(Na foto, o poeta Luis Turiba.)
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Gente do meu coração,
É tanta coisa, tanta, que nem sei como começar este texto… Talvez dizendo que fiquei acordado até às 6h da manhã, sem conseguir desligar, depois da 4ª edição do Sarau do Largo das Neves, em Santa Teresa (Rio de Janeiro), revivendo um tanto do encontro onde comemorei os meus 39 anos, tamanha energia boa, alegre, festiva, que tomou conta de todos & contagiou a praça.
A noite foi linda! As escolhas poéticas, as melhores possíveis, e as leituras foram arrasadoras!
A minha mãe, a cabocla Jurema Armond, está numa alegria só! Quando voltávamos para casa, terminado o sarau, ela disparou: “meu filho, procure cultivar sempre o amor & o carinho dos seus amigos, porque essa turma é bonita demais, você não deve se afastar”. Ela realmente ficou impressionada com a vibração, com a energia, que os participantes conseguiram imprimir & deixar em Santa Teresa.
Estou aqui em puro estado de poesia, que é o estado de graça, que é o estado de felicidade plena, o êxtase decantado & tão-só. Amor da cabeça aos pés!
Eu só tenho a agradecer, profundamente!, a existência de cada um que tornou a noite do dia 25/06 das coisas mais emocionadas que eu já vivi.
Agradecer profundamente & especialmente ao grande & admirado poeta Luis Turiba (na foto), que me deu a honra das suas presença & leitura, recitando o seu lindíssimo poema “Língua à brasileira”.
Agradecer profundamente os livros & cadernos que ganhei, adorei todos!
Agradecer, também profundamente, a presença das pessoas que foram ao sarau & que eu não conhecia & que se emocionaram com tudo aquilo que vivenciamos. Obrigadíssimo, gente nova & querida! Espero que, a partir desta última edição, vocês ajudem a engrossar o caldo!
Viva são João!
Viva a poesia!
Viva vocês, meus amigos, irmãos de jornada!
Mês próximo tem mais!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Estrela da vida inteira. autor: Manuel Bandeira. editora: Nova Fronteira.)
PROFUNDAMENTE
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
*
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
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