MONTANHA-RUSSA
14 de abril de 2015

Montanha-russa
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a vida é um sobe & desce constante, os seus altos & baixos, ladeiras contínuas, uma gangorra sentimental, montanha-russa vertiginosa: em alguns momentos da descida, a impressão de que o carrinho descarrilhou, perdendo o seu curso & mergulhando num fosso sem fim: fossa funda, agonia atroz.

todavia, num dado momento do mergulho no breu, a percepção de que os trilhos sempre estiveram por debaixo do carrinho, só não estavam à vista (o fosso é um escuro absoluto), e, como em toda montanha-russa, em determinado trecho, a trajetória ganha de volta a sua ascensão. o carrinho, mais uma vez, e aos poucos, ganha fôlego & força & é impulsionado ao topo.

à montanha-russa que me cabe, caibam sempre subidas & descidas, altos & baixos.

é o que está certo.

e que o carrinho, nas descidas ainda por vir percurso afora, nunca descarrilhe, sempre esteja apto às alturas.

é o que está certo.

a vida gosta de quem gosta da vida.

(eu sou um que gosta.)

beijos todos!
paulo sabino.
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(Do livro: O menos vendido. autor: Ricardo Silvestrin. editora: Nankin Editorial.)

 

 

57.

 

ninguém está a salvo da tristeza
no horizonte nuvens negras
ventos anunciam confusão
mesmo na alma mais ensolarada
nem o rei do que quer que seja
do alto do seu trono de alegria
servos devotados
em fazê-lo sorrir cinco vezes por dia
nem o mestre mais desapegado
quando vê está triste
como um corvo num galho seco
contra o céu cinza

 

58.

 

ainda menino
se descobre lá dentro
o guerreiro
pra lutar contra o destino
armado de escudo e uma espada
dentro do corpo franzino
segue valente
enfrentando o que vier pela frente
o menino cresce
fica homem
e tudo que chorou
e tudo que sorriu
numa conta de subtração
vai dizer a sua sorte
mas a morte só vem
quando um tiro certeiro
derruba não o homem
mas o guerreiro