DOIS BARCOS
19 de setembro de 2011

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dois barcos num mar imenso…
 
quem, primeiro, bater a dobra do mar,

dá, de lá, de lá da dobra do mar,

bandeira qualquer, um tipo qualquer de sinal, aviso,

de que dobrou, de que virou

 — aponta pra fé, e rema.

contudo, porém, todavia,

neste remar após a dobra do mar,

pode ser que a maré não vire (a favor)…

pode ser de o vento vir contra o cais (onde estou)…

… e se já não sinto os seus sinais?…

pode ser de a vida acostumar…

será?…

sobre estar só: eu sei.

eu sei sobre estar só nos mares por onde andei, devagar, a vagar…

neste caso (caso de amor),

 dedicou-se mais o acaso a se esconder — tudo parecia tão no seu lugar, tudo parecia tão ajustado, tão sob medida, tudo parecia tão afastado de qualquer acaso, tudo aparentemente projetado pela sorte…

e, agora, o “amanhã”: cadê? cadê o tão esperado destino?

(cadê?…)

o doce, o mar perdeu no meu cantar…
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(do site: Youtube. vídeo com a canção: Dois barcos. artista: Los Hermanos. autor dos versos: Marcelo Camelo.)   
 
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(do encarte do álbum: 4. artista: Los Hermanos. autor: Marcelo Camelo. gravadora: BMG.)
 
DOIS BARCOS
 
quem bater primeiro a dobra do mar
dá de lá bandeira qualquer
aponta pra fé
e rema
 
é
pode ser que a maré não vire
pode ser do vento vir contra o cais
e se já não sinto os teus sinais?
pode ser da vida acostumar
será, morena?
 
sobre estar só eu sei
nos mares por onde andei
devagar
dedicou-se mais o acaso a se esconder
e agora o amanhã, cadê?

doce o mar perdeu no meu cantar

AVISO AOS NAVEGANTES – RECESSO DE CARNAVAL
12 de fevereiro de 2010

senhores,
 
devido à folia momesca que invade o meu brasil varonil de norte a sul, este espaço entra em recesso até a quarta-feira de cinzas.
 
aproveitarei um tanto da festa já que, como bem escreveu marcelo camelo, todo carnaval tem seu fim.
 
e, pensando nesse fim, lembrei-me de um poema-canção que adoro, onde uma mulher desatina e desaceita o término da falsa vida da avenida, desatina e desaceita os despojos da fantasia.
 
deixo os versos aqui, à apreciação de todos.
 
beijo grande!
divirtam-se! (ou aproveitem para descansar!)
o preto,
paulo sabino / paulinho.
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(do livro: Tantas Palavras. autor: Chico Buarque. editora: Companhia das Letras.)
 
 
ELA DESATINOU
 
Ela desatinou
Viu chegar quarta-feira
Acabar brincadeira
Bandeiras se desmanchando
E ela inda está sambando
 
Ela desatinou
Viu morrer alegrias
Rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando
E ela inda está sambando
 
Ela não vê que toda gente
Já está sofrendo normalmente
Toda a cidade anda esquecida
Da falsa vida da avenida onde
 
Ela desatinou
Viu morrer alegrias
Rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando
E ela inda está sambando
 
Quem não inveja a infeliz
Feliz no seu mundo de cetim
Assim debochando
Da dor, do pecado
Do tempo perdido
Do jogo acabado
 
Ela desatinou
Viu morrer alegrias
Rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando
E ela inda está sambando