quem, aqui,
nunca viveu uma situação na qual tudo o que pode acontecer de ruim acaba por acontecer?
(e acaba por acontecer da pior maneira que poderia…)
pois bem, a essas situações embaraçosas aplica-se a célebre “lei de murphy”:
“se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível.”
quem, aqui, nunca se viu numa circunstância em que se aplica a tal lei?
(eu já vivenciei diversas delas – rs…)
e quem seria o criador de tal enunciado? em que momento teria criado?
para tal fato existem variadas versões, porém a mais comentada é esta aqui, encontrada no site “wikipédia” (
http://pt.wikipedia.org/):
É oriunda do resultado de um teste de tolerância à gravidade por seres humanos, feito pelo engenheiro aeroespacial norte-americano Edward A. Murphy na década de 1940. Ele deveria apresentar os resultados do teste; contudo, os sensores que deveriam registrá-lo falharam exatamente na hora, porque o técnico havia instalado os sensores da forma errada. Frustrado, Murphy disse: “Se este cara tem algum modo de cometer um erro, ele o fará”.Daí foi desenvolvida a assertiva: “Se existe mais de uma maneira de uma tarefa ser executada e alguma dessas maneiras resultar num desastre, certamente será a maneira escolhida por alguém para executá-la”.
abaixo, aos senhores,
cinco poemas, deliciosos, divertidos, que tratam de situações (conhecidas por todos) que envolvem a célebre “lei de murphy”:
— o pão com manteiga que cai, e que, quando cai, cai com a parte da manteiga voltada ao chão;
— qualquer coisa que procuramos desesperadamente e que só aparece, a olhos vistos, quando não mais precisamos dela;
— a fila (seja de banco, mercado ou metrô) em que estamos & que é mais lenta que a fila concorrente, a fila ao nosso lado;
— o artigo do jornal, ou a matéria da revista, que vai para o lixo antes de ser guardado;
— o fato de estarmos em descompasso com a hora, ou atrasados, ou adiantados.
os poemas foram escritos numa forma fixa clássica (até o pescoço!) — soneto — mas com uma linguagem moderna, dinâmica, irreverente, e tratam, como não poderia deixar de ser, de assuntos do nosso cotidiano.
essa mistura (forma fixa clássica + linguagem moderna) é o que dá o tom certo, o tom correto, a poemas que tratam de tal lei:
uma lei clássica para as nossas vidas modernas (rs).
deliciem-se com estes sonetos, sonetos “do contra” (rs)!
beijo todos!
paulo sabino.
____________________________________________________________
(do livro: A letra da ley. autor: Glauco Mattoso. editora: Annablume.)
SONETO PARA UM ENUNCIADO
AMANTEIGADO
Com muitas variantes se enuncia
a velha lei de Murphy: “Se haver pode
a probabilidade, uma fatia
que seja, de foder, a coisa fode.”
Por outras palavrinhas: “Quem se fia
na chance de dar certo, tire o bode
da chuva, ou o cavalo!” Já dizia
o calvo: “Quem faz barba, faz bigode!”
Inútil discutir: o pão do pobre,
do lado da manteiga que o recobre,
na certa cairá, voltado ao chão…
Duvidam? Quantas vezes for jogado,
de novo vai cair no mesmo lado
e a Murphy acabará dando razão…
SONETO PARA O QUE SE ACHA PERDIDO
Se alguém, legisla Murphy, anda à procura
dum troço pela casa, ele estará
naquele lugar onde a gente jura
que nunca estar podia, e raiva dá.
Pior: leva um tempão e, a certa altura,
podemos desistir… e, quando já
não era mais preciso, a diabrura
do troço é aparecer! Ah, porra, vá…!
Pior ainda: quando urgente, a gente
correndo compra um novo. Então, na frente
do nosso nariz, surge o troço antigo!
Pior, muito pior: comprado um novo,
sem uso fica e, como diz o povo,
“Desgraça pouca…” Eu nunca contradigo.
SONETO PARA UM ÚLTIMO QUE NÃO RI
Apenas Murphy explica: a outra fila
mais rápido andará do que esta minha.
A coisa vale para uma tranqüila
espera ou quando o público se apinha.
No banco ou no correio, onde se opila
meu fígado, anda a fila que é vizinha
à minha, mas a minha até segui-la
demora: aqui mais lento se caminha…
Dirão vocês: então de fila troque!
Aí que a lei funciona: se a reboque
daquela eu me puser, vai ser batata…
A fila em que eu estava passa a andar,
enquanto que esta pára ou, devagar,
meu passo avança… e o tempo assim se empata.
SONETO PARA AQUELE ARTIGO
SOBRE A LEI DE MURPHY
Se a gente uma matéria acha importante
guardar, mas não recorta logo e deixa,
é tiro e queda: que ninguém se espante
se foi pro lixo, sob a podre ameixa…
Agora é tarde! Caso alguém levante
a voz para a empregada, a inútil queixa
se perde em meio a tantas que, na estante
das obras murphológicas, se enfeixa…
Se algum amigo tinha um exemplar
guardado da revista, de jogar
no lixo o dito acaba, ele também…
Aquele que você certeza tinha
que o texto guardaria… Já adivinha:
rasgou-se nas mãozinhas do neném…
SONETO PARA O CONTRATEMPO ROTINEIRO
Horário, para Murphy, imprevisível
será: com um relógio, o cara aposta
que sabe as horas, mas, com dois, falível
se torna a precisão de que ele gosta…
Divergem nos minutos ou, no nível
suíço, nos segundos: a resposta
exata, essa jamais será possível
saber, e tanto faz a jóia e a josta…
Se tem hora marcada e chega em cima,
os outros é que atrasam; caso o clima
lhe cause o atraso, a turma é pontual…
Acertam-se os ponteiros, mas, no dia
seguinte, ele não sabe em qual confia,
se a hora certa nunca é tal nem qual…
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