(Foto: Elena Moccagatta)
(Na foto, os participantes desta edição — Eber Inácio, Lila & Matheus VK)
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“Querido Paulo,
Acompanho com alegria o seu trabalho de poeta e de defensor da poesia.
E a mãezinha, está bem?
Beijo os dois,
Nélida Piñon”.
(Nélida Piñon — escritora integrante da Academia Brasileira de Letras — ABL)
É chegada a hora! É dia de estréia!
Hoje, quarta-feira (29/03), e amanhã, quinta-feira (30/03), acontece o 2° ciclo de encontros do projeto “Somos Tropicália”, em homenagem aos 50 anos do Tropicalismo, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, o grande empresário dos tropicalistas e um dos artífices do movimento, com a presença deste trio poderoso e vitaminado: do cantor e compositor Matheus VK, da cantora e compositora Lila (tanto a Lila quanto o Matheus cantam no bloco “Fogo e Paixão”), e do poeta, escritor e ator Eber Inácio (da trupe que monta e encena os já célebres espetáculos teatrais no Buraco da Lacraia, na Lapa).
O repertório das noites está incrível e os participantes, felizes da vida com o ensaio! Venham todos!
Serviço:
Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresenta –
SOMOS TROPICÁLIA – 50 anos do movimento
Lila, Matheus VK e Eber Inácio / Pocket-show e leitura de poesias
Dias 29/03 (4ª-feira) e 30/03 (5ª-feira)
A partir das 19h30
Rua Redentor, 157 Ipanema
Tel infos. 21-2523-1553
Entrada franca c/ contribuição voluntária
Lotação: 60 lugares
Classificação: livre
Link do evento no Facebook: http://www.facebook.com/events/1832965360359979/
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De presente, excertos de um manifesto que compõe o repertório de leitura das duas noites desta edição do projeto e que inspirou deveras os tropicalistas.
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(excertos do texto: Manifesto Pau Brasil. autor: Oswald de Andrade.)
MANIFESTO PAU BRASIL
“A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
“O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá, o ouro e a dança.
“Toda a história bandeirante e a história comercial do Brasil. O lado doutor, o lado citações, o lado autores conhecidos. Comovente. Rui Barbosa: uma cartola na Senegâmbia. Tudo revertendo em riqueza. A riqueza dos bailes e das frases feitas. Negras de Jockey. Odaliscas no Catumbi. Falar difícil.”
(…)
“A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança.”
(…)
“Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. Engenheiros em vez de jurisconsultos, perdidos como chineses na genealogia das idéias.
“A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.”
(…)
“Uma única luta – a luta pelo caminho.”
(…)
“A invenção
“A surpresa
“Uma nova perspectiva
“Uma nova escala.
“Qualquer esforço natural nesse sentido será bom. Poesia Pau-Brasil.”
(…)
“A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.
“Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.”
(…)
“Uma visão que bata nos cilindros dos moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas produtoras, nas questões cambiais, sem perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.
“Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia íntima. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amorosa. A saudade dos pajés e os campos de aviação militar. Pau-Brasil.”
(…)
“A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.
“Apenas brasileiros de nossa época. O necessário de química, de mecânica, de economia e de balística. Tudo digerido. Sem meeting cultural. Práticos. Experimentais. Poetas. Sem reminiscências livrescas. Sem comparações de apoio. Sem pesquisa etimológica. Sem ontologia.
“Bárbaros, crédulos, pitorescos e meigos. Leitores de jornais. Pau-Brasil. A floresta e a escola. O Museu Nacional. A cozinha, o minério e a dança. A vegetação. Pau-Brasil.”