OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (12ª EDIÇÃO) — MANO MELO & CONVIDADOS
28 de abril de 2018

(Todas as fotos: Luciana Queiroz)

(A plateia que encheu o teatro Cândido Mendes de Ipanema)

(O coordenador, idealizador & produtor do projeto — Paulo Sabino)

(O ator Igor Cotrim)

(A escritora & cantora Mônica Montone)

(O poeta & jornalista Claufe Rodrigues)

(A poeta Marisa Vieira)

(O poeta & compositor Tavinho Paes)

(O poeta & jornalista Luis Turiba)

(A atriz Geovana Pires)

(O grande homenageado da noite & seu parceiro de canções — Mano Melo & Mu Chebabi)

(O grande homenageado da noite — Mano Melo)

(Participantes + homenageado)

(Paulo Sabino + Mano Melo)
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Que noite divertida!

Segunda-feira, 16 de abril, na 12ª edição da Ocupação Poética, no Teatro Cândido Mendes de Ipanema (fotos acima), o que mais se viu, no público que encheu o espaço & nos participantes, foi uma farta distribuição de sorrisos & risadas. Que maravilha! Que noite leve & lírica a homenagem ao grande poeta & ator Mano Melo!

As apresentações dos poemas foram fantásticas, os convidados arrebentaram! Saímos todos — público, homenageado & participantes — felizes da vida. Agradecer demais ao Mano pela sua poesia, que tanto inspira e comove, por fazer parte do projeto. Agradecer aos participantes, porque sem vocês não haveria a menor graça: Igor Cotrim, Luis Turiba, Mônica Montone, Claufe Rodrigues, Marisa Vieira, Tavinho Paes, Geovana Pires & Mu Chebabi.

Agradecer à nossa fotógrafa poderosa, Luciana Queiroz, os cliques maravilhosos.

Agradecer à equipe do teatro & aos administradores Adil Tiscatti & Fernanda Oliveira.

Agradecer à Belmira Comunicação a assessoria de imprensa.

Agradecer às pessoas presentes, por fazerem da noite uma noite feliz, que guardarei pra sempre na memória.

O que nos ficou deste momento, como uma espécie de lição: que, apesar dos prejuízos, nada vai apagar nossos sorrisos!

Salve Mano Melo!
Salve a sua poesia!

Aproveito para informar que temos a data da próxima edição da Ocupação Poética (a 13ª): 18 de junho. Salvem o dia! Aguardem maiores informações.

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Poemas do amor eterno. autor: Mano Melo. editora: Cangaceiro Elétrico.)

 

 

NADA VAI APAGAR MEU SORRISO

 

Podem ameaçar com as bombas e morteiros
da Marinha americana,
podem roubar meu dinheiro
e chamar os hômes pra me levar em cana.
Nem que as vacas tussam e as porcas torçam seus rabos,
nem que eu seja atacado por mil cachorros brabos,
mesmo que me acusem de tudo que é heresia
e arranquem meu dente de siso
sem anestesia,
nada vai apagar meu sorriso.

Podem ameaçar com o Armageddon
e as trombetas do Juízo Final.
Podem pintar o mar de marrom
e botar dez mil crianças assaltando no sinal,
podem parar o mundo e apagar a luz,
abrir a caixa dos pregos e me pregar na cruz,
podem rodar a baiana, podem soltar a franga,
bordar tudo mais feio que o cão chupando manga,
destruir a ferro e fogo os frutos do paraíso,
nada vai apagar meu sorriso.

Podem sujar a atmosfera
até fazer doloroso o ato de respirar.
Podem abrir a jaula e soltar a besta-fera
com sua boca horrenda para me devorar,
perfurar meus olhos com setas envenenadas
até que fiquem cegos,
me fechar no escuro junto com morcegos,
ratazanas e baratas aladas,
sem nenhum sinal ou prévio aviso,
nada vai apagar meu sorriso.
Entre os campos de batalha dessa guerra infame,
busco trocar amor com quem também me ame.
E sei que a maioria das pessoas são pessoas decentes,
gente do bem trabalhando para criar filhos
e passar sua herança de conhecimentos.
Por isso, quando o trem parece correr fora dos trilhos
e o dragão ameaça cuspir fogo pelas ventas,
eu sei que tudo na vida tem uma explicação
e que existem razões que são estranhas à própria razão.
Não importa as teias que a aranha teça,
a gente tem que se cuidar  pra não virar presa.
Se a aranha tá a fim de te jantar,
você não pode permanecer passivo.
Não apenas navegar, viver também é preciso.
Eu fico mais forte quando penso nisso:
nada vai apagar meu sorriso.

POSSE DE ANTONIO CICERO NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS + A CIDADE E OS LIVROS
20 de março de 2018

O mais novo membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), o poeta & filósofo Antonio Cicero

Na posse do mais novo membro da Academia Brasileira de Letras, Antonio Cicero. Na foto, ao fundo, atrás do Cicero, o querido Marcelo Pies, e atrás de mim, o meu amigo & irmão de poesia Christovam de Chevalier

Com o empossado na ABL Antonio Cicero & Rafael Millon, primo do imortal

Com os irmãos lindos & queridos, Cicero & Marina Lima

Com um grande amigo & mestre, o badalado & premiadíssimo poeta Salgado Maranhão

Com um amor da vida, o meu lindo amigo & grande poeta Jorge Salomão

Com Geraldinho Carneiro, pessoa que amo, pura simpatia & diversão

Na companhia dessa dupla imbatível, mestres & amigos, Geraldinho Carneiro & Antonio Carlos Secchin

Este aqui foi o momento sofá, a hora do gesto discreto do Cicero, me chamando pra mais perto, pra sentar ao seu lado, e eu me derramando inteiro por conta das doses de uísque — ao meu lado, a doce amiga & poeta Noélia Ribeiro

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“Que linda essa história”

(Marina Lima — cantora & compositora)

 

“Que bacana, Paulo. Queria muito ter estado com vocês todos mas estou do outro lado do Atlântico, lotada de compromissos. A ABL ganhou um tesouro! Um beijo, Adriana”.

(Adriana Calcanhotto — cantora & compositora)

 

 

Sexta-feira, dia 16/03, foi dia da posse do mais novo membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), o poeta & filósofo Antonio Cicero.

Conheci o Cicero no início de 1999, quando tinha os meus 23 aninhos. 19 anos se passaram & nesses 19 anos a nossa amizade só fez crescer & florescer. Pela proximidade que acabou acontecendo, o Cicero foi uma espécie de mentor intelectual. Sempre pedi muita indicação de livros & dicionários a ele, enviava dúvidas minhas a respeito de assuntos ligados à filosofia, e o Cicero, muito generoso, sempre esteve “ali”, me auxiliando nas solicitações. Foi ele quem me fez criar o meu site literário, o “Prosa Em Poema”, site que me abriu as portas para o convívio com os grandes intelectuais & escritores que, hoje, tenho a honra & o prazer de ser amigo. Foi o Cicero o meu grande padrinho nesse sentido, porque antes de tornar o site público, anunciar que a página estava no ar, escrevi a ele, pedindo a sua avaliação, e no dia seguinte estava estampada no seu site, o “Acontecimentos”, uma publicação linda, convidando os seus leitores a conhecerem a minha página, o que garantiu ao site, logo no primeiro dia do “Prosa Em Poema”, mais de 200 visualizações.

A nossa história é muito bonita. Nunca me esqueço de quando nos encontramos num lançamento de livro & ele me disse: “Paulinho, te conheci um garoto, hoje você é um homem”. E é verdade.

Uma alegria pra sempre ter, no seu segundo livro de poesia, “A cidade e os livros”, um poema dedicado a mim, poema que inclusive leva o meu nome. Já rimos muito disso.

Por isso, na sexta, quando vi o Cicero adentrando o salão nobre da ABL, de fardão, para tomar posse, eu me emocionei & chorei disfarçadamente. É o cara de uma importância sem precedentes na minha trajetória intelectual, recebendo uma homenagem mais do que merecida dos seus pares, eleito o ocupante da cadeira de número 27 da instituição. No final da noite, antes de ir embora, o Cicero me fisgou pelo olhar & num gesto discreto me chamou para sentar ao seu lado (a última foto das dispostas acima, foi o Rafael Millon, primo do Cicero, quem nos flagrou de longe). Tocado de uísque, pilequinho, sentei junto a ele & me derramei, bem confessional. A nossa amizade & o nosso amor & a nossa admiração mútua permitem essas coisas.

Foi uma noite linda ao lado de muitos amigos. Uma noite à altura de Antonio Cicero.

(Você me abre seus braços & a gente faz um país.)

Vivas a ele, salve mais uma conquista!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: A cidade e os livros. autor: Antonio Cicero. editora: Record.)

 

 

A CIDADE E OS LIVROS

para D. Vanna Piraccini

 

O Rio parecia inesgotável
àquele adolescente que era eu.
Sozinho entrar no ônibus Castelo,
saltar no fim da linha, andar sem medo
no centro da cidade proibida, 
em meio à multidão que nem notava
que eu não lhe pertencia — e de repente,
anônimo entre anônimos, notar
eufórico que sim, que pertencia
a ela, e ela a mim —, entrar em becos,
travessas, avenidas, galerias,
cinemas, livrarias: Leonardo
da Vinci Larga Rex Central Colombo
Marrecas Íris Meio-Dia Cosmos
Alfândega Cruzeiro Carioca
Marrocos Passos Civilização
Cavé Saara São José Rosário
Passeio Público Ouvidor Padrão
Vitória Lavradio Cinelândia:
lugares que antes eu nem conhecia
abriam-se em esquinas infinitas
de ruas doravante prolongáveis
por todas as cidades que existiam.
Eu só sentira algo semelhante
ao perceber que os livros dos adultos
também me interessavam: que em princípio
haviam sido escritos para mim
os livros todos. Hoje é diferente,
pois todas as cidades encolheram,
são previsíveis, dão claustrofobia
e até dariam tédio, se não fossem
os livros infinitos que contêm.

AO NOSSO AMOR, UMA ETERNA ESTRÉIA
19 de outubro de 2016

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(Há pouco tempo, indo votar — ela, já desobrigada.)

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(A figa, antes do meu pai, agora minha.)
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“PAULO SABINO, meu irmão,

Que lindo o seu poema para a ‘nossa mãe’! Desejo para a ‘CABOCLA JUREMA’ uma longa e boa vida, alegria e… Axé! Muito Axé! Com abraços, MARTINHO DA VILA.”

(Martinho da Vila — cantor & compositor)

 

 

Que alegria! Vê-la completar o seu septuagésimo quarto ano novo (74) lúcida, recém-recuperada de um problema no cérebro.

Em junho, há exatos 4 meses, me perguntava como seria este dia para ela & para mim, com o medo de que ela ainda estivesse doente.

Escrevi o texto que segue em itálico para amigos bem no início do mês de julho:

 

Queridos & Queridas,

Há quase 2 meses, a minha mãe, peça fundamental da minha existência, a grande responsável pelo meu amor à literatura e, mais especificamente, à poesia, a minha cabocla Jurema Armond, não anda bem da saúde.

Estamos na luta para diagnosticar o que, há quase 2 meses, vem causando nela uma fraqueza grande nas pernas & nos braços (precisa de ajuda para absolutamente tudo: para levantar, sentar, deitar, comer, tomar banho) & uns desnorteios de tempo & espaço (agora há pouco tive que consolá-la, ela estava aos prantos, desejando chegar em casa, chegar no lugar de onde ela não sai há quase 2 meses, não contando as saídas para consultas médicas & exames).

Tem sido bem difícil para mim. Sou filho único, meu pai já não está mais entre nós, e sou eu só a tomar as decisões sobre a saúde da minha cabocla, a gerir a casa & as contas. Cansaço emocional & físico imensos.

Hoje, procurando travessas & potes aqui em casa, a fim de organizar a cozinha para a pessoa que me ajudará com a casa duas vezes na semana, me deparei com esta figa de madeira do meu pai, de cuja existência nem mais me lembrava. Chorei tanto ao vê-la, ao tocá-la, tudo tão simbólico neste momento — encontrar na estante da sala uma figa, e que era do meu pai, de quem, pela sensibilidade & humor ímpar, sinto tanta falta, inda mais num momento como este…

Agora ela está na minha mesa de trabalho, acompanhada das minhas outras pequenas preciosidades. Está, na mesa, exatamente de frente para mim.

Tomara que esta figa, antes do meu pai, agora minha, me traga a sorte & o axé necessários na melhoria desta situação.

E conto com as preces & orações & energia positiva de quem acredita em preces & orações & energia positiva. Incluam a minha cabocla Jurema Armond em seus pedidos de saúde & recuperação. Torçam comigo.

E vamos que vamos. A vida urge, o tempo não pára.

 

Depois de muitos medos, muitas incertezas, muitas dificuldades, muitas lágrimas, e muitos exames, no início de agosto conseguimos o diagnóstico & desde então ela só faz melhorar.

O poema que segue, eu o escrevi para ela há muitos anos. Mais do que nunca, faz todo o sentido publicá-lo hoje, 19 de outubro, em homenagem à minha cabocla.

Mais do que nunca, depois deste mau tempo que atravessamos, o sol da saúde desponta com a sua luz & o seu calor, mostrando-nos que a vida renova-se a cada instante, que, por isso, a vida é uma eterna estréia. Nunca sabemos que momento da trama nos aguarda no próximo capítulo; o script/roteiro é escrito no decorrer de cada cena.  Com isso, o amor também faz-se & refaz-se a cada vivência nossa.

Mãe, depois de tanto, depois de tudo, eu só posso desejar que o céu aberto de dias azuis permaneça límpido, sem mudanças tão bruscas.

Mãe, depois de tanto, depois de tudo, a conclusão de que, aqui, o amor existe — firme, forte, em riste.

Graças!

Feliz aniversário! Feliz 74 primaveras vencidas!

Beijo todos & especialmente a minha cabocla Jurema Armond!
Paulo Sabino.
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(autor: Paulo Sabino.)

 

 

ESTRÉIA

 

te  escrevo  porque

te  mereço,

porque  és  diva,

a  dama  divina

—  mulher  maravilha

da  minha  ilha

cercada  de  carinhos

por  todos  os  lados —.

todos  os  cafunés,  todas  as  lágrimas  e  desabafos

é  onde  me  acabo  em  ti.

por  ti  meu  riso  ri,

por  isso  minha  prece,

minha  missa.

minha  oração  se  aquece

em  teus  escaninhos,  teus  desalinhos,  teus  achados.

assim  é  que  te  amasso,

te  acho,

te  cato.

porque  humana  sem  desacato.

eu  te  amo  e  é  outra  estréia,

sem  vida  histérica,

sem  amor  estéril.

pelo  contrário,  é  amor  de  império,

o  carinho  sem  enterro  e  cemitério,

a  poesia  livre  de  impropério.

és  o  meu  hemisfério,

o  meu  norte,

os  versos  sem  corte.

eu  te  amo  e  não  há  miséria,

há  beleza,  há  estética

—  revelação, reverberação

que  insiste

em  mostrar  ao  mundo  triste

que,  aqui,  o amor  existe:

firme

forte

em  riste —.

LANÇAMENTO DO LIVRO “ÓPERA DE NÃOS”, DO POETA SALGADO MARANHÃO — O EVENTO (FOTOS & VÍDEOS)
10 de março de 2016

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(Paulo Sabino)

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(O poeta Carlos Dimuro & a atriz & cantora Zezé Motta)

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(A atriz Nathalia Timberg & o poeta & letrista Salgado Maranhão)
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“Querido Poeta Paulo Sabino, você é o tipo de pessoa que sempre leva brilho aonde vai. Pelo seu talento e simpatia, pela sua enorme generosidade no primado do afeto. Super obrigado, irmão!”

(Salgado Maranhão — poeta & letrista)

 

 

Queridos,

Segunda-feira (07/03), mais uma noite de esplendor, onde a Poesia reinou absoluta:

Lançamento do “Ópera de nãos”, o mais recente livro de poemas do sofisticado poeta & letrista Salgado Maranhão, com direito a um recital “litero-musical” & as participações, entre outros, das grandes atrizes Nathalia Timberg & Zezé Motta, do músico Zé Américo Bastos, dos poetas (e grandes amigos) Cristiano Menezes & Luis Turiba & deste que vos escreve.

Algumas canções do poeta foram tocadas & cantadas & alguns dos seus poemas foram ditos pelos convidados do grande anfitrião da noite.

Muito me honrou ter dito, a pedido do Salgado, um mesmo poema que a grande diva da dramaturgia Nathalia Timberg também disse, um poema do poeta Carlos Dimuro (organizador de todo o evento) em homenagem ao Salgado Maranhão, e recebido um super elogio da atriz, pelo meu modo de utilizar a palavra, e do próprio autor do poema, Carlos Dimuro, que me disse que eu fui a pessoa que até hoje melhor disse o seu poema intitulado “Um rio salgado”.

Alegria & satisfação imensas.

Eu disse um total de quatro poemas: três poemas do “Ópera de nãos” (“Lacre 10”, “Lacre 11” & “Clivagem”) & um poema do Carlos Dimuro (“Um rio salgado”).

Amigos novos, projetos novos, trabalhos todos muito bonitos estão por vir — em breve vocês tomarão conhecimento do que se tratam esses trabalhos.

O que tenho hoje a fazer é, mais uma vez, agradecer à Poesia, Musa Maior da minha existência, tudo de maravilhoso que me tem acontecido.

Agradecer ao Salgado Maranhão a confiança, o respeito & o carinho em mim depositados. Agradecer ao poeta & organizador da noite Carlos Dimuro os tantos elogios que ouvi entre encabulado & orgulhoso. Agradecer às atrizes Nathalia Timberg & Zezé Motta as lindas palavras & o olhar doce que me lançaram durante todo o evento. Agradecer à presença de vários grandes amigos que ajudaram a encher o salão do Hotel Golden Tulip Regente, em Copacabana, onde aconteceu o evento. Agradecer à Vida a oportunidade de vivenciar esses momentos que me são tão caros.

Muita coisa bacana por vir, muita coisa bonita a realizar. Cabeça & coração a mil.

Valeu!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. lançamento do livro “Ópera de nãos”, do poeta Salgado Maranhão. Paulo Sabino recita “Um rio salgado”, do poeta Carlos Dimuro. data: 07/03/2016.)


UM RIO SALGADO  (Carlos Dimuro)

Para Salgado Maranhão

 

Apesar de navegar sereias,
não é doce
o rio que corta
o teu poema.

Sabem-se salgados
os escombros que se escondem
sob as escamas da tua escrita.
E o que em ti é peixe,
se debate em guelras e guerras
numa incansável
respiração boca a boca
com a palavra.

A salinidade ancestral
de tuas águas,
refinada pelos deuses,
tempera o profano:
o sagrado no salgado.

No rio que segue
o curso líquido dos mistérios
da linguagem,
um cardume de versos
anuncia o mar.
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(do site: Youtube. lançamento do livro “Ópera de nãos”, do poeta Salgado Maranhão. Paulo Sabino recita “Lacre 10”, do poeta Salgado Maranhão. data: 07/03/2016.)

 

LACRE 10  (Salgado Maranhão)

Sou um ladrão de luas,
um salteador de azuis.

Exibo essas credenciais
inúteis
a todos que me interpelam.

Aos fuzileiros,
…………………..aos sacerdotes,
aos mentecaptos;

sem que nada altere
o arrulhar do vento
e o coice do mar.

Sem donatário ou domínios.
Insisto em reger esta ópera
de nãos.

Se sangue há em mim,
é nas veias,
………………não nas mãos.
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(do site: Youtube. lançamento do livro “Ópera de nãos”, do poeta Salgado Maranhão. Paulo Sabino recita “Clivagem”, do poeta Salgado Maranhão. data: 07/03/2016.)

 

CLIVAGEM  (Salgado Maranhão)

Canto para renascer
na pedra
com a semente que o mar
roubou dos náufragos; canto
para repartir com a brisa
a lúdica sesmaria da palavra.

Um atlas abriu seus galhos
para acolher meus reinos:
uma geometria de farrapos;
um tigre com o sol entre as patas.

E sigo esse rio de letras
como se chão em chamas:
a poesia me despiu
para explodir com os astros.

O MUNDO ESPECIAL DO POETA
15 de janeiro de 2016

Leme_Janeiro 2016

(O menino de sunga verde parado em frente à grandeza do mar.)
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há quem tenha conhecido um grande poeta & tenha sofrido uma decepção: por não achar o poeta “poético”, por não achar o poeta inspirador, por não achar o poeta um ser que ilumina. isso, porque, no tempo em que esteve com o poeta, não lhe ouviu uma palavra sobre poesia, mas, unicamente, ao sabor da conversa, comentários sobre sapatos de homem & desastres de automóvel.

“nunca falam os poetas de poesia?”, pergunta quem se decepcionou com o poeta. sim, eles falam de poesia. cada homem tem costume de falar do seu ofício, e o poeta é um homem como os outros. mas acontece que, além de ser um homem como os outros, e sem deixar de sê-lo, o poeta tem isto de grave & especial: ser um homem a quem tudo concerne, ser um homem a quem tudo diz respeito, ser um homem a quem tudo interessa, ser um homem a quem tudo é adequado, e de tudo o poeta tira seu mel & seu fel.

o menino que passa com um barulhento carrinho feito de caixotes, a trazer verduras da feira; os operários da construção, que, depois de almoçar no botequim da esquina com uma cerveja preta, ficam um pouco sentados na calçada, conversando à-toa; e o próprio carrinho feito de caixotes, e a própria garrafa de cerveja preta — tudo é matéria do poeta, tudo é interessante ao poeta, tudo é adequado ao poeta. o peixe não concerne, não diz respeito, ao motorista (a quem dirige um automóvel), nem a mangueira concerne, diz respeito, ao cirurgião (a quem trabalha com cirurgias em hospitais & clínicas). mas, ao poeta, tudo concerne, tudo diz respeito, tudo interessa, tudo se adéqua, e no pedaço de jornal velho que o vento arrasta pelo chão, o poeta se inspira tão bem quanto naquela moça que saiu às compras, na manhã fria do bairro, com calças compridas & um suéter vermelho.

tudo é matéria para o poema. tudo interessa & instiga o verso. qualquer assunto. qualquer acontecimento. qualquer pensamento. tudo serve de alimento ao poema. por isso a liberdade total dos versos: o poema não está preso a nada; e não estando preso a nada, pode absolutamente tudo.

o que pode acontecer é de determinado assunto, ou acontecimento, ou pensamento, ter de esperar muitos anos para entrar em um verso do poeta, como podem entrar de repente. pois em tudo o poeta enxerga a possibilidade dos versos & o encanto de deus (do sublime, do divino): na moça que passa perante seus olhos, no menino de sunga verde parado em frente à grandeza do mar, na queda de uma folha ou no salto de um gato.

quando o poeta fala de sapatos, de trânsito ou de futebol, não está disfarçando: o último jogo do flamengo, a corrida dos ônibus depois do túnel & a cor dos sapatos — tudo se filtra na alma do poeta. tudo.

(tudo é matéria para o poema. tudo interessa & instiga o verso. qualquer assunto. qualquer acontecimento. qualquer pensamento. tudo serve de alimento ao poema. por isso a liberdade total dos versos: o poema não está preso a nada; e não estando preso a nada, pode absolutamente tudo.)

tudo é matéria para o poema: inclusive você, que se decepcionou com o poeta & que ele pode ter incorporado, silenciosamente, no seu mundo. e quando amanhã o poeta escrever “uma tarde castanha”, ele se lembrará de seus cabelos & de sua voz serena.

não desame o poeta por ele não ser poético; isso não é seu ofício, ser “poético” não é a função do poeta: ser “poético”, ser “inspirador”, ser “iluminado”, é a função do poema.

beijo todos!
paulo sabino.
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(do site: Youtube. Paulo Sabino lê a carta-crônica “O mundo especial do poeta”, do cronista & jornalista capixaba Rubem Braga. Em 14/01/2016.)

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(do livro: A poesia é necessária. seleção de poemas: Rubem Braga. autor do texto: Rubem Braga. organização do livro: André Seffrin. editora: Global.)

 

 

O MUNDO ESPECIAL DO POETA

 

Carta a uma velha amiga que me disse ter conhecido um grande poeta, que é meu amigo; e ter sofrido uma decepção:

“Querida —

Não achou você poético o poeta; e até se queixa  de que, no tempo em que esteve em sua mesa, não lhe ouviu uma palavra sobre poesia, mas, unicamente, ao sabor da conversa, comentários sobre sapatos de homem e desastres de automóvel, quando você gostaria de conversar sobre William Shakespeare.

É, na verdade, um pouco mortificante. Nunca falam os poetas de poesia?, me pergunta você. Bem, eles falam. Cada homem tem costume de falar de seu ofício, e o poeta é um homem como os outros. Mas acontece que, além de ser um homem como os outros, e sem deixar de sê-lo, ele tem isso de grave e especial que é ser um homem a quem tudo concerne e de tudo tira seu mel e seu fel. Esse menino que passa com um barulhento carrinho feito de caixotes, a trazer verduras da feira; aqueles operários da construção, que, depois de almoçar no botequim da esquina com uma cerveja preta, ficam um pouco sentados na calçada, conversando à-toa, à espera do sinal para o trabalho; e o próprio carrinho de tábuas de caixote, e a própria garrafa de cerveja preta — tudo é matéria do poeta. Não concerne o peixe ao motorista nem a mangueira ao cirurgião; mas ao poeta tudo concerne, e nesse pedaço de jornal velho que o vento arrasta pelo chão ele se inspira tão bem quanto naquela moça que saiu às compras, na manhã fria do bairro, com calças compridas e um suéter vermelho. Apenas há isto: que a esse farrapo de jornal ou aos olhos verdes dessa moça, pode acontecer que tenham de esperar muitos anos para entrar em um verso do poeta, como podem entrar de repente, atravessando um braço de mar de 1938 ou a tarde de um agosto antigo. A moça tão linda julga ir onde quer, ao sabor de sua fantasia; na verdade ela é guiada por um controle remoto que a faz passar perante o poeta. Este pelo menos assim o crê: vê gestos de Deus na queda de uma folha ou no salto de um gato.

Quando o poeta fala de sapatos, de trânsito ou futebol, não está disfarçando: o último jogo do Flamengo, a corrida dos ônibus depois do túnel e a cor dos sapatos, tudo se filtra na alma do poeta. Tudo; e com certeza também você, que ele pode ter incorporado silenciosamente no seu mundo. E quando amanhã escrever “uma tarde castanha”, se lembrará de seus cabelos e de sua voz serena.

Não o desame pois, por não ser poético; isso não é seu ofício: ele é poeta. Adeus.”

 

RUBEM BRAGA
Rio, 1954/1983

AGRADECIMENTOS: 10ª EDIÇÃO DO SARAU DO LARGO DAS NEVES
24 de dezembro de 2015

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Largo das Neves_Igreja

Largo das Neves_Música Sarau Dez 2015
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“Parabéns pelo conjunto de incansáveis e qualificadas atividades em prol da poesia!”

(Antonio Carlos Secchin — poeta, tradutor, crítico literário & membro da Academia Brasileira de Letras — ABL)

 

 

 

Queridos,

Como descrever as minhas vivências, como definir o encerramento, neste 2015, do sarau do Largo das Neves, que coordeno & organizo com uma turma linda de amigos, no bairro de Santa Teresa (Rio de Janeiro), como agradecer devidamente toda a beleza da noite do evento, ocorrido em 22 de dezembro?…

Começo pela belíssima luz do fim do dia? ou pela dindinha lua, soberana no céu? ou pela quantidade de pessoas comemorando & celebrando a vida com poesia?

Eu realmente não sei… O que sei é que depois de ouvir tanta coisa linda sobre a importância do sarau na vida de algumas várias pessoas, a certeza de que devemos continuar aportou no meu coração, no meu sentimento, de maneira contundente.

Praça lotada, muita gente dizendo poesias lindas lindamente, a generosidade dos mestres do “tambor de crioula” (sim, também teve tambor de crioula!) que pediram a continuidade do sarau por mais tempo, a felicidade estampada nos sorrisos que recebi de cada participante da grande farra literária, o fechamento com o super grupo musical — formado por amigos — que tomou conta do largo fazendo da praça um grande salão de dança ao fim de tudo.

Eu, hoje, sou amor da cabeça aos pés.

Bem-vindos sempre, pessoas queridas, amigos pruma vida inteira, muitíssimo obrigado por fazerem da minha vida algo maior, por ter vocês & a poesia tão presentes.

Presente maior da vida!

Janeiro do ano que chega tem mais!

2015 contente para a poesia!

(Este ano, o “Prosa Em Poema” já alcançou a marca das mais de 103 mil — 103.000 — visualizações!)

O Sarau do Largo das Neves voltará em 2016 com a corda toda, é só aguardar!

No embalo desta alegria que me habita, aproveito para desejar, a todos que festejam, belas noites de festejos.

A minha mensagem aos senhores: mesmo o mundo sendo um grande bocejo, um grande tédio, de tanto que o homem já pesquisou & já apreendeu sobre as coisas mundanas, permitam chegar até vocês a impressentida essência do bem-estar & procurem uma alegria na flor do cotidiano, na beleza & no perfume do dia-a-dia: no vôo de um pássaro & de uma canção: Poesia!

Poesia: a arte, ao meu ver, mais capacitada a nos fazer voar, viajar!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Receita de Ano Novo. autor: Carlos Drummond de Andrade. editora: Record.)

 

 

MENSAGEM

 

Todas as coisas foram pesquisadas,
Conferidas, catalogadas em séries.
Não resta mais nenhum prodígio
No seio da Terra, no seio do ar.
O mundo é um bocejo.
Entretanto (como explicar?)
Chega de manso, infiltra-se em nossas paredes
De casa, de carne,
Impressentida essência
(Melodia, memória)
E nos subjuga: Natal.

 

 

PROCURO UMA ALEGRIA

 

Procuro uma alegria
na mala vazia
do fim do ano
e eis que tenho na mão
— flor do cotidiano —
o voo de um pássaro
e de uma canção.

ALL STAR: ESTRANHO SERIA SE EU NÃO ME APAIXONASSE POR VOCÊ
15 de dezembro de 2015

Cássia Eller

All Star Azul
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“Ô meu bem, obrigada. Me emocionei com sua homenagem à Cássia. Vou te mandar o que escrevi quando a perdemos. Beijos poéticos procê, Paulo!”

(Elisa Lucinda — poeta, atriz & dramaturga)


“Querido Paulo Sabino,

Elisa Lucinda merece amplo reconhecimento . Sua poesia arrebata, não trai . Sou sua leitora e já me pronunciei sobre ela em diversas ocasiões.

O abraço afetuoso da

Nélida Piñon”.

(Nélida Piñon — escritora & membro da Academia Brasileira de Letras — ABL)

 

Estou com ela muito presente na minha cabeça.

Se entre nós, ela teria aniversariado há pouco. O título do seu último álbum (eu possuo absolutamente todos, inclusive o de gravações avulsas), lançado depois da sua morte, é a data do seu aniversário — 10 de dezembro.

Quem me conhece, os amigos do peito, sabe que, depois de Maria Bethânia, a grande responsável por trazer poesia à minha vida, a intérprete/cantora que mais me emociona, mais me comove, por quem sou louco de paixão até hoje, é ela — Cássia Eller.

Cássia, até hoje, faz uma falta abissal na minha existência, como nenhuma cantora até então. Assim como Bethânia, tinha a capacidade de revelar belezas — antes ocultas — nas canções que escolhia para cantar, simplesmente pelo seu modo de mastigá-las & devolvê-las ao ouvinte/espectador.

Para mim, foi a maior que tivemos. Nunca fabricaremos algo tão potente quanto Bethânia & Cássia.

Por tanto, por tudo, em sua homenagem, esta canção, feita para ela por um amigo & parceiro de estrada. Uma canção que me emociona muitíssimo, porque eu realmente gostaria de tê-la conhecido, gostaria imensamente de ter tido a chance de uma conversa, um bate-papo.

A canção é uma declaração de amor à amizade que envolveu, muito rapidamente, o autor & a grande intérprete das suas canções.

Uma curiosidade: à época em que trabalhei num programa de tv exibido pela extinta TV Educativa (TVE – RJ), que é a mesmíssima época do lançamento desta canção, a chefe geral do meu setor, e também diretora do programa de cuja equipe fiz parte, era vizinha da Cássia. De fato, Cássia morava em Laranjeiras, no 12º andar (minha ex-chefe & a Cássia foram vizinhas de porta).

Essa “proximidade” da minha ex-chefe com a Cássia — vizinhas de porta — me trazia uma certa sensação de “intimidade” com a cantora, pelas “histórias de vizinhança” que me chegavam.

(Estranho, mas me sinto como um velho amigo da Cássia…)

Vivas a ela, vivas à sua voz, vivas à sua presença na minha vida!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do encarte do cd: Para quando o arco-íris encontrar o pote de ouro. artista: Nando Reis. autor dos versos: Nando Reis. gravadora: Warner Music.)

 

 

ALL STAR

 

Estranho seria se eu não
me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as Índias
mas a Terra avisto em você
O som que eu ouço são as gírias
do seu vocabulário

Estranho é gostar tanto
do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das
Laranjeiras
Satisfeito, sorri
Quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o doze que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
E ficou pra hoje

Estranho mas já me sinto
como um velho amigo seu
Seu All Star azul combina com o meu,
preto, de cano alto
Se o homem já pisou na Lua
como ainda não tenho o seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas
pra tua voz parece exato

Estranho é gostar tanto
do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das
Laranjeiras
Satisfeito, sorri
Quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o doze que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem

Laranjeiras
Satisfeito, sorri
Quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o doze que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
E ficou pra hoje
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(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: Para quando o arco-íris encontrar o pote de ouro. artista & intérprete:Nando Reis. canção: All Star. autor da canção: Nando Reis. gravadora: Warner Music.)


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(do site: Youtube. artista & intérprete:Cássia Eller. canção: All Star. autor da canção: Nando Reis.)

4ª EDIÇÃO SARAU DO LARGO DAS NEVES — AGRADECER PROFUNDAMENTE
29 de junho de 2015

Sarau Largo das Neves_Junho 4

Sarau Largo das Neves_Junho 1

Luis Turiba & Paulo Sabino

(Na foto, o poeta Luis Turiba.)

Sarau Largo das Neves_Junho 3
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Gente do meu coração,

É tanta coisa, tanta, que nem sei como começar este texto… Talvez dizendo que fiquei acordado até às 6h da manhã, sem conseguir desligar, depois da 4ª edição do Sarau do Largo das Neves, em Santa Teresa (Rio de Janeiro), revivendo um tanto do encontro onde comemorei os meus 39 anos, tamanha energia boa, alegre, festiva, que tomou conta de todos & contagiou a praça.

A noite foi linda! As escolhas poéticas, as melhores possíveis, e as leituras foram arrasadoras!

A minha mãe, a cabocla Jurema Armond, está numa alegria só! Quando voltávamos para casa, terminado o sarau, ela disparou: “meu filho, procure cultivar sempre o amor & o carinho dos seus amigos, porque essa turma é bonita demais, você não deve se afastar”. Ela realmente ficou impressionada com a vibração, com a energia, que os participantes conseguiram imprimir & deixar em Santa Teresa.

Estou aqui em puro estado de poesia, que é o estado de graça, que é o estado de felicidade plena, o êxtase decantado & tão-só. Amor da cabeça aos pés!

Eu só tenho a agradecer, profundamente!, a existência de cada um que tornou a noite do dia 25/06 das coisas mais emocionadas que eu já vivi.

Agradecer profundamente & especialmente ao grande & admirado poeta Luis Turiba (na foto), que me deu a honra das suas presença & leitura, recitando o seu lindíssimo poema “Língua à brasileira”.

Agradecer profundamente os livros & cadernos que ganhei, adorei todos!

Agradecer, também profundamente, a presença das pessoas que foram ao sarau & que eu não conhecia & que se emocionaram com tudo aquilo que vivenciamos. Obrigadíssimo, gente nova & querida! Espero que, a partir desta última edição, vocês ajudem a engrossar o caldo!

Viva são João!
Viva a poesia!
Viva vocês, meus amigos, irmãos de jornada!

Mês próximo tem mais!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Estrela da vida inteira. autor: Manuel Bandeira. editora: Nova Fronteira.)

 

 

PROFUNDAMENTE

 

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

*

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

WAVE
6 de maio de 2014

Barco a vela

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para Péricles Cavalcanti, pelo seu aniversário hoje

 

wave: palavra da língua inglesa que significa: onda: eis, aqui, a minha grande onda:

gasto muitos cardumes de versos compondo músicas para a vida: gasto gestos louvando a vida: gasto vida por ela (pela vida): e faz sentido o gasto, o pasto, o boi, o homem: plantios diversos: faz sentido uma série de gastos que promove o bem-estar existencial: plantios diversos: o aconchego da pessoa amada, a comida cheirosa posta à mesa, o encontro com o mar, a luz de um dia outonal, o sorriso dos amigos, a leitura de poemas.

temos vida em cada cova que nos cava a vida, ou que cavamos na vida, com o passar do tempo, pois, em cada cova, uma experiência que marca mas que passa, a fim de que uma outra chegue: em cada cova escavada, seja para o plantio da semente de algo que florescerá, seja para o sepultamento de algo que não nos serve mais, a renovação da vida que nos vê passar trilhafora.

gasto dias poemando a vida, homenageando-a, celebrando-a: punheta adolescente: prazer aprendiz, gozo gostoso, vontade alegre de permanecer dentro da vida, de pertencer a ela, apesar dos pesares.

em nome dela, da vida que se renova em cada cova, em cada fenda aberta (seja para o plantio da semente de algo que florescerá, seja para o sepultamento de algo que não nos serve mais), minha poesia de navio, de barco, minha poesia itinerante, errática, minha poesia destinada a navegar sempre; em nome dela, da vida que se renova em cada cova, em cada fenda aberta, minha poesia vela, cuida, zela.

em nome dela, da vida que se renova em cada cova, em cada fenda aberta (seja para o plantio da semente de algo que florescerá, seja para o sepultamento de algo que não nos serve mais), minha poesia de navio, de barco, minha poesia “vela”, minha poesia peça de tecido usada para a propulsão eólica da embarcação em que sigo singrando os mares da vida, eu, o antinavegador de moçambiques, goas, calecutes.

beijo todos!
paulo sabino.
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(do livro: Euteamo e suas estréias. autora: Elisa Lucinda. editora: Record.)

 

 

WAVE

 

Gasto muitos cardumes de versos
compondo músicas pra vida
Gasto gestos louvando a vida
Gasto vida por ela
e faz sentido o gasto
o pasto
os bois
o homem
plantios diversos.
Temos vida em cada cova
Cada uma
se renova
pra nos ver passar.

Gasto dias poemando a vida
homenageando-a
celebrando-a
punheta adolescente

Em nome dela
minha poesia
de navio
de barco
minha poesia vela.

MAIS
17 de outubro de 2013

Paulo Sabino_Tem muito azul em torno dele

 

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onda: do mar, meu bem maior. onda: de som, de luz, de magnetismo.

onda: do momento: a vontade, o desejo da hora: desejo de sol, de calor: e o calor é fome; de tudo, mor (maior) é o calor da hora.

sendo o desejo de calor o desejo mor, isto é, o maior desejo, o calor é fome e, sendo faminto, morde tudo, tudo quer, tudo clama.

o verso? bem, o verso quer ver só, o verso quer apenas olhar, entregue à vez (do instante), entregue à voz (do momento), entregue à vida deste mistério, deste singrante segundo, deste segundo navegante, segundo que chega & que passa & onde o desejo é entregar-se ao calor do instante.

entregando-se o poeta ao calor do instante, passa ao segundo passo: passa pra o plano “p” (“p” de ponderação, “p” de palavra, “p” de poesia, “p” de “prosa em poema”, “p” de presente, “p” de “paulo sabino”): sonda o ser do poeta, ronda a sua mente: o nome: paulo. o nome, que lhe é cosmo familiar, que lhe é universo conhecido (dadas a amizade & afinidades que unem o poeta & o nome que lhe sonda o ser, o meu, paulo), sonda o ser do poeta o nome, que lhe é uma espécie de ímã-irmão do signo aceso, ímã-irmão do símbolo luzente (pois o paulo poda palavras na prosa com poesia), sonda o ser do poeta o nome, brasa da alma do agora (o paulo pesa & pondera o presente como a parte primordial do seu papo), sonda o ser do poeta o nome, ponte (o paulo é ponte entre poesia & prosa, o paulo é ponte para palavras).

o poeta põe-se a ver & a ter todo instante, o poeta põe-se a ver & a ter todo presente que o cerca, e justamente por ver & ter todo presente, o poeta põe-se a verter todo instante que o cerca em versos que vai formulando no singrante segundo — segundo navegante, que chega & que passa — ao qual se entrega: na intenção de que seu canto, que diz ser quântico, mínimo, canto que é a sua (grande) poesia, alcance o nome que sonda o seu ser: o nome: o meu: paulo sabino.

adriano nunes, meu poeta das alagoas, ao receber estes seus versos eu só fiz chorar. de alegria. porque eles dizem muito respeito a nós: à nossa amizade, às nossas afinidades, à nossa admiração mútua.

para mim é um luxo sem fim contar com seu talento imenso & sua sensibilidade abissal.

(te amo.)

beijo todos!
paulo sabino.
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(autor: Adriano Nunes.)

 

 

MAIS  –  Para Paulo Sabino

 

Onda. O calor
É fome, mor-
De tudo, tudo
Quer, tudo clama.
O verso? O ver-

So entregue à vez,
À voz, à vida
Deste mistério,
Deste singrante
Segundo: passo

Pra o plano P:
Sonda-me o ser,
Teu nome, cosmo
Familiar,
Ímã-irmão

Do signo aceso,
Brasa da alma
Do agora, ponte.
E o sonho é mais
Adentro e além.

Ponho-me a ver-
Ter todo instante,
Pra que te alcance o
Meu canto quântico,
A poesia.