(Paulo Sabino e seu filho literário pelas ruas de Paraty)
(Lançamento do selo Bem-Te-Li — editora Autografia)
(Com o meu querido amigo Marcelo Pinho, parceiro de trabalho, com o banner lindo para o selo Bem-Te-Li — editora Autografia)
(Entre folhas, o lindo quintal onde aconteceu o lançamento dos livros do selo Bem-Te-Li — editora Autografia)
(Varal da Hilda — 17 poemas da homenageada desta edição, Hilda Hilst, para leitura nos saraus que acompanharam o lançamento dos livros do selo Bem-Te-Li — editora Autografia)
(Varal da Hilda à noite)
(Sarau — microfone aberto, muita gente — boa — participando)
(Lançamento do meu livro de estreia, “Um para dentro todo exterior”, selo Bem-Te-Li — editora Autografia)
(No fundo, a minha parceira de Bem-Te-Li, a produtora editorial Cristine Ferreira)
(Nas pontas, os poetas do selo Bem-Te-Li — editora Autografia: Eber Inácio — Sangue nos olhos — e Paulo Sabino — Um para dentro todo exterior)
Foi bonito, foi astral, foi divertido, foi leve, foi um grande barato botar o filho no mundo! Tá por aí, circulando, ganhando as ruas, fazendo o seu rolê.
Ainda reverberando as 3 lindas noites de lançamento do selo Bem-Te-Li, da editora Autografia, e do meu livro Um para dentro todo exterior. 3 noites de saraus intensos e leves e divertidos, céu estrelado, lua cheia e eclipse lunar. Valeu tudo!
Depois de Paraty, já tem data pro lançamento na cidade do Rio de Janeiro — anotem: 5 de setembro (a 1ª quarta-feira do mês). Mais pra frente chego com todas as informações!
(Os Camaleões — os verdadeiros: Pedro Bial, Luiz Petry e Claufe Rodrigues)
(Os Camaleões em cena)
(Na parte de cima, os Camaleões; na parte de baixo, o camaleãozinho)
(Pedro Bial e Paulo Sabino)
(Claufe Rodrigues e Paulo Sabino)
(Paulo Sabino e Luiz Petry)
(O meu exemplar de “O livro dos camaleões” devidamente autografado pelo trio camaleônico)
(A capa de “O livro dos camaleões”)
_________________________________________________________________________________________________________
Na matéria que o Jornal do Brasil, no seu caderno de cultura (foto), fez sobre o meu trabalho, carinhosamente a jornalista Mônica Riani, na chamada, me intitulou “o novo camaleão da noite do Rio”, numa referência direta aos Camaleões, trio de poetas, formado por Claufe Rodrigues, Pedro Bial e Luiz Petry (foto), que incendiou as noites cariocas na década de 80 com a potência e irreverência dos seus recitais. Depois de 20 anos, os Camaleões voltaram para mais uma apresentação, ocorrida na quinta-feira (12/07), às 20h30, no Sesc Copacabana.
Reverberando na memória e no coração a linda e divertida noite de Tributo aos Camaleões.
Partilhar uma coisa com vocês: quanta alegria essa relação com a poesia tem me trazido! Quantos encontros felizes, quantos momentos incríveis! São constatações que vão se tornando certezas: o palco, o teatro, a rua, a praça, a palavra escrita, a palavra falada: eis o caminho. O bom disso tudo é que, cada vez mais, tenho me sentido em casa. Valeu demais, Camaleões! O camaleãozinho aqui só faz agradecer.
Pra quem não sabe, os Camaleões tinham as suas personalidades camaleônicas, os seus “heterônimos”: Baby The Billy (Claufe Rodrigues), Peter Pane (Pedro Bial) e Patrick Jack, o coiote solitário (Luiz Petry).
De brinde a vocês, o poema do livro dos Camaleões que li na apresentação. Poema do Peter Pane.
[de: O livro dos camaleões. autores: Pedro Bial (Peter Pane)/ Claufe Rodrigues (Baby The Billy)/ Luiz Petry (Patrick Jack). editora: Anima.]
eu poderia fazer versos que embalam
os sonhos de inocência, construir as frases
que incendeiam a adolescência, dizer palavras de
consolo aos solitários, queria me abrir em um milhão de
páginas
plenas de compreensão e doçura.
entrementes, escuto as correntes se arrastando
no andar de cima, a angústia se instala na poltrona em
frente,
as luzes de neon me parecem estranhamente lúgubres,
e a minha alegria se manifesta de uma forma diferente:
rolam lágrimas pela face do homem sentado à máquina
de escrever.
(O idealizador, produtor e curador do projeto, Paulo Sabino – Foto: Luciana Queiroz)
(O poeta Igor Fagundes – Foto: Luciana Queiroz)
(O poeta Jorge Ventura – Foto: Luciana Queiroz)
(A poeta Noélia Ribeiro – Foto: Luciana Queiroz)
(O poeta Christovam de Chevalier – Foto: Luciana Queiroz)
(A poeta Eugenia Henriques – Foto: Luciana Queiroz)
(A poeta Carmen Moreno – Foto: Luciana Queiroz)
(O poeta Cairo Trindade e o homenageado da noite, Tanussi Cardoso – Foto: Luciana Queiroz)
(O poeta Cairo Trindade – Foto: Luciana Queiroz)
(O poeta Mano Melo – Foto: Luciana Queiroz)
(O grande homenageado da noite, o poeta Tanussi Cardoso – Foto: Luciana Queiroz)
(A turma feliz pela noite linda – Foto: Marcelo Ribeiro)
(Os participantes para as fotos finais – Foto: Marcelo Ribeiro)
(Os participantes da 13ª edição da Ocupação Poética, homenagem a Tanussi Cardoso – Foto: Luciana Queiroz)
(O coordenador do projeto, Paulo Sabino, e o homenageado da noite, Tanussi Cardoso – Foto: Rafael Millon)
_________________________________________________________________________________________________________
Teatro lotado, público quente, muito divertido, participantes pra lá de talentosos, homenageado feliz da vida: foi assim a 13ª edição da Ocupação Poética (18/06), homenagem aos 40 anos de carreira literária do super Tanussi Cardoso!
Cada vez que me vem à memória a noite da 13ª edição da Ocupação Poética, homenagem ao Tanussi Cardoso, o coração bate mais forte, o sorriso brota fácil na boca, o amor corre convicto pelo corpo. Acreditem: eu não consegui dormir de segunda (18/06) pra terça (19/06); a energia foi tamanha que a cabeça não desligava. Significa que estava cansado? Sim, muito. Muito obrigado pelo cansaço, muito obrigado pela noite não dormida. Timaço lindo, de tirar o sono! Estava sonhando acordado.
Viva a arte dos encontros! Viva a poesia Viva!
Quero agradecer imensamente aos administradores do teatro Cândido Mendes de Ipanema, Fernanda Oliveira e Adil Tiscatti; ao técnico de som e luz, no projeto desde a sua 1ª edição, Pedro Thimoteo; à fotógrafa do projeto, a nossa musa das lentes, Luciana Queiroz; à Belmira Comunicação, responsável pela assessoria de imprensa do projeto; a todos os participantes, muito e sempre; ao homenageado, por proporcionar, com a sua poética, momentos mágicos, como a noite de 18 de junho.
Faremos uma pausa, por causa do lançamento do meu livro de estreia na poesia, Um para dentro todo exterior, nos meses de julho e agosto, e retornamos em setembro.
Aos interessados, um poema, do homenageado, que tive a alegria e o prazer de ler na apresentação, poema emocionado e sofisticado como quem o confeccionou.
*** Nesta edição a cantora e compositora Patricia Mellodi e o multi-instrumentista Alexandre Rabello apresentarão músicas do repertório tropicalista com ênfase nas canções de Torquato Neto, com intervenções do poeta Christovam Chevalier ***
Nos dias 25 e 26 de outubro (quarta e quinta-feira), a partir das 20h, acontece a nona (9ª) etapa do ciclo de encontros “Somos Tropicália – 50 anos do movimento”, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, em homenagem aos 50 anos da Tropicália: as surpreendentes e eletrificadas apresentações de Caetano Veloso e Gilberto Gil no Festival da TV Record em 1967 são consideradas o marco inicial do movimento na música, que se consolidou com a gravação de “Tropicália Ou Panis Et Circenses”, álbum-manifesto lançado no ano seguinte.
Para a nova edição, inédita, desta celebração poético-musical, os artistas foram convidados a montar um roteiro no qual interpretarão alguns clássicos da Tropicália, incluindo, também, obras autorais que se inspiram ou conversem com as influências do movimento. Junto às canções, poemas onde percebemos o legado constituído pelo Tropicalismo.
Para esta edição de outubro, o projeto traz a cantora e compositora Patricia Mellodi, que vai explorar o repertório deixado pelo seu conterrâneo Torquato Neto, um dos principais autores e compositores da Tropicália, morto prematuramente. “Somos todos filhos da Tropicália, e participar de um evento que homenageia essa geração, esse movimento, não só nos enriquece como renova o novo compromisso em ousar, em inovar, em fazer da nossa obra algo mobilizador e novo. Minha intenção é representar o meu conterrâneo Torquato Neto dentro desse projeto tão bacana, porque sou uma artista piauiense tropicalista por formação e inspiração”, declara a artista, que em 2014 apresentou o show “Anjo Torto – Patricia Mellodi canta Torquato Neto”, com apresentações no Rio e no Piauí, e que agora volta a entrar em turnê.
Junto com ela estará o poeta e jornalista Christovam de Chevalier, que ao longo da apresentação fará intervenções poéticas com textos autorais e tropicalistas. Ambos serão acompanhados pelo multi-instrumentista Alexandre Rabello: “É bom reacender o tropicalista que vive em cada um de nós. Contra a caretice, fazendo arte, provocando, questionando sempre os caminhos estéticos e conceituais do fazer artístico. Viva o Brasil, viva a loucura tropical!”, diz o músico.
Outubro (9ª edição): com Patricia Mellodi, Christovam de Chevalier e Alexandre Rabello / Pocket-show e leitura de poesias
Dias 25 e 26/10 (4ª e 5ª-feira)
A partir das 20h
Rua Redentor, 157 Ipanema
Tel infos. 21-2523-1553
Entrada: R$ 1,00
Lotação: 60 lugares
Classificação: livre
******
Aos interessados, abaixo, um poema do Christovam, acerca dos dias e de tudo que passa e morre com o passar dos dias: a barba, as unhas, a gengiva, a pele, os olhos, o coração, o homem que morre a cada dia em mim.
Beijo todos!
Paulo Sabino.
(do livro: No escuro da noite em claro. autor: Christovam de Chevalier. editora: 7Letras.)
(O convite da 10ª edição do projeto Ocupação Poética — homenagem ao poeta e compositor gaúcho Ricardo Silvestrin)
(Casa cheia, público quente, que abraçou a divertida e sagaz e direta e sofisticada poesia do homenageado da noite — Foto: Luciana Queiroz)
(Casa cheia, público quente, que abraçou a divertida e sagaz e direta e sofisticada poesia do homenageado da noite — Foto: Luciana Queiroz)
(O coordenador do projeto, Paulo Sabino — Foto: Luciana Queiroz)
(O coordenador apresentando o homenageado, Ricardo Silvestrin — Foto: Luciana Queiroz)
(Ricardo Silvestrin em ação — Foto: Luciana Queiroz)
(O homenageado, mostrando o seu lado compositor, acompanhado do violonista André Barros — Foto: Luciana Queiroz)
(Antonio Carlos Secchin — Foto: Luciana Queiroz)
,
(Foto: Luciana Queiroz)
(Antonio Cicero — Foto: Luciana Queiroz)
(Foto: Luciana Queiroz)
(Luis Turiba — Foto: Luciana Queiroz)
(Foto: Luciana Queiroz)
(Noélia Ribeiro — Foto: Luciana Queiroz)
(Foto: Luciana Queiroz)
(Leoni — Foto: Luciana Queiroz)
(Foto: Luciana Queiroz)
(Eduardo Tornaghi — Foto: Luciana Queiroz)
(Foto: Luciana Queiroz)
(Tavinho Paes — Foto: Luciana Queiroz)
(Foto: Luciana Queiroz)
(Mano Melo — Foto: Luciana Queiroz)
(Foto: Luciana Queiroz)
(Salgado Maranhão — Foto: Luciana Queiroz)
(Foto: Luciana Queiroz)
(Encerrando a noite, o homenageado — Foto: Luciana Queiroz)
(Ricardo Silvestrin e Kleiton Ramil — Foto: Luciana Queiroz)
(A turma toda nos agradecimentos finais; da esquerda pra direita: Kleiton Ramil, Ricardo Silvestrin, Eduardo Tornaghi, Mano Melo, Salgado Maranhão, Tavinho Paes, Noélia Ribeiro, Luis Turiba, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Leoni, Paulo Sabino e André Barros — Foto: Luca Andrade)
(Destaque na coluna “Gente Boa”, do carderno cultural do jornal O Globo, a 10ª edição do projeto Ocupação Poética — Fotos: Marcos Ramos)
(Destaque na coluna “Gente Boa”, do carderno cultural do jornal O Globo — Fotos: Marcos Ramos)
(Destaque na coluna “Gente Boa”, do carderno cultural do jornal O Globo, a 10ª edição do projeto Ocupação Poética — Fotos: Marcos Ramos)
_____________________________________________________
Foi lindo! Que momento, que vivência!
A cada noite como a que tivemos, na 10ª edição do projeto Ocupação Poética no teatro Cândido Mendes de Ipanema, ocorrida na segunda-feira (11/09), em homenagem ao grande poeta e letrista e cantor gaúcho Ricardo Silvestrin, o coração só faz transbordar alegria e fé na poesia, no que ela pode de afeto, de alcance, de projeção. Tá faltando Poesia no cardápio nosso de cada dia! No que depender de mim, tendo sempre esta turma da pesada juntinho de mim (porque não acredito, mesmo!, que ninguém é nada sozinho), a Poesia vem gostosa, como o prato principal de todos nós. Que assim seja!
O meu muito obrigado a todos os participantes: Antonio Cicero, Antonio Carlos Secchin, Eduardo Tornaghi, Salgado Maranhão, Tavinho Paes, Noélia Ribeiro, Leoni, Luis Turiba, Kleiton Ramil, Mano Melo; e ao público, quente, risonho e festivo. O público abraçou a bela e sagaz e direta e sofisticada poesia do Silvestrin. Uma alegria imensa. Gente que encomendou livro em site pós evento. Lindo de saber. E vamo que vamo! Valeu demais!
Aos interessados, deixo, na íntegra, o poema que fez sucesso na voz do cantor e compositor Leoni e que foi citado (ver fotos acima) na matéria jornalística.
Dia 13 de novembro acontece a 11ª edição do projeto. Mais à frente, maiores informações.
Beijo todos!
Paulo Sabino.
_____________________________________________________
(do livro: Metal. autor: Ricardo Silvestrin. editora: Artes e Ofícios.)
deus descansou
e esse foi o seu vacilo
achou que o jogo estava ganho
e o mundo então deu naquilo
deus lavou as mãos
disse se virem
já fiz a minha parte
pensam que é mole
tirar um mundo da cartola
se querem perfeito
nada feito
tô fora
e se foi pelo infinito
sem dar ouvidos
aos gritos
de deus do céu
deus nos proteja
deus nosso senhor
onde anda
por hoje o criador
pelo universo
de banda
gozando a aposentadoria
que ganhou em sete dias
fez um mundo imperfeito
mas bate no peito
e diz
se não gostarem
façam outro
devolução não aceito
já fiz o homem
à minha imagem e semelhança
pra continuar
no meu lugar
a lambança
(A dedicatória pra mim)
____________________________________________________________________
“Paulo, querido:
Sua presença, sua companhia, e mais especialmente sua voz, estão comigo neste lançamento.
Te encontrar foi um presente!
Que a gente lance, se lance, nesse lance, livre e livro, como a vida quer de nós.
Um beijo enorme e muito, muito obrigada!”
(Sandra Niskier Flanzer — 30/06/17)
A noite de segunda-feira, 31/07, com o lançamento do novo livro de poemas da psicanalista e poeta Sandra Niskier Flanzer, “Do quarto” (ed. 7Letras), na Casa do Saber, foi linda!
A poeta me convidou para fazer um recital de poesia que foi o meu primeiro vôo solo, a primeira vez que me apresentei sem dividir o palco, coisa que AMO fazer. Eu, chato que sou (acredito ser assim pra muita gente), acho que poderia fazer melhor, que não dei conta do recado de uma maneira satisfatória (pra mim). Mas, apesar dessa impressão (minha), recebi palavras muito carinhosas, muito generosas, de quem assistiu e veio falar comigo ao final. A Sandra também me contou que recebeu palavras muy elogiosas sobre o sarau que pensamos juntos e o meu desempenho com as palavras.
Para além disso, soube de uma história bacanérrima: de uma pessoa que não conheço e que estava no recital e que trabalha com um grande amigo meu e que por conta de uma foto do recital no celular do meu grande amigo comentou com ele que esteve nesse recital na segunda-feira (31/07) e que foi “sensacional” (palavra do meu amigo) e um tanto mais de palavras calorosas. Saldo pra lá de positivo. Por isso, por esse retorno do público, estou muito feliz com esta primeira apresentação sozinho.
A Sandra lotou o espaço merecidamente, porque o seu livro, “Do quarto”, é de uma beleza rara na poesia, muito sofisticado, e porque mesclamos as leituras com poemas de grandes autores (Adélia Prado, Drummond, João Cabral, Gullar, Pessoa, Antonio Cicero, Antonio Carlos Secchin, Armando Freitas Filho), desenvolvendo um papo poético bem bacana entre os versos. Por tanto, por tudo, aqui para agradecer demais demais demais o convite da Sandra, a oportunidade deste momento e a confiança depositada na minha voz. Agradecer demais demais demais a presença dos amigos, e, especialmente, dos mestres — também amigos — que lá estiveram: os membros da Academia Brasileira de Letras (ABL) Nélida Piñon, Antonio Carlos Secchin e Antônio Torres, o poeta, letrista e filósofo Antonio Cicero, o membro da Academia Carioca de Letras (ACL) Adriano Espínola e o figurinista de cinema, teatro e publicidade Marcelo Pies. A vontade pede mais momentos como o vivenciado na segunda 31/07.
Valeu demais!
Salve a Poesia!
Salve a sua existência na minha!
De presente, uma poesia incendiária da Sandra, que chama pela chama, pelo calor, pela luz, que a poesia alastra a quem desejar a sua chama, o seu calor, a sua luz.
Beijo todos!
Paulo Sabino.
____________________________________________________________________
(do livro: Do quarto. autora: Sandra Niskier Flanzer. editora: 7Letras.)
CHAMA POESIA
Tu estejas aí
Enquanto estiver aqui
Não arredarei pé
Atravessarei feriado
Os ócios do ofício
E o fim da semana
A produzir labaredas
Lavas que atiçam chamas
Centelhas a chamar fogueiras
Estarei no entre flamas,
Laboredas combustíveis
Incinerando o edredom
Queimando a cama parada
Em meio ao fogo cruzado
Assim, tu estejas aí,
Minha cara litera-dura
Segura-me com tua brasa
Aquece-me em minha casa
Pois te apago e a pago
Incendiária e sem diária.
(Na foto, o convite para o lançamento)
_____________________________________________________
Na próxima segunda-feira, dia 31 de julho, a partir das 19h, na Casa do Saber (shopping Leblon — av. Afrânio de Melo Franco, 290, loja 101, 1º piso), a poeta e psicanalista Sandra Niskier Flanzer lança o seu mais novo livro de poesia, “Do quarto”, pela editora 7Letras.
Recebi, da autora, o convite, que muito me honra e alegra, para fazer um recital, onde lerei poemas do livro entrelaçados a poemas de outros poetas que inspiraram a criação de algumas peças poéticas ou que conversam com as leituras da noite. Então, além dos novos poemas da Sandra Niskier Flanzer, teremos a leitura de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Antonio Cicero, Armando Freitas Filho, Fernando Pessoa, entre outros.
O lançamento começa às 19h e o recital, às 20h. Todos mais que convidados.
De brinde, deixo, aqui, um dos poemas “Do quarto” da Sandra, um poema lindo, que fiz questão de selecionar para a leitura, que nos incita a aproveitar a vida, a gastá-la, a usá-la, a deixá-la escorrer, a roê-la, a raspá-la, a fincar as unhas no umbigo do mundo, a fim de que o tempo que nos cabe valha a pena, valha a dor, valha a lágrima, valha a risada, valha a alegria, valha o bem-estar; a fim de que o tempo que nos cabe, em sua inutilidade (pois a vida, em si, não possui sentido, a não ser o sentido que damos a ela de acordo com os nossos objetivos e desejos), seja satisfatório, a ponto de gostarmos da vida, a ponto de gostarmos das nossas experiências vidafora, almadentro.
(A vida gosta de quem gosta da vida, não nos esqueçamos nunca desta lição.)
Venham! Eu e a Sandra esperamos vocês!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
_____________________________________________________
(do livro: Do quarto. autora: Sandra Niskier Flanzer. editora: 7Letras.)
IN UTILIZAR
Gastar, gastar, usar a vida
Deixar que escorra, provar da bica
Gastar, roer, raspar do fundo
Fincar as unhas no umbigo do mundo.
Cravar as mãos, roçar, pegar,
Ir ao encontro de, ralar, ralar
Usar agora, desgastar, se engastar
No tempo breve que passa justo.
Perder, perder, ceder ao outro
O resto pífio desse plano torto
De achar que vivo é o que se encaixa
Quando é a morte que se guarda em caixa.
Porvir, puir, e por ir, desperdiçar
Do impossível, cruzar a faixa
Fuçar o real que no acaso sobrar
E torná-lo inútil a ponto de gostar.
(A trupe na companhia de Guilherme Araújo)
_____________________________________________________
***Para comemorar os 50 anos da Tropicália o Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresentará uma série de encontros poético-musicais ao longo de 2017***
***Nesta edição, os cantores, compositores e instrumentistas cariocas Aline Lessa, Pedro Mann e Grillo apresentarão músicas do repertório tropicalista, além de canções autorais, na companhia da poeta, performer e atriz Betina Kopp, que apresentará ao público a sua poesia sempre acompanhada de suas performances pra lá de tropicalistas***
Nos dias 19 e 20 de julho (quarta e quinta-feira), a partir das 19h30, acontece a sexta etapa do ciclo de encontros “Somos Tropicália – 50 anos do movimento”, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, em homenagem aos 50 anos da Tropicália: as surpreendentes e eletrificadas apresentações de Caetano Veloso e Gilberto Gil no Festival da TV Record em 1967 são consideradas o marco inicial do movimento na música, que se consolidou com a gravação de “Tropicália Ou Panis Et Circenses”, álbum-manifesto lançado no ano seguinte.
Para esta edição de julho, o projeto tem como participantes a cantora, compositora e instrumentista Aline Lessa, os também cantores, compositores e instrumentistas Pedro Mann e Grillo, e a poeta, performer e atriz Betina Kopp. Para esta celebração poético-musical inédita, os artistas foram convidados a montar um roteiro no qual interpretarão alguns clássicos da Tropicália, sem deixar, é claro, de incluir obras autorais que se inspiram ou conversem com as influências do movimento. Junto às canções, poemas e performances onde percebemos o legado constituído pelo Tropicalismo.
Aline Lessa, cantora, compositora e instrumentista carioca, lança pela gravadora Biscoito Fino e pelo selo Garimpo, ainda em 2017, o seu segundo álbum autoral, que contou com a produção de Domenico Lancellotti. Com uma pegada que transita entre o rock, o pop e o experimental, o disco foi construído, conceitualmente, com o auxílio de artistas de outros segmentos – do teatro e das artes visuais – e contou com músicos como Bem Gil, Elisio Freitas, Lourenço Vasconcellos, Alberto Continentino, Pablo Arruda, entre outros. Integrou por seis anos, e foi responsável por boa parte das composições, a banda de rock alternativo “Tipo Uisque”, onde também tocava teclado e fazia backings. A partir de 2014, deu um tempo nas composições em inglês e se enveredou pela carreira solo, entregando-se às influências caseiras e serestas que ouvia com o seu pai. Em 2015, nasceu seu primeiro álbum solo, que leva o seu nome, e em português. Bem recebido por crítica e público, o trabalho figurou em algumas listas de melhores do ano e recebeu atenção de veículos especializados. Também produziu o projeto “Fio”, ao lado de Elisio Freitas, onde reinterpretava canções de Chico Buarque e Vinicius de Moraes. Os videos do projeto, lançados com exclusividade pela página “Brasileiríssimos”, alcançaram milhões de visualizações.
Cantor, compositor e instrumentista, o carioca Pedro Mann vem traçando um caminho único e plural no cenário da música brasileira. Pedro é baixista há alguns anos, tendo já acompanhado e dividido o palco com Gilberto Gil, Roberta Sá, Geraldo Azevedo, Forróçacana e Pedro Luís. É fundador do “Bondesom”, grupo que vem inspirando o cenário da música instrumental carioca há mais de uma década. Com a banda tem três discos lançados: “Bondesom” (2007), “Procurando Lola” (2011) e “Três” (2014). O lado autor ganhou força e Mann começou a ser gravado por cantores como Matheus VK, Thaís Gulin, Angelo Paes Leme e Antonia Adnet. Em 2013 lançou o seu primeiro disco solo, “O Mundo Mora Logo Ali”, apresentando canções autorais e autobiográficas. No segundo semestre de 2016, Pedro Mann iniciou a turnê de seu segundo disco, “Cidade Copacabana”, produzido por Lucas Santtana e Duani. O disco representa uma expansão da consciência musical do compositor, trazendo uma sonoridade mais urbana e eletrônica. “Fiquei muito feliz com o convite para participar desse resgate estético musical. Sinto que a Tropicália influencia muito a minha arte porque é um jeito de ver o mundo com ousadia, integrando as nossas polaridades num caldeirão alquímico e transformando a mistura em algo genuíno. Acho que o resgate do espírito tropicalista é de extrema importância nos dias de hoje, onde a intolerância está dando as caras”, dispara.
Depois de seu primeiro CD e DVD “História de Samba”, o cantor e compositor carioca Grillo assume agora o rótulo de “MPB pra dançar” e lança este ano seu novo EP autoral “O Baile Chegou”. Neste trabalho, as suas referências de samba e bossa nova se misturam a ritmos como soul, charme e rap. Sopros e beatboxes se entrelaçam às percussões de mestre Marçal sob a produção musical do DJ Meme. As canções falam sobre gratidão, festas e amores perdidos. Exaltam o empoderamento feminino e celebram a diversidade e o amor. “Na minha visão o movimento da Tropicália representou um marco na história da música brasileira. A introdução de guitarras, a ousadia das letras super antenadas com a política da época e as cores nas roupas, cenários e artes de capa, revelavam o nascimento de uma atitude comportamental de liberdade cultural da qual os jovens podiam finalmente se apropriar sem perder o seu sotaque tupiniquim”, avalia o artista.
Betina Kopp é poeta, performer, apresentadora e atriz formada pela CAL. Artista múltipla, criou as performances “Corpinturadas”, “PQP – Poesia Que Para”, “Poesia Para Degustar” e “Poiesis”, apresentando-se nos mais variados lugares, como em festivais de arte e cultura na Bahia e em Pernambuco, no Complexo do Alemão (Rio de Janeiro) e na PUC de diversos estados (RJ, PR, RS). No teatro, participou de trabalhos onde se destacam “Diálogos com Lorca”, dirigida por Lu Grimaldi, “Contos de amor e morte”, dirigida por José Luiz Junior, e “Vão Paraíso” e “Escola de Molières”, ambas dirigidas por Amir Haddad. Integrante da Companhia Bando, atua no espetáculo de dança-teatro “Revoada”. Fez participações em variadas produções de televisão (programas, séries e novelas). Integrante do grupo “Voluntários da Pátria”, coletivo que promove o projeto dinâmico que mistura música e poesia para jovens e que circulou por 11 estados do país, Betina Kopp gravou os áudio-livros “Baú do Raul”, “A cabeça de Medusa” e “Morangos Mofados”, além de ter publicado seu livro de poesia “Beco” (Rubra Editora). “O Tropicalismo permanece vivo, ecoa inspirações e alimenta criações. Participar desta homenagem é uma honra. Rever nossa história é necessário, vibrar as influências e fazer reverberar a resistência que é ser artista em qualquer época”, afirma a artista.
O projeto, sob coordenação, curadoria e produção do jornalista Rafael Millon e do poeta Paulo Sabino (também jornalista), é realizado em parceria com o Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, e estreou oficialmente em fevereiro, reunindo a cantora Mãeana, o músico e compositor Bem Gil, e o poeta e agitador cultural Jorge Salomão. Em março o projeto recebeu os cantores e compositores Lila e Matheus VK junto com o ator e poeta Eber Inácio. Em abril se apresentou o quarteto composto pela cantora Juliana Linhares junto com cantor e compositor Mihay, o ilustre poeta Salgado Maranhão e o músico Helio Moulin. Em maio foi a vez de Letícia Novaes e Arthur Braganti, dupla integrante da recém extinta banda “Letuce”, junto com o poeta e jornalista Luis Turiba. Em junho, a mais recente edição recebeu a atriz cantora e compositora Mari Blue, o multi-instrumentista e pesquisador musical Marcelão De Sá, o poeta, cantor e compositor João Bernardo e o baterista, percussionista e regente Lourenço Vasconcellos.
Aguardamos vocês!
Serviço:
Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresenta —
SOMOS TROPICÁLIA – 50 anos do movimento
Julho: com Aline Lessa, Pedro Mann, Grillo e Betina Kopp / Pocket-show e leitura de poesias
Dias 19/07 (4ª-feira) e 20/07 (5ª-feira)
A partir das 19h30
Rua Redentor, 157 Ipanema
Tel infos. 21-2523-1553
Entrada: R$ 1,00
Lotação: 60 lugares
Classificação: livre
(Os participantes da 5ª edição: da esquerda para direita: Marcelão De Sá, Mari Blue, João Bernardo e Lourenço Vasconcellos — Fotos: Elena Moccagatta)
(Nota da coluna “Parada Obrigatória”, da revista “Zona Sul”, jornal O Globo)
_____________________________________________________
*** Para comemorar os 50 anos da Tropicália o Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresentará uma série de encontros poético-musicais ao longo de 2017 ***
Nesta edição, a atriz, cantora e compositora Mari Blue e o cantor e compositor João Bernardo apresentarão músicas do repertório tropicalista, acompanhados do percussionista e compositor Lourenço Vasconcellos e do músico Marcelão de Sá, que, além de tocar, fará uma apresentação mostrando ao público algumas pérolas tropicalistas escondidas pelo tempo
Nos dias 21 e 22 de junho (quarta e quinta-feira), a partir das 19h30, acontece a quinta etapa do ciclo de encontros “Somos Tropicália – 50 anos do movimento”, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, em homenagem aos 50 anos da Tropicália: as surpreendentes e eletrificadas apresentações de Caetano Veloso e Gilberto Gil no Festival da TV Record em 1967 são consideradas o marco inicial do movimento na música, que se consolidou com a gravação de “Tropicália Ou Panis Et Circenses”, álbum-manifesto lançado no ano seguinte.
Para esta edição de junho, o projeto tem como participantes a cantora, compositora e atriz Mari Blue, o cantor e compositor João Bernardo, o percussionista e compositor Lourenço Vasconcellos e o músico Marcelão de Sá. Para esta celebração poético-musical inédita, os artistas foram convidados a montar um roteiro no qual interpretarão alguns clássicos da Tropicália e outras famosas canções lançadas bem depois do movimento mas que preservam o espírito tropicalista. Isso sem deixar, é claro, de incluir obras autorais que se inspiram ou conversem com as influências do movimento. E também, antes do início do show, o músico Marcelão de Sá fará uma apresentação na qual mostrará pérolas tropicalistas escondidas do grande público, através de alguns dos vários vinis da sua coleção pessoal, verdadeiras raridades.
Mari Blue é destaque da cena da música independente. Radicada no Rio, a mineira é uma artista versátil, elogiada por artistas consagrados como Marina Lima e Kiko Loureiro. Iniciou sua carreira no teatro (estudou Artes Cênicas na Unirio e UFRJ), mas se aprofundou na música. Tem três álbuns lançados e vem sendo premiada em importantes festivais como o Festival Nacional da Canção, o Festival da Canção Francesa, o Femurc e o Festival de Clipes e Bandas, onde recebeu três prêmios em 2017. Também fará parte este ano do WebFestiValda, que acontecerá em julho. “Para mim, participar do ‘Somos Tropicália’ é uma celebração de um encontro artístico que aconteceu no passado através de um outro encontro presente”, declara a artista.
João Bernardo é poeta, cantor e compositor. Assim como a Mari Blue, é mineiro (de BH) radicado no Rio. Com 3 cds gravados e com lançamento agendado para novembro no Teatro Ipanema do seu quarto disco, João vem sendo gravado por vários artistas da nova geração, como Mãeana, Liniker, Duda Brack, Ana Ratto, Julia Bosco, Ana Clara Horta com Pedro Luis, Matheus von Kruger, entre outros. Ganhou o prêmio de Melhor canção de 2016 das rádios MEC e Nacional, e sua música “Queria me enjoar de você” se tornou um webhit após o lançamento do vídeo realizado pela cineasta Clara Cavour. A música ganhou vários covers país afora. “Gil e Caetano estão entre os artistas que mais escutei e que mais me influenciaram vida afora. Revolucionários na música e no comportamento, deram um ‘chega pra lá’ na caretice nacional. A MPB nunca mais foi a mesma. Poder celebrar os 50 anos do movimento na casa do Guilherme Araújo é pra mim simbólico demais. Sinto afinidade total”, alegra-se ao falar.
Marcelão De Sá toca desde os 9 anos de idade. Participou de várias bandas na década de 90, a mais atual sendo a “Dinda”, ao lado de João Bernardo, participante desta edição do projeto. Ao longo da sua carreira, tocou com grandes artistas, entre eles Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jards Macalé. Há 4 anos integra a banda de Jorge Mautner, acompanhando o poeta e cantor também em suas apresentações no formato voz e violão. “Linda oportunidade participar desse encontro divino maravilhoso! Dividir minha pesquisa e paixão por essa fase de nossa história”, diz com entusiasmo.
Lourenço Vasconcellos é baterista, percussionista e compositor, formado em Composição pela UFRJ e mestre em Jazz Studies, com foco em bateria, pela University of Louisville (UofL), EUA. Entre 2010 e 2013, integrou a Orquestra Corações Futuristas, que acompanhou o compositor e multi-instrumentista Egberto Gismonti em concertos por diversas cidades brasileiras e também na Bélgica, no Festival Europalia. Além de colaborar com o trabalho de diversos instrumentistas e cantoras cariocas, como Gabriel Geszti, Glaucus Linx e Andreia Mota, dedica-se aos seus próprios grupos “Relógio de Dalí”, “Quintal dos Ipês” e a “Banda Taranta”. Lourenço também é baterista do projeto “Iara Ira”, que reúne três grandes e jovens cantoras brasileiras, Juliana Linhares, Julia Vargas e Duda Brack. Com frequência integra o naipe de percussão da OSB como músico convidado. Atualmente é diretor musical e regente da Orquestra de sopros da Pró-Arte.
Venham todos!
De presente, abaixo, vídeo, da Mari Blue, fazendo, ao vivo, a sua belíssima — e com toque tropicalista — “O credo”, onde afirma gostar de opostos, onde afirma ter os contrários como complementares.
Serviço:
Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresenta –
SOMOS TROPICÁLIA – 50 anos do movimento
Pocket-show com Mari Blue, João Bernardo, Marcelão de Sá e Lourenço Vasconcellos / apresentação de músicas e vinis raros da tropicália por Marcelão de Sá
Dias 21/06 (4ª-feira) e 22/06 (5ª-feira)
A partir das 19h30
Rua Redentor, 157 Ipanema
Tel infos. 21-2523-1553
Entrada: R$ 1,00
Lotação: 60 lugares
Classificação: livre
(do site: Yourube. artista e intérprete: Mari Blue. canção: O Credo. autora: Mari Blue.)
O CREDO (Mari Blue)
me apetece a falta de estética
a falta de pretensão
as formas menos artísticas
a falta de didática
eu gosto de tirar a razão da ética
da falta de programação
eu gosto de quem não gosta de ler
mas tem opinião
o que é real existe mas não existia
assim como quem é normal
meu almoço não é mingau
o vizinho me espia
eu gosto de liberdade
de ter o meu próprio perdão
eu não acredito na verdade
eu não tenho religião
me apetece um toque de estética
um pouco de pretensão
as muitas formas artísticas
a calma da didática
eu gosto de valorizar a ética
fazer e ter programação
eu gosto de quem gosta de ler
e tem opinião
o que é real existe mas não existia
assim como quem é normal
meu almoço não é mingau
o vizinho me espia
eu gosto de liberdade
de ter o meu próprio perdão
eu não acredito na verdade
eu não tenho religião
sim
me apetece a convicção
não dar poder
ao pudor
estender a mão
ter respeito
se não tem
amor
cuidar
aceitar o dever
fazer da dúvida a conclusão
(Os participantes + Caetano Veloso, Guilherme Araújo e Gal Costa — Foto: Ana Alexandrino)
(Nota na coluna “Gente Boa”, do caderno cultural do jornal O Globo)
_____________________________________________________
*** Para comemorar os 50 anos da Tropicália o Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresentará uma série de encontros poético-musicais ao longo de 2017 ***
Nos dias 31 de maio e 01 de junho (quarta e quinta-feira), a partir das 19h30, acontece a quarta etapa do ciclo de encontros “Somos Tropicália – 50 anos do movimento”, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, em homenagem aos 50 anos da Tropicália: as surpreendentes e eletrificadas apresentações de Caetano Veloso e Gilberto Gil no Festival da TV Record em 1967 são consideradas o marco inicial do movimento na música, que se consolidou com a gravação de “Tropicália Ou Panis Et Circenses”, álbum-manifesto lançado no ano seguinte.
Nesta edição de maio o projeto tem como participantes a cantora, compositora e atriz Letícia Novaes, o músico e compositor Arthur Braganti, o poeta e jornalista Luis Turiba. A noite também conta com a participação especial de Natália Carrera, guitarrista e produtora musical do novo álbum de Letícia, “Letrux Em Noite de Climão”, que será lançado em breve.
Para esta celebração poético-musical inédita os artistas foram convidados a montar um roteiro com sabor tropicalista no qual misturam textos, canções e referências de diferentes épocas e estilos e no qual entrarão sucessos de Caetano, Mutantes, Carmem Miranda, Torquato Neto e Edu Lobo e até Berlin (aquela do Take My Breath Awaaaay, hit do New Wave nos anos 80). Sem deixarem, é claro, de incluir músicas e poesias autorais que se inspiram ou conversem com as influências do movimento, como o samba “Mistura Tropicalista”, enredo que o Turiba compôs para o carnaval do bloco Mistura de Santa.
Letícia e Arthur são destaques da cena da música independente. Até pouco tempo atrás Letícia foi líder da recém extinta banda “Letuce”, um dos principais grupos deste cenário na última década, e do qual Arthur também foi integrante nos últimos anos. Multiartista reconhecida e de personalidade marcante, Letícia sempre demonstrou ter espírito tropicalista, conferindo uma assinatura própria aos resultados. “Minha carreira sempre foi uma miscelânea curiosa entre literatura, teatro e música. Sempre brinquei com as coisas mais tradicionais e ‘clássicas’ brasileiras, como o próprio pagode, que fiz versões dentro da ‘nova mpb’. Sempre me utilizei de referências cinematográficas ou teatrais, mesmo para fazer um show musical. E além disso, nunca tive nenhum temor às referências ‘gringas’, pelo contrário, abraço tudo que me emociona, seja na língua mãe ou numa língua amiga”, se diverte a artista.
E Turiba, que possui cinco livros de poesia publicados, entre eles o mais recente, “QTais”, é ganhador de dois prêmios “Esso de jornalismo”, e é um importante nome da literatura e do jornalismo brasileiros. Entusiasta e freqüentador de saraus poéticos, suas atuações em leituras de poesias são sempre potentes e cativantes, transmitindo a alegria e a animação que lhe são características. Seu bloco de carnaval no Rio de Janeiro, o “Mistura de Santa”, desfilou em 2016 com o enredo “Mistura Tropicalista”, um samba de sua autoria que ele apresentará ao público do projeto. Além disso, ele também é idealizador do Café Tropicália na 33ª Feira de Livro de Brasília, em 2017. “O Tropicalismo foi o mais importante movimento cultural da última metade do século passado. Combateu a ditadura esteticamente e revolucionou a linguagem poética brasileira com Torquato Neto à frente, como letrista de Gil, Caetano, Edu Lobo. Foi um movimento que misturou tudo: passado, presente, cinema, teatro, poesia e artes plásticas. Foi reprimidíssimo, durou pouco, mas seus ecos podem ser ouvidos até hoje”, explica Turiba.
Em junho o projeto, que tem entrada franca e se realiza sem qualquer tipo de apoio ou patrocínio, receberá a cantora Zabelê e o cantor, compositor e poeta Moraes Moreira.
Venham todos!
Serviço:
Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresenta –
SOMOS TROPICÁLIA – 50 anos do movimento
Letícia Novaes, Arthur Braganti e Luis Turiba – part.: Natália Carrera / Pocket-show e leitura de poesias
Dias 31/05 (4ª-feira) e 01/06 (5ª-feira)
A partir das 19h30
Rua Redentor, 157 Ipanema
Tel infos. 21-2523-1553
Entrada franca c/ contribuição voluntária
Lotação: 60 lugares
Classificação: livre
(do livro: Sobre as letras. organização e notas: Eucanaã Ferraz. comentários: Caetano Veloso.)
JÓIA
Deu título ao disco. É um negócio pequeno mas bonito. Fala de uma menina específica, Claudinha O’Reilegh. A gente ia ver o sol nascer em Copacabana todo dia de manhã, antes de dormir, e ela tomava coca-cola.
_____________________________________________________
jóia: objeto de material valioso trabalhado com esmero, com todo o cuidado e atenção; pessoa ou coisa muito querida ou boa; algo bacana, bonito, excelente.
uma jóia da vida: uma cena da vida: beira de maré na américa do sul. um selvagem (diz-se daquele que vive nas selvas, afastado dos aglomerados urbanos) levanta o braço, abre a mão e tira um caju para seu deleite: um momento, uma cena da vida, de grande amor: uma jóia existencial. o prazer de viver um momento de grande amor: deliciar-se com um caju colhido ao pé da árvore, ao alcance da mão.
uma jóia da vida: uma cena da vida: copacabana — palavra indígena, o nome de um bairro movimentadíssimo, além de muito extenso, na cidade do rio de janeiro; copacabana, a princesinha do mar: louca total, completamente louca, princesinha agitada, tumultuada, o avesso do que se imagina nas selvas, lugares de palavra indígena. em copacabana, ao nascer do sol, de frente pro mar (beira de maré na américa do sul), a menina, muito contente, feliz, satisfeita, toca a coca-cola na boca: um momento, uma cena da vida, de puro amor: uma jóia existencial. o prazer de viver um momento de puro amor: deliciar-se com uma coca-cola enquanto assiste ao nascer do sol.
uma jóia da vida: uma cena da vida: seja na selva, seja na cidade; seja um selvagem (diz-se daquele que vive nas selvas, afastado dos aglomerados urbanos), seja a menina de um grande centro urbano; seja um caju, fruto da natureza, seja uma coca-cola, fruto da indústria: vivenciar momentos, cenas, de grande e puro amor: eis a grande jóia da vida.
beijo todos!
paulo sabino.
_____________________________________________________
(do livro: Letra só. seleção e organização: Eucanaã Ferraz. autor: Caetano Veloso. editora: Companhia das Letras.)
JÓIA
Beira de mar
Beira de mar
Beira de maré na América do Sul
Um selvagem levanta o braço
Abre a mão e tira um caju
Um momento de grande amor
De grande amor
Copacabana
Copacabana
Louca total e completamente louca
A menina muito contente
Toca a coca-cola na boca
Um momento de puro amor
De puro amor
_____________________________________________________
(do site: Youtube. áudio extraído do álbum: Jóia. artista e intérprete: Caetano Veloso. canção: Jóia. autor: Caetano Veloso. gravadora: PolyGram.)