(Nas fotos, a Estrada Real & o seu mapa.)
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“Em meados do século XVIII já eram muitos os caminhos que conduziam às minas de Minas Gerais, mas também muitos eram os seus descaminhos. Para evitar estes descaminhos a Coroa Portuguesa determinou que o ouro e os diamantes deixassem as terras mineiras apenas por trilhas outorgadas pela realeza, que receberam o nome de Estrada Real.
Inicialmente, o caminho ligava somente a cidade de Paraty às províncias auríferas do interior de Minas, a antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto (Caminho Velho). No entanto, a Coroa Portuguesa percebeu a necessidade de um trajeto mais seguro e rápido ao porto do Rio de Janeiro, surgindo então o caminho novo.”
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do mar ao sertão: do estado litorâneo do rio de janeiro ao ser-tão do cerrado mineiro, em diamantina: tão rico, tão encantador, tão diverso, tão quente, tão seco.
nos descaminhos, um caminho enfeitado de ouro & cravado de diamante: a estrada real, caminho que liga minas ao rio, estrada utilizada para o escoamento de ouro & diamante encontrados na região.
do rio a minas, de minas ao rio: num rio de minas, de águas doces & claras, o viageiro buscou as riquezas gerais de janeiro a janeiro, o viageiro buscou as riquezas gerais o ano inteiro.
do rio ao minas, de minas ao rio: no trajeto rio-minas, o viageiro buscou as riquezas (das minas) gerais de janeiro (viageiro vindo de lugar chamado rio de janeiro) a janeiro.
nas estradas da vida, carroça & cavalo. da mata (litorânea, no rio) ao cerrado (mais árido, em minas), areia & barro.
na montanha, uma cruz, um “orai por nós” (no topo do paredão de pedra situado na frente da cidade mineira de diamantina, onde começa a estrada real, uma cruz, que à noite se acende, como se abençoando a cidade). na arte (barroca), um “reino a vós”, um reino ao divino, ao deus católico (diamantina é uma cidade que data do período colonial brasileiro, portanto, cidade cercada de arte sacra por todos os lados).
em tudo na cidade de diamantina, os costumes de uma cidade pequena do interior mineiro: no café com maria, um “bom dia, seu joão”. na cozinha, casinha de terra no chão.
“real”, mais que a estrada que leva esse nome, é sua lida, é seu dia-a-dia de lutas, e seu arroz com feijão: a luta dos garimpeiros, repletos de sonhos de riquezas & conquistas, viageiros que saíam do mar (do rio de janeiro) em busca de ser-tão (nas minas gerais).
beijo todos!
paulo sabino.
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(da publicação: Boletim poético Sempre-Viva — edição especial Diamantina. autora do poema: Ana Ribeiro Barbosa. pesquisa & organização: Sílvio Neves. realização: Espaço de Criação Literária do Ponto de Leitura — Milho Verde, MG.)
DO MAR AO SERTÃO
Nos descaminhos
um caminho
de ouro enfeitado
e diamante cravado
Num Rio de Minas
buscou o viageiro
as riquezas Gerais
de Janeiro a janeiro
Nas estradas da vida
carroça e cavalo
da mata ao cerrado
areia e barro
Na montanha, uma cruz
Um orai por nós
Na arte, o sagrado
Um reino a vós
No café com Maria
Um bom dia, Seu João
Na cozinha, casinha
de terra no chão
Real é sua lida
e seu arroz com feijão
Garimpeiros de sonhos
do mar ao sertão