(paulo sabino & o mar & a imensidão que o cerca: o olho faz o mundo.)
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O olho faz o mundo. Afinal, sem o olho, o mundo é um oco; sem o olho, o mundo simplesmente inexiste.
Se o olho faz o mundo, quem faz o olho é o olhar, e não o contrário. Afinal, o olho, carente da sua função – que é olhar – é um oco; sem o olhar, o olho simplesmente inexiste.
Nunca houve um tempo pré-existente ao olhar, isto é, nunca houve um tempo que existisse antes do olhar. Pois é justamente através do olhar que o mundo se desnuda aos nossos olhos. E o olhar só acontece enquanto olha, o olhar só acontece enquanto observa.
O mundo se desnuda aos nossos olhos justamente através do olhar. Por isso: o olhar é o inaugural dos mundos.
E, todos os dias, o mundo se dá todos os dias em razão do olhar que sobre o mundo lançamos todos os dias. Um dia que deixássemos de enxergar o mundo, e este desapareceria das nossas vidas.
Hoje é dia da inauguração do mundo. Assim o é porque o mundo inaugura-se no “hoje”, no “presente”, no momento em que o olhar olha, no instante em que o olhar observa.
E o meu olhar, hoje & sempre, deveras comprometido com a imensidão liqüefeita que, todos os dias, inaugura-se na minha vida.
O mar me fascina de modo absoluto & incomum.
O mar é nossa mãe primeira (a teoria, hoje, mais aceita nos meios científicos é a de que os primeiros indícios de vida na Terra, há bilhões de anos atrás, vieram do mar).
Dentre as tantas coisas que me fascinam, os seus temperamento & força são as coisas que mais me impressionam.
Repito o que já dito: o mar me traz a sensação de libertação. Ele é selvagem, temperamental, pode suster assim como pode matar, e mais, e sobretudo, o mar é incapturável, ninguém pode retê-lo, ninguém é capaz de domá-lo, de domesticá-lo.
Sem mar, não valeria a pena fundar a cidade nem morrer por ela.
Pois o mar incita o mar. O mar desperta, em nós, sonhos de descobertas, desejos de reinos desconhecidos, quereres de conquistas imperiosas.
O mar não tem fronteiras (incapturável & intratável que é). O mar, diferentemente da terra, é móvel, o mar, em constante movimentação, eterno ir & vir. A terra, sim, impõe fronteiras ao mar.
No mar, não há teu nem meu.
No mar, tudo é teu & tudo é meu.
No mar, como tudo é teu & tudo é meu, pois, no mar, tudo é de ninguém:
o mar sou eu.
Eu sou parte dele (do mar): mãe primeira, gestante primordial, é ela, a mãe marinha.
Eu sou parte dele (do mar): pois, assim como ele & diferentemente da terra, sou móvel, estou em constante movimentação, nunca no mesmo lugar.
Eu & tu & ele: mares de vivências deitados neste chão que nomeamos Terra.
Aproveitemos o percurso, ele é único!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Céu em Cima / Mar Em baixo. autor: Alex Varella. editora: Topbooks.)
DIA DA INAUGURAÇÃO DO MUNDO
O olhar faz o olho
o olho faz o mundo
Hoje é dia da inauguração do mundo.
Nunca houve um tempo pré-existente ao olhar.
O olhar é o inaugural dos mundos.
O MAR SOU EU
sense mar, no hauria pagat la pena fundar
la ciutat ni morir per ella.
Sergi Pàmies
Sem mar, não valeria a pena fundar a cidade nem morrer por ela.
O mar não tem fronteiras.
A terra, sim, é que impõe fronteiras ao mar.
Em catalão do mar,
repito o refrão:
No mar,
não há teu
nem meu.
No mar,
tudo é teu
e tudo é meu.
O mar sou eu.
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