OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES: OS VÍDEOS II

Paulo Sabino

(Paulo Sabino.)

Salgado Maranhão e Alexis Levitin

(Salgado Maranhão & Alexis Livitin.)

Adriano Espínola

(Adriano Espínola.)
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Aos interessados, mais alguns vídeos de algumas leituras realizadas durante o projeto “Ocupação Poética”, no teatro Cândido Mendes, em Ipanema (Rio de Janeiro), ocorrido nos dias 31/07, 01/08 & 02/08.

Abaixo, este que vos escreve na companhia dos mestres Salgado Maranhão & Adriano Espínola, participantes do segundo dia do evento (01/08).

Divirtam-se!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 01/08/2015. Paulo Sabino recita Um rio salgado, poema de Carlos Dimuro.)

 

UM RIO SALGADO  (Carlos Dimuro)

Para Salgado Maranhão

 

Apesar de navegar sereias,
não é doce
o rio que corta
o teu poema.

Sabem-se salgados
os escombros que se escondem
sob as escamas da tua escrita.
E o que em ti é peixe,
se debate em guelras e guerras
numa incansável
respiração boca a boca
com a palavra.

A salinidade ancestral
de tuas águas,
refinada pelos deuses,
tempera o profano:
o sagrado no salgado.

No rio que segue
o curso líquido dos mistérios
da linguagem,
um cardume de versos
anuncia o mar.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 01/08/2015. Salgado Maranhão recita Aboio, poema de sua autoria.)

 

ABOIO  (Salgado Maranhão)

 

Quem olha na minha cara
já sabe de onde eu vim
pela moldura do rosto
e a pele de amendoim
só não conhece os verões
que eu trago dentro de mim.

A vida desde pequeno
sempre cavei no meu chão
da raiz da planta ao fruto
fazendo calos na mão
eu aprendi matemática
descaroçando algodão.

Carcarás, aboios, lendas,
são minha história e destino
tudo que a vida me deu
é tudo que agora ensino
na quebrada do tambor
eu sou velho e sou menino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 01/08/2015. Salgado Maranhão recita Amorágio II, poema de sua autoria.)

 

AMORÁGIO II  (Salgado Maranhão)

 

Fogo que desata os novelos da vontade. Ignora
o bem, desdenha da verdade. Ponte aérea do
………………………………………………..[Éden
à insanidade. Dança para um circo de anjos
embriagados onde, leão, é também o domador.
Que depois de alçar o trono do esplendor
………………………………………………..[entrega
a própria pele ao caçador.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 01/08/2015. Adriano Espínola recita Os poetas, poema do romeno Lucian Blaga, tradução de Luciano Maia.)

 

OS POETAS (Lucian Blaga / Tradução: Luciano Maia)

 

Não se espantem. Os poetas, todos os poetas são
um único, indiviso, ininterrupto povo.
Falando, são mudos. Pelas eras em que nascem
…………………………………….e morrem,
cantando, estão a serviço de uma fala perdida
…………………………………….há muito.

Profundamente, através de povos que surgem
…………………………………….e desaparecem,
pelo caminho do coração eles sempre vêm e passam.
Por som e palavra eles se separam e competem entre si.
São semelhantes pelo que não dizem.
Eles calam como o orvalho. Como o sêmen. Como
…………………………………….uma saudade.
Como as águas eles silenciam, caminhando sob
…………………………………….a seara,
e deplois sob o canto dos rouxinóis,
fonte se fazem na clareira, fonte sonora.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 01/08/2015. Adriano Espínola recita Praia, poema de sua autoria.)

 

PRAIA  (Adriano Espínola)

 

Se tu queres amar,
procura logo o mar.
Ali enlaça o corpo
salgado noutro corpo.

No azul esquecimento
das águas, vai sedento
beber a luz da carne,
o gozo a pino e a tarde.

Tenta imitar a teia
das ondas e marés.
Dança na branca areia.
Outro será quem és.

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