OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (12ª EDIÇÃO) — MANO MELO & CONVIDADOS
28 de abril de 2018

(Todas as fotos: Luciana Queiroz)

(A plateia que encheu o teatro Cândido Mendes de Ipanema)

(O coordenador, idealizador & produtor do projeto — Paulo Sabino)

(O ator Igor Cotrim)

(A escritora & cantora Mônica Montone)

(O poeta & jornalista Claufe Rodrigues)

(A poeta Marisa Vieira)

(O poeta & compositor Tavinho Paes)

(O poeta & jornalista Luis Turiba)

(A atriz Geovana Pires)

(O grande homenageado da noite & seu parceiro de canções — Mano Melo & Mu Chebabi)

(O grande homenageado da noite — Mano Melo)

(Participantes + homenageado)

(Paulo Sabino + Mano Melo)
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Que noite divertida!

Segunda-feira, 16 de abril, na 12ª edição da Ocupação Poética, no Teatro Cândido Mendes de Ipanema (fotos acima), o que mais se viu, no público que encheu o espaço & nos participantes, foi uma farta distribuição de sorrisos & risadas. Que maravilha! Que noite leve & lírica a homenagem ao grande poeta & ator Mano Melo!

As apresentações dos poemas foram fantásticas, os convidados arrebentaram! Saímos todos — público, homenageado & participantes — felizes da vida. Agradecer demais ao Mano pela sua poesia, que tanto inspira e comove, por fazer parte do projeto. Agradecer aos participantes, porque sem vocês não haveria a menor graça: Igor Cotrim, Luis Turiba, Mônica Montone, Claufe Rodrigues, Marisa Vieira, Tavinho Paes, Geovana Pires & Mu Chebabi.

Agradecer à nossa fotógrafa poderosa, Luciana Queiroz, os cliques maravilhosos.

Agradecer à equipe do teatro & aos administradores Adil Tiscatti & Fernanda Oliveira.

Agradecer à Belmira Comunicação a assessoria de imprensa.

Agradecer às pessoas presentes, por fazerem da noite uma noite feliz, que guardarei pra sempre na memória.

O que nos ficou deste momento, como uma espécie de lição: que, apesar dos prejuízos, nada vai apagar nossos sorrisos!

Salve Mano Melo!
Salve a sua poesia!

Aproveito para informar que temos a data da próxima edição da Ocupação Poética (a 13ª): 18 de junho. Salvem o dia! Aguardem maiores informações.

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Poemas do amor eterno. autor: Mano Melo. editora: Cangaceiro Elétrico.)

 

 

NADA VAI APAGAR MEU SORRISO

 

Podem ameaçar com as bombas e morteiros
da Marinha americana,
podem roubar meu dinheiro
e chamar os hômes pra me levar em cana.
Nem que as vacas tussam e as porcas torçam seus rabos,
nem que eu seja atacado por mil cachorros brabos,
mesmo que me acusem de tudo que é heresia
e arranquem meu dente de siso
sem anestesia,
nada vai apagar meu sorriso.

Podem ameaçar com o Armageddon
e as trombetas do Juízo Final.
Podem pintar o mar de marrom
e botar dez mil crianças assaltando no sinal,
podem parar o mundo e apagar a luz,
abrir a caixa dos pregos e me pregar na cruz,
podem rodar a baiana, podem soltar a franga,
bordar tudo mais feio que o cão chupando manga,
destruir a ferro e fogo os frutos do paraíso,
nada vai apagar meu sorriso.

Podem sujar a atmosfera
até fazer doloroso o ato de respirar.
Podem abrir a jaula e soltar a besta-fera
com sua boca horrenda para me devorar,
perfurar meus olhos com setas envenenadas
até que fiquem cegos,
me fechar no escuro junto com morcegos,
ratazanas e baratas aladas,
sem nenhum sinal ou prévio aviso,
nada vai apagar meu sorriso.
Entre os campos de batalha dessa guerra infame,
busco trocar amor com quem também me ame.
E sei que a maioria das pessoas são pessoas decentes,
gente do bem trabalhando para criar filhos
e passar sua herança de conhecimentos.
Por isso, quando o trem parece correr fora dos trilhos
e o dragão ameaça cuspir fogo pelas ventas,
eu sei que tudo na vida tem uma explicação
e que existem razões que são estranhas à própria razão.
Não importa as teias que a aranha teça,
a gente tem que se cuidar  pra não virar presa.
Se a aranha tá a fim de te jantar,
você não pode permanecer passivo.
Não apenas navegar, viver também é preciso.
Eu fico mais forte quando penso nisso:
nada vai apagar meu sorriso.

SER FELIZ
30 de junho de 2017

(Foto: Thiago Facina)
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dia 24 de junho, dia de são joão, dia de xangô menino, dia do santo festeiro: dia em que este que vos escreve completou as suas 41 primaveras. muitíssimo bem vividas, graças.

não sou pessoa de saudosismos; adoro a vida — e espero continuar assim — no momento em que ela é, no momento presente, no momento atual. acho muito bonito olhar para trás e ver o que este jovem rapaz de 41 anos realizou em prol da poesia e literatura e o que ainda tem a fazer. muita coisa bonita e bacana acontecendo, muita coisa bonita e bacana pra acontecer, muita coisa bonita e bacana pra compartilhar. aguardem.

e, nesta trajetória que me cabe, com tanta coisa a ser realizada, apesar dos pesares, apesar dos perigos, apesar de todas as pedras no meio do caminho, sigo apostando na flor, no amor, na alegria. aposto no bem-estar.

ser feliz com as minhas realizações e também ser feliz com a felicidade alheia: a felicidade do outro, se dermos espaço a ela, pode contagiar-nos a ponto de aplacar algumas feridas que trazemos. a ponto de aprendermos com quem vive a felicidade apesar dos pesares, apesar dos perigos, apesar de todas as pedras no meio do caminho. a ponto de percebermos que o nosso umbigo não é tão fundo e que os nossos problemas não são os maiores.

os momentos felizes não estão escondidos nem no passado e nem no futuro. a vida gosta de quem gosta da vida. eu sou um que gosto.

fique feliz porque outras pessoas estão felizes. porque os filhos de outras pessoas estão em escolas melhores. sorria porque alguém deixou de ser analfabeto. alegre-se por aqueles que também têm ceia. porque o outro pode simplesmente ser você, recebendo de volta tudo aquilo de bom que você, ao longo da sua existência, desejou aos outros.

beijo todos!
paulo sabino.
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(do livro: Flores de alvenaria. autor: Sérgio Vaz. editora: Global.)

 

 

SER FELIZ

 

Fique feliz

porque outras pessoas estão felizes.

Um brinde àquele seu amigo que saiu da fila do
………………….desemprego,
ou que encontrou um novo amor.

Por soldados de uma guerra que não te afeta,
que acabam de se abraçar para selar a paz.
Pelas pessoas que você nem conhece,
mas que já não têm problemas de saúde.

Fique feliz
porque os filhos de outras pessoas estão
em escolas melhores e não mais mendigam nos
………………….semáforos,
e uma pessoa que você nunca viu, e provavelmente
………………….nunca verá,
está dando seu beijo pela primeira vez.

Porque a mãe e o pai de alguém
estão chorando de felicidade vendo seu filho com o
………………….diploma na mão.

Sorria
porque alguém deixou de ser analfabeto.

Pela criança que começou a andar.
Por pais e avós que voltaram a ser criança.
Pelo seu amigo que agora tem mais dinheiro e não
………………….anda mais de ônibus, mas de bicicleta.

Porque alguém ao sul de Angola ou a leste da Tan-
………………….zânia acaba de dizer: eu te amo.
Por todas as pessoas que saíram do aluguel e, mais
………………….feliz ainda,
por aqueles que conseguiram seu teto.

Alegre-se
por aqueles que também têm ceia, ou não,
mas que já não disputam migalhas nas calçadas.
E porque sabe que o Deus em que você acredita
………………….não é seu personal trainer, e ele também
………………….deve atender às orações de outras pessoas.

Fique feliz
em saber que o brilho de outras pessoas
não é aquilo que te traz escuridão, mas a
………………….luminosidade.
Porque o outro pode simplesmente
ser você recebendo de volta
tudo aquilo de bom que você desejou aos outros.

AO NOSSO AMOR, UMA ETERNA ESTRÉIA
19 de outubro de 2016

paulo-sabino-jurema-armond

(Há pouco tempo, indo votar — ela, já desobrigada.)

figa

(A figa, antes do meu pai, agora minha.)
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“PAULO SABINO, meu irmão,

Que lindo o seu poema para a ‘nossa mãe’! Desejo para a ‘CABOCLA JUREMA’ uma longa e boa vida, alegria e… Axé! Muito Axé! Com abraços, MARTINHO DA VILA.”

(Martinho da Vila — cantor & compositor)

 

 

Que alegria! Vê-la completar o seu septuagésimo quarto ano novo (74) lúcida, recém-recuperada de um problema no cérebro.

Em junho, há exatos 4 meses, me perguntava como seria este dia para ela & para mim, com o medo de que ela ainda estivesse doente.

Escrevi o texto que segue em itálico para amigos bem no início do mês de julho:

 

Queridos & Queridas,

Há quase 2 meses, a minha mãe, peça fundamental da minha existência, a grande responsável pelo meu amor à literatura e, mais especificamente, à poesia, a minha cabocla Jurema Armond, não anda bem da saúde.

Estamos na luta para diagnosticar o que, há quase 2 meses, vem causando nela uma fraqueza grande nas pernas & nos braços (precisa de ajuda para absolutamente tudo: para levantar, sentar, deitar, comer, tomar banho) & uns desnorteios de tempo & espaço (agora há pouco tive que consolá-la, ela estava aos prantos, desejando chegar em casa, chegar no lugar de onde ela não sai há quase 2 meses, não contando as saídas para consultas médicas & exames).

Tem sido bem difícil para mim. Sou filho único, meu pai já não está mais entre nós, e sou eu só a tomar as decisões sobre a saúde da minha cabocla, a gerir a casa & as contas. Cansaço emocional & físico imensos.

Hoje, procurando travessas & potes aqui em casa, a fim de organizar a cozinha para a pessoa que me ajudará com a casa duas vezes na semana, me deparei com esta figa de madeira do meu pai, de cuja existência nem mais me lembrava. Chorei tanto ao vê-la, ao tocá-la, tudo tão simbólico neste momento — encontrar na estante da sala uma figa, e que era do meu pai, de quem, pela sensibilidade & humor ímpar, sinto tanta falta, inda mais num momento como este…

Agora ela está na minha mesa de trabalho, acompanhada das minhas outras pequenas preciosidades. Está, na mesa, exatamente de frente para mim.

Tomara que esta figa, antes do meu pai, agora minha, me traga a sorte & o axé necessários na melhoria desta situação.

E conto com as preces & orações & energia positiva de quem acredita em preces & orações & energia positiva. Incluam a minha cabocla Jurema Armond em seus pedidos de saúde & recuperação. Torçam comigo.

E vamos que vamos. A vida urge, o tempo não pára.

 

Depois de muitos medos, muitas incertezas, muitas dificuldades, muitas lágrimas, e muitos exames, no início de agosto conseguimos o diagnóstico & desde então ela só faz melhorar.

O poema que segue, eu o escrevi para ela há muitos anos. Mais do que nunca, faz todo o sentido publicá-lo hoje, 19 de outubro, em homenagem à minha cabocla.

Mais do que nunca, depois deste mau tempo que atravessamos, o sol da saúde desponta com a sua luz & o seu calor, mostrando-nos que a vida renova-se a cada instante, que, por isso, a vida é uma eterna estréia. Nunca sabemos que momento da trama nos aguarda no próximo capítulo; o script/roteiro é escrito no decorrer de cada cena.  Com isso, o amor também faz-se & refaz-se a cada vivência nossa.

Mãe, depois de tanto, depois de tudo, eu só posso desejar que o céu aberto de dias azuis permaneça límpido, sem mudanças tão bruscas.

Mãe, depois de tanto, depois de tudo, a conclusão de que, aqui, o amor existe — firme, forte, em riste.

Graças!

Feliz aniversário! Feliz 74 primaveras vencidas!

Beijo todos & especialmente a minha cabocla Jurema Armond!
Paulo Sabino.
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(autor: Paulo Sabino.)

 

 

ESTRÉIA

 

te  escrevo  porque

te  mereço,

porque  és  diva,

a  dama  divina

—  mulher  maravilha

da  minha  ilha

cercada  de  carinhos

por  todos  os  lados —.

todos  os  cafunés,  todas  as  lágrimas  e  desabafos

é  onde  me  acabo  em  ti.

por  ti  meu  riso  ri,

por  isso  minha  prece,

minha  missa.

minha  oração  se  aquece

em  teus  escaninhos,  teus  desalinhos,  teus  achados.

assim  é  que  te  amasso,

te  acho,

te  cato.

porque  humana  sem  desacato.

eu  te  amo  e  é  outra  estréia,

sem  vida  histérica,

sem  amor  estéril.

pelo  contrário,  é  amor  de  império,

o  carinho  sem  enterro  e  cemitério,

a  poesia  livre  de  impropério.

és  o  meu  hemisfério,

o  meu  norte,

os  versos  sem  corte.

eu  te  amo  e  não  há  miséria,

há  beleza,  há  estética

—  revelação, reverberação

que  insiste

em  mostrar  ao  mundo  triste

que,  aqui,  o amor  existe:

firme

forte

em  riste —.

40 ANOS: CORAÇÃO NA BOCA, PEITO ABERTO — VOU SANGRANDO
24 de junho de 2016

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o fim de uma década, da década de 30, para o início de outra, da década de 40.

40 anos para chegar até aqui, para chegar onde cheguei.

e afirmo a quem me lê: começaria tudo outra vez se preciso fosse. a chama em meu peito ainda queima. saiba: nada foi em vão: nenhuma das tristes emoções, nenhuma das alegres emoções. 40 anos: nada foi em vão.

certamente foram necessárias todas as vivências para que o paulo sabino resultasse neste que aqui se apresenta depois de vencidas 40 primaveras.

40 primaveras: a fé no que virá & a alegria de poder olhar pra trás & ver que voltaria a viver neste imenso salão que foi & é a minha existência & seus acontecimentos.

neste imenso salão que foi & é a minha existência, a grande estrela, a musa maior, foi & é a poesia.

a experiência poética, para mim, é uma experiência existencial.

lendo poesia, interpretando os jogos semânticos criados nos, e entre os, versos, reinvento o homem que sou, e, reinventando-me, promulgo a minha constante atualização como homem, ao me perceber humano & mortal a cada ato, ao me perceber ser pensante & atuante na vida; é disso que vem a poesia.

pelo tanto que a poesia comporta, por tudo que a poesia pode, porque a poesia reinventa o homem em sua trajetória, a origem da poesia em nada difere da origem do homem, uma vez que, sem poesia, não há sequer a possibilidade do humano.

pois que a possibilidade do humano pulsa dentro da prática poética: não sabemos vivenciar o mundo sem poetizá-lo, sem mitificá-lo, sem criar metáforas & saberes fantásticos atribuídos a ele; não damos conta de tanto & criamos a poesia, os mitos & as lendas, que acabam por recriar o mundo.

em última instância: a experiência humana é experiência poética, é o modo que temos, que descobrimos, que inventamos, de viver, de experimentar, o mundo que nos cerca.

a poesia é uma condição — e condenação — do homem.

reinventando-me, a poesia me reafirma homem, mortal/ transitório/ inacabado, me reafirma ser pensante & pulsante entre as coisas.

sobretudo o verso é o que pode lançar mundos no mundo.

por ser o verso aquele que pode lançar mundos no mundo, a minha voz, a minha garganta, está sempre à disposição do canto que a poesia contém.

a possibilidade do humano pulsa dentro da prática poética: não sabemos vivenciar o mundo sem poetizá-lo, sem mitificá-lo, sem criar metáforas & saberes fantásticos atribuídos a ele: por isso faço da minha vida a minha melhor poesia.

vida & poesia, poesia & vida: duas coisas, em mim, entrelaçadas, unas, entremeadas: duas coisas que, dentro de mim, não podem ter fim: vida & poesia, poesia & vida: dois azuis no mesmo azul — meu horizonte sem nuvem nem monte.

quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda que, palavra por palavra, eis, aqui, neste espaço, uma pessoa se entregando.

coração na boca, peito aberto — vou sangrando: são as lutas desta nossa vida que eu estou cantando: as belezas & as vilezas, as claridades & as escuridões, o caminho aberto & o muro armado.

quando eu abrir minha garganta, essa força tanta (força que carrego nas cordas vocais por cantar a vida, por cantar a poesia), tudo o que você ouvir, esteja certa de que estarei vivendo.

veja o brilho dos meus olhos & o tremor nas minhas mãos quando estou no palco do teatro, dizendo poesia, isto é, dizendo a vida através da poesia.

e se eu chorar & o sal — das lágrimas — molhar o meu sorriso, sorriso que sustento na boca com o pranto do olhar, não se espante; ao invés de espantar-se com o meu sorriso alinhado ao meu pranto, cante, que o teu canto é minha força pra cantar, que o canto de quem canta comigo é de onde extraio a minha força & vontade & coragem de cantar o meu canto: canto de vida — que é o canto da poesia.

40 primaveras vencidas & eu não me arrependo de nada nas 40 voltas em torno do sol: começaria tudo outra vez se preciso fosse, meu amor.

em mim o eterno é música (a música dos versos de um poema, a música dos versos de um poema-canção) & amor (pelo céu, pelo mar, pelo sol, pela pessoa, pela pedra, pelo bicho, pelo mato: pela vida).

eu deixar de cantar (o canto da poesia) ou deixar de gostar de você (vida): não há nada, no mundo, que possa fazer.

não há nada no mundo — nem nunca haverá.

em mim, o eterno é música & amor.

que venham mais 40 primaveras!

beijo todos!
paulo sabino.
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(do encarte do álbum: De volta ao começo. artista: Gonzaguinha. autor dos versos: Gonzaguinha. gravadora: EMI.)

 

 

SANGRANDO

 

Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa
Se entregando
Coração na boca, peito aberto
Vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida
Que eu estou cantando
Quando eu abrir minha garganta
Essa força tanta
Tudo que você ouvir
Esteja certa
Que estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos
E o tremor nas minhas mãos
E o meu corpo tão suado
Transbordando toda raça e emoção
E se eu chorar
E o sal molhar o meu sorriso
Não se espante
Cante
Que o teu canto é a minha força
Pra cantar
Quando eu soltar a minha voz
Por favor, entenda
É apenas o meu jeito de viver
O que é amar
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(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: De volta ao começo. artista & intérprete: Gonzaguinha. canção: Sangrando. autor: Gonzaguinha. citação da canção: Começaria tudo outra vez. autor: Gonzaguinha. gravadora: EMI.)

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — FOTOS & VÍDEO DE ABERTURA
1 de março de 2016

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(Casa lotada na 3ª edição deste projeto)

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(Os participantes desta 3ª edição do projeto: Vitor Thiré, Luiza Maldonado, Danilo Caymmi, Paulo Sabino, Geraldo Carneiro, Camilla Amado, Maria Padilha, Alice Caymmi, Luana Vieira, Bruce Gomlevsky & Tonico Pereira)

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(Paulo Sabino: lendo poemas & o “MC” — Mestre de Cerimônias — da noite)

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(O ator & diretor Bruce Gomlevsky)

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(A atriz Camilla Amado & o homenageado da noite, Geraldo Carneiro)

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(O ator Vitor Thiré & a atriz Luiza Maldonado em trecho de “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro)

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(Danilo & Alice Caymmi em dueto de canção nascida da parceria entre Danilo Caymmi & Geraldo Carneiro)

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(A atriz Maria Padilha interpretando sonetos de Shakespeare na tradução de Geraldo Carneiro)

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(O mestre Tonico Pereira & a atriz Luana Vieira na encenação do poema épico “Fabulosa jornada ao Rio de Janeiro”, recém-lançado em livro por Geraldo Carneiro)

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(Com os grandes & queridos Tonico Pereira & Maria Padilha)

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(Com os diretores artísticos da noite: Bruce Gomlevsky & Geraldo Carneiro)

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(Com o grande homenageado da noite, o poeta, tradutor & dramaturgo Geraldo Carneiro)

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(Ao final de tudo, no camarim, Fernandinha Oliveira & Adil Tiscatti, os administradores do teatro Cândido Mendes, e nossos amigos que ajudaram a lotar a sala nesta 3ª edição)
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“Querido Paulo,

Foi uma noite adorável.

Agradeço a você, pela delicadeza, pela compreensão da poesia, pela pluri-competência.

Saiba que você ganhou pelo menos um amigo, talvez muitos outros.

Espero que tenhamos outras oportunidades de saborear noites tão felizes.

Obrigado por tudo e grande abraço,
Geraldo”.

(Geraldo Carneiro)

 

“Foi lindo Paulo Sabino…Tonico Pereira e Geraldinho mais que brilharam… a jovem que contracenou com Tonico também esteve maravilhosa… parabéns para todos pq tudo estava perfeito.

Ah, me esqueci do Danilo… ele é realmente o máximo.”

(Guilherme Zarvos — poeta & fundador do CEP 20.000)

 

“UMA POESIA ENCANTANTE

poesia culta perfumada por tiradas de amor & humor. bem colocada como uma flor na primavera: lírica & prosaica. poesia que surpreende como um drible de Garrincha. nem moderna nem pós: poesia sem nós pra nós que nos faz vestir cada palavra dita e nos impulsiona ao aplauso e ao bem-estar da surpresa inebriante que só a boa poesia causa. poesia charmosa e manhosa de Geraldo Carneiro.

o teatro Cândido Mendes se encheu de gente para o recital ‘Ocupação Póetica’, um sarau organizado por Paulo Sabino, que ganhou um novo e surpreendente formato com vários convidados interpretando poemas do homenageado. seu estilo saboreado em várias e diferentes vozes. entre os convidados, as atrizes Maria Padilha, o cantor Danilo Caymmi e sua filha Alice Caymmi, além do fantástico ator Tonico Pereira que, só de cuecão vermelho, interpretou um texto bufo macunaímico do poeta intitulado ‘Fabulosa jornada ao Rio de Janeiro’.

uma noite onde a deusa Poesia ganhou um novo status e falou mais alto.

tiramos o chapéu.”

(Luis Turiba — poeta & fundador da revista BRIC-A-BRAC)

 

 

 

Queridos,

Nem sei como iniciar… talvez eu só tenha mesmo que agradecer, agradecer, agradecer & agradecer imensamente, tudo o que a Poesia, minha Musa Eterna, minha Amante Maior, tem trazido à minha vida.

A 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, no teatro Cândido Mendes (Ipanema), como eu pressentia, foi linda, esplendorosa, um desbunde!

Como é de costume quando vivo intensamente um momento regado a rimas & versos, no dia seguinte ao evento eu era — e ainda sou! — o puro sumo do amor, no dia seguinte ao evento eu era — e ainda sou! — amor da cabeça aos pés!

Casa lotada, público quente, participantes pra lá de talentosos & especiais, comemorando os 40 anos de produção literária do grande poeta, tradutor & dramaturgo — hoje também um grande & querido amigo meu — Geraldo Carneiro!

Eu só sei de uma coisa: quanto mais melhor! A idéia é de que a “Ocupação Poética”, no teatro Cândido Mendes (Ipanema), aconteça bimestralmente!

Fernandinha Oliveira, Adil Tiscatti, Rafael Roesler Millon, Geraldinho Carneiro, Bruce Gomlevsky, Tonico Pereira, Vitor Thiré, Maria Padilha, Camilla Amado, Luiza Maldonado, Luana Vieira, Danilo & Alice Caymmi, amigos que foram assistir, público de modo geral, obrigadíssimo por tudo, por toda a beleza que ficou impressa na minha memória & no meu coração.

Temos vídeos das apresentações! Irei, com mais calma & tempo, disponibilizando aos interessados.

Aqui, o vídeo & o poema de abertura desta 3ª edição do projeto & mais um outro poema, que complementa o lido por mim.

Viva a Poesia! Viva a “Ocupação Poética”! Vida longa ao projeto!

Valeu!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Abertura desta ediçãoPaulo Sabino recita Madrigal triste, poema de Geraldo Carneiro.)

 

MADRIGAL TRISTE  (Geraldo Carneiro)

eu sou como o rei de um país ensolarado
e todos os vadios me devem vassalagem
assim como as mariposas, as sereias
& os moluscos da beira-mar
aos 25 anos decaptei
o busto de meu avô ex-monarca
e inaugurei uma nova ordem natural
aboli por decreto a realidade
e abdiquei também de certas pompas

a preguiça infame
jamais me permitiu demarcar
os limites de meu reino
digamos então que confino
a Leste com o Oceano Atlântico
ao Sul com o Paraíso
a Oeste com as ficções selvagens
de José de Alencar
e ao Norte com minha morte

tudo isso não me basta
(ai de mim) queria mesmo era colher
o grito pleno da tua alma cheia de tormentos

(maiores informações em Madrigal Triste,
de Charles Baudelaire)
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(do livro: Poesia e prosa — volume único. autor: Charles Baudelaire. poema extraído originalmente do livro: As flores do mal. tradução de “As flores do mal”: Ivan Junqueira. editora: Nova Aguilar.)

 

 

MADRIGAL TRISTE

 

1

Que me importa que saibas tanto?
Sê bela e taciturna! As dores
À face emprestam certo encanto,
Como à campina o rio em pranto;
A tempestade apraz às flores.

Eu te amo mais quando a alegria
Te foge ao rosto acabrunhado;
Quando a alma tens em agonia,
Quando o presente em ti desafia
A hedionda nuvem do passado.

Eu te amo quando em teu olhar
O pranto escorre como sangue;
Ou quando, a mão a te embalar,
A tua angústia ouço aflorar
Como um espasmo quase exangue.

Aspiro, volúpia divina,
Hino profundo e delicioso!
A dor que o teu seio lancina
E que, quando o olhar te ilumina,
Teu coração enche de gozo!

2

Sei que o teu peito, que palpita
À sombra de amores passados,
Qual uma forja ainda crepita,
E que a garganta enfim te habita
Algo do orgulho dos danados;

Mas enquanto, amor, no que sonhas
Do Inferno a imagem não for dada,
E dessas visões tão medonhas,
Em meio a gládios e peçonhas,
De pólvora e ferro animada,

Sempre de todos te escondendo,
Denunciando em tudo a desgraça
E à hora fatal estremecendo,
Não houveres sentido o horrendo
Aperto do asco que te abraça,

Não poderás, rainha e escrava,
Que apenas me amas com pavor,
Nos abismos que a noite escava,
Dizer-me, a voz trêmula e cava:
“Sou tua igual, ó meu Senhor!”

AGRADECIMENTOS: 10ª EDIÇÃO DO SARAU DO LARGO DAS NEVES
24 de dezembro de 2015

Paulo Sabino_Sarau Lgo das Neves_Dezembro 2015 1

Largo das Neves_Igreja

Largo das Neves_Música Sarau Dez 2015
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“Parabéns pelo conjunto de incansáveis e qualificadas atividades em prol da poesia!”

(Antonio Carlos Secchin — poeta, tradutor, crítico literário & membro da Academia Brasileira de Letras — ABL)

 

 

 

Queridos,

Como descrever as minhas vivências, como definir o encerramento, neste 2015, do sarau do Largo das Neves, que coordeno & organizo com uma turma linda de amigos, no bairro de Santa Teresa (Rio de Janeiro), como agradecer devidamente toda a beleza da noite do evento, ocorrido em 22 de dezembro?…

Começo pela belíssima luz do fim do dia? ou pela dindinha lua, soberana no céu? ou pela quantidade de pessoas comemorando & celebrando a vida com poesia?

Eu realmente não sei… O que sei é que depois de ouvir tanta coisa linda sobre a importância do sarau na vida de algumas várias pessoas, a certeza de que devemos continuar aportou no meu coração, no meu sentimento, de maneira contundente.

Praça lotada, muita gente dizendo poesias lindas lindamente, a generosidade dos mestres do “tambor de crioula” (sim, também teve tambor de crioula!) que pediram a continuidade do sarau por mais tempo, a felicidade estampada nos sorrisos que recebi de cada participante da grande farra literária, o fechamento com o super grupo musical — formado por amigos — que tomou conta do largo fazendo da praça um grande salão de dança ao fim de tudo.

Eu, hoje, sou amor da cabeça aos pés.

Bem-vindos sempre, pessoas queridas, amigos pruma vida inteira, muitíssimo obrigado por fazerem da minha vida algo maior, por ter vocês & a poesia tão presentes.

Presente maior da vida!

Janeiro do ano que chega tem mais!

2015 contente para a poesia!

(Este ano, o “Prosa Em Poema” já alcançou a marca das mais de 103 mil — 103.000 — visualizações!)

O Sarau do Largo das Neves voltará em 2016 com a corda toda, é só aguardar!

No embalo desta alegria que me habita, aproveito para desejar, a todos que festejam, belas noites de festejos.

A minha mensagem aos senhores: mesmo o mundo sendo um grande bocejo, um grande tédio, de tanto que o homem já pesquisou & já apreendeu sobre as coisas mundanas, permitam chegar até vocês a impressentida essência do bem-estar & procurem uma alegria na flor do cotidiano, na beleza & no perfume do dia-a-dia: no vôo de um pássaro & de uma canção: Poesia!

Poesia: a arte, ao meu ver, mais capacitada a nos fazer voar, viajar!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Receita de Ano Novo. autor: Carlos Drummond de Andrade. editora: Record.)

 

 

MENSAGEM

 

Todas as coisas foram pesquisadas,
Conferidas, catalogadas em séries.
Não resta mais nenhum prodígio
No seio da Terra, no seio do ar.
O mundo é um bocejo.
Entretanto (como explicar?)
Chega de manso, infiltra-se em nossas paredes
De casa, de carne,
Impressentida essência
(Melodia, memória)
E nos subjuga: Natal.

 

 

PROCURO UMA ALEGRIA

 

Procuro uma alegria
na mala vazia
do fim do ano
e eis que tenho na mão
— flor do cotidiano —
o voo de um pássaro
e de uma canção.

DIARIAMENTE
9 de dezembro de 2015

Leblon_Rio de Janeiro_Praia

Som & Pausa______________________________________________________

para cada coisa, um seu equivalente, um seu correspondente: para cada coisa, algo que lhe caiba, algo que lhe convenha:

para calar a boca: (óleo de) rícino & seu gosto insuportável, deveras amargo.

para lavar a roupa: sabão em pó.

para viagem longa: jato.

para contas difíceis: calculadora.

para o pneu na lona, furado: jacaré, um tipo de ferramenta utilizada para a sua troca.

para a pantalona: nesga, que é um tecido que se costura entre as duas partes de um vestuário (calça, saia) para aumentar sua largura.

para pular a onda: litoral & seu mar.

para o lápis ter ponta: apontador.

para o pará & o amazonas, estados brasileiros da região norte: látex, substância extraída das seringueiras, árvores comuns a esses lugares.

para trazer à tona, para trazer à superfície: homem-rã, mergulhador profissional que efetua explorações submarinas, operações de resgate & salvamento.

para a melhor azeitona: ibéria, região da europa onde se localizam portugal & espanha, países produtores das melhores azeitonas & dos mais saborosos azeites.

para o presente da noiva: marzipã, doce de amêndoas utilizado como cobertura de bolo.

a folha para o outono: exclusão, estação do ano em que as folhas caem das árvores.

para todas as coisas, a fim de entendê-las, de apreender seus significados: dicionário.

para que todas as coisas fiquem prontas: paciência (no processo de execução).

para abrir a rosa: temporada (o seu processo de aprontamento até o desabrochar).

para quem não acorda: balde — de água gelada.

para a letra torta: (um caderno de) pauta.

para os dias de prova: amnésia, tamanho nervosismo diante das questões.

para quem se afoga: isopor, artefato de poliestireno que flutua em superfície líqüida.

para fechar uma aposta: paraninfo, a testemunha de uma disputa.

para quem se comporta: brinde, um prêmio pelo bom comportamento.

para a mulher que aborta: repouso absoluto.

para saber a resposta: vide-o-verso, olhar o lado oposto à pergunta, à proposição feita.

para a menina que engorda: hipofagia, que é a ingestão de quantidade insatisfatória de alimentos na tentativa de perder peso.

para a comida das orcas: krill, nome dado a um tipo de crustáceo muito semelhante ao camarão, que serve de alimento a outras espécies de baleias, tubarões & arraias.

para o telefone que toca, para a água lá na poça, para a mesa que vai ser posta: para tudo & qualquer coisa: para você, o que você gosta: diariamente.

diariamente, a você, tudo o que lhe caiba, tudo o que lhe convenha: para você, diariamente, o que você gosta.

(a fim de que a vida lhe seja feliz, a fim de que você seja grato à vida.)

(a vida gosta de quem gosta da vida.)

beijo todos!
paulo sabino.
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(do encarte do cd: Mais. artista: Marisa Monte. autor dos versos: Nando Reis. gravadora: EMI.)

 

 

DIARIAMENTE

 

Para calar a boca: rícino
Para lavar a roupa: omo
Para viagem longa: jato
Para difíceis contas: calculadora
Para o pneu na lona: jacaré
Para a pantalona: nesga
Para pular a onda: litoral
Para o lápis ter ponta: apontador
Para o Pará e o Amazonas: látex
Para parar na Pamplona: Assis
Para trazer à tona: homem-rã
Para a melhor azeitona: Ibéria
Para o presente da noiva: marzipã
Para o adidas e o conga: nacional
Para o outono a folha: exclusão
Para embaixo da sombra: guarda-sol
Para todas as coisas: dicionário
Para que fiquem prontas: paciência
Para dormir a fronha: madrigal
Para brincar na gangorra: dois
Para fazer uma toca: bobs
Para beber uma coca: drops
Para ferver uma sopa: graus
Para a luz lá na roça: 220 volts
Para vigias em ronda: café
Para limpar a lousa: apagador
Para o beijo da moça: paladar
Para uma voz muito rouca: hortelã
Para a cor roxa: ataúde
Para a galocha: verlon
Para ser moda: melancia
Para abrir a rosa: temporada
Para aumentar a vitrola: sábado
Para a cama de mola: hóspede
Para trancar bem a porta: cadeado
Para que serve a calota: volkswagen
Para quem não acorda: balde
Para a letra torta: pauta
Para parecer mais nova: avon
Para os dias de prova: amnésia
Para estourar pipoca: barulho
Para quem se afoga: isopor
Para levar na escola: condução
Para os dias de folga: namorado
Para o automóvel que capota: guincho
Para fechar uma aposta: paraninfo
Para quem se comporta: brinde
Para a mulher que aborta: repouso
Para saber a resposta: vide-o-verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: hipofagia
Para a comida das orcas: krill
Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você o que você gosta: diariamente
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(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: Mais. artista & intérprete: Marisa Monte. canção: Diariamente. autor da canção: Nando Reis. gravadora: EMI.)

SEI LÁ, NÃO SEI…
9 de junho de 2015

Cine Olaria_PB

Cine Olaria_2015

(Na primeira foto, o Cine Olaria, em funcionamento, como o conheci na infância & parte da adolescência; na segunda foto, o Cine Olaria nos dias atuais, desativado & abandonado.)
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Dias atrás, pensei com os meus botões: se existe uma vantagem em nascer em bairro do subúrbio, bairro periférico, portanto, bairro mais pobre, e eu enxergo outras tantas vantagens, é a oportunidade, mais contundente, de entender, através da razão & do sentimento, que a riqueza material — a grana, as ações, as apólices — nada tem a ver com a riqueza de sentimentos que se pode ter para doar.

Toda vez que escuto este poema-canção, toda vez que leio os seus versos, me vem à cabeça Olaria, bairro onde, depois de nascido (no Estácio) & saído do hospital, fui morar.

Um suburbano coração.

Os versos deste poema-canção me vêm à cabeça porque, quando penso em determinada área de Olaria, área que não acho esteticamente bonita mas que ao mesmo tempo acho bela, feliz, aprazível ao olhar, consigo me ver nas linhas poéticas, me espelho na voz do poeta, me digo nos versos do poema-canção.

Porque determinados lugares, que, a princípio, não agradam esteticamente, podem conter uma atmosfera, uma sintonia, uma espécie de “calmaria” & “alegria”, indescritíveis, que não estão na arquitetura, que não estão propriamente na “matéria”, nas construções avistadas.

Em Olaria, a poesia, feito o mar, se alastrou; e a beleza de um lugar no bairro, para entender, tem que se achar que a vida não é só isso que se vê; a vida é um pouco mais do que o percebido pelos olhos, a vida é um pouco mais do que o tocado pelas mãos, a vida é um pouco mais do que o pisado pelos pés.

A beleza de certo local do lugar não me parece “palpável”, “material”. Eu vejo, sinto, percebo, determinado trecho de Olaria em todo o poema-canção.

A incerteza, a dúvida, o desconhecimento da razão de tamanho sentimento por um lugar, em Olaria, que esteticamente seria julgado como feio: sei lá, não sei… Não sei se, toda a beleza de que lhes falo, sai tão-somente do meu coração. Em Olaria, a poesia, num sobe & desce constante, anda descalça, de pé no chão, pobre, primordial, ensinando um modo novo de viver, de sonhar, de pensar, e sofrer.

Olaria: a sua calmaria, o seu silêncio, as suas muitas ruas de casarões, a sua face interiorana, a sua face feia & feliz, a sua pobreza, a sua despreocupação, me formam, me moldam, me conduzem.

Olaria é tão grande que nem cabe explicação.

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: De onde vêm as palavras. autor: Deonísio da Silva. editora: Lexikon.)

 

 

FAVELA: é controvertida a origem deste vocábulo. Pode ter vindo do latim “favilla”, cinza quente, ou de “favu”, o conjunto de alvéolos de uma colmeia, que também se chama cortiço. Nos dois casos, alude-se, por metáfora, a conjuntos de habitações precárias. Quanto à origem, na clássica oposição entre cru e cozido, que segundo alguns teóricos definiu as civilizações, a cinza quente lembra o fogo feito no chão, com o fim de assar ou cozinhar. Os antecessores dos modernos fogões a gás ou elétricos, feitos de ferro, substituíram os fogões de pedra. Mas entre uns e outros dominou um tipo especial de fogão de correntes, afixadas num tripé ou no teto das cozinhas. Ganchos apropriados serviam para que panelas e chaleiras fossem ali dependuradas, embaixo das quais crepitava o fogo do chão, depois tornado brasa e cinza. Vistos de longe, pelas frestas dos barracos ou ao ar livre, onde também eram feitos, esses fogos teriam dado àquele amontoado de casas a aparência de uma colmeia. Outra explicação para o significado de habitação popular é dada por Antenor Nascentes e acolhida pelo “Dicionário Houaiss”: na campanha de Canudos, os soldados ficaram instalados no Morro da Favela, localidade daquela região assim chamada porque ali havia grande quantidade da planta que leva este nome (favela). Quando voltaram ao Rio de Janeiro, “pediram licença ao Ministério da Guerra para se estabelecerem com suas famílias no alto do Morro da Providência e passaram a chamá-lo Morro da Favela.”
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(autor: Hermínio Bello de Carvalho.)

 

 

SEI LÁ, MANGUEIRA

 

Vista assim do alto
Mais parece um céu no chão
Sei lá…
Sei lá, em Mangueira a poesia
Feito um mar se alastrou
E a beleza do lugar
Pra se entender
Tem que se achar
Que a vida não é só isso que se vê
É um pouco mais
Que os olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar

Sei lá, não sei…
Sei lá, não sei…
Não sei se toda a beleza de que lhes falo
Sai tão somente do meu coração
Em Mangueira a poesia
Num sobe e desce constante
Anda descalça ensinando
Um modo novo da gente viver
De sonhar, de pensar e sofrer

Sei lá, não sei…
Sei lá, não sei, não…
A Mangueira é tão grande
Que nem cabe explicação

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(do site: Youtube. do álbum: Cantoria. canção: Sei lá, Mangueira. versos: Hermínio Bello de Carvalho. música: Paulinho da Viola. intérprete: Caetano Veloso. Participação especial: Paulinho da Viola / Chico Buarque. gravadora: Biscoito Fino.)

QUARENTA CONTENTE CANTANTE
26 de maio de 2015

Quarenta Contente Cantante_Capa de Gal Oppido

(A capa do mais novo livro do poeta & tradutor Adriano Nunes, criação do artista plástico Gal Oppido.)
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O novo livro de Adriano Nunes mantém o alto nível de qualidade dos anteriores.

(Antonio Carlos Secchin — poeta, professor & membro da Academia Brasileira de Letras)

Ultimamente, de vez em quando me pego repetindo o verso de Brecht: “é verdade, vivo em tempos sombrios”. E enquanto sonhamos com tempos melhores, é sempre uma alegria mergulhar num livro de poemas de um poeta que realmente ama e cultua a poesia commeilfaut. Por isso digo a plenos pulmões: Salve Quarenta Contente Cantante! Salve Adriano Nunes!

(Antonio Cicero — poeta, letrista & filósofo)

Adriano Nunes, um artífice da poesia. Não digo que seja vertiginosa a arte poética de Adriano Nunes, apesar “Das vertigens do amor que me consolam”, título do primeiro poema do seu novo livro, “Quarenta Contente Cantante”. Digo antes que o poeta mede, pesa, sopesa bem as palavras, usa com esmero e rigor diversos e ricos instrumentos da linguagem, para nos oferecer poemas de elevado apuro estético, poético e até, nalguns casos, ouso afirmar, ético. Para uma leitura mais iluminadora, deixo que outros, profundos conhecedores da obra do poeta, e do ofício da poesia, nos indiquem os seus caminhos. A mim fica-me o prazer e honra de ter sido chamado a emitir uma sucinta opinião sobre este seu novo e belo livro de poemas.

Vila Nova de Gaia, Portugal, Maio de 2015.

(Domingos da Mota — poeta & filósofo)

Numa redoma antibárbara do mundo virtual, no meio da mais torpe barbárie, costumo encontrar Adriano, o poeta de báratros e empíreos, o estudioso incansável, o tradutor aceso, o curioso infindo, laboratorista de acasos.

Muito me orgulha sempre que me diz que adoraria ter tido a chance de ser meu aluno. E mais: vivendo nós dois na casa da poesia-amizade, ele diz generoso: “No fundo, creio na humanidade. Por isso escrevo”. Ai de nós se não crêssemos ou se pararmos de crer, lhe digo. Ou melhor: ai do mundo se Adriano Nunes parar de crer.

(Roberto Bozzetti — poeta & professor)
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o primeiro prefácio a gente nunca esquece!

como sabido, o que, até então, eu escrevi para livros de poesia foram releases, que são textos de apresentação de uma obra endereçados à imprensa. texto meu, para integrar a apresentação de um livro dentro do livro, até então eu não havia feito.

até então.

aos senhores, o prefácio que escrevi para o mais novo livro de poesia do poeta & tradutor alagoano, além de querido amigo, adriano nunes, intitulado quarenta contente cantante, a ser lançado pela editora vidráguas, comandada pela querida amiga & professora carmen silvia presotto, na sede da editora da universidade federal de alagoas (Edufal), a partir das 16h, no dia em que o poeta vencerá as suas quarenta primaveras, 28 de maio.

o livro conta, ainda, com orelhas do poeta & professor roberto bozzetti & textos da contracapa do poeta, professor & membro da abl antonio carlos secchin, do poeta & filósofo antonio cicero, e do poeta português domingos da mota.

eu só tenho a agradecer o convite duplo, vindo tanto da carmen como do adriano, para que eu fizesse o texto de apresentação. satisfação imensa.

espero que as minhas linhas despertem o interesse dos senhores da mesma forma que quarenta contente cantante me interessou & comoveu.

beijo todos!
paulo sabino.
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(prefácio do livro: Quarenta contente cantante. autor do prefácio: Paulo Sabino. editora: Vidráguas.)

 

 

Há sempre algo de nós que nos escapa, que nos foge, que nos falta, algo que não conseguimos traduzir exatamente, algo em nós que se deixa entre enigmas & erros. Somos, além do que nos sobra, o que também nos falta. O que nos falta constitui-nos na exata medida do imponderável, do indizível, da possibilidade de. E é assim que o poeta se dá a desejos.

O nada acaba por ser indefinível porque ele pode, na justa medida, tudo. Ao que tudo pode, nada cabe, a indefinição é o que define, o que delimita. É a partir do nada que tudo pode acontecer.

A poesia é a possibilidade de tudo por comprometer-se a nada. Em poesia, tudo pode, tudo cabe, porque nada lhe é impossível.

Neste seu terceiro livro de poesia, Quarenta Contente Cantante, 40 poemas comemorando os seus 40 anos, Adriano Nunes nos brinda com a sua alegria de ser poeta, de cantar a poesia, e com o seu contentamento de fomentar versos & rimas & ritmos, mostrando-nos, assim, as suas tantas possibilidades no ofício: ora com formas fixas clássicas, ora com formas livres, ora com versos brancos, ora com versos livres, os quarenta poemas se dão ao longo do livro tratando de assuntos os mais variados, mas tendo a alegria de ser um cantante como a grande tônica da obra.

Há tristeza & melancolia no olhar do poeta, mas o poeta, da tristeza & melancolia vividas, salva-se nos braços da poesia, salva-se lançando-se aos seus desejos métricos, salva-se lançando-se à arte de arquitetar versos, salva-se lançando-se à música de Pã, salva-se lançando-se às vertigens do amor que o consolam. A poesia, assim, mostra-se como a sua grande amada, a sua musa maior.

O livro é uma aposta no amor (no sentido amplo do sentimento), apesar dos tantos dissabores que o amor acarreta. Apesar das coisas, muitas vezes, não saírem como se deseja, tudo renasce de tudo, ou seja, coisas boas renascem também de coisas insatisfeitas, de coisas inesperadas & indesejadas, e vice-versa. O coração do poeta diz “para”, por tanto sentir, por tanto amar, por tanto doer, por tanto doar, mas, ao invés de parar, o coração alcança o oposto, e dispara: a constatação de que arquitetou, construiu, ergueu, sua vida em versos, e que foi justamente assim que encontrou a felicidade, a alegria, o bem-estar, porque com poesia o seu nó existencial, o seu embaraço de vida, é desatado, é desfeito. Os ardis das sinapses no exercício poético excitam, trazem prazer & gozo. Mesmo as dores de amor, por mais doridas, por vezes se tornam prazerosas porque acabam em versos & rimas & ritmos.

O amor à poesia que o poeta tem exige sempre que se erga um poema/monumento à beleza, porque tudo que o poeta arquiteta, arquiteta, sobretudo, em prol única & exclusivamente da arte poética, ainda que seus sentimentos, os expostos em versos, lhe sejam esdrúxulos & paradoxais.

Na criação poética, toda a atenção às musas: eus a pino, todos os poetas que existem em Adriano Nunes estão a postos, a fim de auscultar o amor, sentimento o mais nobre, capaz de proporcionar inícios sempre. É justamente imerso em si que o poeta vê o verso vingar, vê o verso firmar & fincar. No entanto, alerta: por maior o cuidado & a atenção ao dizer o seu amor em versos, o poeta depara-se com a imensidão do seu sentimento, que, por imenso, não cabe em versos, ou ainda, os versos não conseguem mensurar eficazmente o amor que o poeta sente por aquilo que ama. O poema não diz o tanto do quanto ama o poeta, mas é a arte poética que lhe dá a mão a caminho das máximas realização & felicidade.

Na busca & afirmação da sua poética, Adriano Nunes abre espaço ao seu conhecimento & profunda intimidade com a literatura clássica grega. Por toda a obra, não faltam referências a mitos & histórias da Grécia Antiga. No poema Por beleza, por amor, a história da tomada de Troia a partir do olhar de Páris, príncipe troiano responsável pela destruição da cidade, por optar viver o seu amor por Helena de Esparta, considerada a mais bela das mulheres, casada com o rei Menelau. Páris seduziu Helena, que não resistiu ao seu encanto & à sua beleza & abandonou Esparta, fugindo para Troia. Pelo seu ato de amor, Páris levou sua cidade ao fogo & às flechas. Dá-se, assim, o início da célebre guerra entre gregos & troianos. Em Tolo Proteu, o poeta transmuta-se, transforma-se, em outros, quando pensa, quando sonha, quando sente, ser o grande desejo do seu objeto de desejo. Adriano Nunes transmuta-se, transforma-se, em outros, como Proteu, deus do mar, que possuía o dom da metamorfose, podendo converter-se em tudo o que desejasse: não apenas em animal, mas até em elemento como a água ou o fogo. No poema As moiras, são trazidas aos versos as três irmãs que são a personificação do destino de cada homem na Terra (Átropo, Cloto & Láquesis), responsáveis pelo tempo de vida de cada mortal, que controlavam com a ajuda de um fio que a primeira fiava (Átropo), a segunda enrolava (Cloto) & a terceira cortava (Láquesis) quando decretado o fim da vida. As voltas & surpresas do destino: quando tudo parece alguma coisa constante, alguma coisa estável, tudo pode estar por um fio, por uma linha tênue, tudo pode estar prestes a mudanças inimagináveis – Átropo, Cloto & Láquesis levam o lábil laço.

Também integrando Quarenta Contente Cantante, o primeiro poema – publicado em livro – em língua estrangeira, Poesía! Poesía, uma verdadeira ode, na língua espanhola, a todos os nomes que a arte poética pode receber & a todos os encantos que ela pode despertar.

Adriano Nunes promete, a quem lhe lança o olhar, o gozo do amor & dos versos: o ar com toda cor & nuvens, o áureo arcabouço dos sonhos. E outros tesouros. Pede o olhar do outro para que o seu olhar seja um olhar composto: o amor proposto & entreposto nas lentes do criador & nas lentes do seu leitor, a quem o poeta deseja satisfazer tanto quanto se satisfaz quando elabora suas façanhas de palavras & versos.

Do que resta de tudo que teve o seu astuto fim, interessa a Adriano Nunes resgatar justamente o que lhe é irresistível sempre: a poesia, que ele sabe sentir mais & melhor do que ninguém, as begônias & os bem-te-vis que compõem o seu universo pessoal & lírico, e o vinho bom que ganhou de Dionísio, deus também da inspiração, inspiração que não falta à obra.

Quarenta Contente Cantante é mais um passo à frente na trajetória deste poeta que só faz afirmar-se como uma das grandes & gratas revelações da poesia brasileira contemporânea. Um brinde aos seus quarenta anos contentes! Um brinde aos seus quarenta poemas cantantes!

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(do livro: Quarenta contente cantante. autor: Adriano Nunes. editora: Vidráguas.)

 

 

POR BELEZA, POR AMOR

 

Era apenas uma tarde.
Troia ainda não ardia
Em chamas. Mas algo forte
Meu coração alcançou.
Eu, Páris, filho do rei,
Içado ao infinito vi-me.
Disseram-me ser sim deuses,
Esses que me ergueram à
Função de juiz de lide.
Era apenas uma tarde.
Logo eu, o irmão de Heitor,
Minha cidade entreguei,
Sem saber, ao fogo e às flechas,
Por beleza, por amor.

 

 

AS MOIRAS

 

Quando tudo
Bem parece logo
Quando tudo
Bem parece leme
Quando tudo
Bem parece largo
Quando tudo
Bem parece livre
Quando tudo
Bem parece longo
Quando tudo
Bem parece lindo
Quando tudo
Bem parece louco
Quando tudo
Bem parece leve
Quando tudo

Láquesis, Cloto à Átropos
Levam o lábil laço.

NO JARDIM BOTÂNICO
7 de maio de 2015

Jardim Botânico_Rio de Janeiro

(Foto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.)
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“Oi querido Paulo, adorei seu entusiasmado texto! Que bom! Obrigado. Viva seu Blog!”  (Péricles Cavalcanti)

 

tantas coisas lindas, exuberantes, para ver, para sentir, para tocar, num jardim botânico, numa tarde de sol (bichos, plantas, cores, sons, formas, odores, texturas), tantas coisas acesas aos sentidos… no entanto, quando a palavra ilumina, seja no lugar que for, a palavra realmente pode ser a coisa mais bonita entre outras tantas coisas bonitas.

“a consciência é uma lanterna que a solidão acende no anoitecer, pra gente ver que nem tudo é treva, que pode haver sentido em viver”.

o poeta leu a frase supracitada, frase iluminista, iluminada, no meio-dia quente de uma trilha, entre um refrigerante & um piquenique, no jardim botânico de brasília.

a frase supracitada estava escrita numa placa ao léu, a esmo, no sol a pino, no meio-dia quente, e, embaixo da frase, tinha uma assinatura da madame de estaël (madame de staël foi uma intelectual francesa, escritora & ensaísta, do final do século XVIII – início do século XIX, que acreditava nos ideais do iluminismo francês & os propagava em suas obras).

o poeta confessa não ter lido mais nada desta autora, porém nunca mais esqueceu a frase, pois ela foi a coisa mais bonita que o poeta viu ali — no jardim botânico.

tantas coisas lindas, exuberantes, para ver, para sentir, para tocar, num jardim botânico, mas quando a palavra ilumina, seja no lugar que for, a palavra realmente pode ser a coisa mais bonita entre outras tantas coisas bonitas: “a consciência é uma lanterna que a solidão acende no anoitecer, pra gente ver que nem tudo é treva, que pode haver sentido em viver”.

que frase linda de se ler num jardim botânico! uma grande luz entre luzes!

beijo todos!
paulo sabino.
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(autor: Péricles Cavalcanti.)

 

 

NO JARDIM BOTÂNICO

 

A consciência é uma lanterna
que a solidão acende no anoitecer
pra gente ver que nem tudo é treva
que pode haver sentido em viver

Li essa frase iluminista
no meio-dia quente de uma trilha
entre um refrigerante e um piquenique
no Jardim Botânico de Brasília

Estava escrita numa placa
no sol-a-pino assim ao léu
e tinha uma assinatura embaixo
da Madame de Staël

Não li mais nada desta autora
mas nunca mais eu me esqueci
pois foi a coisa mais bonita
que eu vi ali
que eu vi ali
que eu vi ali

no Jardim Botânico
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(do site: Soundcloud. canção: No Jardim Botânico. autor & intérprete: Péricles Cavalcanti.)