(Na foto, convite para o lançamento da antologia “Escritos ao sol”, de Adriano Espínola — para ampliar a imagem, basta clicar na foto.)
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Olá Paulo, gostei muito do seu blog, dos poetas e dos poemas. E da sua “proesia”. Legal mesmo, parabéns! Vamos lá, que “o canto na imensidão/ é ação e movimento”. Grd Abraço.
(Adriano Espínola – poeta & professor)
Olá Paulo! Puxa, o texto que vc escreveu sobre os poemas me emocionou. Vc soube desdobrar em mais e mais poesia as imagens da língua-mãe e do cavalo & o mar. Lindamente. Abração e obrigado, A.
(Adriano Espínola sobre publicação neste espaço, “Língua-mar: o cavalo-marinho & o mar-eqüestre”, com poemas de sua autoria)
Gostei muitíssimo do seu texto-diálogo com o “Elegia 1938”, do CDA! Vertiginoso. Grd Abraço!
(Adriano Espínola sobre publicação neste espaço, “Elegia (1938)”, com poema de Carlos Drummond de Andrade)
nesta quinta-feira (16 de julho), a partir das 19h, na livraria da travessa do shopping leblon (rio de janeiro), o professor de literatura & poeta adriano espínola, um mestre da poesia contemporânea brasileira, lança a antologia intitulada “escritos ao sol”, onde o autor reúne alguns dos melhores poemas de sua obra numa edição considerada “definitiva”.
em conversa com o poeta, descobri, para a minha imensa satisfação, que tenho toda a sua obra. e já lhe avisei que levarei ao lançamento todos os meus exemplares para serem autografados, inclusive a antologia, que já tratei de adquirir!
portanto, aos senhores, o convite — acima & abaixo — a um mergulho na poética deste que é um dos maiores poetas da nossa literatura.
salve a poética sempre iluminada de adriano espínola!
salve os seus escritos ao sol!
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(Manhã no Arpoador, Rio de Janeiro.)
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feito um cão solto, súbito, repentino, inesperado, o sol salta a janela adentro do quarto.
inquieto, agitado, o sol, feito um cão solto, salta a janela adentro do quarto & morde os punhos da rede, derruba a sombra do retrato, lambe o pé sujo lá da parede, fuça a mancha amarela do espelho, late alto & luminoso: “luz! luz!”, e, depois de meter o seu focinho em tudo, se enfia, fiel, no velho par de chinela.
o sol: um cão solto: fera em sua luminosidade violenta.
o sol: um cão solto: uma fera, como também é a cidade lá fora do quarto, presa à alva, presa à clara coleira do novo dia.
um novo dia: a água nova, a água fresca, a água recém-chegada, a água renascida, do dia: o pão, a fruta, a água & a névoa do café: o cheiro, o gosto, o tato ali desperto & posto pelo desjejum, pela primeira refeição do dia, ferindo — deliciosamente — o corpo, que leve aflora na cozinha, enquanto lá fora, o sol, fera em sua luminosidade violenta, a tudo sacia de luz — aurora — e pelas ruas caminha, desnudo em seu pêlo-luz & afeito a quem desejar sua lambida seca a nos molhar de suor.
beijo todos!
paulo sabino.
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(do livro: Escritos ao sol. autor: Adriano Espínola. editora: Record.)
FERA
Feito um cão solto,
súbito o sol
salta janela
adentro do quarto.
Inquieto, morde
os punhos da rede,
derruba a sombra
do retrato,
lambe o pé sujo
lá da parede,
fuça a amarela
mancha do espelho,
late: luz! luz! —
depois se enfia,
fiel, no velho
par de chinela.
(Como a cidade
lá fora, fera,
na alva coleira
do novo dia.)
MANHÃ
A água nova do dia,
o pão, a fruta, a névoa
do café,
o cheiro, o gosto,
o tato ali desperto
e posto,
ferindo o corpo,
que leve aflora
na cozinha,
enquanto lá fora
o sol a tudo
sacia
de luz — aurora —
e pelas ruas caminha,
desnudo.