(Todas as fotos: Luciana Queiroz)
(Alexandre Rabello, Patricia Mellodi e Christovam de Chevalier)
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(Todas as fotos: Luciana Queiroz)
(Alexandre Rabello, Patricia Mellodi e Christovam de Chevalier)
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(Os convidados-participantes: Jorge Salomão, Mãeana & Bem Gil.)
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Alegria alegria! Prestenção:
Dias 17 de fevereiro (sexta-feira) & 23 de fevereiro (quinta-feira) começa o ciclo de encontros “Somos Tropicália – 50 anos do movimento”, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, a partir das 19h30, em homenagem aos 50 anos do Tropicalismo & do lançamento do álbum (que se tornou um clássico) “Tropicália Ou Panis Et Circenses”.
Serão encontros mensais (até dezembro) que ressaltam a importância do movimento na música popular brasileira, que reverbera até hoje no cenário do cancioneiro contemporâneo. Encontros que ocorrerão justamente no espaço que foi a casa do grande empresário & co-criador do Tropicalismo, o irreverente Guilherme Araújo.
Leituras de poemas & participações musicais com releituras do repertório tropicalista.
Para este mês de fevereiro, o imenso prazer de ter como participantes o grande poeta & agitador cultural Jorge Salomão (foto), a cantora Ana Cláudia Lomelino (Mãeana + banda Tono – foto) & o músico & compositor Bem Gil (banda Tono – foto).
A coordenação & curadoria deste super evento são do Rafael Millon & deste que vos escreve, Paulo Sabino.
De graça! Imperdível!
De presente, deixo-lhes um poema-canção de um dos grandes poetas do movimento — Torquato Neto —, com direito ao áudio na interpretação da grande musa do Tropicalismo — Gal Costa.
Serviço:
Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresenta –
SOMOS TROPICÁLIA – 50 anos do movimento
Mãena, Bem Gil e Jorge Salomão / Pocket-show e leitura de poesias
Dias 17/02 (6ª-feira) e 23/02 (5ª-feira)
A partir das 19h30
Rua Redentor, 157 Ipanema
Tel infos. 21-2523-1553
Entrada franca c/ contribuição voluntária
Lotação: 60 lugares
Classificação: livre
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mamãe, coragem: os filhos devem ser criados para ganhar o mundo, para serem donos dos seus caminhos, para irem além da esquina & do alcance da vista.
mamãe, coragem. mamãe, não chore. a vida é assim mesmo — eu fui embora.
mamãe, não chore. a escolha do caminho cabe a cada um. o filho escolheu: eu nunca mais vou voltar por aí.
mamãe, não chore. a vida é assim mesmo — e eu quero, mesmo, é isto aqui que escolhi para a minha vida.
mamãe, não chore. pegue uns panos pra lavar, leia um romance, escute um álbum de música, veja as contas do mercado, pague as prestações, ocupe o seu tempo com funções & tarefas que dizem respeito à sua vida. e que te façam bem. seja feliz.
ser mãe é desdobrar, fibra por fibra, os corações dos filhos. ser mãe é repartir, é desenrolar, é desmanchar as dobras dos corações dos filhos, a fim de esmiuçá-los & assim conhecê-los & assim aceitá-los. e ser feliz com as escolhas que fazem os corações & que cabem às vidas dos filhos.
mamãe, não chore. os filhos possuem as suas vontades: eu quero, eu posso, eu fiz, eu quis. escolhas dos filhos.
mamãe, seja feliz (com as suas escolhas — se puder).
mamãe, não chore. não chore nunca mais — não adianta: eu tenho sonhos para realizar, dores para sofrer, pessoas para amar & odiar, eu tenho o meu caminho, eu tenho um beijo preso na garganta (que desejo lançar ao mundo), eu tenho corações fora do peito (sonho junto a tantos outros filhos). mamãe, não chore. não tem jeito.
mamãe, não chore. pegue uns panos pra lavar, leia um romance, escute um álbum de música, tente entender tudo mais sobre tudo que acontece à sua volta, à minha volta.
eu, por aqui, vou indo muito bem, com as escolhas que fiz para mim. de vez em quando, brinco carnaval, e, na vertigem da folia, vou vivendo felicidade, vivendo felicidade na cidade que plantei para mim, que semeei para minha vida, que fundei para o meu caminho, que escolhi para habitar, cidade que não tem mais fim, de onde não mais sairei.
mamãe, coragem. mamãe, não chore. eu fui embora. eu nunca mais vou voltar por aí.
seja feliz.
beijo todos! especialmente, beijo as mães!
paulo sabino.
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(do livro: Torquatália { do lado de dentro }. autor: Torquato Neto. organização: Paulo Roberto Pires. editora: Rocco.)
MAMÃE, CORAGEM
Mamãe mamãe não chore
A vida é assim mesmo
Eu fui embora
Mamãe mamãe não chore
Eu nunca mais vou voltar por aí
Mamãe mamãe não chore
A vida é assim mesmo
E eu quero mesmo
É isto aqui
Mamãe mamãe não chore
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Veja as contas do mercado
Pague as prestações
— ser mãe
É desdobrar fibra por fibra
Os corações dos filhos,
Seja feliz
Seja feliz
Mamãe mamãe não chore
Eu quero eu posso eu quis eu fiz
Mamãe seja feliz
Mamãe mamãe não chore
Não chore nunca mais não adianta
Eu tenho um beijo preso na garganta
Eu tenho jeito de quem não se espanta
(Braço de ouro vale dez milhões)
Eu tenho corações fora do peito
Mamãe não chore, não tem jeito
Pegue uns panos pra lavar leia um romance
Leia Elzira, a morta-virgem,
O grande industrial
Eu por aqui vou indo muito bem
De vez em quando brinco o carnaval
E vou vivendo assim: felicidade
Na cidade que eu plantei pra mim
E que não tem mais fim
Não tem mais fim
Não tem mais fim
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(do site: Youtube. álbum: Tropicália ou Panis et circenses. artista: Vários. canção: Mamãe, coragem. letra: Torquato Neto. música: Caetano Veloso. intérprete: Gal Costa. gravadora: PolyGram.)
na mesma enorme praça, um outro homem, com suas mãos cansadas, pega o dia, fedelho, abre-lhe os olhos, e, em voz pausada, lança-lhe à cara o seu desafio derradeiro: por ser, a este homem, o dia uma criança enfadonha, um menino chato, ou ele, o filho da noite mãe, decifra o homem-esfinge ou, então, que o devore e o finde.
na mesma enorme praça, dois homens e os seus modos de encarar a cara do dia: um, às pressas, arrancando-o rapidamente do colo noturno-maternal. o outro, cansado, vendo-o como um menino chato, enfadonho, e pedindo para que, se não decifrado, seja devorado, seja findado.
no “meio” do dia, no meio da vida, no meio de nós: a consciência de estar vivo:
a auto-evidência existencial do sujeito pensante, ou seja, a certeza que tem o sujeito pensante da sua existência como tal. a isto, chama-se: cogito.
(“cogitar”, o verbo, significa “pensar”, “refletir”.)
a consciência de estar vivo: eu sou como eu sou: pronome pessoal intransferível do homem que iniciei, e que persiste na iniciação contínua.
eu sou como eu sou, e o sou no “agora”, no “já”, no “neste instante”: no presente, no hoje.
eu sou como eu sou (o espelho), isto é, sou o que: sou.
sem grandes segredos nem secretos dentes (para morder & ferir): um “desferrolhado”, um “sem ferrolho”, isto é, um sem tranca que feche, com segurança, portas & janelas da alma, janelas & portas que saiam para a vida.
sou um desferrolhado, e um desferrolhado indecente, incorreto, impróprio, inconveniente, obsceno, violador de pudores, feito qualquer pedaço de mim (afinal, a existência, o absurdo de estarmos vivos, garante-nos, somente, a “errância”, isto é, garante-nos somente o caminhar sem saber aonde & por quê).
eu sou como eu sou: observador, atento aos sinais que me chegam, tentando lê-los aqui & ali, nas andanças deste viver.
andar: caminhar sempre em frente, não parar. andar, andei; e prossigo, criando-me & recriando-me, e, assim, ao mundo, à minha cidade — que, no fundo no fundo, me trazem de volta a mim —.
andando, as paisagens vão modificando-se, assim como se modificam muitas das nossas escolhas.
mudo eu, muda você, mudamos nós. (os laços também.)
adeus, meu bem, adeus.
sigo eu, segue você, seguimos nós. é necessário não ficar, é preciso par/tir.
adeus, amor, adeus.
adeus, e vem. vem comigo. vem consigo.
vem, porque não esquecemos, porque não podemos — não devemos — esquecer, que, acima de tudo, queremos cuidar da vida, queremos a vida bem vivida & bem aproveitada.
tem-se que ir, tem-se que par/tir, que zarpar, porque se deseja estar cuidado, porque o objetivo é ser feliz, o objetivo é estar bem.
(que assim seja para TODOS nós!)
beijo GRANDE nos senhores!
paulo sabino / paulinho.
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