(Martinho da Vila & Geraldo Carneiro — Foto: AgNews)
(Geraldo Carneiro & Paulo Sabino)
(Martinho da Vila & Paulo Sabino)
(Os participantes desta edição do projeto: Paulo Sabino, Flávia Oliveira, Wagner Cinelli, Martinho da Vila, Elisa Lucinda, Zezé Motta, Geraldo Carneiro, Tom Farias, Maria Gal, Ju Colombo, Maíra Freitas — Foto: AgNews)
(Ao final, Martinho da Vila assinando exemplares do seu livro “Barras, vilas & amores”)
(A dedicatória do meu exemplar: “Ao Paulo Sabino, este meu ‘Barras, vilas & amores’, com gratidão, Martinho da Vila”)
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“Querido Saímos todos de alma lavada sim. A noite foi linda, leve e feliz. Parabéns pelo seu projeto encantador. Que venham muitas outras edições… Bjs Cléo”
(Mensagem de Cléo Ferreira, esposa do Martinho da Vila, recebida no dia seguinte ao evento)
Aos interessados, o encerramento da 4ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 3 de maio (terça-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Maíra Freitas, Elisa Lucinda, Zezé Motta, Maria Ceiça, Dani Ornellas, Flávia Oliveira, Wagner Cinelli, Ju Colombo, Maria Gal & Tom Farias.
Nos 2 vídeos desta publicação, gravados, montados, editados & produzidos pelo querido músico, produtor & videomaker Felipe Fernandes, a grande surpresa da noite: o poeta, tradutor & dramaturgo Geraldo Carneiro lê “Escuta, cavaquinho!”, a sua primeira parceria com o grande homenageado da noite, Martinho da Vila, parceria até então inédita, integrante do próximo álbum do Martinho, ainda em produção, poema-canção que, segundo o cantor, é a primeira faixa do disco, abre o seu novo trabalho. Na seqüência, Martinho da Vila canta a capella, pela primeira vez em público, “Escuta, cavaquinho!”, apresentando a música ao seu parceiro letrista, que ainda não a conhecia. Notem que o Geraldo Carneiro lê uma versão do poema-canção que, ao virar canção, para caber na melodia desenhada pelo Martinho, sofre algumas transformações/alterações.
Mais uma vez, agradecer imensamente a todos os envolvidos no projeto, e em especial aos participantes desta 4ª edição. Foi linda!
Aproveito para convidá-los para a 5ª edição do projeto, que acontecerá no dia 15 de junho (quarta-feira), a partir das 20h, no teatro Cândido Mendes (Ipanema), com um jovem & talentoso poeta (o mais jovem poeta a integrar o projeto) & participantes muito especiais.
Deixarei, aqui no blog, todas as informações sobre a próxima edição.
Espero que os senhores tenham se divertido tanto quanto nós, participantes, nos divertimos realizando.
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Geraldo Carneiro lê o poema-canção Escuta, cavaquinho!, parceira de Geraldo Carneiro & Martinho da Vila. imagens/montagem/edição/produção do vídeo: Felipe Fernandes.)
ESCUTA, CAVAQUINHO! (Geraldo Carneiro/Martinho da Vila)
Escuta, cavaquinho, as minhas preces
Senão o tempo passa, a gente esquece
Esquece de aprontar a fantasia
De celebrar a dor e a alegria
Toca comigo pra que o nosso sonho se realize
Ou pelo menos guarde um press-release
Pra que no futuro possam ler
Que houve dois seres que se amaram tanto
Que misturaram a alegria e o pranto
Eu, violão, e você, cavaquinho
Eu, no bordão, e você, no chorinho
Sem saber se era noite ou se era dia
Felicidade?
A gente nem sabia
Só sabia que vivia no presente
Esse país que é todo eternidade
Com esse sol desfilando em céu aberto
E o resto ganhando forma de saudade
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Martinho da Vila canta a capella a canção Escuta, cavaquinho!, parceira de Geraldo Carneiro & Martinho da Vila. imagens/montagem/edição/produção do vídeo: Felipe Fernandes.)
ESCUTA, CAVAQUINHO! (Geraldo Carneiro/Martinho da Vila)
Escuta, cavaquinho, as minhas preces
Senão o tempo passa e a gente esquece
Esquece de aprontar a fantasia
De celebrar a dor e a alegria.
Toca pra que um sonho realize
Ou pelo menos guarde um press-release
Pra que um futuro possam ler
Que somos seres que se amam tanto
E que misturam alegria e pranto
Eu, violão, você, cavaquinho
Eu, na canção, você no chorinho
Sem acordar se era noite ou se era dia
Felicidade?
Uma utopia
Que a gente curtia e vivia no presente
Desse país que é todo eternidade
Com esse sol desfilando em carro aberto
E o futuro muito incerto mas já cheio de saudade
Aos interessados, 4 vídeos da 4ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 3 de maio (terça-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Maíra Freitas, Elisa Lucinda, Zezé Motta, Maria Ceiça, Dani Ornellas, Flávia Oliveira, Wagner Cinelli, Ju Colombo, Maria Gal & Tom Farias.
Nos vídeos desta publicação, leituras dos trechos do livro “Barras, vilas & amores”, do homenageado da noite, o cantor, compositor & escritor Martinho da Vila, que tratam das histórias de amor que permeiam a trama do início ao fim: a atriz & produtora Maria Gal lê trecho sobre a história de amor de Helena (Leninha) & o professor Adib; a atriz & arte-educadora Ju Colombo lê trecho sobre as histórias de amor de Helena (Leninha) & Basílio Mendonça, e do professor Adib & Eugênia; substituindo a cantora & compositora Fernanda Abreu, que não pôde comparecer por um compromisso inadiável surgido de última hora, o coordenador do projeto, o poeta Paulo Sabino, lê trecho sobre a história de amor de Josuel Ferreira & Teresi Aláfia; e a poeta, atriz & dramaturga Elisa Lucinda, num vídeo gravado, montado, editado & produzido pelo querido músico, produtor & videomaker Felipe Fernandes, lê trecho sobre a história de amor de Daomé Benino & Iana Smith.
Portanto, aos interessados, 3 histórias cujo assunto é de interesse & conhecimento do Martinho da Vila: as venturas & desventuras de amar, presentes na vida de qualquer homem amoroso.
Mais vídeos chegarão!
Divirtam-se!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Maria Gal lê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Estácio Adib de Araújo Calvo, sempre chamado de professor Adib, não era calvo. Seus cabelos levemente grisalhos davam uma aparência senhoril às suas trinta e poucas primaveras. De estatura maior que a média brasileira e com tez morena, olhos castanhos, primava por discreta elegância no vestir raramente esportivo. Sem ser nenhum Adônis, causava delírios de amor em muitas moçoilas. Além de professor, era um diretor, membro do conselho administrativo do colégio, que se esmerava em honrar o magistério tratando os alunos com ternura e respeito.
O flerte com Helena — que ele antes se recusava a tratar por Leninha, como todos — levou-o a ter crises de consciência que dificultavam seu sono e causavam-lhe pesadelos pedófilos. Dá pra imaginar?
Despertava sempre ofegante e, mesmo sem ser muito católico, benzia-se. De volta ao sono, tinha belos devaneios oníricos e amanhecia feliz.
(…)
Certos de que não estavam sendo observados, o compromisso foi selado por um beijinho, daqueles que chamamos de selinho.
O combinado foi no encerramento dos festejos juninos, realizado no Dia de Sant’Ana, 26 de julho. Foi difícil despistar os conterrâneos, mas conseguiram ficar uns minutos a sós. Então se entregaram ao primeiro beijo.
Num oito de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, no fim da missa noturna das seis, foguetes riscaram o céu, e os morteiros explosivos anunciaram a abertura da festa da padroeira.
(…)
Sorrateiramente nosso casal se esgueirou para a parte de trás da igreja e, naquele recanto ermo, a pupila se abriu como uma flor. E o professor, que tem a mesma responsabilidade de um preceptor, excitadíssimo, arvorou-se.
Sem resistência, Leninha capitulou.
Foi tudo muito rápido, uma entrega prazerosa, apesar de a jovem não ter atingido o ápice, o prazer pleno. Voltaram ligeiros para a praça e, tentando demonstrar naturalidade, separaram-se para disfarçar. Cada um a seu lado, tinham a impressão de que nos olhares de todos havia uma censura pelo que fizeram.
(…)
Mesmo muito apaixonados, devido às dificuldades, calculáveis em uma cidade pequena, o casal se encontrou pouquíssimas vezes. Cópula, só a primeira atrás da Igreja da Conceição, suficiente para a concepção, pois um espermatozoide complicador foi direto ao óvulo e o fecundou.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Ju Colombolê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Pouco tempo corrido após a partida de Leninha, Adib passou a assediar Eugênia, como se sabe, sua ex-amante. Ela só correspondeu ao receber um pedido de noivado com proposta de casamento rápido. O enlace do diretor e da pedagoga aconteceu em uma cerimônia simples e lamentosa para o colégio, pois na ocasião eles anunciaram que iriam morar em Brasília.
Quando Leninha chegou de lá com o filho, já registrado como Josuel Wermelingerthal Lutherbach Ferreira, entristeceu-se com a notícia do casório do inesquecível Ernesto Adib, mas alegrou-se ao encontrar seu quarto do jeito que deixou, bem arrumadinho e com todos os seus pertences da infância. Outro foi preparado para Josuel, um aposento espaçoso, pois não havia compartimentos pequenos naquela grande casa, sede da fazenda Barras Três.
(…)
Com a volta dela de Brasília, falsamente viúva, o primo voltou a ficar mais tempo na fazenda. Ao vê-la de prima, não lhe deu novos pêsames. Abriu-lhe um grande sorriso e ela, por ter de demonstrar tristeza teatral, sorriu levemente. Nos seguintes convívios, Mendonça fazia de tudo para distrair Helena, conversando alegremente com ela nos raros momentos em que ficavam sós. Na presença de seu Salvador e dona Úrsula, trocavam olhares cúmplices e sorrisos comprometedores. Nas chegadas e despedidas, discretas carícias manuais.
O namorico foi longo, mas o namoro durou pouco tempo. Começou depois do noivado.
Calma, amigos, explico! No aniversário de 21 anos, o Basílio Mendonça, que já foi “tio Memê” sem nunca ter sido tio e priminho sem ser primo, deu-lhe um anel de pérola e subitamente surpreendeu a todos com um pedido de casamento.
Leninha lacrimejou de felicidade, o choro foi acompanhado pela mãe, que molhou um lenço inteiro. O severo pai manifestou seu desagrado por eles estarem namorando às escondidas, mas aceitou o pedido sob uma condição: teriam de morar na fazenda Barras Três, exigência prontamente aceita.
Eu disse que o namoro foi curto, e foi. Deram logo entrada nos papéis.
Quem não gostou nadinha do casório foi o Josuel. Passou a dormir sozinho, e ainda tinha de dividir as atenções da mãe com o padrasto.
O ciúme aumentou quando nasceu um irmãozinho, paparicadíssimo por todos.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Paulo Sabinolê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Josuel passou uns anos na Guiana, foi nomeado para a Costa do Marfim e, após três anos, foi transferido para Benim, onde não havia embaixada. Como no Togo e em Gana, a diplomacia era de responsabilidade de um único embaixador, cuja sede ficava em Lagos, na Nigéria.
De todas as cidades onde esteve, a de que mais gostou foi Cotonou, no Benim, antigo Reino de Daomé, que tem uma história incrível. Portugal dominou o país por longo período e de lá foram enviados para o Brasil, mais especificamente para Bahia e Maranhão, um número incomensurável de escravos. Muitos deles, bem como alguns alforriados, conseguiram retornar para sua terra a partir das revoltas antiescravagistas. Formaram uma comunidade de brasileiros na cidade de Ouidah, onde havia um museu da escravatura e muita gente falava português.
A França colonizou o país até 1975. Depois de libertado com a ajuda soviética, o país adotou o nome de República Popular do Benim.
Entretanto, não é por sua história que o cônsul Josuel gosta muito daquele país de comunistas e candomblecistas. É que lá ele conheceu Teresi Aláfia, uma preta descendente da extinta nobreza, pela qual se enamorou. A jovem ficou grávida, e ele recebeu a notícia da gravidez via telefone, quase ao mesmo tempo em que foi informado por ofício que seria reconduzido ao Brasil.
Que situação! O que dizer ao pai da jovem que nem conhecia?
(…)
O casamento foi realizado na ampla residência da noiva, com muitos convidados.
A cerimônia, baseada no cristianismo, ocasião em que todos os presentes envergavam trajes africanos coloridos, tornava o ambiente alegre e emocionante. Tudo muito bonito. Os nubentes, lindos de azul em dois tons, únicos a usar tais cores, penetraram juntos na sala ao som de marimbas e outros instrumentos sonoros, sob aplausos.
Quando o padre, com seus paramentos brancos, os declarou marido e mulher, atabaques estrategicamente colocados nos cantos da sala retumbaram e todos dançaram. Que beleza, imaginem!
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Elisa Lucindalê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Desde o primário, sempre foi aluno aplicado, aplicadíssimo mesmo. Sua vida infantil e adolescente sempre foi dedicada aos livros e aos cadernos escolares. Tanto é que não chegou a curtir namoricos infantis como seus colegas, e era queridíssimo das professoras, quase todas jovens e belas, pelas quais seus amiguinhos se trancavam a sós nos banheiros. À boca pequena diziam que ele era afeminado.
No prédio onde morava havia uma bela garota, daquelas que aos 11 anos já sentem os calores vaginais, se masturbam e orgasmam. Chamava-se Iana Smith. Por volta dos 12 já tinha beijado muitos meninos, e com 13 seu corpo já havia sido visitado por mãos de afoitos rapazolas em lascívias pelos cantos do condomínio, que tem lugares muito propícios. No início dos 14 virou mulher, das boas. Mulher boa é a que gosta de transar, que se entrega por gosto.
Filha de sul-africanos de origem holandesa, daqueles que não se misturam, era carioquíssima, porém não muito típica fisicamente. Sem o perfil das cariocas, da gema ou não, atraía os olhares de todos na praia da Barra por sua brancura e trejeitos. Seus cabelos muito louros pareciam fios de ouro, e os olhos de profundo azul ornamentavam seu belo rosto de semblante meigo. De estatura mediana, não tinha a “preferência nacional” chamativa, e a “comissão de frente” não era de grande escola do grupo especial, mas também não era das pequenas do segundo grupo. Entretanto, era muito sexy, sabia que era, gostava de ser paquerada, usava bem sua chamativa sexualidade.
O rapaz que transformou Iana em mulher logo foi dispensado a favor de outro, então chorou muito no colo da mãe, que passou a odiá-la. Este outro se apaixonou perdidamente e, substituído, lacrimejou também. O mesmo aconteceu com não sei quantos, até que ela, intrigada porque Benino não a assediava, pensou em conquistá-lo.
(…)
Os namoros da lourinha eram pouco duradouros, efêmeros. O tempo maior foi o do seu namorico com uma professora sua, mas também não durou muito. Abandonada, a mestra sofreu bastante. Mandou-lhe flores na tentativa de reatar, mas não a sensibilizou.
Surpreendentemente o caso de Iana Smith com Daomé Benino vingou.
A loura dilaceradora de corações foi flechada por Cupido, o Deus do Amor, ou melhor, foi atingida por um anjo e ficou caída por ele.
(…)
Benino já havia sido festejado pelos pais com a boa notícia da nomeação. A mãe já tinha aberto um sorriso com todos os seus dentes de marfim com o par de mãos ao alto, mirando o teto e vendo um céu de olhos fechados, dando graças a Deus, cena ocorrida antes do entendimento com a apaixonada Iana.
Depois fez a comunicação do pedido de casamento, à mesa do jantar, já com postura de diplomata:
— Meus queridos, vocês são os melhores pais do mundo. Nunca nos falamos, mas vocês sabem que eu namoro a vizinha do último andar. Pretendo me casar e levá-la comigo para o Uruguai.
Pai Josuel não se manifestou. Mãe Teresi contraiu a face, franzindo a testa:
— Não simpatizo nem um pouquinho com ela. Sinceramente não aprovo esta sua atitude. Casamento é coisa séria. Dá um conselho a ele, marido!
— Mulher, ele não pediu nossa opinião, está nos comunicando sua decisão. Apesar disso, tenho que dizer que não acredito que a união vai dar certo. Pense bem, filho.
— Tá. Vou pensar.
O pai dele não acreditava que Iana seria uma boa esposa por ter a fama de namoradeira volúvel, mas nada mais falou. A mãe sabia, mas calculava que o nome da moça era uma homenagem a Ian Smith, líder da antiga Rodésia, hoje Zimbábue, adepto do apartheid. Achava que os pais dela deveriam ser racistas, mas silenciou. Nada mais falaram no jantar.
Sabedores da desaprovação mútua, a solução foi o casal pegar sorrateiramente suas certidões de nascimento, dar entrada nos papéis, casar às escondidas e comunicar às famílias que iam morar no Uruguai. Planejado e feito.
Receberam as passagens para Montevidéu como se fora um presente de casamento para viver uma lua de mel.
Aos interessados, 3 vídeos da 4ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 3 de maio (terça-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Maíra Freitas, Elisa Lucinda, Zezé Motta, Maria Ceiça, Dani Ornellas, Flávia Oliveira, Wagner Cinelli, Ju Colombo, Maria Gal & Tom Farias.
Nos vídeos desta publicação, leituras dos trechos do livro “Barras, vilas & amores”, do homenageado da noite, o sempre simpático cantor, compositor & escritor Martinho da Vila: no primeiro vídeo, gravado, montado, editado & produzido pelo querido músico, produtor & videomaker Felipe Fernandes (ficou lindo o vídeo, diferentemente dos demais que posto aqui, feitos com a câmera de um celular), a atriz Maria Ceiça lê um trecho do livro em homenagem à Barra da Tijuca, onde atualmente mora o Martinho & que ele chama de sua mais nova namorada; no segundo vídeo, a grande diva Zezé Motta lê um trecho do livro sobre as lutas pelo fim da escravidão/opressão sofrida pelos negros & as lutas pelo fim do racismo, cantando, inclusive, “O mestre-sala dos mares”, de Aldir Blanc & João Bosco; no terceiro vídeo, a jornalista Flávia Oliveira lê um trecho do livro sobre políticas brasileiras de inclusão social, trecho no qual a jornalista & colunista é citada.
Portanto, aos interessados, 3 assuntos que são caros ao Martinho da Vila: a sua nova namorada, a Barra da Tijuca; as lutas pelo fim da escravidão/opressão contra os negros & pelo fim do racismo; e as políticas de inclusão social do Brasil.
Mais vídeos chegarão!
Divirtam-se!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Maria Ceiça lê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Ela é bonita, muito linda mesmo. A primeira vez que a vi era ainda muito jovem, quase virgem. Uma fruta verdinha em todos os sentidos. Seu verde calmo se confundia com o azul de um imenso mar. Hoje está mais madura, imponente como uma égua de competição. Vista de cima, de asa delta, de monomotor, parapente… É deslumbrante. Um avião. Paquerei sem sonhar, pensando: “É muita areia para o meu caminhãozinho”. A brisa da sorte, aquela que sopra sempre para o lado dos poetas, me ventilou e tive a ventura de conhecê-la. Devagarinho fui me achegando. Flertamos. Descobri seus outros encantos, seus recantos… Deixei-me levar nas suas águas e estamos namorando, bem enamorados. É certo que vou me apaixonar porque ela é bela, segura, dominante. Não é Duas Barras, mas é calma. Não tem vila como a Vila, mas é tranquila. Não tem muvuca, tem point. É a Barra da Tijuca.
A Barra, como é conhecida popularmente, é um bairro nobre localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Seus moradores pertencem a uma classe privilegiada. É um bairro considerado centro gastronômico e de entretenimento da capital, e muitas pessoas de outros bairros cariocas, em especial da zona sul, têm migrado para lá. A Barra possui uma das maiores favelas do Rio de Janeiro, a Rocinha, e é também reconhecida como uma área com alto índice de desenvolvimento humano (IDH), por abrigar população de classe alta e emergente. Possui também a praia mais extensa do Rio de Janeiro, com 18 km de belas areias com águas limpas. Fica ali a lagoa de Marapendi, transformada em Área de Proteção Ambiental a Reserva Biológica.
Um dos pontos mais pitorescos da Barra da Tijuca é a ilha da Gigoia, uma ilhota desconhecida pela maioria dos cariocas, habitada por gente simples. Sem ruas nem carros, todo o percurso é feito por vielas, e é possível cruzá-la em uma caminhada de cerca de meia hora. O acesso à ilha é feito por barcos e pequenas balsas.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Zezé Motta lê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Adib tinha total razão, queridos leitores, quando disse ao “afilhado” Josuel que a transferência da capital para o Planalto Central, um plano antigo, foi um erro. Nos anos 1950 a aviação de combate e defesa já era primordial, e o perigo passou a ser dos ares. Seria justificável no tempo do Brasil Imperial, quando havia guerras de conquista e os invasores chegavam pelo mar.
A ideia da transferência ganhou força em 1910, ano em que o marinheiro João Cândido tomou a armada brasileira e ameaçou bombardear a cidade em protesto contra o açoite a marinheiros negros no pós-abolição. O episódio, conhecido como a revolta da Chibata, que eu prefiro chamar de revolta da Armada, sempre foi assunto proibido, mas o combativo jornalista e escritor Edmar Morel escreveu, em 1959, um livro sobre o fato que também serviu de inspiração para um antológico samba de João Bosco e Aldir Blanc, poeticamente composto com o subterfúgio da linguagem figurada para driblar a censura:
Há muito tempo nas águas Da Guanabara O dragão no mar reapareceu Na figura de um bravo Feiticeiro A quem a história Não esqueceu Conhecido como Navegante negro Tinha a dignidade de um Mestre-sala E ao acenar pelo mar Na alegria das regatas Foi saudado no porto Pelas mocinhas francesas Jovens polacas e por Batalhões de mulatas Rubras cascatas jorravam Das costas Dos santos entre cantos E chibatas Inundando o coração Do pessoal do porão Que a exemplo do feiticeiro Gritava então Glória aos piratas, às mulatas, às sereias Glória à farofa, à cachaça Às baleias Glórias a todas as lutas Inglórias Que através da Nossa história Não esquecemos jamais Salve o navegante negro Que tem por monumento As pedras pisadas do cais
O almirante João Cândido é símbolo das lutas dos militantes do Movimento Negro, iniciado com Ganga Zumba, fundador do Quilombo dos Palmares que acolhia escravos fugitivos perseguidos pelos capitães do mato. Zumbi, o Guerreiro da Liberdade, substituiu Ganga Zumba na chefia do quilombo e o expandiu, recrutando mulheres e brancos injustiçados para intensificar as incursões a fazendas para libertar escravos.
O Quilombo dos Palmares era praticamente um estado independente na serra da Barriga, entre Pernambuco e Alagoas. Os quilombolas de Palmares viviam basicamente da agricultura de subsistência, da pesca e da caça. Plantavam milho, banana, feijão, mandioca, laranja e cana-de-açúcar. Faziam também artesanato com cerâmica, tecido, palha… Tinha uma organização política semelhante aos reinos africanos, ou seja, poder centralizado nas mãos de um líder.
Segundo os dicionários, zumbis são almas penadas que vagueiam à noite, causando arrepios e, na minha concepção, a definição é devida ao medo que os fazendeiros escravagistas tinham de Zumbi dos Palmares, líder que na calada da noite invadia propriedades e arregimentava cativos.
No Rio de Janeiro e em alguns outros municípios, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, ou Dia de Zumbi, é feriado.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Flávia Oliveira lê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Uma importante fase da luta foi a agressão verbal, cujo ícone Abdias Nascimento representou. Doutor em economia, escritor, jornalista, artista plástico, ator, diretor teatral e dramaturgo, Abdias foi o primeiro negro a assumir uma cadeira no Senado, onde causava constrangimento ao acusar a República brasileira de discriminatória, porque nas fotos de posses dos governantes não se veem negros.
Tinha total razão o combatente Abdias. Hoje mesmo — escrevo no primeiro dia do ano de 2015 — saiu nos jornais a foto dos ministros do governo da presidente Dilma, e não vi nenhum preto.
A jornalista Flávia Oliveira escreveu em sua coluna de O Globo, na edição de 4 de janeiro, uma crônica intitulada “Mal na foto”, que em certo trecho declara:
Difícil acreditar que não existam no país um engenheiro negro de pensamento ortodoxo, currículo assemelhado ao de Joaquim Levy, para conduzir a Fazenda pelos caminhos do tripé macroeconômico que Dilma abraçou no discurso de posse. Ou que não haja uma brasileira doutora em economia por universidade americana, como Alexandre Tombini, para assumir o Banco Central. Ou uma médica capacitada em gestão e planejamento para, como Arthur Chioro, comandar o ministério da Saúde. Certamente, o Brasil tem gays, negros e mulheres formados em direito, com mandato na Câmara Municipal, cargo executivo em empresa pública e experiência em assessoria parlamentar para estar à frente dos Transportes, cargo de Antônio Carlos Rodrigues.
(…)
Querido leitor ou leitora!
Se você é contra as ações afirmativas para a inclusão social, como sistema de cotas raciais, aqui vai um dado para pensar. O jornal O Dia de 26 de abril de 2015, no caderno Economia, na Coluna do Servidor, de Alessandra Horto com Hélio de Almeida, foi publicada a matéria “União tem apenas 4% de negros em seus quadros”. E informa que “pouquíssimos estão no Poder Executivo e que, mesmo com curso superior, a maioria dos negros ainda está em funções de nível auxiliar”. O argumento tópico tem mais detalhes e foi baseado no Censo Demográfico de 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Aos interessados, 5 vídeos da 4ª edição do projeto “Ocupação Poética”, ocorrido no dia 3 de maio (terça-feira), no teatro Cândido Mendes (Ipanema – RJ), com a participação de um elenco estelar: Geraldo Carneiro, Maíra Freitas, Elisa Lucinda, Zezé Motta, Maria Ceiça, Dani Ornellas, Flávia Oliveira, Wagner Cinelli, Ju Colombo, Maria Gal & Tom Farias.
Nos vídeos desta publicação, leituras dos trechos do livro “Barras, vilas & amores”, do homenageado da noite, o querido & simpático cantor, compositor & escritor Martinho da Vila: nos 2 primeiros vídeos, apresento a atriz Dani Ornellas, que lê um trecho do livro em homenagem a Duas Barras, cidade natal do Martinho; nos 2 vídeos seguintes, a pianista, cantora & compositora Maíra Freitas canta “Alô Noel”, poema-canção de Cláudio Jorge, e lê um trecho do livro em homenagem a Vila Isabel; e no quinto & último vídeo, o desembargador, músico & compositor Wagner Cinelli lê um trecho do livro em homenagem ao primeiro grande poeta da Vila Isabel, Noel Rosa, além de contar histórias divertidíssimas da sua família, que esteve próxima do Noel.
Portanto, aos interessados, 3 assuntos que são grandes paixões na vida do Martinho da Vila: a sua cidade natal, Duas Barras; o bairro de Vila Isabel; e o primeiro grande poeta da Vila, Noel Rosa.
Mais vídeos chegarão!
Divirtam-se!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Paulo Sabino apresenta a atriz Dani Ornellas. Dani Ornellas lê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
A vida dos bibarrenses, qualitativo de quem é de Duas Barras, anda sempre calma como as águas dos rios limítrofes, Rezende e Negro. O tranquilo município da região serrana do Rio de Janeiro tem como bons vizinhos Cordeiro, Cantagalo, Bom Jardim, Nova Friburgo, Carmo e Sumidouro. É a terra de Josuel Wermelingerthal Ferreira, bairrista de quatro costados, como gostava de se definir orgulhosamente.
Eu não sabia, mas descobri que “quatro costados” é uma expressão portuguesa referente à legitimidade, e concluí que pode dizer que é de quatro costados qualquer pessoa que tem orgulho do que é. Assim se sentem os meus conterrâneos de todos os cantos, de Monnerat, segundo distrito, onde fui registrado, à Fazenda do Campo; de Holofote à Vargem Grande; da Rancharia à Fazenda das Flores; do lugarejo da Queda do Tadeu ao da Cachoeira Alta.
(…)
Gostava muito de acompanhar procissões. As que mais apreciava eram as que tinham a participação da banda de música, como as da Ressurreição de Jesus e a de Nossa Senhora da Conceição.
A marcha religiosa mais bonita era a da Ressurreição, que transitava por todas as ruas da cidade. Nas janelas, os moradores estendiam toalhas e outros panos coloridos. Caminhavam até a casa do secretário de Cultura, que tinha um quintal vasto, e ali era rezada uma missa campal com cânticos alegres.
Aqui vale um insight: são fundamentais em pequenas cidades um padre carismático e um secretário de Cultura atuante e festeiro. O prefeito deve ser franco, cordial e se fazer presente em tudo. Dos batizados aos casamentos, dos nascimentos aos velórios. E o delegado tem de ser sorridente e cordial.
Em noite de plenilúnio, daquelas em que o clarão do encantador corpo celeste provoca sombra nos corpos terráqueos, o interessante espaço do mirante Vale Encantado, há poucos quilômetros do centro bibarrense, estava lotado. Zaguinha, arrendatário da lanchonete, de violão em punho entoava serestas, sem uso do microfone. Todos paravam de conversar para ouvi-lo interpretar “Noite cheia de estrelas”, de Cândido das Neves, e muitos o acompanhavam:
Noite alta, céu risonho/ A quietude é quase um sonho O luar cai sobre a mata/ Qual uma chuva de prata/ De raríssimo esplendor Só tu dormes, não escutas/ O teu cantor Revelando à lua airosa/ A história dolorosa desse amor Lua…
Manda a tua luz prateada/ Despertar a minha amada Quero matar meus desejos/ Sufocá-los com os meus beijos Canto… E a mulher que eu amo tanto/ Não me escuta, está dormindo Canto e por fim/ Nem a lua tem pena de mim Pois ao ver que quem te chama sou eu Entre a neblina se escondeu Lá no alto a lua esquiva/ Está no céu tão pensativa As estrelas tão serenas/ Qual dilúvio de falenas/ Andam tontas ao luar Todo o astral ficou silente/ Para escutar O teu nome entre as endechas E as dolorosas queixas/ Ao luar
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Maíra Freitas canta Alô Noel, de Cláudio Jorge. Maíra Freitas lê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Alô Noel Eu vou cantando o meu samba E fazendo na vida o meu melhor papel Bem feliz eu sonho Ter uma vida tranquila E morar numa vila Em Vila Isabel
Pode ser em qualquer rua Ou na praça Barão de Drummond E até mesmo num barraco Naquele macaco do meu coração Na Teodoro da Silva Lá nas Torres Homem ou na Souza Franco
Mas a Vinte e Oito é que é o biscoito Pra ir pro Maraca caminhando a pé Desfilar de azul e branco E beber na Visconde de Abaeté
Morar no Rio foi uma realização pessoal. Encantado pela cidade, apaixonou-se por Vila Isabel. Gostava de história e foi logo se informar sobre a Barão de Drummond, que deu nome à antiga praça Sete.
É a principal praça do bairro, cujo nome foi dado em homenagem à data da instalação do gabinete do primeiro-ministro visconde do Rio Branco (7 de março de 1871), responsável pela elaboração da Lei do Ventre Livre, a qual determinava a libertação dos nascidos de mães escravas. Emocionou-se ao saber que o boulevard Vinte e Oito de Setembro foi assim denominado em homenagem à data em que foi assinada a Lei do Ventre Livre pela regente princesa Isabel, em 1871. Boulevard origina-se do francês e significa um tipo de via de trânsito, geralmente larga, com muitas pistas, ou dividida em dois sentidos. É nesse logradouro que fica a quadra da Unidos de Vila Isabel, onde assistiu a muitos ensaios, conquistou amizades… Fez muitos amigos na vila onde foi residir, na rua Teodoro da Silva, assim batizada em homenagem a Antonio Teodoro da Silva, que assinou a Lei Áurea com a princesa Isabel.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Wagner Cinelli lê um trecho do livro Barras, vilas & amores, de Martinho da Vila.)
Violão ele aprendeu inicialmente com um irmão que dominava categoricamente o instrumento. Estudou também com os métodos de violão publicados nos jornais de modinha. Frequentava os saraus caseiros de Vila Isabel e ouvia com curiosa atenção os músicos que acompanhavam os seresteiros. Pode-se dizer que era um músico de ouvido. Como solista fazia uns acordes difíceis, que parecem errados, mas não são. Noel foi um autodidata e tornou-se um excelente violonista acompanhador. Participou de vários grupos musicais, inclusive o importante Bando de Tangarás, formado por Braguinha, Alvinho, Henrique Brito e Almirante. Tinha muito ritmo, tirava diferentes acordes. Por isso os grandes artistas da época gostavam de serem acompanhados por ele. Era o preferido do Francisco Alves, o mais famoso.
Ele também fez sucesso como cantor. Não era dotado de uma grande voz, mas tinha muito suingue. Participava de shows com os grandes cantores, inclusive fez dupla com Chico Alves, “O Rei da Voz”. O sucesso dele nos palcos não era pela voz, mas pelos trejeitos, pela atração pessoal e pelo repertório que apresentava, composto exclusivamente por composições próprias. As mais apreciadas pelo público eram as bem-humoradas, como “Conversa de botequim”, que cantava quase declamando, como se estivesse conversando com um garçom:
Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa Não me levanto nem pago a despesa Vá pedir ao seu patrão Uma caneta, um tinteiro Um envelope e um cartão Não se esqueça de me dar palitos E um cigarro pra espantar mosquitos Vá dizer ao charuteiro Que me empreste umas revistas Um isqueiro e um cinzeiro
Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa Uma boa média que não seja requentada Um pão bem quente com manteiga à beça Um guardanapo e um copo d’água bem gelada Feche a porta da direita com muito cuidado Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol Vá perguntar ao seu freguês do lado Qual foi o resultado do futebol
Telefone ao menos uma vez Para três, quatro, quatro, três, três, três E ordene ao seu Osório Que me mande um guarda-chuva Aqui pro nosso escritório Seu garçom, me empresta algum dinheiro Que eu deixei o meu com o bicheiro Vá dizer ao seu gerente Que pendure esta despesa No cabide ali em frente
(O coordenador do projeto — Paulo Sabino — & o homenageado da noite — Martinho da Vila — antes da apresentação)
(Alguns momentos do coordenador do projeto — Paulo Sabino)
(Tom Farias)
(Dani Ornellas)
(Maria Ceiça)
(Maíra Freitas)
(Wagner Cinelli)
(Zezé Motta)
(Flávia Oliveira)
(Maria Gal)
(Ju Colombo)
(Elisa Lucinda)
(Geraldo Carneiro)
(Martinho da Vila & Geraldo Carneiro)
(Martinho da Vila, Paulo Sabino & Geraldo Carneiro)
(O homenageado da noite — Martinho da Vila)
(Os participantes — Paulo Sabino, Flávia Oliveira, Wagner Cinelli, Martinho da Vila, Elisa Lucinda, Zezé Motta, Geraldo Carneiro, Tom Farias, Maria Gal, Ju Colombo & Maíra Freitas)
(O coordenador do projeto — Paulo Sabino — & o homenageado da noite — Martinho da Vila — depois da apresentação)
(Depois do evento, a super matéria da coluna “Gente Boa” — jornal “O Globo”)
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Gente amada, querida,
A quarta edição do projeto Ocupação Poética, no teatro Cândido Mendes, em Ipanema, no dia 3 de maio (terça-feira), em homenagem ao grande cantor, compositor & escritor Martinho da Vila, foi um esplendor, um arraso, um desbunde!
A beleza que o elenco (estelar) imprimiu com as suas leituras do livro “Barras, vilas & amores”, o mais recente do homenageado da noite, e com as histórias que cada um possui com o autor é inenarrável, indescritível, incomensurável.
Como sempre, depois de uma noite feliz & iluminada com a palavra, com a boa literatura, até hoje eu sou amor da cabeça aos pés!
Tudo divino-maravilhoso! Só recebi as melhores palavras & os mais carinhosos elogios do que conseguimos fazer.
A impressão que tenho é de que todos que foram à apresentação saíram de alma lavada, assim como eu.
Agradecer imensamente a participação de todos os envolvidos: Tom Farias, Geraldo Carneiro, Maíra Freitas, Elisa Lucinda, Zezé Motta, Maria Ceiça, Dani Ornellas, Flávia Oliveira, Wagner Cinelli, Ju Colombo, Maria Gal & Rafael Roesler Millon.
Meu agradecimento mais que especial ao mestre Martinho da Vila, uma lição de simpatia, bom-humor, simplicidade, elegância & inteligência. À Cléo Ferreira, esposa do mestre, pessoa especial, de quem gostei imediatamente por seu sorriso encantado & seu doce olhar.
Agradecer a todos os que foram & ajudaram a fazer a quarta edição da Ocupação Poética uma noite inesquecível para este que vos escreve com o coração nas mãos.
Aos interessados, 3 vídeos do evento: o primeiro, com a abertura da noite; o segundo, com o produtor da noite, o jornalista Tom Farias, lendo o prefácio do livro do homenageado escrito por José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares; e o terceiro, com o coordenador do projeto, Paulo Sabino, lendo um poema-canção do Martinho da Vila.
Espero que vocês gostem. Mais vídeos chegarão.
Valeu por tudo!
Junho tem mais! Aguardo vocês para a quinta edição!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Paulo Sabino apresenta o projeto Ocupação Poética.)
(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Tom Farias lê o prefácio do livro Barras, vilas & amores, escrito por José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares.)
UM GÊNIO DA CANÇÃO, UM ESCRITOR DE TALENTO REFINADO (José Vicente)
Duas coisas me chamam bastante atenção quando se trata de escrever umas linhas como estas para um livro como este, do Martinho da Vila: a qualidade da narrativa e a história do seu autor. Aqui, a narrativa é, além da saborosa leitura que proporciona, o crème de la crème que enreda esta obra, desenvolvida em uma cadência extraordinária, com uma leveza que nos faz navegar no sabor de uma música de primeira, bem ao gosto do nosso exímio escritor. O segundo ponto tem a ver com o próprio Martinho. Passei boa parte de minha vida me deliciando com as suas canções, ora apenas como mero ouvinte, ora nos cantos de minha casa, tentando imitar a sua voz pausada, nas tiradas de muitos sambas geniais que são verdadeiras pérolas do nosso cancioneiro popular.
Mas como a vida é um eterno movimento, um verbo sempre ativo, eis-me aqui para falar de uma outra grande faceta desse genial cidadão brasileiro: a sua veia literária. Meu Deus, quanta responsabilidade! Mas lendo o seu livro, me senti envolvido por uma história que se semelha, guardadas as devidas proporções, com a de muitos brasileiros como eu ou como as de quem, porventura, ler estas linhas.
A busca de nossas origens, de nossa identidade ou de nossa ancestralidade, é o que nos move e o que nos motiva vida afora. Tem sido assim com a minha vida e com as vidas envolvidas nos projetos relacionados à Universidade Zumbi dos Palmares.
Martinho da Vila, como sambista e escritor, é desses valores que aprendemos a admirar e ter dentro do círculo de “melhor amigo”, como ser humano que é e como artista apreciado internacionalmente, pelas quizombas que provoca por aí. Mas quando se trata então do artista de muitas músicas de sucesso ou do narrador-revelação, autor de mais de uma dezena de livros e imortal da Academia Carioca de Letras, as proporções de grandeza, elevadas à culminância do respeito e do apreço, deixam aguçado em nós aquele alto sentido de responsabilidade.
Portanto, estas linhas têm o singelo papel de dizer que é e sempre será uma honra escrever sobre Martinho da Vila e sua obra. Todos sabem que não sou um literato, na estrita acepção da palavra, mas um grande admirador do nosso homenageado (…), a quem devoto o melhor do meu respeito.
Tudo isso para dizer que a leitura deste livro é um primeiro passo para se conhecer um pouco mais sobre o seu genial talento, em um momento tão especial, no qual, com muita felicidade, tornamos pública uma obra (…) sua, em uma importante parceria da SESI-SP Editora, o que torna essa iniciativa e este lançamento tão merecidamente importantes e desejados, fazendo jus a esse homem chamado Martinho da Vila.
(do site: Youtube. projeto: Ocupação Poética [4ª edição] — Teatro Cândido Mendes. local: Rio de Janeiro. data: 03/05/2016. Paulo Sabino recita Meu off-Rio, poema-canção de Martinho da Vila.)
MEU OFF-RIO (Martinho da Vila)
Nos arredores, Cantagalo, Teresópolis
Nova Friburgo e Bom Jardim, bem no caminho
Meu off Rio tem um clima de montanha
E os bons ares vêm da serra de Petrópolis
É um lugar especial
Para quem é sentimental
E aprecia um gostoso bacalhau
O galo canta de madrugada
E a bandinha toca na praça
Na entrada há um vale
Que é encantado
Tem cavalgada, tem procissão
As cachoeiras principais de lá são duas
E a barra é limpa porque lá não tem ladrão
Tomo cachaça com os amigos
Lá em Cachoeira Alta
E na Queda do Tadeu, churrasco ao lago
Pra ir pro Carmo
Tem muita curva
E a preguiça então me faz ficar na praça
Eu nem preciso trancar o carro
A chave fica na ignição
A minha Vila fica meio enciumada
Se eu pego estrada e vou correndo para lá
Se alguém pergunta, eu não digo
Onde fica o tal lugar
Mas canto um samba para quem adivinhar
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(do site: Youtube. áudio extraído do ábum: Ao Rio de Janeiro. artista & intérprete: Martinho da Vila. canção: Meu off-Rio. autor da canção:Martinho da Vila. gravadora: Sony BMG Music.)
Anotem na agenda, espalhem a notícia, compartilhem esta publicação!
Dia 3 DE MAIO (terça-feira), às 20H: a 4ª edição do projeto OCUPAÇÃO POÉTICA, coordenado por ESTE QUE VOS ESCREVE, no teatro CÂNDIDO MENDES (Ipanema – Rio de Janeiro), com leituras baseadas no 14º livro do cantor, compositor, escritor & membro da ACADEMIA CARIOCA DE LETRAS (ACL), MARTINHO DA VILA, intitulado BARRAS, VILAS & AMORES.
A noite reserva GRANDE & LINDA SURPRESA aos espectadores!
Além da participação do poeta da Vila & da participação deste que vos escreve, o evento contará também com as participações para lá de ESPECIAIS:
– do poeta & dramaturgo GERALDO CARNEIRO, o grande homenageado da 3ª edição deste projeto;
– da poeta & atriz ELISA LUCINDA;
– da atriz ZEZÉ MOTTA;
– da cantora, compositora & pianista MAÍRA FREITAS;
– da cantora & compositora FERNANDA ABREU;
– da atriz DANI ORNELLAS;
– da atriz MARIA GAL;
– do reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, JOSÉ VICENTE;
– do desembargador & músico WAGNER CINELLI;
– da atriz JU COLOMBO;
– da atriz MARIA CEIÇA;
– da jornalista FLÁVIA OLIVEIRA;
3 DE MAIO (terça-feira), às 20H, no teatro CÂNDIDO MENDES (Ipanema – Rio de Janeiro): a 4ª edição do projeto OCUPAÇÃO POÉTICA.
Coordenação do projeto: PAULO SABINO.
Esperamos todos!
SERVIÇO
Ocupação Poética – Teatro Cândido Mendes
Coordenação: PAULO SABINO
Produção: TOM FARIAS
Terça-feira (03/05)
Participantes: PAULO SABINO, GERALDO CARNEIRO, ELISA LUCINDA, ZEZÉ MOTTA, MAÍRA FREITAS, FERNANDA ABREU, DANI ORNELLAS, MARIA GAL, JOSÉ VICENTE, WAGNER CINELLI, JU COLOMBO, MARIA CEIÇA, FLÁVIA OLIVEIRA
Horário: 20h
Entrada: R$ 40,00 (inteira) / R$ 20,00 (meia)
Vendas antecipadas na bilheteria do teatro
End.: Joana Angélica, 63 – Ipanema, Rio de Janeiro. Tel.: (21) 2523-3663.
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(do livro: Barras, vilas & amores. autor: Martinho da Vila. editora: SESI-SP.)
INTRODUÇÃO
Ei, você aí que está comigo nas mãos!
Vai me ler?
Deve.
Se for em frente, conhecerá as minhas Duas Barras, que são três, mas cada uma é uma, e não mais que duas.
A primeira, meu off-Rio, é da região serrana, tema da escola de samba Unidos de Vila Isabel, cantada em desfile como parte integrante do enredo “Estado maravilhoso cheio de encantos mil”.
A outra, minha nova namorada, é tijucana, da cidade quatrocinquentona maravilha do Brasil.
Em ambas as Barras, da Serra e da Tijuca, rolam vilas e amores.
As vilas não passam de uma, porque é uma vila na Vila, berço do samba, da princesa e do barão de Drummond.
E os amores? Ah, os amores! Tem-se que vivenciar para acreditar, caminhando pelas margens das águas calmas das barras de rios da Barra que não é “uma barra”, e sim “barra limpa”, passeando na praça, passando pela banda ouvindo dobrados e vendo o tempo passar, devagar, devagarinho.
Bom também é seguir em direção à minha Vila de Noel, partir para outros caminhos, voltar à segunda Barra, dar um mergulho e caminhar até ver o Sol brilhar.
Tem-se que ler para crer… E entender a novela.
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(do álbum: Ao Rio de Janeiro. artista: Martinho da Vila. autor dos versos: Martinho da Vila. gravadora: Sony BMG Music.)
MEU OFF-RIO
Nos arredores, Cantagalo, Teresópolis
Nova Friburgo e Bom Jardim, bem no caminho
Meu off Rio tem um clima de montanha
E os bons ares vêm da serra de Petrópolis
É um lugar especial
Para quem é sentimental
E aprecia um gostoso bacalhau
O galo canta de madrugada
E a bandinha toca na praça
Na entrada há um vale
Que é encantado
Tem cavalgada, tem procissão
As cachoeiras principais de lá são duas
E a barra é limpa porque lá não tem ladrão
Tomo cachaça com os amigos
Lá em Cachoeira Alta
E na Queda do Tadeu, churrasco ao lago
Pra ir pro Carmo
Tem muita curva
E a preguiça então me faz ficar na praça
Eu nem preciso trancar o carro
A chave fica na ignição
A minha Vila fica meio enciumada
Se eu pego estrada e vou correndo para lá
Se alguém pergunta, eu não digo
Onde fica o tal lugar
Mas canto um samba para quem adivinhar
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(do site: Youtube. áudio extraído do ábum: Ao Rio de Janeiro. artista & intérprete: Martinho da Vila. canção: Meu off-Rio. autor da canção: Martinho da Vila. gravadora: Sony BMG Music.)
(O poeta Carlos Dimuro & a atriz & cantora Zezé Motta)
(A atriz Nathalia Timberg & o poeta & letrista Salgado Maranhão)
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“Querido Poeta Paulo Sabino, você é o tipo de pessoa que sempre leva brilho aonde vai. Pelo seu talento e simpatia, pela sua enorme generosidade no primado do afeto. Super obrigado, irmão!”
(Salgado Maranhão — poeta & letrista)
Queridos,
Segunda-feira (07/03), mais uma noite de esplendor, onde a Poesia reinou absoluta:
Lançamento do “Ópera de nãos”, o mais recente livro de poemas do sofisticado poeta & letrista Salgado Maranhão, com direito a um recital “litero-musical” & as participações, entre outros, das grandes atrizes Nathalia Timberg & Zezé Motta, do músico Zé Américo Bastos, dos poetas (e grandes amigos) Cristiano Menezes & Luis Turiba & deste que vos escreve.
Algumas canções do poeta foram tocadas & cantadas & alguns dos seus poemas foram ditos pelos convidados do grande anfitrião da noite.
Muito me honrou ter dito, a pedido do Salgado, um mesmo poema que a grande diva da dramaturgia Nathalia Timberg também disse, um poema do poeta Carlos Dimuro (organizador de todo o evento) em homenagem ao Salgado Maranhão, e recebido um super elogio da atriz, pelo meu modo de utilizar a palavra, e do próprio autor do poema, Carlos Dimuro, que me disse que eu fui a pessoa que até hoje melhor disse o seu poema intitulado “Um rio salgado”.
Alegria & satisfação imensas.
Eu disse um total de quatro poemas: três poemas do “Ópera de nãos” (“Lacre 10”, “Lacre 11” & “Clivagem”) & um poema do Carlos Dimuro (“Um rio salgado”).
Amigos novos, projetos novos, trabalhos todos muito bonitos estão por vir — em breve vocês tomarão conhecimento do que se tratam esses trabalhos.
O que tenho hoje a fazer é, mais uma vez, agradecer à Poesia, Musa Maior da minha existência, tudo de maravilhoso que me tem acontecido.
Agradecer ao Salgado Maranhão a confiança, o respeito & o carinho em mim depositados. Agradecer ao poeta & organizador da noite Carlos Dimuro os tantos elogios que ouvi entre encabulado & orgulhoso. Agradecer às atrizes Nathalia Timberg & Zezé Motta as lindas palavras & o olhar doce que me lançaram durante todo o evento. Agradecer à presença de vários grandes amigos que ajudaram a encher o salão do Hotel Golden Tulip Regente, em Copacabana, onde aconteceu o evento. Agradecer à Vida a oportunidade de vivenciar esses momentos que me são tão caros.
Muita coisa bacana por vir, muita coisa bonita a realizar. Cabeça & coração a mil.
Valeu!
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do site: Youtube. lançamento do livro “Ópera de nãos”, do poeta Salgado Maranhão. Paulo Sabino recita “Um rio salgado”, do poeta Carlos Dimuro. data: 07/03/2016.)
UM RIO SALGADO (Carlos Dimuro)
Para Salgado Maranhão
Apesar de navegar sereias,
não é doce
o rio que corta
o teu poema.
Sabem-se salgados
os escombros que se escondem
sob as escamas da tua escrita.
E o que em ti é peixe,
se debate em guelras e guerras
numa incansável
respiração boca a boca
com a palavra.
A salinidade ancestral
de tuas águas,
refinada pelos deuses,
tempera o profano:
o sagrado no salgado.
No rio que segue
o curso líquido dos mistérios
da linguagem,
um cardume de versos
anuncia o mar.
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(do site: Youtube. lançamento do livro “Ópera de nãos”, do poeta Salgado Maranhão. Paulo Sabino recita “Lacre 10”, do poeta Salgado Maranhão. data: 07/03/2016.)
LACRE 10 (Salgado Maranhão)
Sou um ladrão de luas,
um salteador de azuis.
Exibo essas credenciais
inúteis
a todos que me interpelam.
Aos fuzileiros,
…………………..aos sacerdotes,
aos mentecaptos;
sem que nada altere
o arrulhar do vento
e o coice do mar.
Sem donatário ou domínios.
Insisto em reger esta ópera
de nãos.
Se sangue há em mim,
é nas veias,
………………não nas mãos.
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(do site: Youtube. lançamento do livro “Ópera de nãos”, do poeta Salgado Maranhão. Paulo Sabino recita “Clivagem”, do poeta Salgado Maranhão. data: 07/03/2016.)
CLIVAGEM (Salgado Maranhão)
Canto para renascer
na pedra
com a semente que o mar
roubou dos náufragos; canto
para repartir com a brisa
a lúdica sesmaria da palavra.
Um atlas abriu seus galhos
para acolher meus reinos:
uma geometria de farrapos;
um tigre com o sol entre as patas.
E sigo esse rio de letras
como se chão em chamas:
a poesia me despiu
para explodir com os astros.
(O convite para o lançamento — clique com o mouse na foto para ampliá-la)
(O poeta Salgado Maranhão)
(A atriz & cantora Zezé Motta)
(A atriz Nathalia Timberg)
(O violonista & compositor Egberto Gismonti)
(O poeta Paulo Sabino)
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Um convite a todos:
Na próxima segunda-feira, dia 7 de março (07/03), a partir das 19h30, no Hotel Golden Tulip Regente (Av. Atlântica, 3716, Copacabana), o lançamento do livro “Ópera de nãos”, do sofisticado poeta & letrista Salgado Maranhão, com um grande sarau “litero-musical” & as participações, entre outros, das atrizes Zezé Motta & Nathalia Timberg & dos músicos instrumentistas Egberto Gismonti & Zé Américo Bastos.
Paulo Sabino, este que vos escreve, foi convidado pelo poeta Salgado Maranhão a participar do sarau, lendo alguns poemas do livro & prestando uma homenagem ao poeta Carlos Dimuro, curador das exposições que também fazem parte do evento.
(Maiores informações no convite para o lançamento, postado como a primeira foto desta publicação.)
Aos interessados, um dos poemas que lerei no referido acontecimento.
Beijo todos!
Paulo Sabino.
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(do livro: Ópera de nãos. autor: Salgado Maranhão. editora: 7Letras.)
14. CLIVAGEM
Canto para renascer
na pedra
com a semente que o mar
roubou dos náufragos; canto
para repartir com a brisa
a lúdica sesmaria da palavra.
Um atlas abriu seus galhos
para acolher meus reinos:
uma geometria de farrapos;
um tigre com o sol entre as patas.
E sigo esse rio de letras
como se chão em chamas:
a poesia me despiu
para explodir com os astros.