EXPOSIÇÃO “SOMOS SOMAS” — PAULO SABINO — OI FUTURO FLAMENGO
10 de setembro de 2019

(Convite da exposição “Somos Somas”, que inaugurou no dia 5 de agosto e que encerraria no dia 15 de setembro, mas foi prorrogada até 22 de setembro)

(No entrada do centro cultural, o anúncio da exposição e o curador, Alberto Saraiva)

(Montagem do anúncio)

(Foto que originou o cartaz da entrada do centro cultural — Américo Vermelho)

(Abertura da exposição “Somos Somas”, 5 de agosto — ao fundo, painel de 11 metros de largura que reproduz parte da minha biblioteca — Fotos: Americo Vermelho)

(No painel de 11 metros de largura que reproduz parte da minha biblioteca — Foto: Americo Vermelho)

(A coordenadora geral da exposição, Shirley Fioretti, e a produtora executiva, Veralu de Andrade — Foto: Americo Vermelho)

(O assessor de imprensa do projeto, George Patiño, e a responsável pelo painel da biblioteca e anúncio da entrada do Oi Futuro, Sandra Fioretti — Foto: Americo Vermelho)

(Foto: Americo Vermelho)

(O gerente-executivo de Cultura, Roberto Guimarães, e o acadêmico Antonio Carlos Secchin — Foto: Americo Vermelho)

(O poeta e professor Eucanaã Ferraz — Foto: Americo Vermelho)

(Os poetas Jorge Salomão e Alice Monteiro — Foto: Americo Vermelho)

(Na 1ª foto, na porta da galeria; na 2ª, dentro da galeria: Mariana Roquette-Pinto, Charles Gavin, Claudia Roquette-Pinto e Paulo Henriques Britto — Foto: Americo Vermelho)

(Os poetas Eduardo Macedo e Christovam de Chevalier — Foto: Americo Vermelho)

(Os poetas Mauro Santa Cecília, Luis Turiba e Christovam de Chevalier — Foto: Americo Vermelho)

(A poeta Thereza Rocque da Motta e os poetas Cláudio Cacau e Luis Turiba — Foto: Americo Vermelho)

(A cantora, compositora e pianista Maíra Freitas — Foto: Americo Vermelho)

(O poeta Tanussi Cardoso — Foto: Americo Vermelho)

(A minha caboclinha e mãe Jurema Armond — Foto: Americo Vermelho)

(O poeta Márcio Catunda — Foto: Americo Vermelho)

(Os poetas Victor Colonna e Thassio Ferreira — Foto: Americo Vermelho)

(A poeta Rosalia Milsztajn e o poeta Salgado Maranhão — Foto: Luciana Queiroz)

(Eu e Alberto Saraiva, o curador “marlindo” que se pode querer — Foto: Luciana Queiroz)

(A entrada da galeria, com texto sobre a exposição — Foto: Luciana Queiroz)

(Dentro da galeria, público com os vídeos projetados — Fotos: Luciana Queiroz)

_________________________________________________________________________________________________________

Oi Futuro apresenta exposição do poeta carioca Paulo Sabino
 
Imagens de artistas e poetas como Charles Gavin, Mabel Velloso, Claudia Roquette-Pinto, Péricles Cavalcanti, Maíra Freitas, Carlos Rennó, Ricardo Silvestrin e Adriano Nunes lendo poesias de Sabino serão projetadas nas galerias do Centro Cultural a partir de 5 de agosto
 
 
O Oi Futuro inaugura dia 5 de agosto, segunda-feira, a exposição “SOMOS SOMAS”, do poeta e jornalista Paulo Sabino, dentro do Programa Poesia Visual e Digital, com curadoria de Alberto Saraiva. A exposição vai ocupar o térreo e o 2° piso do Centro Cultural Oi Futuro, no Flamengo, e tem patrocínio da Oi, Prefeitura do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS, com apoio cultural do Oi Futuro.
 
“SOMOS SOMAS” alterna poemas gravados em celular pelo próprio Sabino e convidados virtuais. Charles Gavin, ex- Titãs, Mabel Velloso, Claudia Roquette-Pinto, Ricardo Silvestrin, Maíra Freitas, Péricles Cavalcanti, Adriano Nunes, Carlos Rennó, entre outros, têm suas imagens projetadas em grandes formatos. Os poemas inéditos do autor serão exibidos em três monitores, que ficam localizados no térreo do centro cultural.
 
Conhecido como agitador cultural e promotor de saraus de poesia no Rio, Sabino faz sua primeira exposição individual. Na galeria 2 do Oi Futuro, o artista convida outros amantes da palavra para participar das obras apresentadas, criando uma rede de pessoas em torno da poesia. Em um grande painel no térreo do centro cultural será reproduzida a biblioteca do artista, cenário constante em seus vídeos poéticos, postados regularmente nas redes sociais.

_________________________________________________________________________________________________________

(Exposição: Somos Somas. Vídeo: Painel biblioteca. Local: Centro Cultural Oi Futuro. Período de tempo: 05/08 a 22/09/2019.)

_________________________________________________________________________________________________________

(Exposição: Somos Somas. Edição de vídeo: Joao Oliveira, Alberto Saraiva e Paulo Sabino. Local: Centro Cultural Oi Futuro. Período de tempo: 05/08 a 22/09/2019. Poema: Um para dentro todo exterior. Autor: Paulo Sabino.)

PROGRAMA LáDóSiLar — PÍLULAS POÉTICAS (PAULO SABINO)
8 de agosto de 2018

_________________________________________________________________________________________________________

Olhaê!

Abaixo, o 1º vídeo da minha participação no super e incrível programa LáDóSiLar, capitaneado pela pianista, cantora, compositora, minha amiga e mãe da Zambi, Maíra Freitas!

Durante as temporadas, entrarei com umas “pílulas poéticas”, como anuncia a foto acima, que, junto à música, são o melhor remédio contra qualquer mal-estar anímico.

Neste 1º vídeo, um poema da minha autoria, que integra o meu livro de estreia na poesia, Um para dentro todo exterior, que lanço dia 5 de setembro no Rio de Janeiro! O livro já está à venda pela internet. Quem tiver interesse em adquiri-lo, é só acessar: http://www.autografia.com.br/loja/um-para-dentro-todo-exterior-/detalhes.

Terça-feira próxima (14/08) sai mais uma pílula!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
_________________________________________________________________________________________________________

(do site: Youtube. programa: LáDóSiLar. produção e apresentação: Maíra Freitas. participação: Paulo Sabino.)

 

mais que transmita o cinema
ou o mais bem escrito poema
— mais ainda: qualquer existente tática
ou conta aprendida com a matemática —,
nosso amor se faz na prática
de tudo o que possa vir a ser,
sem carta marcada ou parecer.

é no dia-a-dia, com a aprendizagem,
que traduzo a sua paisagem,
como quando o arado de um campo,
que, mais tarde, revela verdes e encanto.

nosso amor assim se desvela:
não é preciso lampião ou vela;
possui luz própria que surge
desta vontade de amar que, em mim, urge.

(do livro: Um para dentro todo exterior. autor: Paulo Sabino. editora: Autografia. selo: Bem-Te-Li.)

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (11ª EDIÇÃO) — ANDRÉ VALLIAS COM NUMA CIRO E PAULO SABINO
7 de novembro de 2017

(O homenageado da noite, André Vallias, entre Paulo Sabino e Numa Ciro)

___________________________________________________________________

Dia 13 de novembro (segunda-feira), a partir das 20h, acontece a 11ª edição do projeto OCUPAÇÃO POÉTICA no Teatro Candido Mendes de Ipanema, que tem o prazer de receber como homenageado um dos grandes criadores da poesia em suporte digital: ANDRÉ VALLIAS, paulistano radicado no Rio, que, além de poeta, é designer gráfico, produtor de mídia interativa e tradutor.
 
André Vallias nasceu em 1963, São Paulo, onde se formou em Direito pela Universidade de São Paulo. Começou a criar poemas visuais serigráficos em 1985, sob influência da poesia concreta. Viveu de 1987 a 1994 na Alemanha, onde, instigado pelas ideias do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser, orientou suas atividades para a mídia digital. Em 1992 organizou, com Friedrich W. Block, a primeira mostra internacional de poesia feita em computador:”p0es1e-digitale dichtkunst” (Annaberg-Buchholz). De volta ao Brasil, tornou-se um dos pioneiros da web brasileira, destacando-se com a criação do site de Gilberto Gil e de diversos outros artistas brasileiros, atuando pela produtora que fundou com a empresária Flora Gil em 1995: a Refazenda. Em 1996 muda-se para o Rio de Janeiro, cidade que veio a inspirar uma de suas obras mais conhecidas: “ORATORIO – Encantação pelo Rio”, poema interativo pelo qual recebe o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, em 2003. Vem realizando, desde 2007, espetáculos multimídia de poesia, solo ou com outros performers: Poema Falado (Itaú Cultural, 2007), Sybabelia (com Lica Cecato: Oi Futuro RJ, 2010; Teatro Itália SP, 2015), BrasilBabel (com Lira: Sesc Rio Preto, 2015), Do Oratorio ao Totem (Sesc BH, 2016), Numa Ciro & André Vallias (Casa Rio, 2017).
 
Em 2013, expôs o poema TOTEM, feito a partir dos nomes de 222 etnias indígenas brasileiras, no Projeto Poesia Visual II do Oi Futuro Ipanema, que veio a ser lançado mais tarde em formato de álbum pela editora Cultura e Barbárie. Em 2015 realizou a instalação interativa PALAVRIO, em parceria com o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia, sob curadoria de Heloisa Buarque, no Espaço Coppe (UFRJ). Em 2017, participou da série Frutos Estranhos da FLIP com um trabalho inédito sobre Lima Barreto. Na tradução de poesia, André Vallias se notabilizou com a organização da maior antologia já feita em português da obra do poeta e pensador judeu-alemão Heinrich Heine: Heine, hein? – Poeta dos contrários (Perspectiva, 2011). Traduziu também poemas de Paul Verlaine, Jules Laforgue, Osip Mandelstam, Marina Tsvetáeva, W. B. Yeats, entre outros. Algumas de suas obras digitais podem ser vistas no site http://www.andrevallias.com e na revista online que edita desde 2004: http://www.erratica.com.br.
 
Na 11ª edição da Ocupação Poética, André Vallias irá apresentar – com a participação do poeta e jornalista Paulo Sabino, produtor e idealizador da Ocupação Poética, e da cantora, performer e psicanalista Numa Ciro – uma seleção de seus poemas, vídeo-poemas e transcriações verbivocovisuais; em seguida, a obra que criou especialmente para a FLIP 2017 – “Moteto para Lima Barreto” – que também contou com a colaboração de Paulo Sabino e Numa Ciro.
 
“Depois de apresentá-lo ao público da FLIP, em Paraty, fico feliz de poder mostrar de novo o ‘Moteto’ a uma semana do Dia da Consciência Negra, na cidade natal de Lima Barreto, graças à generosa iniciativa de Paulo Sabino”, diz André Vallias.
 
“A Ocupação Poética é um acontecimento da maior importância artística. E o convite para participar desta edição me enche de alegria por me dar a oportunidade de homenagear André Vallias, a quem muito admiro como tradutor e como um dos criadores mais surpreendentes da poesia contemporânea”, declara Numa.
 
Numa Ciro é cantora, compositora, performer e psicanalista. Criou a modalidade de teatro/canto que denominou “monólogo cantante”: performance de canto sem acompanhamento instrumental à qual são incorporados elementos do teatro, das artes visuais, da poesia e da literatura. Como letrista, tem parcerias com Antônio Nóbrega, César Lacerda, Flaviola, João Donato, Hermeto Pascoal, Lanlan, Tânia Christal, Tibor Fittel e Zé Miguel Wisnik. É pesquisadora associada do PACC (Programa Avançado de Cultura Contemporânea/ UFRJ), onde fez pós-doutorado em Cultura Contemporânea e atuou na criação do Programa Universidade das Quebradas com Heloisa Buarque de Hollanda. É membro do Corpo Freudiano Escola de Psicanálise.
 
SERVIÇO:
Ocupação Poética (11ª edição)
Coordenação: Paulo Sabino
Participantes: André Vallias, Numa Ciro e Paulo Sabino
Teatro Cândido Mendes
Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema
Tel: (21) 2523-3663
Data: 13/11 SEGUNDA-FEIRA
Horário: 20h
Entrada: R$ 20,00 (inteira) R$ 10,00 (meia)***
Classificação livre
 
***Nomes confirmados/interessados no evento ou nos comentários desta publicação, entram automaticamente na lista-amiga e pagam meia-entrada (R$ 10,00)
___________________________________________________________________
.
.
De brinde, aos interessados, uma transcriação do Vallias de muita valia. Sobre o porquê, sobre a razão, sobre o motivo, da criação do universo — tanto em termos físicos quanto em termos literários —, que acaba por ser o porquê, a razão, o motivo, da criação de toda e qualquer coisa: o senso criativo, a inclinação de criar algo — seja um universo, seja um filho —. É senso que sobe à cabeça, à memória, à intuição, à sensibilidade, ao raciocínio, ao conhecimento acumulado de uma vida, que queima feito urticária, moléstia que coça, que causa comichão, que incomoda, e que só cura quando dão-se asas ao senso criativo, à inclinação de criar algo — seja um universo, seja um filho —. Trocando em miúdos: a vontade de criar só aplaca quando o ato criativo acontece.
.
.
Beijo todos!
Paulo Sabino.
___________________________________________________________________
.
(do livro: Heine hein?  autor: Heinrich Heine. tradução: André Vallias. editora: Perspectiva.)
.
.

BABY TE AMO — TRIBUTO A LUIZ MELODIA: FOTOS, TEXTO E VÍDEO (PAULO SABINO)
3 de outubro de 2017

(Flyer do evento)

(No camarim, a turma muito divertida reunida — Foto: Valéria Martins)

(Turma linda, divertida e talentosa)

(Com Mary Blue)

(Com Flávia Bittencourt)

(Com Maíra Freitas)

(Com Simone Mazzer)

(Com Tyaro Maia, Taís Feijão, Jonathan Ferr e João Mantuano)

(Com Laura Lavieri, Doralyce, Ana Bispo e Tyaro Maia)

(Ingressos esgotados, casa lotada, público quente, participantes feras: Melodia curtiu — Foto: Valéria Martins)

(Paulo Sabino — Foto: Valéria Martins)

(Chamando ao palco o grande parceiro de música e vida, o grande amigo do homenageado e mestre Renato Piau — Foto: Valéria Martins)

[Todos no palco para o grande final e a grande homenagem conjunta — da esquerda pra direita: Chico Chico, Tyaro Maia (sentado), João Mantuano, Paulo Sabino, Simone Mazzer, Maíra Freitas, Silvia Machete, Jonathan Ferr, Taís Feijão, Mihay (o organizador e grande produtor da noite), Renato Piau, Raquel Coutinho, Mari Blue, Fávia Bittencourt, Duda Brack, Katia Jorgensen, Mario Wamser, Ana Bispo, Doralyce e Vandro Augusto — Foto: Valéria Martins]

(Super festa no palco ao final da apresentação — Foto: Valéria Martins)

(Da esquerda, bem no cantinho, pra direita: Jonathan Ferr, Paulo Sabino, Mihay, Taís Feijão, Tyaro Maia, Renato Piau, Raquel Coutinho, Mari Blue, Flávia Bittencourt, Katia Jorgensen e Ana Bispo — Foto: Valéria Martins)
_____________________________________________________

Coisa “marlinda” de se ver e de se viver!

A grande alegria de fazer parte do tributo em homenagem ao pérola negra do Estácio e da música popular brasileira, o imensurável Luiz Melodia!

Ingressos esgotados, casa lotada, público quente, que foi conquistado pelo talento imenso de cada participante. 30 de setembro de 2017: pra guardar na memória e no coração!

Antes de começarmos, aquecendo os gogós e absorvendo a energia linda que nos envolveu a todos neste sábado 30 de setembro, com direito à chegada do mestre dos mestres João Donato justo nesta hora!

Uma honra e um grande barato subir ao palco ao lado destas feras todas para cantar e reverenciar a obra do Luiz Melodia: o mestre João Donato, Simone Mazzer, Maíra Freitas, Silvia Machete, Taís Feijão, Mari Blue, Laura Lavieri, Duda Brack, Chico Chico, João Mantuano, Tyaro Maia, Ana Bispo, Doralyce, Ithamara Koorax, Flavia Bittencourt, Katia Jorfgensen, Jonathan Ferr, Vandro Augusto, Mihay (o grande organizador e produtor da noite), Mario Wamser (o grande músico da noite junto ao Renato Piau) e Renato Piau (parceiro de músicas e de vida do Melô): das experiências mais intensas! A gente SÓ foi feliz no palco e fora dele!

Se alguém quer matar-me de amor, que me mate no Estácio! Pérola negra, te amo, te amo!

****************

A semana passada foi de imersão na sua obra. Tratei de pegar todos os discos, reouvir quase todas as canções, e, encharcado, escrever um texto-homenagem feito de colagens — trechos de canções, referências e título dos álbuns — para abrir o tributo, na Sala Baden Powell, sábado passado (30/09), todo dedicado a ele. Foi assim que nasceu:

 

TEXTO PARA LUIZ MELODIA
(Paulo Sabino)

 

O negro gato de arrepiar do Estácio. A pérola negra do Lácio. O malandro-poeta, a voz do morro, o entendedor do auxílio luxuoso de um pandeiro. O ébano de nome, forte feito cobra coral, semente que brota em qualquer local – na escola de samba do largo do Estácio, no clarão do dia da ilha longa de Paquetá, em torno da cidade, trajes elegantes, vendo vitrines e boutiques, caminhando um pouco mais atrás da lua e da rua, voando na asa de um avião, no bico de um pássaro daqui; girando, por aí, como a bola e o peão, o seu coração. Malandro não tem salto alto, porém, no salto alto, um felino negro é bom de se ver – lá no asfalto, um momento negro de se viver. Felino que dá no calo, mas que também tem amor e muito carinho a ofertar – as pessoas que ama, ama bastante. O filho e o “feeling” da música: Melodia na voz, no canto, no nome. O poderoso gângster com as suas metralhadoras armadas de acontecimentos. Vale quanto pesa: sua voz, seu canto, suas canções, o seu legado imensurável e inestimável à música popular brasileira: 14 quilates de puro preciosismo. O Estácio, eu e todos aqui presentes podemos e queremos lhe querer. Gotas de saudade – vozes do passado vêm do coração. Escrevo num quadro em palavras gigantes: PÉROLA NEGRA, TE AMO, TE AMO.

[do site: Youtube. Texto para Luiz Melodia. autor e dizedor: Paulo Sabino. data: 30/09/2017. local: Sala Baden Powell (Rio de Janeiro). evento: Baby te amo — tributo a Luiz Melodia. direção artística: Mihay. direção musical: Renato Piau.]

SOMOS TROPICÁLIA — 50 ANOS DO MOVIMENTO — MÃEANA, BEM GIL & JORGE SALOMÃO — O EVENTO: FOTOS & VÍDEO
22 de fevereiro de 2017

(Fotos de divulgação: Elena Moccagatta)

_dns5969

_dns5960

_dns5972

(Fotos de divulgação dos convidados-participantes: Jorge Salomão, Bem Gil & Mãeana)

16730112_10202645456013447_6700455140640695737_n

(A iluminação para o projeto — Foto: Rafael Millon)

16807771_10202645456213452_6670681204368202718_n

(Casa cheia, público quente — Foto: Paulo Sabino)

16864288_10202646167551235_237257816215654716_n

(A primeira noite do projeto: Bem Gil, Mãeana & Jorge Salomão — Foto: Thereza Eugênia)

_dns6282

(Foto: Elena Moccagatta)

_dns6289

(Mãeana — Foto: Elena Moccagatta)

_dns6372

(Bem Gil — Foto: Elena Moccagatta)

_dns6419

(Jorge Salomão — Foto: Elena Moccagatta)

_dns6487

(Foto: Elena Moccagatta)

_dns6528

(Bem Gil, Paulo Sabino, Rafael Millon, Mãeana & Jorge Salomão — Foto: Elena Moccagatta)
______________________________________________________

Gente querida: a estréia do projeto “Somos Tropicália – 50 anos do movimento”, sexta-feira (17/02), no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, foi um axé, um arraso, maravilha total! Ficamos todos muito felizes e surpresos com a noite, porque, muito sinceramente, esperávamos que fosse bonita mas não a lindeza que foi.

Casa lotada, público quente, participativo e emocionado. Os convidados/ participantes fizeram um show pra ninguém botar defeito!

Alegria imensa pensar que nesta quinta-feira (23/02) tem mais Mãeana, Bem Gil e o poeta Jorge Salomão!

Agradecer demais a todos os envolvidos nesta empreitada: ao Alessandro Boschini a sua luz linda & delicada, ao músico & compositor George Israel a aparelhagem de som, ao Vitor Kruter o registro audiovisual, à Elena Moccagatta o registro fotográfico, e ao Gabinete de Leitura Guilherme Araújo o apoio por abrigar o projeto.

Vem geral na quinta-feira (23/02) porque tá valendo muito!

De presente aos interessados, videozinho, de 3 minutinhos, da estréia do projeto “Somos Tropicália – 50 anos do movimento”, com trechos da noite e depoimentos dos convidados participantes (Mãeana, Bem Gil e Jorge Salomão) e dos coordenadores e curadores (Rafael Millon e Paulo Sabino).

Serviço:

Gabinete de Leitura Guilherme Araújo apresenta –

SOMOS TROPICÁLIA – 50 anos do movimento

Mãena, Bem Gil e Jorge Salomão / Pocket-show e leitura de poesias
Dia 23/02 (5ª-feira)
A partir das 19h30
Rua Redentor, 157 Ipanema
Tel infos. 21-2523-1553
Entrada franca c/ contribuição voluntária
Lotação: 60 lugares
Classificação: livre

Venham!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Somos Tropicália. participantes: Mãeana, Bem Gil & Jorge Salomão. local: Gabinete de Leitura Guilherme Araújo. data: 17/02/2017. imagens & edição: Vitor Kruter. coordenação & curadoria do projeto: Rafael Millon & Paulo Sabino.)

LEITURA DRAMATIZADA — “BOCA DE OURO” (NELSON RODRIGUES) — FOTOS, VÍDEO & TRECHO
2 de novembro de 2016

boca-de-ouro-5

(Casa lotada, público quente)

dsc_0001-2

(Simone Vidal, Vanessa Gerbelli Ceroni & Andre Martins)

14900420_328089800900712_4794911145900125499_n

(Juliana Martins)

14853095_328089920900700_2635923255457083422_o

(Gustavo Ottoni)

14642168_328089914234034_6861934224884171068_n

(Thiago Lacerda)

dsc_0057-2

(Thiago Lacerda & Paulo Sabino)

boca-de-ouro-2

(Juliana Martins, Thiago Lacerda & Paulo Sabino)

boca-de-ouro-1

(Stella de Paula, Juliana Martins, Thiago Lacerda, Vanessa Gerbelli Ceroni, Gustavo Ottoni, Paulo Sabino, Rose Abdallah & Elvis Fidelle)

dsc_0124-2

(Da esquerda pra direita, de pé: Rose Firmino, Simone Vidal, Vanessa Gerbelli Ceroni, Juliana Martins, Stella de Paula, Thiago Lacerda, Paulo Sabino, Rose Abdallah, Rafael Millon & Gustavo Ottoni / Da esquerda pra direita, embaixo: Elvis Fidelle, Eduarda Senise, Andre Martins & Enildo Dellatorre)
______________________________________________________

Gente,

Que delícia a noite de segunda-feira, 31/10, quanta magia, quanta coisa linda recebida!

Casa lotada, pessoas em pé, público quente, na minha estréia no teatro, fazendo a leitura dramatizada da peça “Boca de Ouro”, do genial Nelson Rodrigues, na companhia dos grandes & generosos atores Thiago Lacerda (como o “Boca de Ouro”), Gustavo Ottoni (como o “repórter Caveirinha”), Juliana Martins (como a “dona Guigui”), Vanessa Gerbelli Ceroni (como a “grã fina Maria Luísa”) & este que vos escreve (como o “preto”), a convite do grupo de teatro “Queridos de Guilherme” & da diretora Rose Abdallah.

Muitíssimo obrigado! Rose amada, agora fui mordido pelo vírus do teatro & quero mais! Responsabilidade sua! Mais & mais leituras, mais & mais personagens!

Ainda sob o estado de “graça” que o palco, o teatro, é capaz de proporcionar.

Acima, algumas fotos da noite. Abaixo, um vídeo, com trechos da leitura, realizada no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, e, ao final, depoimento dos convidados — Vanessa Gerbelli Ceroni, Thiago Lacerda, Juliana Martins, Gustavo Ottoni & Paulo Sabino — sobre a participação neste lindíssimo projeto. Abaixo do vídeo, o trecho da peça relativo à minha participação.

Espero estar com todos — convidados + “Queridos de Guilherme” — em breve! Valeu! Foi bom demais!

Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. trechos da leitura dramatizada da peça: Boca de Ouro. autor: Nelson Rodrigues. diretora da leitura: Rose Abdallah. elenco: Queridos de Guilherme. convidados & depoimentos: Vanessa Gerbelli Ceroni, Thiago Lacerda, Juliana Martins, Gustavo Ottoni, Paulo Sabino. local: Gabinete de Leitura Guilherme Araújo. Data: 31/10/2016. imagens, edição & direção do vídeo: Vitor Kruter.)


______________________________________________________

(trecho da peça: Boca de Ouro. autor: Nelson Rodrigues.)

 

 

BOCA DE OURO — Preto, tu me conhece?

PRETO — Conheço, sim, senhor!

BOCA DE OURO — Como é meu nome, preto?

PRETO — Vossa Senhoria é o “Boca de Ouro”, sim, senhor!

BOCA DE OURO — E que mais?

PRETO — O povo também diz que “Boca de Ouro” paga o caixão dos pobres!

BOCA DE OURO — Escuta, negro sem-vergonha! Eu vim aqui porque… eu não sei, eu nunca “sub” quem foi a minha mãe… Por isso, diziam que eu não nasci de mulher… Está ouvindo, preto?

PRETO — Sim, senhor!

BOCA DE OURO — Até que ontem, o Zezinho. Tu conhece o Zezinho?

PRETO — O da perna dura?

BOCA DE OURO — O da perna dura. Zezinho, que é vidente, médium vidente, o Zezinho me disse que tu viste minha mãe! Negro, tu viu a minha mãe?

PRETO — Eu?

BOCA DE OURO — Tu!

PRETO — Vi.

BOCA DE OURO — Viu. Agora diz: e como era? Bonita?

PRETO — Alegre!

BOCA DE OURO — Magra?

PRETO — Gorda!

BOCA DE OURO — Gorda! Diz o resto. Conta tudo. Tudinho. Muito gorda?

PRETO — Teve bexiga!

BOCA DE OURO — Ah, a minha mãe tinha o rosto picado de bexiga?

PRETO — Picadinho! Suava muito! Era gorda e suava muito, sim, senhor!

BOCA DE OURO — Tu viu minha mãe rindo, preto?

PRETO — Gostava de uma boa pândega!

BOCA DE OURO — E ria, minha mãe ria, não ria?

PRETO — Ria!

BOCA DE OURO — E, depois, ficava triste, negro?

PRETO — Alegre!

BOCA DE OURO — Preto, que fim levou minha mãe?

PRETO — A falecida morreu!

BOCA DE OURO — Morreu?

PRETO — Riu até morrer, morreu tão alegre!

BOCA DE OURO — E os bacanas foram ao enterro?

PRETO — Só de Jacarezinho, fui eu, o Biguá e o “Cabeça de Ovo”!

BOCA DE OURO — Toma, negro!

PRETO — Quinhentão!

PRETO — “Seu” “Boca de Ouro”!

BOCA DE OURO — Fala.

PRETO — Quando eu morrer, o distinto paga um cachão legal pra o negro?

BOCA DE OURO — Tu é vivo!

PRETO — Negro quer ser enterrado nu como um santo…

MANIFESTO
11 de outubro de 2016

ocupacao-poetica-7a-edicao-1

(Jorge Salomão — Foto: Elena Moccagatta.)

ocupacao-poetica-7a-edicao-2

(Paulo Sabino — Foto: Elena Moccagatta.)

paulo-sabino_jorge-salomao

(Paulo Sabino & Jorge Salomão)

manifesto_jorge-salomao
______________________________________________________

“SUBLIME !!! VIVA Paulo Sabino !!! Vc falou lindamente !!! Que respiração, que inflexão em cada curva / brincadeira do texto, que tempo maravilhoso de dizer cada frase !!! ESPETACULAR !!!”

(Jorge Salomão)

 

 

Aos interessados, um vídeo onde este que vos escreve declama uma prosa poética das mais lindas, que tomei para mim: texto intitulado “Manifesto”, do poeta, letrista & agitador cultural, além de querido amigo, Jorge Salomão.

No texto, o Jorge aponta as tantas razões de haver poesia no mundo. E alerta: se não for para causar o que dizem as linhas, a poesia não vale a pena, não vale a existência, não vale a leitura.

E eu sei dizer que este texto aqui vale a audição!

Logo abaixo do vídeo, a prosa poética na íntegra.

Divirtam-se!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. texto: Manifesto. autor: Jorge Salomão. leitura: Paulo Sabino. data: 05/10/2016.)

 

(do livro: Sonoro. autor: Jorge Salomão. editora: Gryphus.)

 

 

MANIFESTO

 

os poetas devem existir para glorificar o melhor e o pior da vida.
para agitar, para mexer, para escandalizar com a ordem estabelecida das coisas, para instaurar novas.
para deflagrar, para revolucionar conceitos do que é belo, do ético, do social, do cultural.
se não for para isso não vale a pena a poesia.
para insuflar mudanças, para quebrar barreiras, para derrubar preconceitos, para espalhar luzes, para abrir caminhos, para queimar o que não presta, o que empata o aparecimento do novo.
se não for para isso não vale a pena a poesia.
um papel branco solto de um dos maiores edifícios do mundo, ao vento, ao ar do universo.
o que é poesia? ela é alimento, estrada, cama, mesa, o um, os muitos.
um pássaro voando de um lado para o outro.
um homem errante entre sons urbanos.
para mexer com a linguagem, para gerar atalhos, para provocar, para tonificar o sentido das palavras, para inflexionar o moderno, para ser a bomba-relógio no coração do mundo, para ser a sensação do explosivo, do mais caótico, do zero etc.
borboletas brancas numa área pútrida.
para rasgar os céus das coisas, para ser gente entre bichos, para trafegar entre as estações, para transformar o cotidiano, o possível e o impossível de tudo.
para elevar, para levantar, para fazer alianças vanguardistas, experimentais.
para cuspir sobre o lixo do hoje, para armar pontes, gerar poentes, para ser estraçalhadora, para não ser conformada com as estruturas atuais do pensamento.
para remexer na terra, para ser estourada, para ser o coração na garganta gritante.
para não ser cego com as injustiças, as desigualdades, o hoje.
para adiantar o tempo, para danificar o vácuo do presente.
se não for para isso, de que serve a poesia?
para dar informações, sinais.
para ser a pedra no sapato do não-pensamento, para ser performances entre surdos, para ser o berro entre montanhas.
para espalhar sua chama, para instaurar uma outra ótica geral, o gozo entre lerdos e impotentes, a humanidade entre homens, o desespero, a lama entre os dentes da civilização, para a podridão vir à tona, a ruptura entre as horas lentas do convencional, o choque, o estampido, a luz verão varando as trevas do tempo cariado de utopias.
para ser som, lapidação.
para martelar nas mesmas teclas do saber, para espantar a ignorância, para ser simples no desenrolar dos fios, para ser antenada, para ser desbloqueada, para ser plugada no que aparecer, para ser as cores vivas no estalo das descobertas.
para ser límpida, para ser maior, para ser universal.
para ser tudo, enquanto tudo, para fazer.
para ser poesia, senão não vale a pena.
para ser interrogação, para gerar apreensões, para ser maria-chiquinha na cabeça dos otários, para ser maria-sem-vergonha no jardim dos caretas.
para acelerar o normal, para provocar o riso, a galhofa, a respiração livre.
para ser silêncio entre ritmos, para ser dança entre e dentro das palavras.
para falar bastante, para ter algo a dizer.
para não colaborar com a cristalização e brutalização da sensibilidade do homem contemporâneo.
para ser reveladora, mesmo no que está mais escondido.
para ser um nó difícil de desatar, um portão de entradas sem portão.
para ser como a visão das estrelas a olho nu.
para ser como portas se abrindo infinitamente.
a poesia deve nos colocar à deriva.
deve nos tirar a sonolência, deve nos manter aceso.
por entre a grama no cimento entre paralelepípedos.
para nos alertar dos perigos a todo instante.

PASSARINHÃO
30 de setembro de 2016

gaviao

(Gavião)
______________________________________________________

O texto abaixo, em negrito & entre aspas, foi escrito pelo querido xará Paulo Almeida:

 

“O ‘Coletivo Chama’ nos convocou [Mais e Melhores Produções e Marketing, empresa do Paulo Almeida] para cuidar do lançamento do seu primeiro CD ‘Todo Mundo é Bom’. Um trabalho muito potente e com várias possibilidades de leitura. São muitos os recortes e muitos os motivos para ficarmos atentos a esse trabalho.

Tarefa difícil abrir caminhos para um trabalho tão profundo e tão bem produzido.

Lancei uma ideia maluca, que foi prontamente comprada por todos do coletivo que estavam naquela reunião: que convidássemos compositores, atores, literatos, editores, poetas, músicos, para uma audição aleatória de uma das faixas do CD seguidas de comentários sobre o que ouviram. Essas audições e comentários seriam filmados.

Convocamos um timaço para registrar suas impressões. Para nosso espanto, a maioria aceitou sem pestanejar.

Assim, temos comentários faixa a faixa de um disco muito saboroso.”

 

Deixo pra vocês o vídeo do qual participei, vídeo da faixa “Passarinhão”, falando sobre a faixa com um timaço (honra & alegria): com a atriz Clarice Niskier, com o pianista & compositor André Mehmari, com o professor de música da UniRio Josimar Carneiro, com a cantora Áurea Martins & com o cantor & multi-instrumentista Domenico Lancellotti.

Vale o play pra ouvir a faixa & pros comentários!
______________________________________________________

Passarinhão: além do diálogo que o poeta-compositor mantém com o gavião, que ronda a sua localidade, assombra o seu quintal, o gavião, no poema-canção, é a personificação/personalização de um sentimento ruim, de um mau agouro, que sobrevoa o ser do poeta-compositor: passa, gavião; não arranha o coração do poeta-compositor; não assombra o seu quintal.

Passa, gavião. Por que tu, passarinhão, te aninhaste debaixo do pensamento do poeta-compositor, dentro de alguma dor do poeta-compositor, com teu rumor de rapina & teu silêncio de tumor, teu silêncio de algo que mata por dentro?, passarinhão ávido pra atiçar um sofrimento no poeta-compositor.

Sai, sai, passarinhão. Faz favor, tem compaixão.

O ovo gorado do passarinhão já agourou o poeta-compositor. O canto triste do gavião calou de dor a voz do poeta-compositor. Acabou que tu, passarinhão, ficaste mais vivo que a vida do próprio poeta-compositor, e o medo de viver, de amar, empalhou o poeta-compositor. Acabou que tu, gavião, penetraste o pesadelo do poeta-compositor, pássaro-invasor.

Passarinhão, larga o poeta-compositor & segue a trilha do acauã, abandone o quintal do poeta-compositor, para que a manhã rebrilhe na sua casa-ser.

Sai, sai, volta, não. Passa, passa, gavião, a fim de o poeta-compositor alcançar a sua redenção, a sua proteção, a sua salvação.

Beijo todos!
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. artista: Coletivo Chama. álbum: Todo mundo é bom. canção: Passarinhão. música: Thiago Thiago de Mello. letra: Thiago Amud. comentários: Paulo Sabino, Domenico Lancellotti, Áurea Martins, André Mehmari, Josimar Carneiro, Clarice Niskier.)

 

PASSARINHÃO   (Thiago Amud)

Passa, passa, gavião
Todo mundo é bom e mau
Não me arranha o coração
Não assombra meu quintal
Passo-preto, passado que não passou
Que tambor te encantou?
Que ato, que palavra oculta te perpetuou?
O teu olho vazado me divisou
Tua venta ventou
Teu bico bicou bem o músculo que atrofiou
Por que te aninhaste debaixo do meu pensamento
Dentro de alguma dor
Com teu rumor de rapina e teu silêncio de tumor
Ávido pra me atiçar um sofrimento?
Sai, sai, passarinhão
Bacurau mudou de tom
Faz favor, tem compaixão
Todo mundo é mau e bom
Passo-preto, espantalho não te espantou
Tiro não te matou
Que crime dormido em meu sangue te maravilhou?
O teu ovo gorado já me agourou
Teu canto me calou
Ficaste vivo mais que a vida, o medo me empalhou
Por qual razão desconhecida botaste tocaia?
Praga ou desamor?
Tu que és metade uma harpia, metade és um estupor
Tu que penetraste o meu pesadelo, meu invasor
Passa noite, passa arribação
Passa a terçã
Passa, passa, gavião
Me larga e segue a trilha do acauã
Que a manhã rebrilha
Sai, sai, volta não
Passa, passa, gavião
Redondilha, redenção

CRISTIANO MENEZES: POETA DE PRIMEIRA GRANDEZA, PESSOA DE PRIMEIRA LINHA
5 de setembro de 2016

Cristiano Menezes & Paulo Sabino

(Cristiano Menezes & Paulo Sabino)

Cristiano Menezes

Cristiano Menezes_Dedicatória_Guardanapos

(A dedicatória para o meu exemplar de “Guardanapos”, livro de Cristiano Menezes)

WP_20150909_20_38_30_Pro

(Cristiano Menezes no projeto “Ocupação Poética”, coordenado por Paulo Sabino)
______________________________________________________

Uma notícia tristíssima, que me deixou atônito desde recebida. Desde a notícia, querendo escrever sobre o acontecido, mas cadê palavra para começar? Pela falta, começo pelo início: quinta-feira, primeiro de setembro (01/09/2016), faleceu o querido amigo & grande poeta CRISTIANO MENEZES.

Cristiano Menezes: poeta de primeira grandeza, pessoa de primeira linha.

Eu, desde que conheci o Cristiano Menezes, através de outro grande poeta & querido amigo, Luis Turiba, apaixonei-me de imediato: por sua limpidez de alma, por sua bondade, por sua generosidade, por sua cordialidade, por seu carisma, por sua inteligência. Uma pessoa absolutamente apaixonante por tudo absolutamente. Honra & prazer poder conhecê-lo & trabalhar com o Cris, tê-lo como PARTE VIVA da história do projeto que coordeno, o Ocupação Poética (no dia em que o Cris fez o projeto ao lado do Luis Turiba, 9 de setembro, era aniversário dele & fizemos, no teatro Cândido Mendes, uma grande festa, digna do aniversariante).

Ele internou para operar & um dia antes da operação, falamo-nos. Prometi-lhe uma visita assim que ele deixasse o hospital. Não deu… Um nó na garganta, um choro preso no peito.

A notícia me bateu feito porrada pesada & inesperada. Imagine uma porrada numa situação inimaginável, que de tão inimaginável, de tão inesperada, até agora, não se entende de onde veio o soco. Esta é a sensação que me resta neste momento.

Como homenagem, três poemas do poeta + o vídeo de encerramento da sua noite no projeto que coordeno, o Ocupação Poética, noite linda, onde o Cris comemorou o seu aniversário — que está chegando, 9 de setembro.

Parabéns por tudo, Cris! Saúdo a sua existência!

Poeta de primeira grandeza, pessoa de primeira linha.

Nunca, por mim, os ensinamentos dos seus versos, da sua poética, serão esquecidos: sempre comigo mesmo, pois a jornada que é a vida é de cada um, a jornada que é a vida é intransferível, é inadiável, sem cordão que me proteja (do cordão, só a marca no umbigo), solto no mundo, solto para o próximo passo, livre para saborear os acontecimentos, senhor de mim, senhor dos meus desejos, senhor das minhas vontades, sempre pronto a conhecer, a desvendar, o novo, o inédito, sempre mantendo-me único, ímpar, longe do que se repita, do que seja mera cópia.

Ser genuíno, ser Paulo Sabino, como Cristiano Menezes foi genuinamente Cristiano Menezes.

(E que nunca se apague, que seja perene o endereço da origem do afeto, que nos faz sentir & merecer o calor dos apreços.)

Salve o poeta & amigo!

Tenho certeza de que os deuses & as musas estão em festa por receber poeta do seu quilate & pessoa da sua grandeza.

Saudades imensas, Cris. Sempre.

Saravá!

Beijo todos e, especialmente, o Cris.
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do livro: Guardanapos. autor: Cristiano Menezes. editora: 7Letras.)

 

 

COMIGO MESMO

 

Não tenho mais o cordão
dele só a marca no umbigo
com frio no coração
aprendi o calor dos amigos

Podia ter morrido
junto com tudo o que matei
mas nasci atento
pras coisas que ainda não sei

E assim, a cada novo dia,
sempre dono do meu nariz
vivo o medo e a alegria
de quem está sempre por um triz

Na corda bamba é que se vê quem é
o passo adiante é pra quem está solto
lá embaixo a plateia está de pé
aqui no peito o meu mar revolto

O salto é meu
a mão, do companheiro,
e só quando me lanço
é que me sinto inteiro

Agradeço a carona
mas sou filho de mim mesmo
do norte, do sul
da minha vida a esmo

 

 

AOS MEUS FILHOS

 

Quando nascemos
herdamos o que antes foi feito
línguas canções
ritmos comidas
roupas jeitos

São signos que ficam
porque significam
pontos que se tecem
elos que se multiplicam

E que de nó em nó
haja sempre o novo
de Colombos destemidos
a descobrir o além
dos horizontes presumidos

Este é o desafio
da meada que nos compete
viver a inédita experiência que somos
manter-nos únicos
longe do que se repete

Mas na memória
esteja sempre o cais
de onde partimos
eterno porto
que não veremos jamais

E que nunca se apague
seja o perene endereço
a origem do afeto
que nos faz sentir e merecer
o calor dos apreços

 

 

CURRICULUM VITAE

 

Ginásio no São Bento
e Zé Bonifácio
clássico no Santo Inácio
o que não foi fácil
Cheguei a estudar Direito
mas saí errando por aí…
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [2ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 09/09/2015. Encerramento da noite, por Paulo Sabino, e o Parabéns pra você ao poeta aniversariante Cristiano Menezes.)

OCUPAÇÃO POÉTICA — TEATRO CÂNDIDO MENDES (3ª EDIÇÃO) — VÍDEOS: MARIA PADILHA, TONICO PEREIRA, LUANA VIEIRA & GERALDO CARNEIRO — ENCERRAMENTO
8 de abril de 2016

Ocupação Poética_3ª edição 21

(Maria Padilha)

Ocupação Poética_3ª edição 22

(Luana Vieira & Tonico Pereira)

Ocupação Poética_3ª edição 12

(Tonico Pereira)

Ocupação Poética_3ª edição 27

(Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 04

(Com Maria Padilha & Tonico Pereira)

Ocupação Poética_3ª edição 08

(Com Luana Vieira)

Ocupação Poética_3ª edição 05

Ocupação Poética_3ª edição 06

(Com Geraldo Carneiro)

Ocupação Poética_3ª edição 25

Ocupação Poética_3ª edição 03

(Os participantes desta 3ª edição do projeto: Vitor Thiré, Luiza Maldonado, Danilo Caymmi, Paulo Sabino, Geraldo Carneiro, Camilla Amado, Maria Padilha, Alice Caymmi, Luana Vieira, Bruce Gomlevsky & Tonico Pereira)
______________________________________________________

A quem possa interessar, os 5 últimos vídeos da 3ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 24 de fevereiro (quarta-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Bruce Gomlevsky, Tonico Pereira, Vitor Thiré, Maria Padilha, Camilla Amado, Luiza Maldonado, Luana Vieira, Danilo Caymmi & Alice Caymmi.

Nos vídeos desta publicação, poemas & traduções do grande homenageado da noite, o sofisticado poeta & dramaturgo, além de querido amigo, Geraldo Carneiro. Nos 3 primeiros vídeos, a atriz Maria Padilha recita 3 sonetos do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, na tradução do Geraldo Carneiro: o “Soneto 76”, o “Soneto 138” & o “Soneto 116”. O último vídeo da atriz, recitando o “Soneto 116”, infelizmente, inicia com um corte na leitura do primeiro verso. O poema, na íntegra, encontra-se logo abaixo do vídeo, à leitura & sua total apreensão. No quarto vídeo, o ator Tonico Pereira & a atriz Luana Vieira, sob a direção de cena do ator & diretor Bruce Gomlevsky, interpretam o poema épico “Fabulosa jornada ao Rio de Janeiro”, recém-lançado na recém-lançada antologia poética — “Subúrbios da galáxia” — que comemora os quarenta anos de produção literária do grande homenageado da noite, Geraldo Carneiro, poema que narra, de maneira divertida & ao mesmo tempo crítica, a história da formação desta cidade de onde sou natural, São Sebastião do Rio de Janeiro. No quinto & último vídeo desta postagem, encerrando esta edição do projeto, o próprio Geraldo recita um poema do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, originalmente escrito em inglês & traduzido para o português pelo Geraldo Carneiro.

Espero que vocês tenham se divertido com o projeto tanto quanto nós, participantes, nos divertimos realizando.

Mais uma vez, o meu muito obrigado a todos os espectadores & participantes!

Agora, espero os senhores na quarta edição do projeto “Ocupação Poética”, no teatro Cândido Mendes (Ipanema), que está chegando (já temos a data definida, o homenageado & diversos participantes confirmados)! Mais à frente, maiores informações sobre a nova edição!

Até já!

Beijo todos!
Paulo Sabino.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Maria Padilha recita o Soneto 76, do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro.)

 

SONETO 76  (William Shakespeare / Tradução: Geraldo Carneiro)

 

Por que meu verso é sempre tão carente
De mutações e variação de temas?
Por que não olho as coisas do presente
Atrás de outras receitas e sistemas?
Por que só escrevo essa monotonia,
Tão incapaz de produzir inventos
Que cada verso quase denuncia
Meu nome e seu lugar de nascimento?
Pois saiba, amor, só escrevo a seu respeito
E sobre o amor, são meus únicos temas,
E assim vou refazendo o que foi feito
Reinventando as palavras do poema.
………….Como o sol, novo e velho a cada dia,
………….O meu amor rediz o que dizia.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Maria Padilha recita o Soneto 138, do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro.)

 

SONETO 138  (William Shakespeare / Tradução: Geraldo Carneiro)

 

Se minha bem amada diz que jura,
Eu creio, embora saiba que ela mente:
Que ela não me suponha sem cultura
Nas falsas sutilezas dessa gente.
Finjo que ela me considera moço,
Embora ela me saiba já passado.
À falsa lábia dela dou meu endosso:
Suprimo a realidade dos dois lados.
Mas por que ela não diz que é insincera?
Por que eu não digo que sou veterano?
O amor é sábio se parece à vera
E tem horror que alguém lhe conte os anos.
………….Mentimos um ao outro e assim confio
………….Nas mentiras de nossos elogios.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Maria Padilha recita o Soneto 116, do poeta & dramaturgo inglês William Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro.)

 

SONETO 116  (William Shakespeare / Tradução: Geraldo Carneiro)

 

Não tenha eu restrições ao casamento
De almas sinceras, pois não é amor
O amor que muda ao sabor do momento
Ou se move e remove em desamor.
Oh, não: o amor é marca mais constante,
Que encara a tempestade e não balança,
É a estrela-guia dos batéis errantes,
Cujo valor lá no alto não se alcança.
O amor não é o bufão do tempo, embora
Sua foice desfigure o lábio e a face.
O amor não muda com o passar das horas,
Mas se sustenta até seu desenlace.
Se isso é erro meu, e assim provado for,
Nunca escrevi, ninguém jamais amou.
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Tonico Pereira e Luana Vieira interpretam o poema Fabulosa jornada ao Rio de Janeiro. autor: Geraldo Carneiro. direção de cena: Bruce Gomlevsky.)

 

FABULOSA JORNADA          (Geraldo Carneiro)
AO RIO DE JANEIRO

(rap-rapsódia exaltação)

 

1. De como eu, Brás Fragoso, vim dar
às terras do Brasil, por ordem de el-rei
Dom Sebastião, o Desejado

Rio-verão, pós Eva e Adão, cheguei:
segundo a lenda, os outros navegantes
que por este cenário navegaram
supunham que aqui fosse foz de um rio,
ou chamava-se “rio” a qualquer angra;
e como o mês talvez fosse janeiro,
chamaram o sítio Rio de Janeiro,
futura foz de tanta fantasia.

eu vim com a armada de Estácio de Sá,
fidalgo, primo do Governador,
para tomar o Rio dos franceses
…………heréticos blasfemos protestantes
…………traficantes da Caesalpinia echinata
……………………………………vulgo pau-brasil
…………o ouro original de nossas matas.

como se não bastasse esse pecado,
ainda faziam com nossas nativas
o mesmo que Jacó fez com Raquel
e Davi praticou com Betsabá.

assim se originou minha odisseia:
eu mal sabia das desaventuras
que mudariam todo o meu futuro,
por força de meus sonhos naufragados;
e embora batizado Brás Fragoso,
aqui meu nome, Brás, virou Brasil,
e o Fragoso tornou-se Naufragoso.
mas pra saber dessa aventura inglória,
há que saber, no entanto, a minha história.

 

2. Breve retrospecto das condições
adversas em que encontrei a terra do
Rio de Janeiro

na baía da Guanabara
não havia como apartar o joio do joio
era tamoio ligado com francês
era francês ligado com tamoio

TUDO DOMINADO

os donos do tráfico os traficantes
todo mundo cantando em coro:

(Entra o funk “Tá tudo dominado”,
com a voz processada pelo DJ, misturando
frases em diversas línguas.)

todos os tamoios nas trapaças
……………………dos franceses
colonizados no Forte Coligny
……………………colignyzados
só quem não fazia parte da tramoia
……………………era Arariboia
ex-cacique exilado em Cabo Frio
……………………agora office-tupinamboy
não podia nem desembarcar em Niterói
você não sabe como é que dói.

 

3. De como encontramos no Brasil um
aliado paranormal, sem o qual nossa
vitória seria impossível

felizmente, além da fé e da razão,
tínhamos do nosso lado um super-herói:
o irmão José de Anchieta.

Anchieta, com o perdão da má palavra,
era um jesuíta carne de pescoço,
conversava com os bichos e com as feras,
chamava urubu de meu brother
e papagaio de meu louro,
e quando não tinha homem branco
……………………urubuzando por perto
Anchieta andava sobre as águas
e de vez em quando voava,
voava sobre a terra e sobre o mar,
nunca deixando um português olhar
porque nós, o pessoal de Portugal,
somos mais burros do que São Tomé:
necessitamos ver para não crer.

Anchieta, não contente em escrever
a primeira gramática da língua tupi,
ainda ensinou os índios a dizer
goodbye, arrivederci, hasta la vista
tudo isso no mais perfeito latim.

e quando alguém era inimigo do império
………………………………./ de Portugal,
Anchieta baixava o pau.

graças a ele e aos seus superpoderes,
superamos as tempestades do verão
& no dia primeiro de Março
desembarcamos cá para fundar
entre o Cara de Cão e o Pão de Açúcar
esse projeto de esplendor à beira-mar:
São Sebastião do Rio de Janeiro.

 

4. De como fizemos o desembarque,
comandados por Estácio de Sá

aqui fincamos nossos estandartes.
e Estácio começou a dizer suas palavras,
“Em nome de el-rei Dom Sebastião”,
etc. e tal,
mas ninguém lhe prestou atenção.
porque vimos, através do olhar de Anchieta,
o espírito de Deus se mover sobre a face
………………………………………………/ das águas.
depois Deus apartando a luz das trevas
depois Deus chamando a luz de Dia
e chamando as trevas de Noite,
e da noite e da manhã fez-se o primeiro dia.

e Deus chamou o firmamento de Céu,
e Deus separou as águas e as terras,
e etc. etc.
e nós, maravilhados, assistindo ao Gênesis
…………no camarote vip na Praia Vermelha.

fomos erguendo a nossa paliçada,
tudo miraculosamente bem,
até que no sexto dia, na hora do descanso,
os tamoios mandaram em cima da gente
uma chuva de flechadas.

Anchieta tentou segurar a rapaziada
dizendo que Deus ia nos proteger,
ia salvar a nossa vida,
mas neguinho já tava careca de levar
………………………………………flecha perdida.

 

5. De como sobrevivi à chuva
de flechadas

um mês depois, o Anchieta se mandou.
e nós aqui, na chuva de flechada,
tomando pau, borduna e cacetada,
comendo o pão que Belzebu amassou.

pensei até em escrever uma epopeia
contando tantos feitos e malfeitos.
mas não achei herói de nenhum lado:
Estácio era um rapaz meio fechado,
e o chefe dos tamoios, Aimberê,
com esse nome, não dava pra escrever.

(Entra uma índia belíssima, com figurino de
Jean-Paul Gautier em versão tropical.)

foi então que encontrei Paraguaçu,
a teteia top model do Baixo Grajaú.
Paraguaçu, falsificada de pai e mãe,
foi trazida aos doze anos do Paraguai,
e aqui, nas praias da Guanabara,
adquiriu a cultura francesa,
conhecia o fleur de rose
o ne me quitte pas
o voulez-vous coucher avec moi.

por obra e graça de Paraguaçu,
eu desisti de ser só português.
e assim me transformei em portugaio,
cruza de português com paraguaio.

 

6. De como fui me adaptando ao
modo de vida da mui leal cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro

e foi assim que eu me tornei mestiço
ou seja, nem isso nem aquilo
imaginei que eu era o poeta Sá de Miranda
só admirando os prodígios do Novo Mundo
fiquei doidão, curtindo a realidade
da mui leal cidade de São Sebastião
só fumando & espiando o movimento
tupinambá de olho na pulseirinha da turista
cunhã na pista oferecendo os balangandãs
tupinambá malhando exibindo o corpão
e eu vendo cada coisa do balacobaco
fumando esse negócio chamado tabaco

achei que tinha chegado ao Paraíso,
pensei em me lembrar de certos versos
que celebravam as graças do universo
mas não lembrei foi xongas, nada não
de tanto que fumei meu baseadão

 

7. De como percebi que as aparências
são enganadoras no Novo Mundo
e desejei sinceramente ter ficado em
Portugal

de repente, acabou-se o que era doce
Paraguaçu, minha deusa paraguaia,
aproximou-se do meu guarda-sol
à sombra das bananeiras em flor e disse:

PARAG.: “Eu queria te comer todinho.”
sorri, sem compreender a ambiguidade
que estava por detrás da fala dela, mas já
escolado na fala local, lhe respondi:

BRÁS: “Não é uma frase muito apropriada
pra uma índia bem-educada, mas eu aprecio
a ideia, tô dentro.”

PARAG.: “Tá dentro é do moquém.”

BRÁS: “Que diabo é moquém? Quem te en-
sinou a falar assim, quem?

PARAG.: “Meus ancestrais, a minha mãe,
a mãe da minha mãe (em francês), mes amis
tupis. Tupãna, Tupã.”

ela então começou a me apalpar.

BRÁS: (gostando) “Não adianta me apalpar,
que eu só gosto mesmo é naquele lugar.”

PARAG.: (sorrindo) “Eu vou ficar só com
as tuas vísceras. Tua cabeça quem vai comer
é Aimberê, depois de te baixar a borduna.
Os curumins vão beber o teu caldinho.”

BRÁS: (com terror) “Paraguaçu, você não pode
fazer uma coisa dessas comigo! Eu sou
teu irmão, teu amásio, teu amigo!”

 

8. De como recorri à Divina Providência,
porque era esta a última providência que 
me restava tomar

eu que ainda era mais ou menos moço
não tinha idade pra virar almoço
filé sem osso alcatra bacalhau
pra um bando de tamoio canibal,
e furibundo dirigi-me aos céus:
“Ora, Senhor, que tanto me maltratas:
Já me trouxestes a este cu do judas,
E, para arrematar, ainda me matas?”

(Ouve-se um estrondo ao fundo.)

então ouviu-se um estrondo de canhão:
chegaram galeões de Portugal!
e eu assisti do morro do Castelo
ao embate o arranca-rabo o xeque-mate
sem saber qual era o bem, qual era o mal.

 

9. De como a minha história chegou ao
juízo final, ou à desgraciosa falta dele

e veio a guerra e veio a destruição
Paraguaçu fugiu com um temiminó
e foi passar o verão em Guarapari
Aimberê, coitado, foi pras cucuias
virou constelação tupinambá
Estácio tomou uma flecha na cara
morreu flechado como nosso padroeiro
São Sebastião do Rio de Janeiro

e vi todas aquelas almas voando
as almas são mais leves do que o ar
se é que há mesmo almas neste mundo
se não as há, talvez haja mais além
onde os pedaços desconexos da vida
onde os pedaços desconexos
onde os pedaços
lá onde a vida se rejubile
e as alegrias passem em desfile
na Marquês de Sapucaí do infinito

só sobrei eu, já meio soçobrado
só eu: a obra e a sobra
todas as minhas nações e encarnações
para sempre aqui
eu era agora carioca
malocado na minha maloca
num muquifo no Cortiço
ou num barraco do Morro da Favela
ex-Brás Fragoso agora apelidado
Brasil Naufragoso
porque minha alma naufragou aqui
aqui fiquei e aqui me edifiquei
e o pior é que gostei
______________________________________________________

(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [3ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 24/02/2016. Geraldo Carneiro recita Quase soneto a quatro mãos, poema escrito originalmente em inglês por João Ubaldo Ribeiro, tradução de Geraldo Carneiro.)

 

(poema escrito originalmente em inglês por: João Ubaldo Ribeiro. tradução: Geraldo Carneiro.)

 

QUASE SONETO A QUATRO MÃOS

 

até a morte eu me atormentarei
pelo que descobri e não encontrei,
pelo que, pascaliano como sou,
eu compreendi e ainda assim maldigo.
sou o idiota mais perfeito, aliás,
por feito mais de carne que de gás.
é esse fado que me leva adiante
num mundo para o qual não sou prestante.
tudo o que tenho as mulheres me deram:
consolação, razão para existir.
benditas, berenices, beneditas,
também sejam benditos meus amigos,
pois gosto deles, tenham longa vida,
e até eu mesmo, que não a mereço,
mas que a observo e sei qual é seu preço.