UM VERSO & A ESPERA
18 de janeiro de 2013
PASSOS QUE PASSAM & FICAM (PRESENTE NO PASSADO)
12 de junho de 2012
ÀS MULHERES
8 de março de 2010
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o dia de hoje, 8 de março, é reservado internacionalmente a uma homenagem às mulheres. por essa razão, segue este poema-canção, lindíssimo, que se encaixa perfeitamente ao laurel proposto: versos que falam de mulheres, mais especificamente das mulheres do meu brasil varonil, porém possíveis de serem estendidos a todas as demais mulheres, debuxados por uma grande cantora & compositora & interpretados por outra grande companheira de profissão. eu, desde sempre, desde a minha mãe, desde as minhas tias, sou louco por mulheres, um grande fã. as que conheço & estão ao meu lado são habituadas a delicadezas. inteligentes, protetoras, perspicazes.
gosto muito de gente. gosto de escutar gente, de saber o que pensa, como anda. não seria diferente com as mulheres.
a elas, a capacidade não só de gerar, mas também de armazenar vida latente, vida pulsante. acho comovente mulher barriguda que vai ter menino.
à jurema, nely, joyce, maria, clarice, lya, lygia, marly, nélida, adélia, rachel, orides, cora, cecília, sophia, natália, florbela, cacilda, fernanda, marília, bibi, dolores, clara, gal, nana, rita, elis, elisa, alice, hilda, claudia, patrícia, zélia, e assim sucessivamente, em espiral vertiginosa: muitíssimo obrigado. por tanto, por tudo, agradeço a vocês, mulheres da minha trilha, irmãs porque a mãe natureza fez todas tão belas.
parir, gerar, criar: existir: eis a prova de destino tão valoroso.
a mulher brasileira, no alto a sua bandeira, saúda o povo & pede passagem!
que vocês, mulheres, de um modo bonito, de um modo delicado, conquistem o mundo!
um brinde a elas!
beijo todos!
paulo sabino.
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(do encarte do cd: Maria. artista: Maria Bethânia. autora dos versos: Joyce. gravadora: BMG Ariola.)
MULHERES DO BRASIL
No tempo em que a maçã foi inventada
Antes da pólvora, da roda e do jornal
A mulher passou a ser culpada
Pelos deslizes do pecado original
Guardiã de todas as virtudes
Santas e megeras, pecadoras e donzelas
Filhas de Maria ou deusas lá de Hollywood
São irmãs porque a Mãe Natureza fez todas tão belas
Tão belas
Ó Mãe, ó Mãe, ó Mãe
Nossa Mãe, abre teu colo generoso
Parir, gerar, criar e provar nosso destino valoroso
São donas de casa, professoras, bailarinas
Moças, operárias, prostitutas, meninas
Lá do breu das brumas vem chegando a bandeira
Saúda o povo e pede passagem a mulher brasileira
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(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: Maria. artista & intérprete: Maria Bethânia. canção: Mulheres do Brasil. autora da canção: Joyce. gravadora: BMG Ariola.)
A RAIZ DA RUIZ / HAI-KAIS
5 de agosto de 2009
queridos e queridas,
uma das coisas que, apesar de já tê-las vivido diversas e diversas vezes, me impressionam, em alguns momentos, é a capaciadade que os amigos possuem de aguçar a sensibilidade nossa. quando converso com vocês, a troca abastece os impulsos da minha sensibilidade (parafraseando, muito mal [rs], ezra pound), como acontece com a literatura.
depois de um tempo que me permite a saudade, reencontrei um amigo que, com sua prosa, sua inteligência & sensibilidade, me faz atento – sou todo olhos e ouvidos em estado de alarme, tamanha a atenção dispensada – enquanto fala. nunca, acho, tornei esta minha satisfação tão explícita pra ele, mas, aqui, eis a ocasião: por conta deste ‘coroa’ (rs), o grande grande tio gerardinho, ou lulu, ou luciano lucas, segue esta mensagem para vocês.
entre muitos dos assuntos tratados em sua companhia, a poesia não faltou. e, com ela, o nome e o trabalho de uma poeta por quem somos, eu e o gerardo de lucas, apaixonados: alice ruiz.
o que acho fabuloso em alice é a sua capacidade de concentrar tanto tanto tanto (sentidos, significados, jogos de palavras) com tão pouco, com linhas mínimas.
a seguir, parte da definição de hai-kai retirada do dicionário aurélio:
1.Arte Poética. Poema japonês constituído de três versos (…): “É o haicai japonês, pequeno poema de três versos, (…) que resumem uma impressão, um conceito, um drama, um poema, às vezes deliciosamente, não raro profundamente.” (Afrânio Peixoto, Miçangas, pp. 234-235.)
sobre o trabalho de alice ruiz, na orelha do seu livro chamado “desorientais”, arnaldo antunes escreve:
Uma faísca um pingo uma semente um grão uma lágrima um átomo um átimo um piscar de olhos uma célula um ácido uma sílaba um transistor um chip uma estrela um cristal. Um objeto concentrado não é um objeto qualquer.
e, de fato, um objeto concentrado não é um objeto qualquer.
poderia passar horas escrevendo sobre os exuberantes achados, as inúmeras belezas que encontro nos hai-kais que seguem nesta seleção, mas escolhi um – dos meus prediletos – apenas para ilustrar o que vem sendo escrito. ei-lo:
lesma no vidro
procura uma sombra
que seja ela mesma
atentem: neste, aparentemente, uma simples descrição de caso: uma lesma, no vidro, que deseja ser a própria sombra.
agora, atentem mais um pouquinho: a lesma não deseja ser a própria sombra, ou seja, ela mesma, apenas no sentido imagético. a lesma consegue, na organicidade das palavras, ou seja, na composição sólida das palavras, que vem a ser feita de letras, ser a tão almejada sombra: as letras que a compõem, l – e – s – m – a, são as que, também, compõem a sua sombra: e – l – a m – e – s – m – a. no papel, com a ‘composição orgânica’ das palavras (ou seja, com as letras), alice ruiz conseguiu traduzir a vontade da lesma de, ela mesma, a sua sombra ser. isso é genial, é maravilhoso — ela consegue não apenas dar sentido imagético ao que diz, como cria este sentido na justa-posição das palavras —. é, meus caros, não é pra qualquer um não (rs)…
isso, vocês poderão concluir com os próprios olhos.
aqui, mais um tanto da raiz da ruiz: um cacho, dos bons, dos seus hai-kais.
fartem-se!
beijo bom & carinhoso em todos,
paulinho.
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(todos os hai-kais extraídos do livro desorientais, de alice ruiz, editora iluminuras)