(Paulo Sabino e Armando Freitas Filho)
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Desde que nos tornamos próximos, Armando Freitas Filho (comigo na foto há tempos atrás) é o poeta a quem eu submeto os meus versos à crítica/ avaliação/ opinião. Porque o Armando, além de ser um dos maiores poetas brasileiros da atualidade, é extremamente atencioso nas suas críticas/ avaliações/ opiniões. Aprendo muito com ele. Estou muito animado por decidir – finalmente! – lançar o meu livro de poesia de estréia, o livro primeiro do Paulo Sabino vendo-se, e vendendo-se, um profissional dos versos. O livro vai chamar-se “Um para dentro todo exterior”, título de um poema que o compõe. Além de escrever ao Armando contando o que escrevo aqui, mandei-lhe o mais novo poema, “Montanha russa”, nascido de uma prosa poética minha que, desde sempre, pensava em transpor para os versos. Sobre os dois poemas (“Um para dentro todo exterior” e “Montanha russa”), Armando escreveu:
“Nada como um escritor criar um estilo que, com o passar do tempo, vai dando chances de ramificações sem perder a sua origem, como é o caso. Você já engatilhou o seu modo de ser e de escrever. Já plantou firmemente seus dois poemas verticais, altos como você.”
Alegria imensa!
2018: o meu livro de poemas! A decisão foi tomada porque até então não encontrava título que me satisfizesse, de que gostasse. Há pouco tempo me ocorreu o nome, muito propício. Isso me trouxe um ânimo que não havia. Com um nome, me parece mais fácil formatar a obra. E está mais do que na hora de lançar ao mundo o meu rebento poético!
A vocês, o poema que dará nome ao livro de estréia do Paulo Sabino acompanhado de um textinho a respeito do poema, que acaba por elucidar a importância da escolha do título .
Beijo todos!
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o mundo possui os seus mistérios embora destes não faça segredos: se se for capacitado a desvendá-lo, a desvendar o mundo, bem; se não, bem também. a questão do desconhecimento do mundo não está no mundo, mas na carência nossa de instrumentação necessária ao conhecimento do mundo, à apreensão das coisas mundanas: todas as coisas ao alcance dos dedos.
o mundo é um: o mundo, e nada mais. o mundo é um: único, ímpar, singular, ele & nada mais.
nada é o que há para além do que há, nada é o que há para além do que se compõe mundo, para além do que se impõe existência.
o mundo é um todo exterior: se o homem não possui olhar capacitado a enxergar, sem a ajuda de aparelhos, os átomos dançando ao vento, isso não é problema do mundo. não é o mundo que esconde os átomos que bailam ao vento: é o homem que não possui a capacidade de enxergá-los a olho nu.
por essa & por outras incapacidades o homem apreende o seu entorno de maneira errante, de modo movediço.
o mundo, assim, à nossa experiência, torna-se um “para dentro” (necessita-se de um aprofundamento no conhecimento de qualquer objeto que se queira bem conhecer) “todo exterior” (o mundo está à mostra, às vistas de quem possa ver o que está às vistas).
o mundo (à nossa experiência): o oculto às claras, fundura em superfície, o mistério sem segredos:
nada é o que há para além do que há, nada é o que há para além do que se compõe mundo, para além do que se impõe existência.
(nada a esconder mesmo que muito por saber…)
o mundo é mistério não porque seja misterioso mas porque não possuímos a capacitação necessária para enxergá-lo na sua totalidade & em suas especificidades.
somos muito muito muito pouco ante a sua grandeza.
(pensem a respeito.)
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(autor: Paulo Sabino.)
UM PARA DENTRO TODO EXTERIOR
nada a esconder
mesmo que
muito por
saber
o mundo
é um
para dentro
todo exterior
nada
é o que há
para além
do que há:
o oculto
às claras
fundura
em superfície
o mistério
sem segredos:
todas as coisas
ao alcance dos dedos