(Paulo Sabino)
(Claufe Rodrigues)
(Mauro Sta Cecília)
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Aos interessados, mais 6 vídeos da 2ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido nos dias 9 (quarta-feira) & 10 (quinta-feira) de setembro, no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de 4 feras da poesia contemporânea: Luis Turiba, Cristiano Menezes, Mauro Sta Cecília & Claufe Rodrigues!
Nos vídeos que seguem, os participantes do segundo dia do projeto, 10/09, os poetas Claufe Rodrigues & Mauro Sta Cecília. Ambos recitam poemas da própria autoria.
Eu recito, no meu primeiro vídeo, um poema de um dos meus grandes conselheiros na poesia, o imprescindível Armando Freitas Filho, e no meu segundo vídeo recito um poema que descobri ter virado canção há pouco tempo, poema do querido amigo (participante da 1ª edição deste projeto) Antonio Cicero.
Mais vídeos chegarão!
Divirtam-se!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [2ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 10/09/2015. Paulo Sabino recita A mão que escreve, poema de Armando Freitas Filho.)
(Armando Freitas Filho)
A mão que escreve
na mesa burocrática
não pode sonhar e
escrava, se arrasta
no deserto, ao rés do chão
através de resmas e lesmas
a léguas de qualquer relva
e só serve minutas
adendos e remendos
tudo em formato ofício
em papel-timbrado
enquanto o poema, ao longe
tenta, em cada entrelinha
levantar voo, a cabeça
como uma águia
feito uma onda.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [2ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 10/09/2015. Paulo Sabino recita Consegui, poema de Antonio Cicero.)
CONSEGUI (Antonio Cicero)
eis o que consegui:
tudo estava partido e então
juntei tudo em ti
toda minha fortuna
quase nada tudo muitas coisas
numa
só:
eu quis correr esse risco antes de virar
pó:
juntar tudo em ti:
toda joia todo pen drive todo cisco
tudo o que ganhei tudo o que perdi
meu corpo minha cabeça meu livro meu disco
meu pânico meu tônico
meu endereço
eletrônico
meu número meu nome meu endereço
físico
meu túmulo meu berço
aquela aurora este crepúsculo
o mar o sol a noite a ilha
o meu opúsculo
meu futuro meu passado meu presente
meio aqui
e meio ausente
meu continente meu conteúdo
e além de todo o mundo
também tudo o que é imundo tudo
o medo e a esperança
algo que fica
algo que dança
o que sei o que ignoro
o que rio
e o que choro
toda paixão
todo meu ver
todo meu não
tudo estava perdido e aí
juntei tudo
em ti ______________________________________________________
(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [2ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 10/09/2015. Claufe Rodrigues recita Como reconhecer um poeta, poema de sua autoria.)
COMO RECONHECER UM POETA (Claufe Rodrigues)
Nem todo sujeito estabanado é poeta
mas com certeza todo poeta é um ser estabanado.
Se senta sempre do lado errado
tropeça na peça mais cara da mobília
se bobear beija a mãe, a vó e a filha
está sempre em guerra com a braguilha
bebe cachaça na taça de vinho
corteja a mulher do vizinho
sonha com um ninho de gatas
louras, ruivas e mulatas
mas acorda sempre sozinho.
O poeta só não é um desastre
…………quando escreve, quando fala,
……………………quando escala os altos cumes
……………………………….da língua.
Ali ele é o perito, o eleito,
o cara perfeito que toda sogra quer ter na família.
Até o rabisco é risco calculado
compasso de música, exato
como o símbolo do infinito.
Nas altas esferas, o poeta doma todas as feras,
domina a intensidade de cada grito.
Captura, em essência,
o que dizem as nuvens,
quando chovem no cio.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [2ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 10/09/2015. Claufe Rodrigues recita Todo poema, de sua autoria, que, depois de publicado em livro, foi rebatizado pelo poeta amazonense Thiago de Mello com o título Floresta.)
FLORESTA (Claufe Rodrigues)
Todo poema grita
cada palavra é um pedido de socorro
na gruta infinita da boca
E há um adeus em qualquer sílaba
uma floresta
em festa
queimando dentro de nós.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [2ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 10/09/2015. Mauro Sta Cecília recita Ela, poema de sua autoria.)
ELA (Mauro Sta Cecília)
A mulher loura, em pé no ponto
de ônibus, tira da bolsa o esmalte
vermelho e faz as unhas da mão
enquanto o ônibus não chega.
Ela não vai descansar.
A palavra descanso não faz
parte do dicionário de sua vida.
Ela pode algum dia atingir
quase o limite de suas forças.
Mas ela dorme, recupera as
forças e segue em frente.
E esquece a palavra cansaço.
Porque há muitos jovens que
já nasceram cansados e andam
cansados o dia inteiro. E porque
depois há toda a eternidade
que é um tempo que nem passa
pela sua cabeça.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [2ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 10/09/2015. Mauro Sta Cecília recita Por você, poema de sua autoria. Participação [guitarra]: Julio Santa Cecília.)
POR VOCÊ (Mauro Sta Cecília)
por você, eu limparia os trilhos do metrô
eu iria a pé do Rio a Salvador
por você, eu roubaria uma velhinha
eu dançaria tango no teto da cozinha
por você, eu adoraria a disciplina japonesa
eu aprenderia a fazer cara de surpresa
por você, eu viajaria a prazo pro inferno
eu tomaria banho gelado no inverno
por você, eu hoje até deixaria de beber
eu enfrentaria um lutador de caratê
por você, eu ficaria rico em um mês
eu dormiria de meia pra virar burguês
por você, eu só sentiria essa febre
eu conseguiria até ficar alegre
por você, eu viveria em greve de fome
eu mudaria a grafia do meu nome
por você, eu pintaria o céu todo de vermelho
eu teria mais herdeiros que um coelho
por você, eu aceitaria a vida como ela é
eu desejaria todo dia a mesma mulher
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(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: Puro êxtase. artista & intérprete: Barão Vermelho. canção: Por você. música: Roberto Frejat / Maurício Barros. poema: Mauro Sta Cecília. gravadora: WEA.)
Belíssimo Projeto! Obrigado pelo envio dos vídeos e parabéns a todos os envolvidos.
Forte abraço
Francisco Elíude P. Galvão -Poeta
Date: Tue, 29 Sep 2015 08:02:14 +0000
To: elywood1@hotmail.com
Obrigadíssimo pelas palavras, Francisco Elíude!
Grande abraço!