ANTIMÉTODO

Estante anti-método

(Na foto, a estante que é, em si, o próprio antimétodo.)
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para mim não existe método à leitura dos livros de poesia. (e à de quaisquer outros.)
 
não existe método à publicação dos poemas neste espaço.
 
a leitura de poesias, as publicações deste espaço, se dão de forma caótica.
 
não há método para leituras, publicações, audições de música: tudo se dá de forma desordenada, tudo se dá de forma desorientada.
 
assim, vidafora, desoriento-me sem qualquer método ou sem qualquer fim (sem qualquer finalidade, sem pragmatismos).
 
desorientando-me sem qualquer método, pode-se dizer que o “antimétodo” é o método de vida escolhido.
 
a orientação: seguir a desorientação.
 
o método: seguir o antimétodo. 
 
vou & não vou, mas vou: na desorientação seguida, na total falta de método, transformações ocorrem: durante o percurso, parte do ser vai, parte do ser não vai, mas o ser — o todo — vai, o ser continua sua caminhada. o ser segue sua sina.
 
vou & não vou, mas vou: caio sem alardes. o que tiver de tombar, o que tiver de cair, o que tiver de despencar, do ser, caia, tombe, despenque, do ser, sem alardes. parte natural do processo: deixar, ao longo da caminho, cair as máscaras que não servem mais enquanto outras novas são forjadas.
 
(caio sem alardes: aquele que se propõe ao antimétodo bem sabe da existência dos riscos de quem se põe ao sabor das errâncias.)
 
o que é & não é: mas é: o ser: eu sou & não sou, tudo ao mesmo tempo já, desordenado, desorientado, contraditório, múltiplo: di-verso.
 
o que é & não é: mas é: o ser: “desorientar-me” é meu método.
 
desoriento-me sem qualquer método: pois “desorientar-me” é a regra, “desorientar-me” é minha escolha, meu método.
 
pouco a pouco, embaralho tudo & nada (assuntos, livros, filmes, discos, os mais diversificados).
 
(vou & não vou, mas vou. o que é & não é: mas é.)
 
sou meu próprio espantalho: fujo de mim mesmo. finjo-me da minha própria esfinge (sempre um enigma): algo de mim me escapa, algo de mim desconheço, algo de mim não alcanço. 
 
(eu prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter a mesma velha opinião formada sobre tudo: sobre, inclusive, o que eu “nem sei quem sou”…)
 
perdido em meu labirinto, sou o que sou (será o paulo sabino a imagem que o paulo sabino tem de si, perdido em seu próprio labirinto?) ou minto (para mim)?…
 
sou o que sou ou a imagem que projeto de mim é falha? será isso uma regra secreta, uma regra escondida até de mim mesmo (projetar uma imagem equivocada de mim)?
 
afinal, sem qualquer fim (sem qualquer finalidade, sem pragmatismos), desoriento-me sem qualquer método: “desorientar-me” é meu método.
 
ser humano: incompleto, inconstante, inacabado, imperfeito: ser em permanente construção: ser humano: lugar de passagem: ponte entre o que vai fora & o que vai dentro do ser.
 
(vou & não vou, mas vou: o que é & não é: mas é: eu prefiro ser esta metamorfose ambulante. sempre sempre sempre.)
 
beijo todos!
paulo sabino.
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(do livro: Ciranda da poesia — Sebastião Uchoa Leite por Franklin Alves Dassie. autor dos poemas: Sebastião Uchoa Leite. editora: EdUERJ.)
 
 
 
ANTIMÉTODO
 
 
Desoriento-me
Sem qualquer
Método
Ou sem
Qualquer fim
Vou e não vou
Mas vou
Caio sem qualquer
Alarde
O que é
E não é: mas é
Desorientar-me
É meu método
 
 
 
ANTIMÉTODO 2
 
 
Pouco a pouco
Embaralho tudo e nada
Sou meu próprio
Espantalho
Fujo
De mim mesmo
Finjo-me
Da minha própria
Esfinge
Perdido em meu próprio
Labirinto
Sou o que sou
Ou minto? Será isso
Uma regra secreta?
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2 Respostas

  1. Rsrsrsrs, gostei da estante, é bem como as minhas! Do caos, sai a ordem, faça-se poesia sempre, parece dizer Sebastião Uchoa Leite, e confirmar Paulo Sabino. Faça-se poesia ! Caótica, ordenada, rota, costurada, indo e vindo, colada, recortada, levantando e caindo, enviesada, alinhavada, embaralhando e fingindo, mas sempre “poemando” ! Faça-se a luz! Beijos, Paulo.

    • Que maravilha as suas palavras, Lígia Sacras querida!

      Que a luz se faça através da luz que emanam os versos, sempre!

      Beijo grande!

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