(Os participantes da 5ª edição: da esquerda para direita: Marcelão De Sá, Mari Blue, João Bernardo e Lourenço Vasconcellos — Fotos: Elena Moccagatta)
(Nota da coluna “Parada Obrigatória”, da revista “Zona Sul”, jornal O Globo)
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*** Para comemorar os 50 anos da Tropicália o Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresentará uma série de encontros poético-musicais ao longo de 2017 ***
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Nesta edição, a atriz, cantora e compositora Mari Blue e o cantor e compositor João Bernardo apresentarão músicas do repertório tropicalista, acompanhados do percussionista e compositor Lourenço Vasconcellos e do músico Marcelão de Sá, que, além de tocar, fará uma apresentação mostrando ao público algumas pérolas tropicalistas escondidas pelo tempo
Nos dias 21 e 22 de junho (quarta e quinta-feira), a partir das 19h30, acontece a quinta etapa do ciclo de encontros “Somos Tropicália – 50 anos do movimento”, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, em homenagem aos 50 anos da Tropicália: as surpreendentes e eletrificadas apresentações de Caetano Veloso e Gilberto Gil no Festival da TV Record em 1967 são consideradas o marco inicial do movimento na música, que se consolidou com a gravação de “Tropicália Ou Panis Et Circenses”, álbum-manifesto lançado no ano seguinte.
Para esta edição de junho, o projeto tem como participantes a cantora, compositora e atriz Mari Blue, o cantor e compositor João Bernardo, o percussionista e compositor Lourenço Vasconcellos e o músico Marcelão de Sá. Para esta celebração poético-musical inédita, os artistas foram convidados a montar um roteiro no qual interpretarão alguns clássicos da Tropicália e outras famosas canções lançadas bem depois do movimento mas que preservam o espírito tropicalista. Isso sem deixar, é claro, de incluir obras autorais que se inspiram ou conversem com as influências do movimento. E também, antes do início do show, o músico Marcelão de Sá fará uma apresentação na qual mostrará pérolas tropicalistas escondidas do grande público, através de alguns dos vários vinis da sua coleção pessoal, verdadeiras raridades.
Mari Blue é destaque da cena da música independente. Radicada no Rio, a mineira é uma artista versátil, elogiada por artistas consagrados como Marina Lima e Kiko Loureiro. Iniciou sua carreira no teatro (estudou Artes Cênicas na Unirio e UFRJ), mas se aprofundou na música. Tem três álbuns lançados e vem sendo premiada em importantes festivais como o Festival Nacional da Canção, o Festival da Canção Francesa, o Femurc e o Festival de Clipes e Bandas, onde recebeu três prêmios em 2017. Também fará parte este ano do WebFestiValda, que acontecerá em julho. “Para mim, participar do ‘Somos Tropicália’ é uma celebração de um encontro artístico que aconteceu no passado através de um outro encontro presente”, declara a artista.
João Bernardo é poeta, cantor e compositor. Assim como a Mari Blue, é mineiro (de BH) radicado no Rio. Com 3 cds gravados e com lançamento agendado para novembro no Teatro Ipanema do seu quarto disco, João vem sendo gravado por vários artistas da nova geração, como Mãeana, Liniker, Duda Brack, Ana Ratto, Julia Bosco, Ana Clara Horta com Pedro Luis, Matheus von Kruger, entre outros. Ganhou o prêmio de Melhor canção de 2016 das rádios MEC e Nacional, e sua música “Queria me enjoar de você” se tornou um webhit após o lançamento do vídeo realizado pela cineasta Clara Cavour. A música ganhou vários covers país afora. “Gil e Caetano estão entre os artistas que mais escutei e que mais me influenciaram vida afora. Revolucionários na música e no comportamento, deram um ‘chega pra lá’ na caretice nacional. A MPB nunca mais foi a mesma. Poder celebrar os 50 anos do movimento na casa do Guilherme Araújo é pra mim simbólico demais. Sinto afinidade total”, alegra-se ao falar.
Marcelão De Sá toca desde os 9 anos de idade. Participou de várias bandas na década de 90, a mais atual sendo a “Dinda”, ao lado de João Bernardo, participante desta edição do projeto. Ao longo da sua carreira, tocou com grandes artistas, entre eles Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jards Macalé. Há 4 anos integra a banda de Jorge Mautner, acompanhando o poeta e cantor também em suas apresentações no formato voz e violão. “Linda oportunidade participar desse encontro divino maravilhoso! Dividir minha pesquisa e paixão por essa fase de nossa história”, diz com entusiasmo.
Lourenço Vasconcellos é baterista, percussionista e compositor, formado em Composição pela UFRJ e mestre em Jazz Studies, com foco em bateria, pela University of Louisville (UofL), EUA. Entre 2010 e 2013, integrou a Orquestra Corações Futuristas, que acompanhou o compositor e multi-instrumentista Egberto Gismonti em concertos por diversas cidades brasileiras e também na Bélgica, no Festival Europalia. Além de colaborar com o trabalho de diversos instrumentistas e cantoras cariocas, como Gabriel Geszti, Glaucus Linx e Andreia Mota, dedica-se aos seus próprios grupos “Relógio de Dalí”, “Quintal dos Ipês” e a “Banda Taranta”. Lourenço também é baterista do projeto “Iara Ira”, que reúne três grandes e jovens cantoras brasileiras, Juliana Linhares, Julia Vargas e Duda Brack. Com frequência integra o naipe de percussão da OSB como músico convidado. Atualmente é diretor musical e regente da Orquestra de sopros da Pró-Arte.
Venham todos!
De presente, abaixo, vídeo, da Mari Blue, fazendo, ao vivo, a sua belíssima — e com toque tropicalista — “O credo”, onde afirma gostar de opostos, onde afirma ter os contrários como complementares.
Serviço:
Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresenta –
SOMOS TROPICÁLIA – 50 anos do movimento
Pocket-show com Mari Blue, João Bernardo, Marcelão de Sá e Lourenço Vasconcellos / apresentação de músicas e vinis raros da tropicália por Marcelão de Sá
Dias 21/06 (4ª-feira) e 22/06 (5ª-feira)
A partir das 19h30
Rua Redentor, 157 Ipanema
Tel infos. 21-2523-1553
Entrada: R$ 1,00
Lotação: 60 lugares
Classificação: livre
Link do evento no Facebook: http://www.facebook.com/events/174187333116941/
Página do projeto no Facebook: http://www.facebook.com/somostropicalia/
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(do site: Yourube. artista e intérprete: Mari Blue. canção: O Credo. autora: Mari Blue.)
O CREDO (Mari Blue)
me apetece a falta de estética
a falta de pretensão
as formas menos artísticas
a falta de didática
eu gosto de tirar a razão da ética
da falta de programação
eu gosto de quem não gosta de ler
mas tem opinião
o que é real existe mas não existia
assim como quem é normal
meu almoço não é mingau
o vizinho me espia
eu gosto de liberdade
de ter o meu próprio perdão
eu não acredito na verdade
eu não tenho religião
me apetece um toque de estética
um pouco de pretensão
as muitas formas artísticas
a calma da didática
eu gosto de valorizar a ética
fazer e ter programação
eu gosto de quem gosta de ler
e tem opinião
o que é real existe mas não existia
assim como quem é normal
meu almoço não é mingau
o vizinho me espia
eu gosto de liberdade
de ter o meu próprio perdão
eu não acredito na verdade
eu não tenho religião
sim
me apetece a convicção
não dar poder
ao pudor
estender a mão
ter respeito
se não tem
amor
cuidar
aceitar o dever
fazer da dúvida a conclusão
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