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de onde,
de que lugar,
de que terreno,
de que país,
de que reino,
você me vem, amor?
por onde você me chega, amor?
de onde me vem, amor, ardendo em fogo brando, este querer, de onde vem, amor, esta vontade de tê-lo mais & mais em vida, e que mais queima, mais arde (a vontade de tê-lo mais & mais em vida), quando percebo seus pés em fuga, amor, afastando-se?
de onde é que aflora, tão fugaz (e tão “fullgás”), tão impressentida, essa lembrança que vou avivando de você, amor, e que, sem que eu descubra nem por que nem quando, me conhece, me decifra, me sabe, como se eu fosse o texto de uma página já lida, como se eu fosse já um caderno de linhas traçadas?…
como é que você me sabe tão ao certo & em cheio, amor?…
como é que sei ir da nascente à úmida foz desse seu corpo, amor, onde navego sem bússola, se a luz tíbia, luz fraca, luz débil, que o prefigura, se a luz tíbia que o pressupõe, ainda que frouxa, ainda que rasa, consegue cegar-me a direção & as (minhas) mãos só conseguem tocá-lo sob a névoa dos lençóis?
e como, amor, apesar de todas as dificuldades (apesar de navegar sem bússola no seu mar, apesar da sua luz, ainda que a mais fraca, me cegar, apesar de tocá-lo apenas por sob névoas), como hei de esquivar-me da sua chama, se é nela, na sua chama, que me aqueço, se é nela, na chama do amor, que faço a minha própria cama?
(existiria, no mundo, alguma forma de esquivar-me da sua chama?…)
(é bom lembrar: se longe o amor, o desejo de amar queima ainda mais.)
eu não sei como, nem onde, nem quando, nem por quê, o amor. sei, apenas, que o quero a olhos vistos.
(na chama do amor me aqueço. na chama do amor armo a minha cama.)
alimento-me da sua luz.
(e que assim seja sempre.)
beijo todos!
paulo sabino.
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(do livro: Poesia reunida. autor: Ivan Junqueira. editora: A Girafa.)
DE ONDE ME VEM, AMOR…
De onde me vem, amor, ardendo em fogo brando,
este querer-te mais do que me é dado em vida
e que mais queima, aberto em lúbrica ferida,
sempre que vais, os pés em fuga, te afastando?
De onde é que aflora, tão fugaz e impressentida,
essa lembrança que de ti vou avivando
e que, sem que o descubra nem por que nem quando,
sabe-me ao texto de uma página já lida?
Como é que sei ir da nascente à úmida foz
desse teu corpo onde sem bússola navego,
se a tíbia luz que o prefigura me faz cego
e as mãos só o toquem sob a névoa dos lençóis?
E como, amor, hei de esquivar-me à tua chama,
se é nela que me aqueço e faço a própria cama?
Muito belo!
Obrigadíssimo, Amélia querida!
Beijo GRANDE!
“por onde você me chega, amor? … o amor. sei, apenas, que o quero…”
Que coisa mais linda!
Obrigado, Célia!
Um beijo!
Lindooooooooooooooooooooooooooooooooooooo, amei de verdade.
Que bom saber, Vivian!
Volte mais vezes!
Beijo!