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(do site: Youtube. autor: Arnaldo Antunes.)
ISTO NÃO É UM POEMA
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(do site: Youtube. autor: Arnaldo Antunes.)
ISTO NÃO É UM POEMA
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toda & qualquer coisa é composta de outras tantas coisas.
não existe “coisa em si”.
toda & qualquer coisa forma uma identidade. identidade que se forme, que se molde, que se construa, sem que tenda para alguma coisa, sem que sofra a influência de alguma coisa, sem que penda para algum lado, sem que dependa de alguma outra coisa, não existe.
tudo tende, pende, depende.
tudo, até as palavras: não há nenhuma palavra que exista “em si”, que exista sem que haja, nela, algo que também forme, também molde, também construa, outras palavras: tende / pende / depende.
palavra puxa palavra.
o mar, que molha a ilha, molha o continente.
o ar que se respira traz o que recende, o que exala, o que se espalha. o ar que injetamos nos pulmões é o mesmo que, livre, toca o cheiro das coisas & o traz, de longe, até nós.
tudo é rente, é próximo, é contíguo. tudo é tangente, é tocável, é acessível. tudo é inerente, é dependente, é inseparável.
tudo é rente, tangente, inerente.
tudo, até as palavras: não há nenhuma palavra que exista “em si”, que exista sem que haja, nela, algo que também forme, também molde, também construa, outras palavras: rente / tangente / inerente.
palavra puxa palavra.
não existe coisa assim: isenta, sem ambiente, coisa partida do seu próprio pó, sem mistura, coisa sem sombra na parede, coisa sem margem ou afluente que a alcance, que a toque: as coisas existem & necessariamente, obrigatoriamente, estabelecem inter-relações: não há coração sem mente, não há paraíso sem serpente. não existiria som se não houvesse o silêncio. não haveria luz se não fosse a escuridão.
a vida é mesmo assim: dia & noite, não & sim.
“coisa em si” inexiste.
só existe o que se sente, só existe o que é percebido através dos sentidos. uma coisa, mesmo que exista, se não for sentida por nós, isto é, se não for percebida por nós, essa coisa não existe para nós. para que exista para nós, portanto, as coisas precisam, as coisas dependem, as coisas necessitam, as coisas carecem, existir, antes, para os nossos sentidos.
tudo tende, pende, depende. tudo é rente, tangente, inerente.
não existe “coisa em si”.
a miscigenação, a mistura, a mesclagem, a influência, a tendência, a confluência, sempre foi & sempre será o caminho de toda & qualquer coisa.
beijo todos!
paulo sabino.
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(do livro: ET Eu Tu. poemas: Arnaldo Antunes. fotos: Marcia Xavier. editora: Cosac & Naify.)
coisa em si
não existe
tudo tende
pende
depende
o mar que molha
a ilha molha
o continente
o ar que se
respira traz
o que recende
coisa em si
não existe
tudo é rente
tangente
inerente
pedra
assemelha
semente
sol nascente:
sol poente
coisa em si
não existe
mesmo que
aparente
coisa em si
coisa só
partida do seu
próprio pó
sem sombra
sobre
a parede
sem mar
gem
ou afluente
não existe
coisa assim
isenta
sem ambiente
não há coração
sem mente
paraíso
sem serpente
coisa em si
inexiste
só existe
o que se
sente
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prezados,
acima, o convite para o lançamento do mais novo rebento do poeta que, desde sempre, desde que conheci a sua poesia (e tornamo-nos amigos ao mesmo tempo), considero o mais importante da minha geração, da geração que começa a despontar na poesia: o meu queridíssimo & amado poeta das alagoas, adriano nunes!
no mês de aniversário do poeta, quem ganha o presente somos nós, leitores de poesia!
adriano nunes lança o seu mais novo livro, intitulado “antípodas tropicais“, pela editora vidráguas, comandada pela querida poeta & mestra carmen silvia presotto, no dia 28 de maio, às 11h, na editora & livraria Edufal, localizada no campus da universidade federal de alagoas, em maceió.
“antípodas tropicais” conta com capa do artista plástico gal oppido, prefácio do professor & poeta alberto lins caldas, orelhas do poeta gaúcho & integrante da banda “os poETs” ricardo silvestrin, e textos críticos do poeta, filósofo & letrista antonio cicero, do professor, crítico literário, poeta & membro da academia brasileira de letras (abl) antonio carlos secchin, e do poeta & compositor arnaldo antunes.
abaixo, trechos dos textos escritos pelos poetas acima citados & vídeo com o poeta & compositor arnaldo antunes recitando um poema do livro “antípodas tropicais“, de adriano nunes.
a poesia agradece a chegada de “antípodas tropicais” & eu saúdo a chegada de adriano nunes, o meu poeta das alagoas, na minha vida & na literatura brasileira!
aos interessados em comprar o livro “antípodas tropicais“, entrar em contato com a carmen silvia presotto pelo site vidráguas (http://vidraguas.com.br/wordpress/).
beijo todos!
paulo sabino.
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“Ao ler, em Antípodas tropicais, poemas em que admiravelmente convivem espontaneidade e virtuosismo, invenção e técnica, ousadia e erudição, inteligência e sensibilidade, fiquei feliz de poder não apenas confirmar, mas reforçar, minha convicção de que se encontra, em Adriano Nunes, um poeta contemporâneo que faz juz à melhor tradição da poesia brasileira.”
(Antonio Cicero – poeta, filósofo & letrista)
“Se fosse um verso, Antípodas tropicais teria sete sílabas. E é no andamento do verso curto que Adriano Nunes, neste novo livro, alcança excelentes resultados. Nele avulta a rigorosa consciência da forma não apenas em seus sinais externos – a consistente prática do soneto, por exemplo – mas no domínio rítmico, na amplitude vocabular. Tudo isso, porém, ao largo do mero virtuosismo, pois Adriano conjuga a técnica a um efetivo e intenso temperamento lírico-meditativo, na insaciada e inestancável busca do outro, ainda que esse outro resida no próprio eu. A metalinguagem, que em muitos poetas se restringe a receitas domesticadas, em Antípodas tropicais comparece viva e vigorosa, lançando-se sem cessar ao ‘precipício de sentidos’, destinação derradeira de todo poema.”
(Antonio Carlos Secchin – professor, poeta, crítico literário & membro da ABL)
“É impressionante a desenvoltura com que Adriano Nunes passeia pelo amplo repertório de formas, sempre com competência e intimidade no trato com a linguagem, mantendo ao mesmo tempo uma voz própria, original, cheia de belos achados.”
“Passeando com intimidade e destreza por diferentes ritmos e tons de discurso – da austeridade clássica à coloquialidade modernista, do metro preciso ao verso livre e deste às experiências mais construtivistas – , Adriano Nunes parece uma síntese impossível entre o poeta lírico e o formalista. De suas rimas raras, aliterações e inversões sintáticas, salta sempre uma surpresa, uma solução imprevista, um deslumbre sonoro-semântico que potencializa a linguagem.”
(Arnaldo Antunes – poeta & compositor)
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(vídeo do site: Youtube. Arnaldo Antunes recita “Noite avulsa“, poema de autoria de Adriano Nunes, integrante do livro “Antípodas Tropicais“, editora Vidráguas.)
(Na primeira foto: a minha casa. Na segunda foto: um mato que floresce, conhecido por “amor-perfeito”.)
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a nossa casa é de carne & osso: porque o que, de fato, nos abriga, o que, de fato, nos dá guarida, é o corpo.
a nossa casa é de carne & osso porque a nossa casa é o nosso corpo, este, de onde se pronuncia o paulo sabino.
sem o abrigo do corpo, nada feito.
a nossa casa não é sua nem minha (não dispomos desta morada a que chamamos corpo: não compramos, não vendemos, não alugamos, não hipotecamos — simplesmente: habitamos) & também não tem campainha para quem nos chegue de visita, ou para quem venha conosco morar.
a nossa casa, diferentemente das demais (as de tijolo & concreto), tem varanda dentro (e não fora), pois o lugar onde, na nossa casa, passa o vento para ventilar — a fim de trazer vida à residência — é dentro do corpo. o ar passa numa varanda que vem dentro, e não fora, da casa.
a nossa casa tem varanda dentro & tem um “pé de vento” para respirar (assim como em quintais com um pé de manga, ou de goiaba, ou de abacate, para comer): um pé-de-vento para respirar: ventania forte, boca & narinas adentro, que traz, com seu ar, vida à residência.
por essa razão (por ser o corpo a nossa mais legítima morada):
a nossa casa é onde a gente está, a nossa casa é em todo lugar.
basta cuidar dessa casa, da sua arquitetura, deixar que nela more um pé de vento, deixar que nela entre a luz, para que ela possa estabelecer-se segura em qualquer localidade: aqui, no rio; ali, em sampa; lá, no pará; acolá, no japão:
a nossa casa é onde a gente está, a nossa casa é em todo lugar.
basta atentar à casa, à sua arquitetura, deixar que nela entre um pé-de-vento, deixar que nela more a luz, para que ela possa estabelecer-se segura em qualquer localidade: em local onde “amor-perfeito” é mato (até porque “amor perfeito”, se não for mato, inexiste) & o teto estrelado (teto com constelações que brilham no escuro de um cômodo) também tem luar; em local que pareça um ninho, onde surja um passarinho para acordar a casa; em local onde passe um rio no meio & onde o leito (a cama, o lugar de repouso) possa ser o mar:
a nossa casa é onde a gente está, a nossa casa é em todo lugar.
beijo todos!
paulo sabino.
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(do encarte do cd: Saiba. artista: Arnaldo Antunes. gravadoras: Rosa Celeste / BMG.)
A NOSSA CASA
na nossa casa amor-perfeito é mato
e o teto estrelado também tem luar
a nossa casa até parece um ninho
vem um passarinho pra nos acordar
na nossa casa passa um rio no meio
e o nosso leito pode ser o mar
a nossa casa é onde a gente está
a nossa casa é em todo lugar
a nossa casa é de carne e osso
não precisa esforço para namorar
a nossa casa não é sua nem minha
não tem campainha pra nos visitar
a nossa casa tem varanda dentro
tem um pé de vento para respirar
a nossa casa é onde a gente está
a nossa casa é em todo lugar
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(do site: Youtube. videoclipe da canção: A nossa casa. Artista: Arnaldo Antunes. gravadoras: Rosa Celeste / BMG.)
estrelas, eu as quero, eu as desejo, para mim!
estrelas para mim!
para mim: estrelas!
para mim,
para o meu pensamento,
na minha opinião,
estrelas são para mim.
estrelas para mim: estrelas estrelas!
estrelas para mim: “para quê?”
“para quê?”
“para quê?”
oras, “para quê?” para mim!
estrelas para mim, só para mim!
para mim!
para mim!
para mim!
estrelas para mim & a treva entre as estrelas — só para mim!
para mim eu quero, eu desejo: as cintilações & a escuridão entre as cintilações durante o trajeto. assim como na esfera celeste.
beijo todos!
paulo sabino.
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(autores: Arnaldo Antunes / Sérgio Britto.)
ESTRELAS
Estrelas
Para mim
Para mim
Estrelas
São para mim
Estrelas para mim
Estrelas
Estrelas
Para quê?
Para quê?
Para quê?
Estrelas para mim
Só para mim
Para mim
Para mim
Para mim
E a treva entre as estrelas
Só para mim
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(áudio extraído do cd: A fábrica do poema. artista e intérprete:Adriana Calcanhotto. canção: Estrelas. autores da canção: Arnaldo Antunes e Sérgio Britto. gravadora: Epic Records.)
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se ela,
se a pessoa amada,
pessoa a quem dediquei o meu amor,
me deixou, me largou, foi-se, deu no pé,
a dor (da perda) é minha, não é de mais ninguém.
aos que possuem piedade de mim, porque carrego a dor de amar, a esses eu devolvo a piedade, a esses eu devolvo a dó.
não preciso da piedade de ninguém.
eu tenho a minha dor que, mesmo difícil, mesmo pesada, é minha só, não é de mais ninguém.
se ela,
se a pessoa amada,
pessoa a quem dediquei o meu amor,
preferiu ficar sozinha, ou já tem um outro bem, se ela, a pessoa amada, me deixou, seja pelo motivo que for, a dor é minha, a dor é de quem tem.
e só a tem, a dor de amar, quem ama.
eu sou um que amo.
se nos meus braços, ela, a pessoa amada, não se aninha, a dor é “minha dor”.
de mais ninguém.
se meu mundo caiu, eu que aprenda a levantar:
aprenda a reagir & a ouvir o coração responder:
eu preciso aprender a só ser.
beijo todos!
paulo sabino.
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(autores: Arnaldo Antunes / Marisa Monte.)
DE MAIS NINGUÉM
Se ela me deixou, a dor
É minha só
Não é de mais ninguém
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor
Se ela preferiu ficar sozinha
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou
A dor é minha
A dor é de quem tem
É o meu troféu
É o que restou
É o que me aquece
Sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor
Eu tenho a minha dor
A sala, o quarto
A casa está vazia
A cozinha, o corredor
Se nos meus braços
Ela não se aninha
A dor é minha dor
Se ela me deixou, a dor
É minha só
Não é de mais ninguém
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor
Se ela preferiu ficar sozinha
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou
A dor é minha
A dor é de quem tem
É o meu lençol
É o cobertor
É o que me aquece
Sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor
Eu tenho a minha dor
A sala, o quarto
A casa está vazia
A cozinha, o corredor
Se nos meus braços
Ela não se aninha
A dor é minha dor
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(do site: Youtube. áudio extraído do cd: Verde, anil, amarelo, cor de rosa e carvão. artista: Marisa Monte. autores da canção: Arnaldo Antunes / Marisa Monte. participação especial: Conjunto Época de Ouro. gravadora: EMI.)
eu moro no rio de janeiro.
ele mora em são paulo.
eu estava num bairro-reduto meu, num bar por mim bastante freqüentado.
resolvi comprar um sorvete (era noite de calor) na mercearia em frente ao bar. na fila para pagar, avisto uma figura conhecida. fiquei por uns instantes a observar aquele rosto, a fim de decodificá-lo, até que uma baita surpresa me assaltou:
“leo!…”
ele me olhou por alguns instantes, curioso, os olhos procuravam decifrar a minha figura, até que uma surpresa o assaltou:
“paulo sabino!”
(a coincidência era quase inacreditável – rs!)
abraçamo-nos e um papo descontraído, irreverente, divertido, logo teve o seu lugar.
a figura bonita, simpática & boa do talentoso cantor & compositor leo cavalcanti me encantou de cara.
de quebra, ainda faturei o ótimo & inspirado álbum de estréia do leo, “religar”, considerado, por uma revista especializada em música, um dos 100 melhores lançamentos de 2010.
a espinha dorsal do disco, se me compete falar, é existencialista.
acho muito bonito ver um rapaz, como o leo, contemporâneo de uma geração próxima à minha, tratando de assuntos que dizem fundo ao ser & estar no mundo, que falam alto às experiências mundanas.
pois que nesta quarta-feira, dia 02 de março, leo cavalcanti trará o show de lançamento do seu cd “religar” ao rio de janeiro.
a apresentação será no solar de botafogo (rua general polidoro, 180, botafogo – tel.: 2543 5411), às 22h.
uma belíssima oportunidade para conhecer, quem não conhece, o trabalho do leo, que é encantador. tenho certeza de que os senhores não se arrependerão.
arnaldo antunes declarou, numa matéria a um jornal, que nunca vira, na mpb, alguém que tratasse dos assuntos tratados nos versos de leo cavalcanti. e eu concordo com o poeta. há um ineditismo nas linhas que tornam o trabalho bem peculiar.
aproveito para deixá-los com duas de suas letras-poemas.
letras-poemas que falam da importância de amar-se, para que se possa, para que se consiga, amar uma outra pessoa. este é o princípio básico de todo qualquer bom amor.
a criação de alguém inalcançável parte da insegurança de si, parte de uma insegurança do ser, parte da insegurança de ser, e tal insegurança projeta o “outro”, projeta “aquilo que se quer”, como algo inalcançável, como coisa inatingível, travando a naturalidade do agir (na presença do outro) e abrindo espaço para o desconforto comportamental.
na presença do outro, a espontaneidade perde espaço para o desejo (premeditado) de acertar, e quanto mais cresce o desejo de acertar, mais inalcançável se torna aquilo que se deseja, aquilo que se estima.
é preciso amar-se & tranqüilizar-se consigo, para que o ser realce o ser e possa, enfim, aparecer inteiriço em quaisquer situações, para quaisquer pessoas.
para amar-se, é preciso estancar o medo de ir fundo em si. o medo de olhar para si permite a autopiedade, permite a vitimização de si, enquanto o tesouro maior fica preso lá no fundo.
(o tesouro maior: o reconhecimento & a valorização do que realmente se quer, do que realmente se deseja, do que realmente se é.)
a seguir, informações mais detalhadas sobre a apresentação do cantor & compositor leo cavalcanti na cidade do rio de janeiro.
beijo todos!
paulo sabino.
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Data: 02 de março (quarta-feira)
Local: Solar de Botafogo (Rua General Polidoro, 180 – Botafogo – tel: 2543 5411)
Horário: 22h
Ingressos: R$ 40,00, R$ 30,00 (100 primeiros pagantes) e R$ 20,00 (meia entrada)
Formas de pagamento: Dinheiro e cartão Visa Eletron (bilheteria aberta a partir das 16h)
Capacidade: 160 lugares
Censura: 14 anos
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(do site: Leo Cavalcanti – leocavalcanti.com.br / autor dos versos: Leo Cavalcanti.)
INALCANÇÁVEL VOCÊ
E se eu te disser que eu quero aprender a me
amar e te amar também ao mesmo tempo?
Você teria tempo?
Os seus lugares são belos
Os seus gestos são tão naturais
Boquiaberto me travo
Por me ver a te admirar demais
Eis que fico fraco
Eu inventei o inalcançável você
Tudo se faz tão perverso
Qualquer impulso meu dilui-se no ar
O igual-pra-igual espontâneo
Perde espaço pro desejo de acertar
E quanto mais espero, mais me nego e mais
me faço afastar
Eu inventei o inalcançável você
Me fiz escravo do meu medo de ser
E agora preciso me permitir
Pra parar de sofrer
E viver o que é belo em mim
Deixar o medo morrer
E ser o que eu posso ser, enfim
Mas se eu te disser que eu quero aprender a
me amar e te amar também ao mesmo tempo?
Você teria tempo?
MEDO DE OLHAR PRA SI
Pare de sofrer de antemão
— não se julgue um cão —
Saiba que é difícil, sempre no início
Dá muito medo de olhar pra si mesmo
Saiba que o ego é ilusão
— é um falso chão —
O verdadeiro ofício é se livrar do vício
de se pôr um título, e viver a esmo
Pra que se machucar com tão inútil contradição
Esse jogo insaciável de apego e aversão
Se desvalorizar, é o mesmo que se “superamar”
Ambos querem excluir o resto do mundo
Enquanto seu tesouro fica preso lá no fundo
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