a vida é o imponderável, o imprevisível, aquilo que não se espera.
vivemos com os pés no presente, vivenciamos o hoje. o próximo instante, o próximo minuto, nunca sabemos o que será até que seja. o futuro, diz o dito popular, “a deus pertence”.
o futuro, isto é, o amanhã, vai saber…
em determinadas questões, determinações — ordens, mandados — não resolvem absolutamente nada.
com o amor é assim: não adianta pensar que “determinou” o que só o amor pode saber. pois só o amor pode saber o amor.
não adianta determinar o fim do amor se o amor determina não findar. não adianta determinar a insistência do amor se o amor determina não insistir.
só ao amor cabe o amor. ele é quem manda, ele é quem determina.
o mundo dá voltas. o único ponto final (de fato) é aquele que interrompe a linha vital. fora esse ponto, nenhum outro é definitivo.
o fato de não querer o amor hoje não é empecilho para que se queira amanhã, o fato de não querer o amor hoje (presente) não significa que, amanhã (isto é: no futuro, não importa se próximo ou distante), não se tenha do que duvidar, o fato de não querer o amor hoje não significa que, amanhã, não se tenha o que considerar, o fato de não querer o amor hoje não significa que, amanhã, não se venha a reconsiderar.
pois o amor, nas tantas voltas que o mundo dá, ele gosta muito de mudar, o amor, nas tantas voltas que o mundo dá, ele gosta muito de se dar, o amor, nas tantas voltas que o mundo dá, ele gosta muito de jogar, e, assim sendo, ele, o amor, pode aparecer onde ninguém poderia supor (supor no intuito de antecipá-lo, de prevê-lo), o amor (que gosta muito de mudar, de se dar, de jogar) pode aparecer onde ninguém poderia se pôr (a fim de impedi-lo, de embarreirá-lo). de repente, não mais que de repente, surpresa: eis o amor realizado de trejeitos inopinados.
(vai saber…)
como “o futuro a deus pertence” (diz o dito) & ao amor não cabem determinações, o melhor, senão o possível, é deixar ser. viver o que tiver de ser vivido. sem medos.
os medos não resolvem as aflições suscitadas pelo amor.
viver o amor é, também, viver a dor. não viver o amor é, tal & qual, viver a dor. então, se a dor é vivenciada com ou sem a experiência do amor, acho mais saboroso vivenciá-la — a dor — amando (assim mesmo: o amor no gerúndio).
deixar ser. viver o que tiver de ser vivido. sem medos.
aproveitar o que tiver de ser aproveitado. sem amarras.
(poema-canção extraído do site oficial de: Adriana Calcanhotto. autora: Adriana Calcanhotto.)
VAI SABER?
para Mart’nália
Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de mudar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha do que duvidar
Pensando bem pode mesmo chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?
Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de se dar
E pode aparecer onde ninguém ousaria se pôr
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha o que considerar
Pensando bem pode mesmo chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?
Não vá pensando que determinou
Sobre o que só o amor pode saber
Só porque disse que não me quer
Não quer dizer que não vá querer
Pois tudo o que se sabe do amor
É que ele gosta muito de jogar
E pode aparecer onde ninguém ousaria supor
Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não venha a reconsiderar
Pensando bem pode mesmo chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?
(áudio extraído do cd: Universo ao meu redor. artista & intérprete: Marisa Monte. canção: Vai saber? compositora: Adriana Calcanhotto. gravadora: selo Phonomotor.)
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