Ao meu querido e eterno poeta, Paulo Mário Martins deixo minha singela homenagem pela estréia e pulsante apresentacao: um trecho de Fernando Pessoa:
Outros terão Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo. A inteira, negra e fria solidão Está comigo.
A outros talvez Há alguma coisa quente, igual, afim No mundo real. Não chega nunca a vez Para mim.
“Que importa?” Digo, mas só Deus sabe que o não creio. Nem um casual mendigo à minha porta Sentar-se veio.
“Quem tem de ser?” Não sofre menos quem o reconhece. Sofre quem finge desprezar sofrer Pois não esquece.
Isto até quando? Só tenho por consolação Que os olhos se me vão acostumando À escuridão.
Fernando Pessoa, 13-1-1920.
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Ao meu querido e eterno poeta, Paulo Mário Martins deixo minha singela homenagem pela estréia e pulsante apresentacao: um trecho de Fernando Pessoa:
Outros terão
Um lar, quem saiba, amor, paz, um amigo.
A inteira, negra e fria solidão
Está comigo.
A outros talvez
Há alguma coisa quente, igual, afim
No mundo real. Não chega nunca a vez
Para mim.
“Que importa?”
Digo, mas só Deus sabe que o não creio.
Nem um casual mendigo à minha porta
Sentar-se veio.
“Quem tem de ser?”
Não sofre menos quem o reconhece.
Sofre quem finge desprezar sofrer
Pois não esquece.
Isto até quando?
Só tenho por consolação
Que os olhos se me vão acostumando
À escuridão.
Fernando Pessoa, 13-1-1920.