Queridos,
Aqui,
um fragmento da autobiografia de Bernardo Soares, guarda-livros morador de Lisboa, organizada por Fernando Pessoa a partir da reunião dos textos dispersos, fragmentos e rascunhos seus.
As linhas portuguesas me lembraram estes versos do poeta Carlos Drummond de Andrade, neste contexto, dispostos como epígrafe:
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo
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Fragmento 6 — Livro do Desassossego — Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa) — editora: Companhia das Letras
Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele. Vivo mais porque vivo maior.
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Beijo em todos.
Paulo Sabino / Paulinho.
Paulinho,
Pessoa é mesmo um desassossego múltiplo! Valeu!
Grande abraço,
Adriano Nunes.