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Nada em vão, nada à-toa, no espaço entre mim & você.
Eis, então, que o pedaço de mim — que é só teu — é intento sem tanto, é objetivo sem força maior, é intenção pouca, quando eu vejo você me olhando assim, vendo, em mim, o que eu vejo em ti.
(Afinal,) Qual razão é medir o imenso da sede, o que justificaria medir o tamanho incomensurável do desejo, da vontade de alguma coisa, se o senso, se o entendimento, se o juízo (sempre!) cede à sensação?
Hein?…
Ilusão — pois o que vemos no outro nunca é exatamente o outro, é sempre uma projeção nossa sobre o outro — é a veste que te faz volver, que te faz voltar-se, que te faz virar (para mim), ilusão — pois o que vemos no outro nunca é exatamente o outro, é sempre uma projeção nossa sobre o outro — é a veste que me envolve & que verte afeto & afã, que verte amizade & zelo, quando eu vejo você me olhando assim, vendo, em mim, o que eu vejo em ti.
(O que vemos no outro é pura ilusão de óptica: sendo quem sou, em nada me pareço: sempre estrangeiro, sempre forasteiro, de mim & do olhar alheio.)
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do encarte do cd: Cavalo. artista: Rodrigo Amarante. autor: Rodrigo Amarante. gravadora: Slap.)
NADA EM VÃO
nada em vão
no espaço entre eu e você
no silêncio um grito
o sim e o não
eis então
que o pedaço de mim
que é só teu
é intento sem
tanto intenção
quando eu vejo você
me olhando assim
vendo em mim
o que eu vejo em ti
qual razão
é medir o imenso da sede
se cede o senso
à sensação
ilusão
é a veste que
faz-te volver
que me envolve e verte
afeto e afã
quando eu vejo você
me olhando assim
vendo em mim
o que eu vejo em ti
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(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: Cavalo. Artista & intérprete: Rodrigo Amarante. canção: Nada em vão. autor da canção: Rodrigo Amarante. gravadora: Slap.)
[…] um poema que foi retirado da última sentença do meu texto de apresentação à publicação mais recente do Prosa em poema [intitulada "Nada em vão": https://prosaempoema.wordpress.com/2013/10/08/nada-em-vao/]. […]