benvindos,
através da minha GRANDE & QUERIDA amiga danielle borges, fui chamado, a convite da editora rocco, para escrever o release (texto enviado para a imprensa) do relançamento da obra poética “que país é este?”, do magistral poeta affonso romano de sant’anna.
o livro foi originalmente lançado na década de 60, período conturbado da política nacional.
junto ao texto, solicitaram-me também uma entrevista pequenina para ser feita com o autor. bolei 8 perguntas que ainda não foram respondidas. quando tiver as respostas, a entrevista será devidamente publicada neste espaço.
o texto ainda não foi liberado à imprensa, mas a chefia da editora rocco super me liberou de postá-lo no “prosa em poema” quando quisesse. soube que acharam (palavras que me chegaram) “o texto lindo” (rs), que as linhas foram muito bem recebidas. isso muito me alegra, obviamente.
(o relançamento do livro está previsto para o mês de maio.)
enfim, segue o release, à apreciação de todos.
espero que também gostem.
quem quiser maiores informações sobre o relançamento do livro “que país é este?”, do affonso romano de sant’anna, deixo aqui o endereço do blog que foi criado pela editora do livro: www.quepaiseesteolivro.wordpress.com
um beijo bom em vocês!
paulo sabino / paulinho.
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(Texto de apresentação do livro: “Que país é este?”. autor: Paulo Sabino.)
Em um dos seus poemas, Eucanaã Ferraz afirma: “O poema ensina a estar de pé. / Fincado no chão, na rua, o verso / não voa, não paira, não levita.”
A poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu num poema seu intitulado “Poema”: “A minha vida é o mar o Abril a rua / o meu interior é uma atenção voltada para fora”.
Seguindo esses preceitos, o poeta Affonso Romano de Sant’Anna, com a sua poesia de pé, fincada ao chão, com o seu interior sendo uma atenção voltada para fora, traça, de maneira lírica, o panorama do Brasil nos anos 60, sob o jugo de uma ditadura militar.
Foi um tempo difícil, de desaparecimento de pessoas ligadas à esquerda política, pessoas que se mobilizavam contra o estado das coisas, contra o governo, tempo de torturas veladas, de cassação dos direitos civis, de censura à imprensa e às artes, tempo de exílios.
Affonso Romano de Sant’Anna, antena da raça, captava os acontecimentos do seu entorno, os acontecimentos entornados diante das suas retinas atentas.
Transforma em poesia, com sofisticação e esperteza, o seu descontentamento com um país autoritário, ditatorial. Daí, a pergunta-título: “que país é este?” Afinal de contas, por todos os problemas, por todas as mazelas, “que país é este?” E faz as suas considerações: uma coisa é um país, outra, um regimento, um aviltamento, um fingimento, um confinamento, ciente de que há 500 anos caçamos índios e operários, queimamos árvores e hereges, estupramos livros e mulheres, sugamos negros e aluguéis.
Um país, um aviltamento, um confinamento. O bardo também canta a tristeza de ver sua geração (des)fazendo-se em terços: um terço exilada, outro terço fuzilada e mais um terço desesperada. Canta a sua canção do exílio, a sua desolação de não ter um país, de não comandar a sua vida – em termos políticos. E ironiza o mito do “povo brasileiro” – caracterizado como gentil, alegre, cordato, solícito -, dizendo, com propriedade, que povo também são os falsários, os corruptos, os injustos, os sifilíticos, os artistas, e propondo a complexificação do termo.
Dentro do seu balaio poético, cabe o olhar para a violência gerada pelas desigualdades sociais, pelas diferenças econômicas – a miséria material indigna, que transforma homens em seres duros, isto é, em pessoas sem poder aquisitivo que lhes permita diversão e arte, em seres duros, isto é, em pessoas insensíveis, sórdidas, empedernidas, capazes de atrocidades, atrocidades gestadas, nascidas, criadas, das atrocidades que acompanham a miséria material indigna à qual está sub-metida parte (grande) da população brasileira.
Ante o quadro debuxado nos versos, Affonso Romano de Sant’Anna, um homem amoroso, nutre, então, pelo Brasil, um amor lúcido, digo, um amor melancólico, um amor triste, ao mesmo tempo em que esse amor é terno, carinhoso, amor “de alma num carro de bebê” que é levada “ao sol da praça”. Amor que verifica todas as falhas e faltas, porém, que não deixa de reconhecer o que existe (e insiste) de saboroso e frutífero neste país, o que acaba por alimentar a alma e a memória de passagens/vivências boas.
E como um homem amoroso, um homem que bem sabe amar, “Que país é este?” dedica-se a um belo apanhado de textos devoto ao amor pelas mulheres, sejam elas deusas ou feras que se transmutam em belas quando atiçadas pelos prazeres corpóreos, pelo “amor natural”, como bem intitulou Carlos Drummond de Andrade o amor de deleites em pele digitados – amor dos toques e retoques. Um sentimento delicado, sensível e sexualizado. Um amor de admiração e desejo.
A poética de Affonso Romano de Sant’Anna é calcada, sedimentada, na escrita da existência, na materialidade da vida, nos acometimentos que vão se dando ao seu redor, na realidade à qual se vincula. O poeta estabelece: “É texto tudo o que vejo / é texto tudo o que piso”.
Que bom ver que o blog ainda vive, e que ainda vive em você esse “marzão” sempre turbulento de palavras.
Muito bonito o que escreveu, eu que pouco conhecia do poeta, já me aventurei por aqui e descobri coisas muito boas.
Saudade das conversas longas e de saber antes de todo mundo o que viria parar no prosaempoema, rs.
(Paulinho bombando como sempre… mais sucesso)
Beijos.
francisco ferraz (rs)…
meu bem,
vou lhe dizer uma coisa que me deixa impressionado com a força da mente (rs). isto que vou lhe contar é verdade verdadeira (rs), juro pelo meu pai (rs). hoje pela manhã, ao escovar os dentes, você me veio forte na cabeça. pensei: “tenho que escrever pro chico, que saudade dele…” fiquei até, mentalmente, rascunhando o que lhe enviar.
daí, chego no seu ex, & no meu atual, lugar de trabalho, abro o meu e-mail, e vejo que há uma mensagem postada no blog. venho ao “prosa em poema” para lê-la e descubro que a mensagem é de… francisco ferraz (rs)!
chicão, meu lindo, sempre sempre sempre benvindo, o responsável, em termos práticos, pela existência do “prosa em poema”, sinto TANTA falta sua no meu dia-a-dia, no meu cotidiano… você não faz idéia (rs)…
lindão, sério mesmo, temos que marcar um encontro, temos que nos ver. mensagens por e-mails e via blog não contentam. vamos nos encontrar. vou escrever para acertarmos essa estória.
ADOREI tê-lo por aqui!
uma coisa: o seu presente (a foto com “vamo comê poesia”) está uma beleza!, pendurado na minha parede, em cima da minha escrivaninha. sempre que o vejo lembro de você e isso tudo me inspira (rs).
chicão, bastante carinho, amor, por você!
beijÃO!
Arrebentou, Paulinho.
🙂
bom saber que você gostou, ronaldo. bom mesmo.
um beijo!
bota uma boa democrassia nassa pocaria desse pais