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Hoje, 13/11, aos 97 anos, nos deu adeus aquele que foi, é & sempre será um dos maiores poetas da língua portuguesa, Manoel de Barros.
Desde que tive contato com sua figura física & sua poesia, quis o Manoel para meu avô.
Um mestre, um exímio cantador, o homem das ignorãças, das grandezas do ínfimo, o gramático do chão, o arranjador de assobio, o homem que conhecia o “nada” como ninguém, o guardador de águas, o pantaneiro que se dava concertos a céu aberto para solos de ave, o menino do mato, o fazedor de amanhecer.
Manoel de barro lindo, divino, agora voa que nem passarinho, na asa da sua poesia.
Vivas ao Manoel, vivas à sua existência, vivas à sua obra poética!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: O livro das ignorãças. autor: Manoel de Barros. editora: Record.)
AUTO-RETRATO FALADO
Venho de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas.
Meu pai teve uma venda de bananas no Beco da
……..Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do
……..chão, pessoas humildes, aves, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de
……..estar entre pedras e lagartos.
Fazer o desprezível ser prezado é coisa que me apraz.
Já publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me
……..sinto como que desonrado e fujo para o
……..Pantanal onde sou abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo
……..que fui salvo.
Descobri que todos os caminhos levam à ignorância.
Não fui para a sarjeta porque herdei uma fazenda de
……..gado. Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso!
Estou na categoria de sofrer do moral, porque só
……..faço coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.
Negritude, ontem ao receber a notícia de tamanho dano que recebemos nas galáxias, o primeiro pensamento que me veio em estalo à mente foi:
E o Paulinho, gente? Tadinho…
Que seja alegria nos céus!!!
Ô titio, coisa mais linda essa sua mensagem! Zé lembrou daquela foto que tínhamos pendurada na parede de casa. Pois é, Leozinho, tristeza pra nós, alegria pro céu! Beijo grande, meu lindo! Que bom te ler por aqui!