eu moro no rio de janeiro.
ele mora em são paulo.
eu estava num bairro-reduto meu, num bar por mim bastante freqüentado.
resolvi comprar um sorvete (era noite de calor) na mercearia em frente ao bar. na fila para pagar, avisto uma figura conhecida. fiquei por uns instantes a observar aquele rosto, a fim de decodificá-lo, até que uma baita surpresa me assaltou:
“leo!…”
ele me olhou por alguns instantes, curioso, os olhos procuravam decifrar a minha figura, até que uma surpresa o assaltou:
“paulo sabino!”
(a coincidência era quase inacreditável – rs!)
abraçamo-nos e um papo descontraído, irreverente, divertido, logo teve o seu lugar.
a figura bonita, simpática & boa do talentoso cantor & compositor leo cavalcanti me encantou de cara.
de quebra, ainda faturei o ótimo & inspirado álbum de estréia do leo, “religar”, considerado, por uma revista especializada em música, um dos 100 melhores lançamentos de 2010.
a espinha dorsal do disco, se me compete falar, é existencialista.
acho muito bonito ver um rapaz, como o leo, contemporâneo de uma geração próxima à minha, tratando de assuntos que dizem fundo ao ser & estar no mundo, que falam alto às experiências mundanas.
pois que nesta quarta-feira, dia 02 de março, leo cavalcanti trará o show de lançamento do seu cd “religar” ao rio de janeiro.
a apresentação será no solar de botafogo (rua general polidoro, 180, botafogo – tel.: 2543 5411), às 22h.
uma belíssima oportunidade para conhecer, quem não conhece, o trabalho do leo, que é encantador. tenho certeza de que os senhores não se arrependerão.
arnaldo antunes declarou, numa matéria a um jornal, que nunca vira, na mpb, alguém que tratasse dos assuntos tratados nos versos de leo cavalcanti. e eu concordo com o poeta. há um ineditismo nas linhas que tornam o trabalho bem peculiar.
aproveito para deixá-los com duas de suas letras-poemas.
letras-poemas que falam da importância de amar-se, para que se possa, para que se consiga, amar uma outra pessoa. este é o princípio básico de todo qualquer bom amor.
a criação de alguém inalcançável parte da insegurança de si, parte de uma insegurança do ser, parte da insegurança de ser, e tal insegurança projeta o “outro”, projeta “aquilo que se quer”, como algo inalcançável, como coisa inatingível, travando a naturalidade do agir (na presença do outro) e abrindo espaço para o desconforto comportamental.
na presença do outro, a espontaneidade perde espaço para o desejo (premeditado) de acertar, e quanto mais cresce o desejo de acertar, mais inalcançável se torna aquilo que se deseja, aquilo que se estima.
é preciso amar-se & tranqüilizar-se consigo, para que o ser realce o ser e possa, enfim, aparecer inteiriço em quaisquer situações, para quaisquer pessoas.
para amar-se, é preciso estancar o medo de ir fundo em si. o medo de olhar para si permite a autopiedade, permite a vitimização de si, enquanto o tesouro maior fica preso lá no fundo.
(o tesouro maior: o reconhecimento & a valorização do que realmente se quer, do que realmente se deseja, do que realmente se é.)
a seguir, informações mais detalhadas sobre a apresentação do cantor & compositor leo cavalcanti na cidade do rio de janeiro.
beijo todos!
paulo sabino.
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Data: 02 de março (quarta-feira)
Local: Solar de Botafogo (Rua General Polidoro, 180 – Botafogo – tel: 2543 5411)
Horário: 22h
Ingressos: R$ 40,00, R$ 30,00 (100 primeiros pagantes) e R$ 20,00 (meia entrada)
Formas de pagamento: Dinheiro e cartão Visa Eletron (bilheteria aberta a partir das 16h)
Capacidade: 160 lugares
Censura: 14 anos
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(do site: Leo Cavalcanti – leocavalcanti.com.br / autor dos versos: Leo Cavalcanti.)
INALCANÇÁVEL VOCÊ
E se eu te disser que eu quero aprender a me
amar e te amar também ao mesmo tempo?
Você teria tempo?
Os seus lugares são belos
Os seus gestos são tão naturais
Boquiaberto me travo
Por me ver a te admirar demais
Eis que fico fraco
Eu inventei o inalcançável você
Tudo se faz tão perverso
Qualquer impulso meu dilui-se no ar
O igual-pra-igual espontâneo
Perde espaço pro desejo de acertar
E quanto mais espero, mais me nego e mais
me faço afastar
Eu inventei o inalcançável você
Me fiz escravo do meu medo de ser
E agora preciso me permitir
Pra parar de sofrer
E viver o que é belo em mim
Deixar o medo morrer
E ser o que eu posso ser, enfim
Mas se eu te disser que eu quero aprender a
me amar e te amar também ao mesmo tempo?
Você teria tempo?
MEDO DE OLHAR PRA SI
Pare de sofrer de antemão
— não se julgue um cão —
Saiba que é difícil, sempre no início
Dá muito medo de olhar pra si mesmo
Saiba que o ego é ilusão
— é um falso chão —
O verdadeiro ofício é se livrar do vício
de se pôr um título, e viver a esmo
Pra que se machucar com tão inútil contradição
Esse jogo insaciável de apego e aversão
Se desvalorizar, é o mesmo que se “superamar”
Ambos querem excluir o resto do mundo
Enquanto seu tesouro fica preso lá no fundo
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