Querendo dar-te o que não prometi
E o que acontecerá desde esse dia
Não caberá dizer na poesia.
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