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(em homenagem ao dia do padroeiro da cidade do rio de janeiro, dia 20 de janeiro.
em homenagem à cidade de são sebastião do rio de janeiro, cidade onde nasci & me criei, que me comove mais do que qualquer outra, mesmo com todas as mazelas & problemas.
em homenagem a tudo que me faz querer viver & morrer nesta cidade, em meio à montanha & mar.)
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a gente passa, a gente olha, a gente pára e se extasia:
que aconteceu com esta cidade da noite para o dia?
pois que o rio de janeiro virou flor: nas praças, nos jardins, nos parques:
é flor é flor é flor.
rio de janeiro: uma soberba flor por sobre todas,
e a ela rendo meu tributo apaixonado.
deixemo-la reinar. sua presença é mel & pão de sonho, pão de pedra de açúcar, para os olhos.
rio que não é rio: rio flóreo.
isto aqui é janeiro e é rio de janeiro no seu modo janeiro de ser: janeiramente flor por todo lado.
você já viu? você já reparou?
andou mais devagar para curtir essa inefável, essa indescritível fonte de prazer?
andou de olhos abertos à forma organizada, rigorosa, esculpintura da natureza em festa, puro agrado para homens & mulheres que sabem ver?
é tão simples…
rio de encanto, a quem endereço este meu canto terno, de eterno amor:
gosto de você. gosto de quem gosta deste céu, deste mar, desta gente feliz.
o meu beijo mais especial a você, cidade maravilhosa, cheia de encantos mil!
um outro nos senhores!
paulo sabino.
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(do livro: Amar se aprende amando. autor: Carlos Drummond de Andrade. editora: Record.)
RIO EM FLOR DE JANEIRO
A gente passa, a gente olha, a gente pára
e se extasia.
Que aconteceu com esta cidade
da noite para o dia?
O Rio de Janeiro virou flor
nas praças, nos jardins dos edifícios,
no Parque do Flamengo nem se fala:
é flor é flor é flor,
uma soberba flor por sobre todas,
e a ela rendo meu tributo apaixonado.
Pergunto o nome, ninguém sabe. Quem responde
é Baby Vignoli, é Léa Távora.
(Homem nenhum sabe nomes vegetais,
porém mulher se liga à natureza
em raízes, semente, fruto e ninho.)
Iúca! Iúca, meu amor deste verão
que melhor se chamara primavera.
Yucca gloriosa, mexicana
dádiva aos canteiros cariocas.
Em toda parte a vejo. Em Botafogo,
Tijuca, Centro, Ipanema, Paquetá,
a ostentar panículas de pérola,
eretos lampadários, urnas santas,
de majestade simples. Tão rainha,
deixa-se florir no alto, coroando
folhas pontiagudas e pungentes.
A gente olha, a gente estaca
e logo uma porção de nomes populares
brota da ignorância de nós todos.
Essa gorda baiana me sorri:
– Círio de Nossa Senhora… (ou de Iemanjá?)
– Vela de pureza, outra acrescenta.
– Lanceta é que se chama. – Não, baioneta.
– Baioneta espanhola, não sabia?
E a flor, que era anônima em sua glória,
toda se entreflora de etiquetas.
Deixemo-la reinar. Sua presença
é mel e pão de sonho para os olhos.
Não esqueçamos, gente, os flamboyants
que em toda sua pompa se engalanam
aqui, ali, no Rio flóreo.
Nem a dourada acácia,
nem a mimosa nívea ou rósea espirradeira,
esse adágio lilás do manacá,
esse luxo do ipê que nem-te-conto,
mais a vermelha aparição
dos brincos-de-princesa nos jardins
onde a banida cor volta a imperar.
Isto é janeiro e é Rio de Janeiro
janeiramente flor por todo lado.
Você já viu? Você já reparou?
Andou mais devagar para curtir
essa inefável fonte de prazer:
a forma organizada
rigorosa
esculpintura da natureza em festa, puro agrado
da Terra para os homens e mulheres
que faz do mundo obra de arte
total universal, para quem sabe
(e é tão simples)
ver?
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