(Casa lotada, público quente)
(Simone Vidal, Vanessa Gerbelli Ceroni & Andre Martins)
(Juliana Martins)
(Gustavo Ottoni)
(Thiago Lacerda)
(Thiago Lacerda & Paulo Sabino)
(Juliana Martins, Thiago Lacerda & Paulo Sabino)
(Stella de Paula, Juliana Martins, Thiago Lacerda, Vanessa Gerbelli Ceroni, Gustavo Ottoni, Paulo Sabino, Rose Abdallah & Elvis Fidelle)
(Da esquerda pra direita, de pé: Rose Firmino, Simone Vidal, Vanessa Gerbelli Ceroni, Juliana Martins, Stella de Paula, Thiago Lacerda, Paulo Sabino, Rose Abdallah, Rafael Millon & Gustavo Ottoni / Da esquerda pra direita, embaixo: Elvis Fidelle, Eduarda Senise, Andre Martins & Enildo Dellatorre)
______________________________________________________
Gente,
Que delícia a noite de segunda-feira, 31/10, quanta magia, quanta coisa linda recebida!
Casa lotada, pessoas em pé, público quente, na minha estréia no teatro, fazendo a leitura dramatizada da peça “Boca de Ouro”, do genial Nelson Rodrigues, na companhia dos grandes & generosos atores Thiago Lacerda (como o “Boca de Ouro”), Gustavo Ottoni (como o “repórter Caveirinha”), Juliana Martins (como a “dona Guigui”), Vanessa Gerbelli Ceroni (como a “grã fina Maria Luísa”) & este que vos escreve (como o “preto”), a convite do grupo de teatro “Queridos de Guilherme” & da diretora Rose Abdallah.
Muitíssimo obrigado! Rose amada, agora fui mordido pelo vírus do teatro & quero mais! Responsabilidade sua! Mais & mais leituras, mais & mais personagens!
Ainda sob o estado de “graça” que o palco, o teatro, é capaz de proporcionar.
Acima, algumas fotos da noite. Abaixo, um vídeo, com trechos da leitura, realizada no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, e, ao final, depoimento dos convidados — Vanessa Gerbelli Ceroni, Thiago Lacerda, Juliana Martins, Gustavo Ottoni & Paulo Sabino — sobre a participação neste lindíssimo projeto. Abaixo do vídeo, o trecho da peça relativo à minha participação.
Espero estar com todos — convidados + “Queridos de Guilherme” — em breve! Valeu! Foi bom demais!
Paulo Sabino.
______________________________________________________
(do site: Youtube. trechos da leitura dramatizada da peça: Boca de Ouro. autor: Nelson Rodrigues. diretora da leitura: Rose Abdallah. elenco: Queridos de Guilherme. convidados & depoimentos: Vanessa Gerbelli Ceroni, Thiago Lacerda, Juliana Martins, Gustavo Ottoni, Paulo Sabino. local: Gabinete de Leitura Guilherme Araújo. Data: 31/10/2016. imagens, edição & direção do vídeo: Vitor Kruter.)
______________________________________________________
(trecho da peça: Boca de Ouro. autor: Nelson Rodrigues.)
BOCA DE OURO — Preto, tu me conhece?
PRETO — Conheço, sim, senhor!
BOCA DE OURO — Como é meu nome, preto?
PRETO — Vossa Senhoria é o “Boca de Ouro”, sim, senhor!
BOCA DE OURO — E que mais?
PRETO — O povo também diz que “Boca de Ouro” paga o caixão dos pobres!
BOCA DE OURO — Escuta, negro sem-vergonha! Eu vim aqui porque… eu não sei, eu nunca “sub” quem foi a minha mãe… Por isso, diziam que eu não nasci de mulher… Está ouvindo, preto?
PRETO — Sim, senhor!
BOCA DE OURO — Até que ontem, o Zezinho. Tu conhece o Zezinho?
PRETO — O da perna dura?
BOCA DE OURO — O da perna dura. Zezinho, que é vidente, médium vidente, o Zezinho me disse que tu viste minha mãe! Negro, tu viu a minha mãe?
PRETO — Eu?
BOCA DE OURO — Tu!
PRETO — Vi.
BOCA DE OURO — Viu. Agora diz: e como era? Bonita?
PRETO — Alegre!
BOCA DE OURO — Magra?
PRETO — Gorda!
BOCA DE OURO — Gorda! Diz o resto. Conta tudo. Tudinho. Muito gorda?
PRETO — Teve bexiga!
BOCA DE OURO — Ah, a minha mãe tinha o rosto picado de bexiga?
PRETO — Picadinho! Suava muito! Era gorda e suava muito, sim, senhor!
BOCA DE OURO — Tu viu minha mãe rindo, preto?
PRETO — Gostava de uma boa pândega!
BOCA DE OURO — E ria, minha mãe ria, não ria?
PRETO — Ria!
BOCA DE OURO — E, depois, ficava triste, negro?
PRETO — Alegre!
BOCA DE OURO — Preto, que fim levou minha mãe?
PRETO — A falecida morreu!
BOCA DE OURO — Morreu?
PRETO — Riu até morrer, morreu tão alegre!
BOCA DE OURO — E os bacanas foram ao enterro?
PRETO — Só de Jacarezinho, fui eu, o Biguá e o “Cabeça de Ovo”!
BOCA DE OURO — Toma, negro!
PRETO — Quinhentão!
PRETO — “Seu” “Boca de Ouro”!
BOCA DE OURO — Fala.
PRETO — Quando eu morrer, o distinto paga um cachão legal pra o negro?
BOCA DE OURO — Tu é vivo!
PRETO — Negro quer ser enterrado nu como um santo…
Deixe um comentário