OS NÚMEROS DE 2014
6 de janeiro de 2015

Os responsáveis pelas estatísticas do “WordPress.com” prepararam um relatório para o ano de 2014 deste blog.

Aqui está um trecho do resumo:

“O Museu do Louvre, em Paris, é visitado todos os anos por 8.5 milhões de pessoas. Este blog foi visitado cerca de 88.000 vezes em 2014. Se fosse o Louvre, eram precisos 4 dias para todas essas pessoas o visitarem.”

(Clique aqui para ver o relatório completo.)

Que maravilha! Que alegria!

Que a poesia mais cresça & apareça!

Beijo todos!
Paulo Sabino.

INTIMAÇÃO/INSPIRAÇÃO: LANÇAMENTO PARA 2014, PROJETOS & ADRIANO NUNES
29 de maio de 2013

Adriano Nunes e Lêdo Ivo

(Na foto, os poetas Adriano Nunes & Lêdo Ivo, grande entusiasta, quando vivo, da obra do jovem & talentoso poeta.)
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INTIMAÇÃO!

Fui notificado há pouco: em janeiro ou fevereiro do ano que vem, no máximo (ordens expressas do editor – rs!), Paulo Sabino lançará o seu livro de poesia.

A partir de junho (próximo mês), começo a enviar os poemas ao meu editor.

O grande barato de pensar em lançar o meu livro de poesia no início do ano que vem é que o grande responsável pela edição & lançamento será o meu querido & amado & idolatrado amigo, o talentosíssimo poeta Adriano Nunes(!), poeta que, segundo Antonio Cicero (poeta filósofo ensaísta & tradutor de apuro refinadíssimo), “é um dos mais expressivos de sua geração ou de que, livre de amarras, dogmas, ideologias e escolas, Laringes de grafite é um dos mais belos livros de poemas dos últimos tempos”, poeta que, segundo Antonio Carlos Secchin (poeta sofisticadíssimo, responsável, por exemplo, pela organização das obras completas de Cecília Meireles, professor & tradutor de primeiríssima linha, além de membro da Academia Brasileira de Letras), lhe foi “uma bela surpresa, já antecipada no fino estudo introdutório de Antonio Cicero”. E arremata: “Adriano Nunes consegue ser polígrafo num único gênero, desenvolvendo múltiplas vozes e inflexões. Seus textos são réplicas, não pastiches, aos poetas homenageados.”

(Sem contar o que dizem Arnaldo Antunes, Péricles Cavalcanti, Augusto de Campos, e o que disse o poeta Lêdo Ivo, que, quando vivo, foi um grande entusiasta da obra deste jovem poeta.)

O meu livro sairá pelo selo Vidráguas, que opera sob comando & supervisão da grande & querida (salve salve!) poeta, professora & editora Carmen Silvia Presotto.

Eu só tenho a concordar com o que dizem a respeito do Adriano. Sem sombra de dúvidas, se, hoje, me perguntam quem acho ser o maior poeta desta geração que começa a despontar, respondo certeiro: Adriano Nunes.

Adriano Nunes é o poeta com o maior número de recursos lingüísticos que conheço. Ele possui a capacidade ímpar, singular, de transitar por todas as narrativas poéticas brilhantemente: escreve soneto (forma fixa, clássica) com a mesma genialidade que escreve poema concreto (forma livre, moderna) ou os seus poemas de verso livre. Conhece como ninguém os recursos de que dispõe a poesia. Eu fico sempre assombrado com as suas capacidades & muito feliz de sermos contemporâneos.

Por essas razões, me sinto extremamente satisfeito por pensar que o meu livro de poesia terá, como responsáveis, Adriano Nunes & Carmen Silvia Presotto. Um luxo!

E há projetos que desejo tocar & sobre os quais ainda não tratei formalmente com os editores (rs): o lançamento, em livro, de uma edição especial do blog Prosa em poema. Escolherei 5 ou 6 poetas-compositores que integram o PEmP & os seus respectivos poemas-canções analisados. Conseguindo a autorização dos poetas-compositores, lançar, junto ao livro, um CD com as canções, para que os leitores possam ler os meus textos de apresentação & os poemas-canções tendo, junto à leitura, a experiência da música.

E ainda alguns projetos lindos, sobre os quais não posso falar (ordens expressas – rs), todos ligados à poesia, que me deixaram uma ansiedade & vontade danadas de realizá-los.

2013 & 2014 prometem, que bom!

De mimo aos senhores, deixo-os na companhia de 2 poemas que amo (aliás, como não amar todos?), do poeta aqui homenageado, Adriano Nunes, poemas belíssimos, que me traduzem.

Sem mais.

Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Laringes de grafite. autor: Adriano Nunes. editora: Vidráguas.)

 

 

MERCANTILISMO

 

eu me consumo

sonho
sangro
sinto
surto

um dia
devolvo-me ao mundo

corpo
alma
sombra
sumo

 

 

DO QUE QUER SER CONCEBIDO

 

palavras são para isso,
sim, para inventar
o paraíso.
aprendi
assim
comigo.

prometi tudo
mesmo a mim,
mas menti.
palavras são para isso,
digo, para desafiar
o íntimo.

pronto.
admito:
palavras são para isso,
repito, para cantar
o infinito
do que quer ser concebido.

ESTATÍSTICAS DO “PEmP”: AGRADECIMENTOS
17 de maio de 2013

Estatística do PEmP

(Na foto, o número de visualizações do blog “Prosa em poema” em 1 mês. Para melhor visão da foto, clicar em cima dela.)
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Coisa boa!

A foto acima mostra o número de visualizações do blog “Prosa em poema” em 1 mês.

A barra vertical aponta o número de visualizações & a barra horizontal, os dias correspondentes às visitas.

Notem que, em 1 mês de análise do desempenho da página, apenas 2 dias o “PEmP” não registrou a marca das mais de 100 visualizações diárias (no dia 4 de maio, com 85 visualizações, e no dia 11 de maio, com 95 visualizações).

Em todos os outros dias, nesse 1 mês, o site obteve mais de 100 visualizações, chegando, em alguns dias, a quase 200 visitas!

Delícia! Orgulho!

Fico muito feliz vendo o “PEmP” decolando, ganhando asas mais possantes…

Sabe, senhores, por mais doido que possa soar, poesia, para mim, também é qualidade de vida.

O verso é o que pode lançar mundos no mundo, já disse o Caetano. A poesia melhora tudo: o pensamento torna-se mais aguçado, mais afiado, mais antenado. Acho que consigo fazer melhor todo o resto por causa da poesia, por causa dos mundos que ela lança em mim.

E como não vejo a menor graça estar sozinho nessa viagem poética (gosto de muita gente viajando comigo!), desejo que isso aconteça com o maior número possível de pessoas.

Por essas razões batalho tanto para que as pessoas COMAM poesia, para que a poesia sirva inúmeras mesas, para que a poesia seja o prato principal de muitas bocas.

Disseminar a boa poesia, nessa escala, é um presente que a vida me dá. Sinto-me fazendo um trabalho em prol da língua portuguesa, em prol do Brasil, em prol de uma melhor educação.

Agradeço imensamente a existência de todos os poetas, poetas-compositores, e o fato de muitos poetas, poetas-compositores, permitirem que o “PEmP” divulgue suas obras juntamente aos meus textos de apresentação. Satisfação enorme.

Vamo comê, vamo comê — POESIA!

Beijo todos!
Paulo Sabino.

CANÇÃO
10 de dezembro de 2012

Décio Pignatari

(O poeta Décio Pignatari.)
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Em homenagem ao poeta Décio Pignatari, falecido no último dia 02 do corrente mês, sem o devido reconhecimento da sua sofisticada obra poética por parte dos seus pares (jornalistas, críticos literários & poetas), sem, ao menos, quando vivo, 1 prêmio de literatura, poeta à parte de todas as loas & de todos os salves por conta das suas audácia, capacidade & perspicácia criativas, poeta à parte de todas as loas & de todos os salves por conta da inveja & do medo de parte da classe literária (alguns poetas, críticos literários, jornalistas, são tão inseguros que temem a perda dos seus espaços com a chegada de alguém com excesso de talento), em homenagem, portanto, a um poeta rechaçado, quando vivo, por sua pletora de talento (acorda, Brasil!), este poema que, neste momento, chega oportuno, vestindo o “Prosa em poema” tão bem como se uma luva fosse.
 
Décio, com todos os seus feitos poéticos, não deve nada a ninguém.
 
Somos nós quem devemos a ele por tudo & tanto. Uma, apenas uma das provas está aqui, no livro de onde saiu o poema que lhes segue, livro onde Décio Piganatari traduz 214 poemas de 31 poetas diferentes, passando pelos hinos do Rig-Veda, pelos poetas-santos de Xiva, por Safo, por Íbico, por Catulo, pelos poetas da dinastia Tang, até chegar em George Byron, Robert Browning, Arthur Rimbaud & Guillaume Apollinaire, entre outros.
 
Décio Pignatari: uma usina de luz, de sabedoria, de conhecimento. 
 
Com sua espada, que foi sua caneta a disparar versos (arma com a qual lutou), foi um bravo — mas sem ofensa a ninguém.
 
Em mim, ninguém pô-lo-á chinfrim, e deixo este poema como uma espécie de epitáfio à sua vida de braços dados à poesia, coisa que realmente deve importar, coisa com a qual Décio Pignatari se importou durante toda a sua existência.  
 
A ele, os meus agradecimentos por suas imensidão & generosidade.    
 
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: 31 poetas 214 poemas — Do Rig-Veda e Safo a Apollinaire. autor do poema: Robert Burns. tradução, notas e comentários: Décio Pignatari. editora: Companhia das Letras.)
 
 
 
CANÇÃO
 
 
Tenho mulher só pra mim
Não divido com ninguém
Ninguém vai me pôr chinfrim
Não ponho chifre em ninguém 
 
Tenho um real pra gastar
Graças a quem? A ninguém
Não tenho nada a emprestar
Não empresto de ninguém
 
Eu não sou senhor de escravo
Nem escravo de ninguém
Com minha espada sou bravo
Mas sem ofensa a ninguém
 
Quero ser o alegre amigo
Sem tristeza por ninguém
Ninguém se importa comigo
Não me importo com ninguém

LANÇAMENTO DO LIVRO “LARINGES DE GRAFITE”, DE ADRIANO NUNES
27 de novembro de 2012

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Dia 29 de novembro (nesta quinta-feira), na Academia Alagoana de Letras (Maceió – Alagoas), o poeta que tanto amo & admiro, o talentosíssimo Adriano Nunes, lança o seu livro de estréia, “Laringes de grafite”, a partir das 19h.
 
“Laringes de grafite” conta com capa do artista plástico Gal Oppido, orelhas do poeta-membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Lêdo Ivo & prefácio do querido amigo, e filósofo poeta letrista ensaísta, Antonio Cicero.
 
Luxo puro!
 
E uma das coisas que me fazem muitíssimo feliz é que, no livro, há um poema dedicado a mim! Achei chique (rs)!
 
Abaixo, palavras de outro poeta-membro da Academia Brasileira de Letras, Antonio Carlos Secchin, sobre o “Laringes de grafite”:
 
 
“Uma bela surpresa, já antecipada no fino estudo introdutório de Antonio Cicero. Adriano Nunes consegue ser polígrafo num único gênero, desenvolvendo múltiplas vozes e inflexões. Seus textos são réplicas, não pastiches, aos poetas homenageados.
 
 
Adriano Nunes vai muito bem em formas e ritmos variadíssimos, o que é raro. Gostei muito, igualmente, dos poemas que Adriano ‘dedica’ a… Adriano, isto é, aqueles em que algum diálogo poético, se existe, é apenas implícito; caso de ‘Engasgo’, ‘Fuga’, e tantos outros textos de qualidade.”
 
 
Agora fica a expectativa do lançamento do livro no Rio de Janeiro, onde aguardo, de braços abertos, este precioso poeta & amado amigo.
 
Aos senhores, uma pérola-poema: aqui, uma atividade ligada à poesia, desempenhada com muito afinco, respeito, destreza & prazer pelo poeta: a tradução de poemas.
 
No seu belo blog “Quefaçocomoquenãofaço” (http://astripasdoverso.blogspot.com.br/) há uma diversa & bela mostra do seu trabalho como tradutor.
 
Salve Adriano Nunes!
Salve a chegada do “Laringes de grafite”!
 
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do blog: QUEFAÇOCOMOQUENÃOFAÇO, de: Adriano Nunes. autor dos versos: Rubén Vela. tradução: Adriano Nunes.)
 
 
 
ARTE POÉTICA
 
 
Pedra sobre pedra
palavra sobre palavra
o edifício cresce.
 
Pedras como palavras
palavras como pedras
o edifício cresce.
 
Pedra ou palavra
todo um edifício.
O poema cresce.

PEmP AGRADECE À POESIA: MAIS DE 100 MIL VISUALIZAÇÕES!
12 de novembro de 2012

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Um brinde, tim-tim!

Coisa bonita, bacana!
 
Eis que o WordPress, site que gerencia o PEmP (Prosa Em Poema), me enviou um relatório no dia 08/11 (quinta-feira), informando que a página, em 3 anos 3 meses & 2 dias de existência, atingiu a marca das mais de 100 mil visualizações!
 
O último relatório, que é o de hoje (12/11), informa que, 4 dias depois das 100 mil visitas, o Prosa Em Poema já alcançou as 101.148 visitações!
 
E o impressionante é que o número de visualizações por dia não pára de crescer! Isso é o máximo! Sinal de que a poesia preenche tempo & espaço, e assim o faz de forma fascinante, encantada!
 
Bom poder compartilhar, com tanta gente, algo de tão alto valor à minha existência! Bom contar com uma turma de pessoas que comparte o mesmo pão! Maravilha!
 
Aos senhores, em comemoração, estes dois regalos: aforismos do sofisticadíssimo poeta Antonio Carlos Secchin sobre: 
 
a poesia:
 
a poesia representa a fulguração da desordem, a poesia representa o clarão, representa o brilho intenso, da desordem (a desordem: a ausência de organização, o desvario, a incoerência: a existência: aquilo que não podemos explicar ou entender). 
 
A poesia representa o mau caminho do bom senso, a poesia representa o pedaço de mau caminho do bom senso (pois a poesia descarrilha, descaminha, embaralha, a  poesia nos tira os eixos), quando nos propõe seus jogos lingüísticos, aguçando percepções, afiando os sentidos.
 
A poesia representa o sangramento inestancável da linguagem, sangramento que não se pode deter, sangramento inesgotável, da linguagem. Na poesia, a linguagem sangra sem parar, tantos os achados & sentidos & verificações sugados das veias & artérias dos versos, linhas pulsantes, linhas cheias de vida, cheias de significações.
 
A poesia nada promete além de rituais para deus nenhum, pois o deus da poesia é a liberdade. Nada mais. Os rituais a serem cumpridos estão todos relacionados a esse deus da poesia, o deus “Liberdade”, liberdade que lhe garante ser o que bem entender.
 
A poesia é igualmente um espaço de sombras, pois o espaço da poesia, sobretudo, é um espaço de dúvidas, de incertezas, de verificação das nossas ignorâncias, de constatação da nossa pequenez nas malfadadas tentativas de apreensão do que nos cerca.
 
A poesia é a tentativa de perceber o escuro — isto é: a tentativa de perceber o que não é claro, o que não se dá nítido: o que nos cerca — no escuro, isto é, na imensa ignorância em que estamos mergulhados. 
 
Se a poesia é noturna (afinal, a poesia é igualmente um espaço de sombras, pois o espaço da poesia, sobretudo, é um espaço de dúvidas, de incertezas, de verificação das nossas ignorâncias), o poeta não deixa de ser um iluminado. Mesmo que, no caso do poeta, se possa dizer: um iluminado de sombras.
 
Continuemos juntos nesta esplêndida estrada que nos constrói a arte poética!      
 
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Todos os ventos. autor: Antonio Carlos Secchin. editora: Nova Fronteira.)
 
 
 
A poesia representa a fulguração da desordem, o mau caminho do bom senso, o sangramento inestancável da linguagem, não prometendo nada além de rituais para deus nenhum.
 
***
 
 
A poesia é igualmente um espaço de sombras, tentativa de perceber o escuro no escuro. Se a poesia é noturna, o poeta, para Emílio Moura, não deixa de ser um iluminado. Mesmo que, no seu caso, se possa dizer: um iluminado de sombras.

AVISO AOS NAVEGANTES — VIAGEM
17 de junho de 2012

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prezados,

18 de junho (segunda-feira), pela manhã, embarco para uma viagem de duas semanas com grandes & queridos amigos, onde comemorarei as minhas 36 primaveras a serem vencidas no dia 24 de junho, domingo próximo.

para a viagem não levarei computador, de modo que o meu acesso à máquina, durante esse período, será restrito. pode ser que não consiga publicar coisa alguma nestas duas semanas de viagem. levarei pelo menos 2 livros & penso em aproveitar parte do tempo para preparar, ao menos, uma publicação para o “prosa em poema”.

retorno ao rio de janeiro no dia 2 de julho, e, com o retorno, à regularidade de, no mínimo, uma publicação semanal.

aproveito o aviso para deixar-lhes uma bela prosa poética, prosa que realça o encanto de estâncias onde se avistam todos os movimentos dos que partem & dos que voltam, dos que ainda têm a  força de querer, dos que ainda têm o desejo de viagens ou de riquezas.

as minhas riquezas: sempre ligadas ao bem-estar do ser.

e comigo sempre esta certeza: as viagens são os viajantes.

beijo todos!

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(do livro: Poesia e Prosa – Volume único. autor: Charles Baudelaire. organização: Ivo Barroso. tradução: Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. editora: Nova Aguilar.)

XLI

O PORTO

 

 

O PORTO é uma estância encantadora para a alma fatigada pelas lutas da vida. A amplitude do céu, a movediça arquitetura das nuvens, as colorações cambiantes do mar, a cintilação dos faróis, constituem um prisma singularmente adequado a recrear os olhos sem nunca os entediar. As formas esbeltas dos navios, de complicadas enxárcias, aos quais o marulho imprime oscilações harmoniosas, servem para entreter na alma o gosto do ritmo e da beleza. E, sobretudo, há uma espécie de prazer misterioso e aristocrático, para aquele a quem já não resta curiosidade nem ambição, em contemplar, esquecidamente, deitado no miradouro ou debruçado no quebra-mar, todos os movimentos dos que partem e dos que voltam, dos que ainda têm a força de querer, o desejo de viagens ou de riquezas.

PALAVRAS DE ALÉM-MAR & OUTRAS INUTILIDADES
28 de outubro de 2011

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benvindos,
 
a seguir, palavras que me chegaram de além-mar, provindas de terra lusitana, das terras do poeta fernando pessoa.
 
palavras que muito me alegram & muito me estimulam a continuar o trabalho que desenvolvo com a poesia neste espaço, no “prosa em poema”. palavras que me contentam, palavras que gostaria de dividir com os senhores freqüentadores do local, pelo gosto de coisa boa que elas possuem. 
 
palavras do professor português joão manuel brito sousa:
 
 
PAULO, você me encanta pela desordem que utiliza na ordem da sua forma de escrever poesia. Você é Vinicius de Moraes no seu melhor, é Paul Éluard, diria mesmo que a sua poesia ensina-me a viver, coisa que ainda não aprendi, e quando acabar este comentário vou escrever isso mesmo: VIVER, nas cadeiras da sala de jantar, nas janelas do quarto, na estante do escritório, nas costas do carteiro que está a tocar à porta, em todo o lado escreverei, “APRENDA A VIVER COM PAULO SABINO”. Porque este modelo de escrever poesia e de viver ninguém conhece. Só você. Parabéns. Abraço. JBS.
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dormir dormir dormir & acordar num outro mundo, despertar um outro alguém: alguém como paul éluard, o “poeta da liberdade”, alguém como vinicius de moraes, o GRANDE “poetinha” de todos nós, sentimentais do brasil (rs).
 
dormiria um milênio inteiro, feliz, sem lembrar quem fui, o que fiz.
 
porém, a vigília, a falta de sono, me permite apenas sonhar por dentro de palavras acesas por dentro, sonhar por dentro de palavras que brilham, que iluminam, que queimam, a página branca sobre a qual estão; a  vigília, a insônia, me permite apenas sonhar por dentro de palavras acesas por dentro, palavras que velam, que escondem, que encobrem, esperanças vãs, esperanças sem valor, inúteis, descartáveis, como a brasa que brilha & ilumina & queima, mas que brilha & ilumina & queima dentro de um cinzeiro, sem, portanto, finalidade ou utilidade.  
 
assim, sigo sem sono, acordado por “ela”, atento a “ela”, seguro de que sua finalidade sem fins (lucrativos) é o seu maior ganho, certo de que “ela”, a “poesia”, é a inutilidade (um objeto sem finalidades definidas) mais útil que conheço.
 
poesia:
 
sua natureza é selvagem, indomável, natureza que não se pode captar inteira:
 
brasa, em página branca, que brilha queima ilumina: 
 
a lógica desavergonhada de um animal no cio.
 
(salve a sua vida na minha!)
 
beijo todos!
paulo sabino.
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(do livro: Metalíngua. autor: Alexandre Brito. editora: Éblis.)
 
 
 
dormir dormir e dormir
e acordar num outro mundo
sem pressa ou dinheiro
nem políticos
sem mim
eu seria um outro
alguém com a juventude de Iessiênin
a perna esquerda quebrada de Quintana
e a lógica desavergonhada de um animal no cio
 
quem sabe um poeta bissexto!?
 
dormiria um milênio inteiro
e acordaria com o grito das pedras.
feliz. sem lembrar quem fui o que fiz
 
mas que vigília malfadada
me permite apenas sonhar
por dentro de palavras acesas por dentro
a velar esperanças vãs como brasa no cinzeiro

AVISO AOS NAVEGANTES: O TEMPO & A NOSSA MACAU
13 de julho de 2011

benvindos,
 
como vocês devem notar, há algum tempo o “prosa em poema” não recebe publicações novas de acordo com a freqüência habitual.
 
explico-lhes os porquês:
 
um deles, porque estava de férias o mês de junho e parte do mês de julho.
 
o outro, porque recebi a proposta da editora rocco para fazer o release, que é um texto de divulgação que segue à imprensa, de dois dos seus lançamentos: do livro de poesias inéditas do GRANDE affonso romano de sant’anna, chamado exercício de finitude (que afirmo, em primeira mão, que é lindo), e do lançamento dos sonetos da portuguesa, da CÉLEBRE poeta inglesa da era vitoriana elizabeth barrett browning, reunião de poemas românticos sobre sua própria história de amor com o poeta (conterrâneo) robert browning, em tradução do SUPER poeta leonardo fróes.
 
voltei das férias com essas duas funções extras.
 
logo logo a dinâmica do quotidiano regressa ao seu comum, e as publicações mais freqüentes, neste espaço, retornarão.
 
por enquanto, deixo-os com versos (belíssimos) que tratam deste espaço mínimo que é o corpo, território nosso, território mínimo, limitado, mas que mal conseguimos explorar.
 
linhas poéticas que falam do corpo, desta macau sempre à mercê do latejar de um músculo localizado ao lado esquerdo do peito.
 
o reino que é o corpo: “ame-o ou deixe-o” (como dizia um slogan à época da ditadura militar no brasil). 
 
o espaço do corpo: ame-o ou deixe-o. sim, porém: amá-lo, amar esse espaço, pois essa é a única opção que nos resta. a outra é o asco, é a aversão, é o desprezo, e, se optarmos por essa segunda alternativa, a saída (a resolução) é a saída, é o desembarque, é o fim da viagem.
 
nenhum descobridor, nem mesmo o mais ousado navegador, jamais se desprendeu (e algum navegador tentou?) do cais úmido & ínfimo do eu.
 
sigamos nesta desconhecida & fascinante viagem que é: viver!, aceitando as limitações deste território que nos abriga.
 
beijo todos!
(e vamos que vamos!)
paulo sabino.
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(do livro: Macau. autor: Paulo Henriques Britto. editora: Companhia das Letras.)
 
 
  
II 
 
Tão limitado, estar aqui e agora,
dentro de si, sem poder ir embora,
 
dentro de um espaço mínimo que mal
se consegue explorar, esse minúsculo
império sem território, Macau

sempre à mercê do latejar de um músculo.
Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar
por falta de opção (a outra é o asco).
Que além das suas bordas há um mar

infenso a toda nau exploratória,
imune mesmo ao mais ousado Vasco.
Porque nenhum descobridor na história

(e algum tentou?) jamais se desprendeu
do cais úmido e ínfimo do eu.

A VIDA ÍNTIMA DOS POETAS
4 de maio de 2011

benvindos,

o QUERIDO amigo & TALENTOSO poeta paulo de toledo criou um blog chamado “A vida íntima dos poetas”, onde vários grandes vates respondem perguntas divertidas sobre suas intimidades.
 
eu tive o PRAZER de fazer parte dos convidados à entrevista.
 
aos interessados, abaixo, as minhas respostas.
 
aqui, o link do blog, para quem se interessar em ler as respostas dos colegas de profissão, todas muito boas, muito engraçadas: http://avidaintimadospoetas.blogspot.com/.
 
divirtam-se!
 
beijo todos!
paulo sabino.
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(do blog: A vida íntima dos poetas. de: Paulo de Toledo.)
 
 
A VIDA ÍNTIMA DOS POETAS: PAULO SABINO
 
 
O que você gostaria de ser se não fosse poeta?
 
Cantor, músico.
 
Quando você era criança, tinha mais medo de palhaço ou do Papai Noel?
 
Não gostava de palhaço. Acho que medo eu não cheguei a ter, ao menos não lembro. Papai Noel eu gostava porque me trazia presentes.
 
Como foi a sua primeira vez?
 
Certamente não tão boa como as atuais. A performance melhora com o tempo. Pelo menos no meu caso.
 
Qual a cor da parede do seu banheiro? Foi você que escolheu? Por quê?
 
Branca. Não fui eu quem escolhi. Porque aluguei o apê com a parede branca e tê-la branca em nada me incomoda.
 
Você usa condicionador ou apenas lava com shampoo?
 
Lavo com xampu & uso condicionador.
 
Qual o seu mestre espiritual?
 
O Poema.
 
O que não pode faltar na sua geladeira?
 
Água.
 
Qual a sua dica para manter a forma?
 
Escrever sonetos & redondilhas. É assim que se mantém fixa a forma.
 
Você lambe o recheio da bolacha recheada?
 
Não. Como tudo junto, de uma vez, bolacha & recheio.
 
Como seria o réveillon dos seus sonhos?
 
Amigos, praia paradisíaca, muita birita, festa, aditivos químicos, e o meu moreno.
 
Existe ouro no final do arco-íris?
 
Não sei… nunca fui até o fim de um arco-íris averiguar…
 
Qual instituição de caridade você ajudaria se ganhasse R$ 1 milhão no Big Brother?
 
Primeiramente, se eu dependesse do Big Brother para faturar 1 milhão eu não teria essa grana na mão, porque não participaria de um programa como este, que odeio, não suporto. Todavia, se a direção do programa, sabe-se lá por quê, quebrando todas as suas regras, resolvesse me presentear com 1 milhão mesmo sem a minha participação, eu ajudaria a minha instituição, que não é de caridade, mas garante poesia como pão à fome dos que precisam alimentar-se de poesia. Acho um belo trabalho social.
 
Chico Xavier ou Chico Buarque?
 
Chico Buarque.
 
Qual o modelito perfeito para o lançamento de um livro?
 
Ir de capa, mesmo que sem chuva. Não sei se o mais agradável, porém uma ótima combinação. Nada melhor do que uma “capa” para o lançamento de um livro.
 
Qual seria o seu discurso se ganhasse o Prêmio Nobel? E o Jabuti?
 
Não consigo imaginar um discurso… Agradeceria aos que votaram em mim, obviamente, e talvez falasse que, se quisessem me presentear mais algum ano com as premiações (fosse o prêmio Nobel ou o Jabuti), não se sentissem acanhados, que poderiam repetir a façanha sem objeções (minhas).